A Busca do Conhecimento Um dos filmes mais impressionantes já produzidos — 2001, Uma odisseia no espaço — Mostra o ser humano representado por um único homem, buscando conhecer o que havia além: além do horizonte, além do conhecimento científico, além de si mesmo. O ser humano quer conhecer, em última análise, para dar conta de si próprio, entender quem ele é, o que faz aqui, para onde vai. Nessa caminhada, o conhecimento adquirido passa de geração a geração e capacita a humanidade a resolver muitos de seus problemas básicos para a manutenção da vida. Eis aí um motivo prático do conhecimento: resolver problemas da vida humana — Alimentação, saúde, transporte, etc. É preciso ter conhecimento para trabalhar e construir. Mas, será que o conhecimento sempre tem ajudado a sociedade humana? Será que muita escolaridade resolve a vida, garantindo felicidade, paz e tranquilidade? O Professor do livro de Eclesiastes é pessimista a esse respeito. Ele acredita que conhecer é sofrer. A Busca do Conhecimento é Tarefa Árdua O versículo 13 diz que buscar o conhecimento é um “enfadonho trabalho”, ou seja, uma tarefa penosa. Para adquirir o conhecimento, o ser humano precisa desgastar-se num intenso esforço. Por mais facilidade que uma pessoa tenha para aprender, sem dedicação não chegará muito longe. Einstein dizia que física teórica moderna era 10% inspiração e 90% transpiração. Conhecimento perfeito, completo, só o Deus Eterno tem. Mas o ser humano deve aprender aos poucos. A própria revelação divina para o ser humano não foi dada toda de uma vez. O plano de Deus foi revelado aos poucos, até chegar em Jesus Cristo. O ser humano, sendo fraco, imperfeito, não poderia obter, de modo rápido e total, o conhecimento do plano divino; e Deus, sábio e bondoso, deu-nos a revelação aos poucos. Também o conhecimento das ciências, das artes, de todas as áreas da cultura humana, não foi alcançado rápida e imediatamente. Gerações e gerações acumularam conhecimento; e cada uma, aprendendo com a anterior, fez com o que o ser humano chegasse ao que é hoje. Mas, em cada geração foi preciso muito esforço para adquirir e ampliar o conhecimento. Imagine se os cientistas que descobriram vacinas e tratamentos avançados, os engenheiros que desenvolveram equipamentos sofisticados, tivessem desistido nas primeiras tentativas! Eles trabalharam dias, meses, anos sem conta, até que o conhecimento adquirido resultasse em algo que pudesse tornar a vida humana melhor. A Busca do Conhecimento Pode Levar à Vaidade e à Exploração O Professor de Eclesiastes diz: “eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos” — Quantas pessoas, pelo fato de terem passado anos nos bancos escolares, olham os outros como se fossem seres inferiores! Esse é um problema antigo. Além disso, é verdade que o conhecimento leva, também, à exploração. Países mais desenvolvidos impõem regras e mais regras que impedem outros países de alcançar determinados conhecimentos; e, se alcançam, há leis que impedem o uso do conhecimento, como acontece, por exemplo, com os remédios, que só podem ser produzidos e distribuídos por grandes grupos farmacêuticos. Os detentores do conhecimento estão mais preocupados com o lucro do que com as vidas humanas. Assim, o conhecimento é usado como gerador de riqueza, e não como benefício para todos. O Conhecimento Produz Tristeza “Quem aumenta ciência, aumenta tristeza” — Quando uma pessoa estuda tem a possibilidade de perceber melhor a realidade que a cerca, o que aumenta sua consciência a respeito das questões que envolvem a sociedade. Então, começa a desconfiar da situação do mundo; vê que as coisas poderiam ser diferentes do que são; percebe o quanto é difícil mudar as coisas. Tal constatação abate, desanima e produz tristeza. Surgem, então, filósofos contemporâneos repetindo o que a filosofia embutida no discurso de Eclesiastes já dizia no passado distante: quanto mais você conhece as coisas, mais sabe do funcionamento da sociedade; mais tristeza você há de ganhar por isso, pois é penoso ver uma situação ruim, sendo que a muitos não interessa melhorar, devido à ganância. Outra questão é que, quanto mais uma pessoa estuda, mais ela adquire a certeza de que há muito, muito mesmo, a se descobrir e aprender. Então pode vir a perguntar: para que tanto estudo, se o que de melhor se aprende é que é preciso estudar mais ainda para descobrir, ao fim, que tão pouco se sabe e que muito é necessário se desgastar para aprender? O ser humano, porém, está sempre insatisfeito, sempre buscando. Como diz o ditado: “conhecimento não ocupa espaço”. Não ocupa espaço, mas pode trazer tristeza e sofrimento pelo sentimento de incapacidade diante dos grandes desafios enfrentados pela humanidade. Há então um quadro assustador: conhecimento traz dor e sofrimento. E, quando o conhecimento é usado para a exploração, como vimos acima, traz dor, sofrimento e morte. O quadro era triste e desalentador. Era esse o tipo de filosofia que permeava a sociedade. O quadro triste serviria justamente para mostrar aos hebreus que a cultura que eles estavam importando levava à descrença, à tristeza. Essa filosofia não era a filosofia judaica tradicional. Em outros livros chamados de sabedoria, como Provérbios, há a exaltação do conhecimento tinha outro sentido, outro direcionamento. Servia para se viver bem com Deus, consigo e com a sociedade. Na nova cultura que agora influenciava o povo, o conhecimento servia para vaidade e exploração, trazendo pesar e sofrimento. PARA REFLEXÃO 1. É possível ser um cientista, pesquisador, ou professor universitário, e, ao mesmo tempo, crer na Bíblia e ser um cristão fiel? 2. O que você pode dizer sobre a contribuição dada pelos protestantes, na promoção do conhecimento?