XII Curso de Verão em Entomologia

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CADERNO DE RESUMOS
COMISSÃO ORGANIZADORA
Alunos do Programa de Pós-graduação em Entomologia da Universidade de São Paulo, campus
Ribeirão Preto (FFCLRP), Departamento de Biologia.
Aluno
Área de Pesquisa
Contato
Caleb Califre Martins
Morfologia, Filogenia e Taxonomia de
Chrysopidae: Neuroptera
[email protected]
Daercio Adam de A.
Lucena
Sistemática e Taxonomia de Chrysididae
(Hymenoptera)
[email protected]
Dagmara Gomes
Ramalho
Capacidade reprodutiva e preferência da
traça-das-crucíferas (Plutella xylostella
(L.) (Lepidoptera: Plutellidae), para
diferentes Brassicáceas ao longo das
gerações
[email protected]
Daniel Dias Dornelas
do Carmo
Análise filogenética da Tribo Scionini
(Diptera:Tabanidae)
[email protected]
Daniela Lima do
Nascimento
Ecologia química e comportamento de
Meliponini
[email protected]
Diego Aguilar Fachin
Revisão Taxonômica e análise
filogenética de Acrochaeta (Diptera:
Stratiomyidae)
[email protected]
Diego Sasso Porto
Morfologia comparada e Análise
filogenética de Abelhas Corbiculadas
(Hymenoptera: Apoidea: Apini)
[email protected]
Gabriela Pirani
Ignácio
Taxonomia e morfologia de Cladochaeta
(Diptera: Drosophilidae)
[email protected]
Rafael Alberto
Moretto
Sistemática e Ecologia de Trichoptera
[email protected]
1. PROGRAMAÇÃO DO XI CURSO DE VERÃO EM ENTOMOLOGIA
1
2. PALESTRAS E MINICURSOS: 20/01/2013 SEGUNDA-FEIRA
3
2.1. PALESTRA - LINHAS DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM ENTOMOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO,
CAMPUS DE RIBEIRÃO PRETO.
3
2.2. MINICURSO - BIOLOGIA E EVOLUÇÃO DOS CUPINS
4
3. PALESTRAS E MINICURSOS: 21/01/2013 TERÇA-FEIRA
6
3.1. PALESTRA - CONSERVAÇÃO DE ABELHAS ATRAVÉS DO USO DE
TÉCNICAS DE MORFOMETRIA GEOMÉTRICA DA ASA E DNA
MITOCONDRIAL, FRENTE A SUA EXTREMA IMPORTÂNCIA PARA A
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE.
6
3.2. PALESTRA - ORQUÍDEAS COMO MODELO DE ESTUDO DA
POLINIZAÇÃO POR ENGANO
7
3.3. PALESTRA - INSETOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA: UMA ABORDAGEM
ECOLÓGICO-EVOLUTIVA
7
3.4. MINICURSO - SISTEMÁTICA E BIOLOGIA DE FORMIGAS: O
SUPERORGANISMO
9
4. PALESTRAS E MINICURSOS: 22/01/2013 QUARTA-FEIRA
10
4.1. PALESTRA - EVOLUÇÃO DAS PEÇAS BUCAIS EM INSETOS
10
4.2. PALESTRA - LEPIDOPTERA – EVOLUÇÃO E DIVERSIDADE
10
4.3. PALESTRA - MEGADIVERSIDADE DE COLEOPTERA
11
4.4. MINICURSO - ELEMENTOS TEÓRICO-PRÁTICOS DE TAXONOMIA E
NOMENCLATURA PARA NÃO TAXÔNOMOS
12
5. PALESTRAS E MINICURSOS: 23/01/2013 QUINTA-FEIRA
13
5.1. PALESTRA - FILOGEOGRAFIA E CONSERVAÇÃO
13
5.2. PALESTRA - CIRCUNSCRIÇÃO E EXTENSIBILIDADE DE CONCEITOS
BÁSICOS DE SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA
13
5.3. MINICURSO - MORFOLOGIA EXTERNA DE HEXAPODA
15
6. PALESTRAS E MINICURSOS: 24/01/2013 SEXTA-FEIRA
17
6.1. PALESTRA - DETERMINAÇÃO DA IDENTIDADE ALAR EM INSETOS
17
6.2. PALESTRA - BIOGEOGRAFIA:
BIOLÓGICA NO TEMPO E NO ESPAÇO
18
ENTENDENDO
A
6.3. MINICURSO - MÉTODOS DE COLETA EM ENTOMOLOGIA
EVOLUÇÃO
19
7. PALESTRAS E MINICURSOS: 27/01/2013 SEGUNDA-FEIRA
7.1. PALESTRA - DIVERSIDADE E EVOLUÇÃO DE HETEROPTERA
(INSECTA: HEMIPTERA), COM ÊNFASE NA REGIÃO NEOTROPICAL.
20
7.2 PALESTRA – DIVERSIDADE E SISTEMÁTICA DE ABELHAS.
21
7.2. PALESTRA - BIOLOGIA DE ABELHAS APIS MELLIFERA
22
8. PALESTRAS E MINICURSOS: 28/01/2013 TERÇA-FEIRA
24
8.1. PALESTRA - ORTHOPTERA: OS INSETOS CANTADORES
24
8.2. PALESTRA - SISTEMA DE DETERMINAÇÃO DE SEXO NOS
HYMENOPTERA E SUAS IMPLICAÇÕES
25
8.3. PALESTRA - NOVO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS PARA A
ENTOMOLOGIA: IMAGEJ COMO FERRAMENTA DE TRATAMENTO DE
IMAGENS.
26
8.4. MINICURSO - O PAPEL DOS INSETOS AQUÁTICOS EM PROGRAMAS
DE MONITORAMENTO BIOLÓGICO DA QUALIDADE DE ÁGUA
27
9. PALESTRAS E MINICURSOS: 29/01/2013 QUARTA-FEIRA
28
9.1. PALESTRA - COMPORTAMENTO E ARQUITETURA DE NINHOS DAS
VESPAS SOCIAIS DO BRASIL (HYMENOPTERA, POLISTINAE, EPIPONINI).
28
9.2. PALESTRA - ENTOMOLOGIA FORENSE: INSETOS NA ERA C.S.I.
29
9.3. PALESTRA - CRIAÇÃO MASSAL DE INSETOS E O CONTROLE
BIOLÓGICO APLICADO
31
9.4. MINICURSO - CRIAÇÃO MASSAL DOS PARASITOIDES COTESIA
FLAVIPES CAMERON (HYMENOPTERA: BRACONIDAE) E TRICHOGRAMMA
PRETIOSUM RILEY (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE)
32
10. PALESTRAS E MINICURSOS: 30/01/2013 QUINTA-FEIRA
33
10.1. PALESTRA - DIVERSIDADE E BIOLOGIA DE NEUROPTERIDA
33
10.2. PALESTRA - A POLINIZAÇÃO
EVOLUTIVA E ADAPTAÇÕES
34
POR
BESOUROS:
ECOLOGIA
20
10.3. PALESTRA - SISTEMÁTICA E TAXONOMIA DE CHRYSIDOIDEA
(HYMENOPTERA): CONHECIMENTO ATUAL E PERSPECTIVAS.
35
10.4. MINICURSO - DIPTERA: SISTEMÁTICA, DIVERSIDADE E BIOLOGIA
36
11. PALESTRAS E MINICURSOS: 31/01/2013 SEXTA-FEIRA
37
11.1. PALESTRA - BIOLOGIA SOCIAL EM VESPAS NEOTROPICAIS
ENXAMEADORAS: NOVAS PERSPECTIVAS REFUTAM MODELOS
TRADICIONAIS
37
11.2. PALESTRA - ESTRELAS E INSETOS: SOBRE A ORIGEM E A
EVOLUÇÃO DOS HEXAPODA
38
1
1. PROGRAMAÇÃO DO XII CURSO DE VERÃO EM ENTOMOLOGIA
2
Dia 20/01/2013 (Segunda-feira)
3
2. PALESTRAS E MINICURSOS: 20/01/2013 SEGUNDA-FEIRA
2.1. PALESTRA - LINHAS DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENTOMOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, CAMPUS DE
RIBEIRÃO PRETO.
Biól. Caleb Califre Martins, Biól. Daercio Adam de Araújo Lucena, Biól. Dagmara
Gomes Ramalho, Biól. Daniel Dias Dornelas do Carmo, Me. Daniela Lima do
Nascimento, Biól. Diego Aguilar Fachin, Biól. Diego Sasso Porto, Biól. Gabriela Pirani
Ignácio, Biól. Lucas Amaral Oliveira e Me. Rafael Alberto Moretto.
Alunos do Programa de pós-graduação em Entomologia da FFCLRP, Universidade de São
Paulo.
A Pós-Graduação, como um Curso para formação de Mestres e Doutores, em sua
forma atual, teve origem do esforço espontâneo de grupos de reconhecido saber ligados às
principais Instituições do país. Hoje, é uma malha complexa e abrangente, regida por normas
que organizam esta atividade acadêmica, relativamente jovem.
À distância, somos capazes de enxergar os cursos em desenvolvimento nas instituições
nacionais sem a necessidade de sair de nosso posto de trabalho. As informações, geradas
pelos cursos, coletadas e mantidas pelos órgãos de fomento estaduais e federais são seguras,
organizadas e categorizadas, e através delas, os cursos são avaliados. Ao atingir o grau de
excelência intrínseco (5,0, atribuído pela CAPES) nosso curso está pronto para competir com
seus similares, oferecidos pelas instituições nacionais. Para isto foi importante a coerência
dos objetivos propostos, as linhas de pesquisa, o talento do corpo docente e a eficiência e
prontidão do corpo discente.
O Curso de Pós-Graduação em Entomologia da FFCLRP-USP se mantém fiel aos seus
objetivos iniciais, ou seja, ao propósito acadêmico de formar profissionais atuantes e
competitivos. Para isto mantém suas linhas de pesquisa: Biologia e Genética de abelhas e seus
parasitas, Ecologia, Evolução e Taxonomia, Ecologia das interações Inseto-Planta e Controle
Biológico, Manejo Integrado de Pragas e Radioentomologia, lideradas por especialistas
mundialmente reconhecidos e caracterizados como os mais atuantes, produtivos e entusiastas
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4
do país. Através destes líderes em pesquisa e graças ao trabalho minucioso dos seus alunos, o
Curso de Pós-Graduação em Entomologia vem se firmando como um Curso Internacional,
recebendo e enviando alunos para Instituições de mesmos propósitos, no exterior.
2.2. MINICURSO - BIOLOGIA E EVOLUÇÃO DOS CUPINS
Dr. Tiago Fernandes Carrijo
Pós-doutorando da Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]
Os cupins compreendem aproximadamente 2860 espécies descritas em todo o mundo,
sendo que mais de 540 ocorrem na Região Neotropical. Esses insetos são geralmente
conhecidos pelo seu potencial como pragas. Os principais danos causados pelos cupins são
consequência da sua capacidade de digerir celulose: são os principais agentes biológicos de
degradação de madeira. Além disso, várias espécies de cupins são pragas agrícolas nos
trópicos, alimentando-se de várias partes de plantas cultivadas, incluindo cana-de-açúcar,
eucalipto, arroz-de-sequeiro, amendoim, frutíferas e outras.
Entretanto, apenas cerca de 10% das espécies conhecidas de cupins estão registradas
como pragas e a importância destes insetos vai muito além do potencial que esses insetos
possuem como pragas...
Todas as espécies de cupins são eussociais (não existem cupins solitários), isto é,
possuem divisão reprodutiva do trabalho, sobreposição de gerações e cuidado cooperativo da
prole. Em termos gerais, pode-se dizer que uma colônia de cupins é constituída por um par
real (rei e rainha, que são os reprodutores), os operários e soldados (estéreis) e os imaturos.
Uma colônia madura produz alados que serão os futuros reis e rainhas, fundadores de novas
colônias depois das revoadas. É durante a revoada que os pares se formam, no vôo ou no solo.
O casal começa então a procurar um local favorável (que depende da espécie em questão),
para iniciar uma nova colônia. Uma vez estabelecidos neste local, ocorre a primeira cópula. O
par real, depois de fundar a colônia, permanece junto, ocorrendo várias cópulas durante a
vida. A maioria das espécies de cupins alimenta-se de materiais de materiais celulósicos
(madeira, folhas etc.) ou matéria orgânica do solo (húmus) e desempenham importantes
papéis ecológicos no processo de ciclagem de nutrientes, formação e aeração do solo, sendo
considerados engenheiros de ecossistema. Estes insetos estão entre os mais abundantes
invertebrados de solo de ecossistemas tropicais. Esta grande abundância dos cupins nos
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5
ecossistemas, aliada à existência de diferentes simbiontes, confere a estes insetos a
possibilidade de desempenhar papéis como o de “super decompositores” e auxiliares no
balanço Carbono-Nitrogênio. As formas dos ninhos (cupinzeiros ou termiteiros) são bastante
diversificadas e vão desde galerias difusas na madeira ou solo, até complexos e grandes
ninhos tanto epígios como subterrâneos. Os ninhos as galerias, internamente, são feitas de
fezes ou madeira sedimentada com saliva, ou combinação de ambos. Os ninhos são muitas
vezes ocupados por muitos outros animais, incluindo outros cupins. Termitófilos são animais
que vivem juntamente com os cupins, dentro das galerias, como vários besouros da família
Staphilinidae. Termitariófilos são animais que usam o cupinzeiro, mas não interagem com os
cupins, estão entre eles aranhas, lagartos, ratos, besouros, pássaros, etc. O termo inquilino é
utilizado para outros cupins que utilizam os cupinzeiros construídos por outras espécies.
Referências recomendadas:
Abe, T; Bignell, D.E.; Higashi, M. 2000. Termites: Evolution, Sociality, Symbioses, Ecology.
Springer, 466p.
Bignell, D.E.; Roisin, Y .; Lo, N. 2011 . Biology of termites: a Modern Synthesis. Springer,
576p.
Wilson, E.O. 1971. The insect societies. Belknap Press, Cambridge. 548p.
Sites
úteis:
Constantino,
R.
http://www.thornelab.umd.edu/
http://www.unb.br/ib/zoo/docente/constant
Thorne,
B.
Dia 21/01/2013 (Terça-feira)
6
3. PALESTRAS E MINICURSOS: 21/01/2013 TERÇA-FEIRA
3.1. PALESTRA - CONSERVAÇÃO DE ABELHAS ATRAVÉS DO USO DE
TÉCNICAS DE MORFOMETRIA GEOMÉTRICA DA ASA E DNA
MITOCONDRIAL, FRENTE A SUA EXTREMA IMPORTÂNCIA PARA A
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE.
¹Msc. Clycie Aparecida da Silva Machado e ²Caroline Julio Moretti.
¹Aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da FFCLRP,
Universidade de São Paulo.
²Aluna de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da FFCLRP,
Universidade de São Paulo.
E-mails: [email protected]; [email protected]
A grande relevância dos polinizadores para espécies vegetais nativas e culturas
agrícolas, associada a constatações da diminuição da sua diversidade em muitas partes do
mundo, vem gerando preocupações, tornando-se um sério problema global. A perda de
habitat, tanto pela destruição, fragmentação, degradação ou poluição, ocasionadas pela
expansão das atividades humanas é uma das principais ameaças para a maioria das espécies
que atualmente enfrentam essa perda de diversidade. Diante disso diversos esforços estão
sendo feitos para monitorar a biodiversidade de abelhas, sua conservação e uso sustentável.
Todavia para conservar estes organismos é necessário o conhecimento das espécies e a
conservação de seu habitat natural. Visto que a região Neotropical apresenta uma fauna de
abelhas extremamente rica, acredita-se que apenas um terço de toda sua diversidade seja
conhecido, devido à quantidade baixa de especialistas capacitados em identificar as espécies.
Diante disso, uma alternativa é a aplicações de ferramentas que facilitem a identificação de
organismos por cientistas não formados em taxonomia, bem como também permitam, ao
mesmo tempo, a análise dos padrões de variabilidade genética existentes nas populações.
Dentre estas metodologias de análise podemos citar a morfometria geométrica, a qual tem se
mostrado eficiente na diferenciação de grupos e nas avaliações de diversidade genética
populacional através de análises de posições relativas de marcos anatômicos nos padrões de
venação de asas. E também a caracterização da variabilidade do DNA mitocondrial através do
sequenciamento de regiões para avaliação da variabilidade populacional, sendo ainda uma
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Dia 21/01/2013 (Terça-feira)
ferramenta útil para descoberta de novas espécies além de ser essencial para a definição de
estratégias de conservação. Assim, esta palestra visa demonstrar as técnicas acima citadas, as
quais podem ser utilizadas para a conservação de abelhas, frente a sua extrema importância
como polinizadores potenciais para a conservação da biodiversidade.
3.2. PALESTRA - ORQUÍDEAS COMO MODELO DE ESTUDO DA POLINIZAÇÃO
POR ENGANO
Biól. João Marcelo R. B. V. Aguiar
Aluno de Mestrado do PPG em Biologia Comparada, FFCLRP, USP.
E-mail: [email protected]
Orchidaceae apresenta mais de 27.000 espécies distribuídas em cerca de 900 gêneros
sendo considerada a maior família entre as plantas com flores. As orquídeas são conhecidas
pela diversidade tanto de estruturas vegetativas quanto florais, que estão diretamente
relacionadas com os mecanismos de polinização. Em cerca de um terço das espécies de
Orchidaceae ocorre polinização por engano, quando os polinizadores não são capazes de
distinguir entre flores com e sem recursos. Na maioria dos casos, ocorre engano generalizado
de alimento, em que os polinizadores são enganados buscando por alimento nas flores. A
palestra ilustrará os tipos de polinização por engano documentados em Orchidaceae, além de
abordar a perspectiva dos polinizadores e as consequências evolutivas desse tipo de
polinização.
3.3. PALESTRA - INSETOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA: UMA ABORDAGEM
ECOLÓGICO-EVOLUTIVA
Biól. Suellen de Oliveira
E-mail: [email protected]
A Classe Insecta possui mais de um milhão de espécies descritas e constitui um grupo
muito heterogêneo. Os insetos apresentam grande variedade morfológica, adaptativa e
comportamental, podendo ser benéficos ou maléficos ao homem. Dentre os problemas
causados destacam-se os prejuízos na agricultura e a veiculação de patógenos que acarretam
doenças ao ser humano e em animais. Além disso, vertebrados podem sofrer danos quando,
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Dia 21/01/2013 (Terça-feira)
ocasionalmente ou não, são fonte alimentar de algumas espécies de insetos. É o caso, por
exemplo, das larvas de moscas que se alimentam de tecidos e causam miíases.
Segundo o modo de transmissão de patógeno, o inseto pode ser considerado como
vetor mecânico ou biológico. No primeiro caso, o patógeno não sofre nenhuma modificação.
Por outro lado, nos vetores biológicos o agente patogênico pode se multiplicar e/ou
desenvolver antes de ser transmitido ao hospedeiro vertebrado. Diferente da veiculação
mecânica, na transmissão biológica há especificidade entre patógenos e seus vetores,
determinadas por condições bioquímicas, fisiológicas e comportamentais.
Insetos são muito ecléticos com relação à fonte de alimentação. Entretanto, de modo
geral, as espécies que atuam como vetores biológicos são hematófagas. É durante a
alimentação que patógenos são ingeridos e/ou transmitidos ao hospedeiro. Para se alimentar
de sangue, esses insetos dispõem de mecanismos altamente desenvolvidos para localizar sua
fonte de alimento. Sistemas de percepção de odores específicos, gás carbônico e calor estão
entre os mecanismos mais relevantes. Além disso, para ingerir sangue, insetos hematófagos
possuem aparelhos bucais completamente adaptados para esta finalidade.
Uma série de fatores, além da competência vetorial (capacidade de se infectar durante
um repasto sanguíneo em um vertebrado infectado), fazem de um inseto um potencial vetor
de doenças. Densidade populacional, longevidade, quantidade de repastos sanguíneos
potencialmente infectantes e período de incubação do patógeno são, dentre outras,
características determinantes na relação patógeno vetor. A compreensão destes fatores é
essencial para a criação de estratégias eficazes para o controle das doenças transmitidas por
vetores.
Bibliografia:
BORROR D.J.; DELONG, D.M. Introdução ao Estudo dos Insetos. São Paulo: Edgard Blu Ltda,
1988. Tradução de: MIGOTTO, Alvaro Esteves et al.
BRUSCA, Richard C.; BRUSCA, Gary J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2007. cap. 17.
INCT.
Tópicos
Avançados
em
Entomologia
Molecular.
Disponível
em:
http://www.inctem.bioqmed.ufrj.br/biblioteca/arthrolivro-1. Acesso em: 04 de Novembro de
2013.
LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, R. Principais Insetos Vetores e Mecanismos de Transmissão das
Doenças Infecciosas e Parasitárias. In: COURA, J.R. 2005. Dinâmica das Doenças
Infecciosas. Guanabara Koogan.
NEVES, David Pereira. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Atheneus, 2005. cap. 46,47.
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Dia 21/01/2013 (Terça-feira)
3.4. MINICURSO - SISTEMÁTICA E BIOLOGIA DE FORMIGAS: O
SUPERORGANISMO
Dr. Rodrigo dos Santos Machado Feitosa
Universidade Federal do Paraná. E-mail: [email protected]. Telefone: 41 - 33611639.
As formigas, juntamente com os cupins, são os insetos mais abundantes do planeta, o
que faz deste um grupo de extrema importância econômica e ecológica. Este relativo sucesso
ecológico deve-se em grande parte ao modelo social em que as comunidades destes insetos se
estruturam e principalmente à capacidade adquirida ao longo de sua história evolutiva de
explorar as mais diversas fontes de recursos, competindo agressivamente com outros grupos
ou ocupando nichos ecológicos vagos em uma ampla variedade de ambientes.
Neste mini-curso será apresentada uma introdução geral ao estudo das formigas
(Mirmecologia), incluindo o histórico da área, aspectos filogenéticos das principais linhagens;
técnicas de coleta e ferramentas para a identificação da fauna Neotropical de formigas. Desta
forma, o curso tem como objetivo fornecer subsídios para a interpretação das interações entre
formigas e outros grupos através do conhecimento das estratégias morfológicas e ecológicas
selecionadas durante sua evolução.
O curso é de interesse para a formação de graduandos nas diversas áreas da Biologia,
uma vez que são incontáveis as relações entre formigas e demais grupos de seres vivos, além
da importância do grupo para os ecossistemas terrestres.
10
Dia 22/01/2013 (Quarta-feira)
4. PALESTRAS E MINICURSOS: 22/01/2013 QUARTA-FEIRA
4.1. PALESTRA - EVOLUÇÃO DAS PEÇAS BUCAIS EM INSETOS
Msc. Paula Raile Riccardi
Aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Entomologia da FFCLRP, Universidade de
São Paulo- Ribeirão Preto.
E-mail: [email protected]
O aparelho bucal em Insecta fica localizado na cápsula cefálica e é composto por
apêndices modificados. Três pares desses apêndices são a mandíbula, a maxila e o lábio, os
quais estão envolvidos diretamente com a obtenção de alimento. Na maior parte das ordens de
insetos as peças são utilizadas na mastigação, no entanto, diferentes partes do aparelho bucal
se modificaram formando uma estrutura sugadora em diversos grupos de forma independente.
Ao longo da evolução dos insetos, várias partes foram reduzidas/perdidas ou modificadas,
sendo o clado Dicondylia um exemplo, pois uma característica marcante desse grupo é a
presença de um segundo côndilo na mandíbula. O objetivo principal da palestra é: mostrar a
origem e as principais modificações das peças bucais (com ênfase na mandíbula, maxila e
lábio) ao longo da evolução das ordens de insetos fazendo correspondência com partes
homólogas e também discutir as principais modificações do aparelho bucal dentro das ordens
Hymenoptera, Lepidoptera e Diptera.
4.2. PALESTRA - LEPIDOPTERA – EVOLUÇÃO E DIVERSIDADE
MSc. Lívia Rodrigues Pinheiro
Laboratório de Sistemática e Evolução de Lepidoptera - MZUSP
A ordem Lepidoptera compreende cerca de 160.000 espécies descritas e é uma das
maiores linhagens de insetos. Estima-se que o grupo tenha se originado há 190 milhões de
anos, mas a raridade destes insetos no registro fóssil torna esta estimativa um pouco frágil. A
ampla diversidade e a data de origem estimada sugerem uma irradiação adaptativa explosiva,
o que muitas vezes torna difícil estimar a origem de cada grande grupo e até mesmo o que os
define. A palestra abordará o estado da arte sobre a origem dos lepidópteros, o surgimento dos
11
Dia 22/01/2013 (Quarta-feira)
grandes grupos, sua caracterização, e as mais recentes tentativas de compreender como
ocorreu a explosão de diversidade da ordem.
4.3. PALESTRA - MEGADIVERSIDADE DE COLEOPTERA
Msc. Gabriel Biffi
Aluno de Doutorado do Museu de Zoologia- Universidade de São Paulo
Coleoptera é a maior das ordens de insetos. Com mais de 350 mil espécies descritas,
representa cerca de 40% das espécies de insetos e 30% de todos os animais conhecidos.
Mesmo quando comparada às demais ordens megadiversas, a riqueza de espécies de
Coleoptera equivale à soma das de Lepidoptera, Hymenoptera e Diptera. Além disso, muitas
estimativas de diversidade indicam que esse número representa apenas uma pequena fração de
todos os coleópteros existentes, que para alguns autores pode chegar a até 12 milhões de
espécies.
Muitos trabalhos buscam explicar os fatores envolvidos na alta diversidade dos
besouros. Para alguns, sua diversidade e sucesso adaptativo são atribuídos às suas
peculiaridades morfológicas, principalmente à presença dos élitros e à forte esclerotização do
corpo, que seriam responsáveis por possibilitar a exploração dos mais diversos ambientes e
nichos ecológicos, além de protegê-los de predadores.
Recentemente, novas interpretações sobre a explosão de diversidade em Coleoptera
têm sido propostas combinando-se estudos morfológicos, ecológicos e paleontológicos às
relações filogenéticas da ordem. Nelas, observa-se que os clados com grande número de
espécies surgiram concomitantemente a mudanças drásticas de hábitos de vida, como a
transição da vida aquática para a terrestre ou de predatismo para a herbivoria. Por essa
perspectiva, a megadiversidade de Coleoptera é explicada, também, pela capacidade de
exploração e adaptação a grande variedade de nichos ecológicos, que surgiram devido à
coevolução com angiospermas e vertebrados, e às mudanças geológicas e climáticas ocorridas
na Terra desde os períodos Jurássico e Cretáceo.
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Dia 22/01/2013 (Quarta-feira)
4.4. MINICURSO - ELEMENTOS TEÓRICO-PRÁTICOS DE TAXONOMIA E
NOMENCLATURA PARA NÃO TAXÔNOMOS
¹Dra. Rafaela Lopes Falaschi, Msc. ²Lívia Rodrigues Pinheiros, ³Msc. Gabriel Biffi e
Msc. Simeão de Souza Moraes.
¹Pós-doutoranda da Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]
²,³Alunos de Doutorado do Museu de Zoologia- Universidade de São Paulo
Proposta: Um conhecimento básico de taxonomia por não taxônomos é essencial na
prevenção da criação de mais problemas nomenclaturais e de classificação que afetam toda
uma comunidade de pesquisadores – biólogos, agrônomos, veterinários, engenheiros
florestais, etc., uma vez que a aplicação do nome incorreto à(s) espécie(s) é a etapa mais
básica e crucial no desenvolvimento de qualquer pesquisa biológica. O minicurso propõe
fornecer subsídios teórico-práticos para facilitar a compreensão das regras estabelecidas na
taxonomia por meio de exemplos reais de problemas causados pelo desconhecimento da
taxonomia, breve análise do ICZN e exercícios práticos. Pretende-se, assim, fornecer
elementos para que os alunos possam entender a linguagem taxonômica e utilizá-la
apropriadamente em seus trabalhos futuros.
Dia 23/01/2013 (Quinta-feira)
13
5. PALESTRAS E MINICURSOS: 23/01/2013 QUINTA-FEIRA
5.1. PALESTRA - FILOGEOGRAFIA E CONSERVAÇÃO
Prof. Dr. Mateus Henrique Santos
E-mail: [email protected]
A Filogeografia utiliza a genética de populações e outros métodos como o
georreferenciamento para traçar a história evolutiva das espécies. Muitas espécies estão sob o
risco de extinção em grande parte devido à exploração humana. Uma maneira de entender
quão rápida é a perda de diversidade e a influência da ação do homem em espécies ameaçadas
é a união de métodos filogeográficos com a genética da conservação. Essa abordagem permite
compreender qual a influência do homem na história evolutiva de uma espécie, reconhecer o
sucesso de projetos de preservação e translocação, identificação de produtos feitos à base de
espécies ameaçadas e também no reconhecimento dos limites entre espécies ameaçadas. Desta
maneira estudos filogeográficos associados à genética da conservação são de grande
importância para auxiliar nas ações de preservação das espécies.
5.2. PALESTRA - CIRCUNSCRIÇÃO E EXTENSIBILIDADE DE CONCEITOS
BÁSICOS DE SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA
¹Me. Danilo César Ament; ²Dr. Renato Soares Capellari
¹Aluno de doutorado do Programa de Pós-graduação em Entomologia da FFCLRP,
Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]
²Pós-doutorando da FFCLRP, Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]
Em meados do século passado, novas idéias e propostas revitalizaram a sistemática
biológica. Três correntes principais ganharam maior projeção através de seus porta-vozes. O
gradismo (de Ernst Mayr e George Simpson) conservou grande parte da sistemática
tradicional produzida até então, embora tenha desenvolvido e utilizado novos conceitos
relacionados a esse campo. A fenética numérica (de Robert Sokal e Peter Sneath) desenvolveu
Dia 23/01/2013 (Quinta-feira)
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métodos numéricos computacionais para a análise de dados taxonômicos, porém sem
preocupação com teoria biológica que embasasse suas idéias. A sistemática filogenética (de
Willi Hennig), por outro lado, conciliou teoria biológica subjacente à argumentação e método
de reconstrução da história evolutiva das espécies.
Hennig lança as bases teóricas e metodológicas da sistemática filogenética em 1950,
com o Grundzüge einer Theorie der phylogenetischen Systematik, em alemão, de modo que
apenas em 1966, com a publicação do Phylogenetic Systematics, em inglês, suas idéias
ganham maior projeção e se disseminam pelo meio acadêmico. Hennig formaliza a idéia de
que somente grupos naturais (monofiléticos) devem ser aceitos em um sistema de
classificação, o qual deve refletir inequivocamente a filogenia do grupo, ou seja, sua história
evolutiva. A existência de grupos monofiléticos (que contêm o ancestral comum e todos os
seus descendentes) é sinalizada pela presença de sinapomorfias (caracteres derivados
compartilhados), o que torna a identificação dessas últimas o aspecto central do método
filogenético. A busca por sinapomorfias, por sua vez, é feita apenas com caracteres
homólogos entre si. Richard Owen, anatomista inglês do século XIX, definiu como
homólogos os mesmo órgãos, em diferentes espécies, sob toda variedade de forma e função.
Num contexto evolutivo, a explicação causal da presença de homólogos é a transmissão desse
caráter da espécie ancestral para as descendentes através do continuum material da árvore da
vida. A presença da condição derivada de um caráter em diferentes espécies é um indício de
que elas partilham um ancestral comum, no qual essa modificação surgiu e do qual ela foi
herdada. Grupos que incluem o ancestral comum e todas as suas espécies descendentes são
chamados “grupos monofiléticos”, e são os únicos que devem ser propostos em um sistema de
classificação filogenético. A presença de somente grupos naturais na classificação aumenta o
poder explanatório do sistema de referência, responsável por reunir e distribuir informação de
todas e para todas as áreas da biologia. Desse modo, conceitos que são fundamentais na
argumentação da sistemática filogenética, como sinapomorfia e monofiletismo, mostram-se
extremamente úteis à biologia como um todo. Qualquer que seja o foco do estudo –
características biológicas ou os próprios táxons –, ele é desenvolvido através de uma
perspectiva evolutiva, a linha mestra que conecta todos os ramos da biologia.
Bibliografia básica
Lipscomb, D. 1998. Basics of Cladistic Analysis. George Washington University,
Washington.(download
:http://columbiauniversity.us/itc/envsci/hahn/w4601/Cladistics.pdf).
em
Dia 23/01/2013 (Quinta-feira)
15
Schuh, R.T. & Brower, A.V.Z. 2009. Biological Systematics: Principles and Applications. 2ª
Edição. Cornell Universisty Press.
5.3. MINICURSO - MORFOLOGIA EXTERNA DE HEXAPODA
Biol. Caleb Califre Martins, Biol. Diego Sasso Porto e Msc. Rafael A. Moretto
Alunos do Programa de Pós-graduação em Entomologia da FFCLRP, Universidade de São
Paulo.
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]
Todo entomólogo deve ter um conhecimento básico sobre a morfologia geral de um
inseto, seja para correr uma chave de identificação, para diferenciar cada parte do corpo ou
saber para o que uma determinada estrutura é usada, e mesmo para entender a
correspondência entre as partes, sendo capaz de relacionar toda a gama de variação
encontrada nos diferentes grupos com um plano básico comum.
O presente mini-curso tem como objetivo dar essa noção sobre a morfologia externa
de um Hexapoda, tratando do padrão de tagmose e especialização de cada tagma, plano básico
de Hexapoda, noções de homologia serial e filogenética, diversidade, relações filogenéticas e
sinapomorfias do grupo.
Por meio de exposição teórica e aulas prática, serão discutidas cada uma das partes do
tagma cefálico, o plano básico das peças bucais e a variação dentro dos grandes grupos de
acordo com as especializações para cada hábito alimentar, o tagma torácico, seus apêndices
ambulatórios e a origem das asas em Pterygota, o tagma abdominal e suas modificações, com
redução do número de apêndices e origem da genitália (e suas modificações).
Dia 23/01/2013 (Quinta-feira)
16
Dia 24/01/2013 (Sexta-feira)
17
6. PALESTRAS E MINICURSOS: 24/01/2013 SEXTA-FEIRA
6.1. PALESTRA - DETERMINAÇÃO DA IDENTIDADE ALAR EM INSETOS
Dr. Moysés Elias-Neto
Departamento de Biologia (FFCLRP - Universidade de São Paulo)
Institut de Biologia Evolutiva (Universitat Pompeu Fabra-CSIC), Espanha
As asas são uma inovação morfológica fundamental para a irradiação adaptativa em
Insecta, a linhagem mais diversificada dentre todos os animais. Os insetos pterigotos
apresentam dois pares de asas, um no mesotórax-T2 e outro no metatórax-T3. O protórax-T1
não possui aparato alar. Uma vez originadas, as asas anteriores e posteriores se divergiram em
estrutura e função. Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo a investigação dos
mecanismos de determinação da identidade alar utilizando como modelo biológico o
hemimetábolo Blattella germanica (Dictyoptera, Blattellidae), que apresenta diferenciação
entre asas coriáceas (tegminas) e membranosas. Para isso, foram utilizados métodos
integrados de análise morfológica e molecular, como a histologia do tegumento alar,
Microscopia Eletrônica de Varredura, sequenciamento, qPCR e silenciamento gênico póstranscricional. Os resultados demonstraram que a não-existência de asas no protórax é
consequência da expressão do gene homeótico Sex combs reduced - Scr, o qual atua como
inibidor da cascata gênica de formação alar. O silenciamento de Scr promoveu o aumento da
expressão de genes relacionados à morfogênese e diferenciação das asas, resultando na
formação de expansões tergais laterais no segmento T1. O fenótipo de tais asas ectópicas foi
cuidadosamente investigado na busca pela identificação de sua natureza ontogenética e
evolutiva. A expressão de outro gene homeótico, Ultrabithorax - Ubx, atua na regulação da
identidade do segmento T3 e, portanto, na derivação das asas posteriores, morfológica e
funcionalmente distintas das anteriores. O silenciamento de Ubx em B. germanica provocou
modificações significativas na estrutura das asas metatorácicas, que se tornaram semelhantes
às asas mesotorácicas. Finalmente, considera-se que as asas de T2 são formadas
independentemente da atuação de genes homeóticos (estado livre ou default) e, portanto, se
desenvolvem na ausência de transcritos Scr e Ubx. Os grandes passos na diversificação de
Pterygota, e posteriormente de Neoptera e Endopterygota (Holometabola) são relacionados
com o desenvolvimento do aparato alar. Dessa forma, a utilização de um pterigoto basal como
18
Dia 24/01/2013 (Sexta-feira)
modelo biológico tem o potencial de proporcionar novos insights sobre a origem e evolução
das asas em insetos.
6.2. PALESTRA - BIOGEOGRAFIA: ENTENDENDO A EVOLUÇÃO BIOLÓGICA
NO TEMPO E NO ESPAÇO
Dra. Sarah Siqueira Oliveira
Pós-doutoranda da FFCLRP, Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]
A diversidade biológica (forma) sofre modificações ao longo do tempo e o mesmo
aconteceria com as áreas nas quais esses organismos se distribuem (espaço). Assim, a história
da fragmentação das áreas refletiria a história de fragmentação das espécies ancestrais até
chegar à diversidade atual. A Biogeografia, desse modo, é a área da Biologia Comparada
responsável pela reconstrução da história da evolução da distribuição espacial dos
organismos.
A Biogeografia Cladística funde o método filogenético de Willi Hennig com a
Panbiogeografia de Léon Croizat, pouco depois da proposição do modelo moderno dos
deslocamentos de placas tectônicas a partir da teoria da deriva continental de Alfred Wegener.
A sistemática filogenética conciliou teoria evolutiva e método de reconstrução da história
evolutiva das espécies. A panbiogeografia, por sua vez, conciliou evolução de formas
biológicas no tempo com evolução conjunta do espaço em que eles se distribuem, baseandose no conceito de vicariância. Desse modo, conceitos que são fundamentais na argumentação
da sistemática filogenética e da panbiogeografia, como sinapomorfia, monofiletismo,
dispersão e vicariância, mostram-se extremamente úteis à Biogeografia e à biologia como um
todo, e serão apresentados e discutidos ao longo desta palestra.
Dia 24/01/2013 (Sexta-feira)
19
6.3. MINICURSO - MÉTODOS DE COLETA EM ENTOMOLOGIA
Biól. Caleb Califre Martins, Biól. Daercio Adam de Araújo Lucena, Biól. Dagmara
Gomes Ramalho, Biól. Daniel Dias Dornelas do Carmo, Me. Daniela Lima do
Nascimento, Biól. Diego Aguilar Fachin, Biól. Diego Sasso Porto, Biól. Gabriela Pirani
Ignácio, Biól. Lucas Amaral Oliveira e Me. Rafael Alberto Moretto.
Alunos do Programa de pós-graduação em Entomologia da FFCLRP, Universidade de São
Paulo.
Nenhum grupo dentro dos metazoários supera a diversidade de insetos, o clado de
maior sucesso evolutivo na história da vida. O estudo da biodiversidade, termo que carrega
uma noção eminentemente histórica e evolutiva, trata de reconhecer as espécies de uma dada
região, descrevê-las e classificá-las, e cabe aos museus de história natural armazenar,
preservar e ordenar o acervo de espécimes, representando a diversidade biológica de
organismos.
Os processos de reconhecimento da biodiversidade não são triviais. Envolvem a
escolha da área a ser amostrada, métodos de coleta a serem utilizados para diferentes grupos
de estudo, etiquetagem detalhada do material (p.ex. dados de procedência, localidade,
coordenadas geográficas, data e métodos de coleta, coletor), além de um acondicionamento
adequado para cada grupo e objetivo de estudo. Passada esta etapa, o material é então
montado, de acordo com técnicas específicas para cada grupo, identificado e depositado em
uma coleção biológica, ou seja, em uma instituição depositária (museu). Assim, os processos
de curadoria que se seguem no museu podem ser continuados de forma a maximizar o
aproveitamento desse material ao longo de centenas de anos.
Os procedimentos relacionados à deposição de material entomológico em coleções,
desde o levantamento da área amostrada, funcionalidade e montagem de diferentes tipos de
armadilhas, às etapas finais de montagem e uso de chaves de identificação, serão abordados
ao longo deste mini-curso.
20
Dia 27/01/2013 (Segunda-feira)
7. PALESTRAS E MINICURSOS: 27/01/2013 SEGUNDA-FEIRA
7.1. PALESTRA - DIVERSIDADE E EVOLUÇÃO DE HETEROPTERA (INSECTA:
HEMIPTERA), COM ÊNFASE NA REGIÃO NEOTROPICAL.
Dr. Cristiano Feldens Schwertner
Universidade Federal de São Paulo
A subordem Heteroptera corresponde à linhagem mais diversa da ordem Hemiptera,
com cerca de 40.000 espécies descritas em 86 famílias. Inclui os insetos conhecidos como
percevejos (‘true bugs’), divididos em sete infraordens: Cimicomorpha (barbeiros,
percevejos-assassinos, percevejos-de-cama, percevejos-de-renda, percevejo-bronzeado, etc...),
Enicocephalomorpha, Dipsocoromorpha, Gerromoprha (gerrídeos, esquiadores, etc...),
Leptomodopormopha,
Pentatomomorpha
Nepomorpha
(baratas
(percevejos-das-pastagens,
d’água,
percevejos-sapo,
marias-fedidas,
etc...)
e
percevejos-cavadores,
percevejos-do-algodão, percevejos-da-soja, etc...). Sua diversidade morfológica e ecológica
reflete o sucesso na ocupação dos principais ecossistemas: espécies são encontradas em todos
os tipos de habitats (dossel de florestas, fundos de rios e lagos, superfície dos oceanos, etc...) e
apresentam os mais diversos hábitos alimentares (fitófagos, predadores, hematófagos,
micetófagos, etc...). Várias espécies apresentam comportamentos peculiares, como por
exemplo cuidado da prole, inseminação traumática e trofobiose. Na relação com o ser
humano, destacam-se espécies de importância médica (vetores da doença de chagas) e
agrícola (pragas de pastagens e outras culturas importantes). Os principais grupos têm
distribuição mundial, com maior diversidade nas regiões tropicais. Estudos filogenéticos
suportam a monofilia de Heteroptera e das sete infraordens. No entanto, a história evolutiva
do grupo ainda gera intenso debate. As duas principais hipóteses suportam cenários
contraditórios: a primeira prediz que os heterópteros evoluíram de um ancestral com hábitos
alimentares generalistas que vivia em ambiente terrestre, enquanto a segunda prediz que
teriam evoluído de organismos predadores que viviam em habitats aquáticos. Todas as
hipóteses
disponíveis
suportam
que
o
clado
formado
pelas
infraordens
Cimicomorpha+Pentatomomorpha é o grupo mais derivado dentro de Heteroptera. Os
nepomorfos tiveram origem e diversificação no Triássico, enquanto as demais linhagens
tiveram grande diversificação durante o Cretáceo. Para a região Neotropical as informações
Dia 27/01/2013 (Segunda-feira)
21
sobre a diversidade do grupo ainda são fragmentárias, geralmente dispersas em trabalhos que
tratam da taxonomia de famílias e gêneros. Cerca de 10.000 spp. já foram descritas na região
Neotropical. As hipóteses de evolução do grupo e o estado da arte dos estudos em Heteroptera
na região Neotropical serão apresentados e discutidos.
7.2. DIVERSIDADE E SISTEMÁTICA DE ABELHAS
Biol. Diego Sasso Porto
Aluno de mestrado do Programa de Pós-graduação em Entomologia da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]
As abelhas compreendem um grupo bastante diverso de himenópteros, cuja
importância na polinização das angiospermas é indiscutível. Aproximadamente um terço da
dieta humana é baseada em alimentos – frutos, legumes, sementes, castanhas – cujas flores
são polinizadas majoritariamente por abelhas. Além disso, as abelhas-melíferas são
fornecedoras de alguns produtos de relevante utilização humana, tal como o mel e a cera. O
grupo é incluído na superfamília Apoidea, a qual também reúne as chamadas “vespas
esfecóides”. Dentre estas últimas, Crabonidae parece ser o seu provável grupo-irmão. As
abelhas incluem aproximadamente 20.000 espécies descritas, distribuídas em 7 famílias:
Andrenidae, Apidae, Colletidae, Halictidae, Megachilidae, Melittidae e Stenotritidae. O clado
“abelhas”, referido na literatura como Apiformes ou Anthophila, é definido pelo
compartilhamento de características morfológicas e comportamentais apomórficas, como o
consumo de pólen por larvas e fêmeas adultas, presença de pelos ramificados e
frequentemente plumosos, basitarso posterior alargado e presença da placa basitibial na tíbia
posterior. Além disso, o grupo é um importante modelo no estudo da evolução da socialidade.
O táxon inclui representantes que exibem graus variados de socialidade, desde espécies com
indivíduos solitários, parassociais ou subssociais (maioria das abelhas), àquelas com
indivíduos com algum nível de eussocialidade (Halictidae: Halictinae, Apidae: Allodapini,
Apini). Dada importância conspícua do grupo, tanto econômica quanto científica, é
fundamental, portanto, que haja clara compreensão da sua diversidade, biologia e evolução,
para que possamos avaliar os impactos causados pelas atividades humanas e propor medidas
de conservação apropriadas.
Dia 27/01/2013 (Segunda-feira)
22
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Michener, C.D. (2007) The Bees of the World (2ª Edição). John Hopkins University Press, Baltimore, EUA. 953
pp.
Silveira, F.A., G.A.R. Melo & E.A.B. Almeida (2002a) Abelhas Brasileiras: Sistemática e Identificação. F.A.
Silveira: Belo Horizonte. 253 pp.
7.3. PALESTRA - BIOLOGIA DE ABELHAS APIS MELLIFERA
¹Msc. Aline Patrícia Turcatto; ¹Msc. Joyce Mayra Volpini de Almeida; Biol. Patrícia Pinhal;
Biol. Amanda Elisa Fernandes.
APILAB – Laboratório de Biologia e Genética de Abelhas
¹Alunas de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Genética da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]; [email protected]
As abelhas Apis mellifera foram inicialmente introduzidas no Brasil por imigrantes
europeus. Entretanto, as abelhas a princípio introduzidas eram de origem européia, adaptadas
ao clima mediterrâneo e, em virtude disso, pouco produziam em nosso território. Desta
maneira, em 1956, a pedido do governo brasileiro, o Prof. Dr. Warwick E. Kerr introduziu em
Rio Claro – SP algumas colônias de Apis mellifera scutellata provenientes da África do Sul.
O intuito desta introdução era, através de cruzamentos controlados, criar uma nova raça de
abelhas que aliasse as características desejáveis das abelhas africanas e européias como
mansidão, alta adaptabilidade e principalmente alta produtividade.
Entretanto, após um acidente, 26 colônias enxamearam e iniciaram um processo de
hibridização com as abelhas pré- introduzidas dando início ao processo que hoje conhecemos
como Africanização. Neste novo híbrido, que se espalhava pelo continente, predominavam as
características das abelhas africanas, como alta defensividade, alta capacidade enxameatória,
alta produtividade e grande resistência a doenças da colônia. Esta abelha, rapidamente se
espalhou pelo Brasil e subsequentemente pelas Américas, atingindo o limite sul de sua
distribuição nas proximidades do paralelo 35º na Argentina e seu limite ao norte, ainda
continua em expansão, tendo atingido os Estados Unidos em 1990.
Os diversos tipos de análise mostram que as abelhas existentes hoje são muito
parecidas com o ancestral africano, seja o perfil morfológico ou genético. Este evento foi
talvez um dos mais extraordinários exemplos de dominância de uma subespécie sobre as
demais, fato este que gerou diversas questões sobre genética e comportamento deste inseto.
Dia 27/01/2013 (Segunda-feira)
23
Como todos os animais, as abelhas devem consumir certos nutrientes que são
considerados essenciais em sua dieta. Estes nutrientes são encontrados na natureza e coletados
pelas abelhas operárias de acordo com as necessidades da colônia e a disponibilidade no
campo.
Atualmente, um grande problema para a apicultura mundial tem sido o
desaparecimento de colônias devido a doenças, mudanças climáticas e a falta de alimento.
Sendo assim, uma das tentativas para sanar um desses problemas, é suprir as necessidades
nutricionais dessas abelhas em períodos de escassez alimentar. A Alimentação artificial neste
caso é muito importante tanto para a manutenção da colônia como para o crescimento e
multiplicação do número de colmeias.
O minicurso será divido em dois momentos: o primeiro momento será uma aula
teórica, onde mostraremos as características principais dessas abelhas, abrangendo desde a
morfologia, divisão de castas e alimentação. Já o segundo momento do minicurso será
totalmente prático, onde os alunos terão a oportunidade de observarem um apiário que se
encontra no Departamento de Genética desse campus, bem como os principais produtos
comerciais que esses animais oferecem, como o mel, a própolis, entre outros.
Dia 28/01/2013 (Terça-feira)
24
8. PALESTRAS E MINICURSOS: 28/01/2013 TERÇA-FEIRA
8.1. PALESTRA - ORTHOPTERA: OS INSETOS CANTADORES
Msc. Pedro Guilherme B. S. Dias
E-mail: [email protected]
A ordem Orthoptera é uma das mais antigas linhagens de insetos, com seu registro
fóssil datando desde o Carbonífero Superior (290 m.a.). Suas 26.000 espécies atuais incluem
vários insetos comuns e familiares, como os gafanhotos, grilos, esperanças e paquinhas,
tornando-a a maior ordem de Polyneoptera. Ocorrem em todos os continentes, à exceção dos
polos e grandes altitudes, sendo mais abundantes nos trópicos, onde formam um importante
componente da fauna. O monofiletismo da ordem é fortemente sustentado por dados
morfológicos e moleculares e sua principal sinapomorfia é a presença de pernas posteriores
saltatórias, com os fêmures posteriores bastante desenvolvidos. Tradicionalmente, Orthoptera
divide-se em duas grandes linhagens monofiléticas, designadas com base no tamanho da
antena. Caelifera, de antena reduzida, onde estão incluídos os gafanhotos e Ensifera, que
apresentam uma grande antena flagelada e incluem os grilos, esperanças e paquinhas.
Outras características morfológicas da ordem são: a presença de aparelho bucal do tipo
mastigador em todas as fases do desenvolvimento; quatro pares de asas (quando presentes),
sendo as anteriores denominadas tégminas; pronoto bem desenvolvido, formando um
cryptopleuron e tíbia posterior ornamentada com uma fileira dupla de espinhos ou esporões
na superfície dorsal.
Uma das particularidades mais marcantes de Orthoptera é sua capacidade de “cantar”,
ou seja, emitir sons através do atrito entre duas partes do corpo, um processo denominado
estridulação. Este atributo desempenha um importante papel na biologia e na evolução da
ordem e o som produzido é utilizado na sistemática e na taxonomia, sendo importante no
reconhecimento de grupos e diferenciação de espécies, sobretudo as crípticas. Geralmente, o
som tem caráter sexual e é emitido pelo macho com a intenção de atrair uma fêmea
coespecífica para o acasalamento, caracterizando um som de chamado. Os Ensifera estridulam
atritando-se as asas anteriores, as quais possuem veias modificadas para a produção e
propagação do som. Os Caelifera estridulam, sobretudo através do atrito das pernas
posteriores com as asas ou superfícies duras do corpo. O som mais conhecido talvez seja o
som noturno produzido pelos grilos; gafanhotos estridulam geralmente durante o dia.
25
Dia 28/01/2013 (Terça-feira)
Juntamente com a capacidade de produzir som está a capacidade de ouvir o som. A
presença e a localização do tímpano também é um caráter taxonômico e, em Ensifera,
localiza-se na tíbia anterior enquanto em Caelifera no abdome. Ortópteros são
predominantemente terrestres e podem ser fitófagos, carnívoros, detritívoros ou onívoros. Há
espécies
aquáticas,
semi-aquáticas,
arborícolas,
cavernícolas,
fitófilas,
geófilas
e
mirmecófilas, sendo que algumas são bastante comuns em habitações. Várias espécies
possuem grande importância econômica, sobretudo as capazes de formar grandes agregações,
comumente referidas como nuvens. A grande diversidade de estratégias sexuais, defensivas e
alimentares, bem como sua diversidade de espécies e o grande número de táxons não
descritos representam um campo de estudo bastante promissor dentro da Entomologia.
8.2. PALESTRA - SISTEMA DE DETERMINAÇÃO DE SEXO NOS
HYMENOPTERA E SUAS IMPLICAÇÕES
Me. Ayrton Vollet Neto
Aluno de Doutorado do Programa de Pós-graduação em Entomologia da FFCLRP, USP.
E-mail: [email protected]
O sistema de determinação sexual dos hymenoptera é haplodiploide. Neste sistema os
machos se originam de óvulos não fecundados, enquanto as fêmeas se originam de óvulos
fecundados por espermatozoides, um processo conhecido como partenogênese arrenótoca.
Esta característica provoca várias consequências importantes para a ecologia e evolução deste
grupo, sendo que uma das que ganhou maior destaque é que cria uma relação de parentesco
muito grande entre os irmãos filhos de um mesmo pai, provavelmente sendo a principal força
evolutiva para a evolução da socialidade e do altruísmo, a teoria da seleção de parentesco (kin
selection) proposta por William D. Hamilton, em 1964.
Além disso, este sistema possui peculiaridades que geram restrições nas populações
dos hymenoptera: a produção de machos diploides. Na maioria das espécies um único locus
gênico controla a determinação sexual, de forma que indivíduos com dois alelos em
heterozigose se desenvolvem em fêmeas e indivíduos com um único alelo (hemizigoto) se
desenvolve em macho. No entanto, indivíduos diploides, porém homozigotos para o locus
sexual se desenvolvem em machos, de forma que este sistema é conhecido como
complementary sex determination (CSD). Em mais de 80 espécies já foi documentado que
machos se originaram de óvulos fecundados (van Wilgenburg et al., 2006; Heimpel & de
26
Dia 28/01/2013 (Terça-feira)
Boer, 2008). Apesar de alguns grupos terem perdido esta característica, o CSD deve ser a
característica ancestral nos Hymenoptera (Asplen et al. 2009).
Dessa forma, pretendo utilizar o meu modelo de estudo, as abelhas sem ferrão, que são
himenópteras altamente eusociais com CSD, para trabalhar ambas as consequências do
sistema de determinação sexual neste grupo.
8.3. PALESTRA - NOVO MÉTODO DE ANÁLISE DE DADOS PARA A
ENTOMOLOGIA: IMAGEJ COMO FERRAMENTA DE TRATAMENTO DE
IMAGENS.
Eduardo M.S. Borges-Filho
Aluno de mestrado em Entomologia – Universidade de São Paulo; Laboratório de Ecologia
Comportamental e de Interações – Universidade Federal de Uberlândia.
E-mail: [email protected]
O ImageJ é um programa de análise de medidas e tratamento de imagens que utiliza a
plataforma Java. Este software de domínio público exibe, edita, analisa, processa e salva
diversos formatos de imagem. Dota de um arcabouço de algoritmos para calcular uma área
definida pelo usuário na imagem, transformando valores em pixels em unidades de medidas
conhecidas (http://rsb.info.nih.gov/ij/index.html). Tem sido usado no meio cientifico como
uma ferramenta poderosa que aumenta a acurácia de medidas em imagens de insetos, como
identificar, contar e medir estruturas.
A proposta se baseia em apresentar o programa aos alunos, bem como instruí-los com
técnicas da medida de herbivoria por insetos herbívoros, mensurar insetos e organização dos
dados obtidos.
Neste programa é possível fazer diversas análises e medições como a morfometria de
estruturas de insetos, individualização de danos foliares causados por insetos herbívoros,
contagem de cerdas, comparar sinais aposemáticos, etc.
Este método aproxima os estudantes de uma interação entre e coleta de dados no
campo e o processamento e análise destes com máxima precisão, sem intervenções e
manipulações
mais
diretas
no
http://www.imagesurvey.com.br).
material
de
estudo
(para
mais
detalhes,
ver
Dia 28/01/2013 (Terça-feira)
27
8.4. MINICURSO - O PAPEL DOS INSETOS AQUÁTICOS EM PROGRAMAS DE
MONITORAMENTO BIOLÓGICO DA QUALIDADE DE ÁGUA
Msc. Rafael A. Moretto e Msc. Anne M. Costa
Alunos de doutorado do Programa de pós-graduação em Entomologia da FFCLRP,
Universidade de São Paulo.
Nos últimos anos, a degradação do meio ambiente vem ocorrendo de forma acelerada
e contínua, devido aos múltiplos impactos ambientais provenientes das atividades antrópicas.
Ainda não sabemos exatamente o impacto negativo que isso causa nas mais variadas faunas.
Por meio do monitoramento ambiental é possível observar e avaliar se estratégias de
manejo e conservação de áreas naturais, bem como se os planos de recuperação de ambientes
degradados estão sendo efetivos. Dentre as diversas comunidades que vivem nos variados
ecossistemas, a de insetos aquáticos é amplamente estudada e utilizada em avaliações e
programas de monitoramento ambiental.
Os insetos aquáticos em geral apresentam diferentes níveis de tolerância face às
atividades antrópicas, as quais podem envolver a remoção das matas ciliares, a entrada de
efluentes orgânicos ou industriais, a destruição de hábitat, entre outros. Essa diferença de
susceptibilidade frente a distúrbios ambientais confere ao grupo grande importância em
programas de monitoramento biológico. Por isso, a prática de biomonitoramento com insetos
aquáticos, notadamente Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera, tem sido bastante utilizada.
Além disso, outros fatores que favorecem o uso de insetos aquáticos em programas de
biomonitoramento é o fato de eles serem amplamente distribuídos e comuns na maioria dos
ecossistemas dulcículas, possuírem ciclo de vida relativamente longo quando comparados
com outros organismos, serem organismos de tamanho grande, sésseis ou de pouca
mobilidade, o que permite que eles sejam coletados por métodos simples e de baixo custo.
Nesse mini-curso, além de uma breve introdução ao estudo dos insetos aquáticos,
entender suas peculiaridades e como podem ser utilizados como bioindicadores de qualidade
de água, abordaremos o posicionamento filogenético dos grupos, estrutura conceitual,
utilização de índices de qualidade de água, caracteres diagnósticos e noções de identificação.
Dia 29/01/2013 (Quarta-feira)
28
9. PALESTRAS E MINICURSOS: 29/01/2013 QUARTA-FEIRA
9.1. PALESTRA - COMPORTAMENTO E ARQUITETURA DE NINHOS DAS
VESPAS SOCIAIS DO BRASIL (HYMENOPTERA, POLISTINAE, EPIPONINI).
Dr. Sidnei Mateus
Especialista em Laboratório, Departamento de Biologia - FFCLRP-USP.
E-mail: [email protected]
As vespas pertencentes à subfamília Polistinae ocorrem em todo mundo, a maior
diversidade é encontrada na região Neotropical. No Brasil, é representada por três tribos
(Carpenter, 1993): Polistini, Mischocyttarini e Epiponini. Nos Polistinae, novas colônias são
iniciadas por fundação independente. Em Polistes e Mischocyttarus, uma ou várias rainhas
(férteis) iniciam a construção do ninho. Através de atos agressivos estabelece se uma
hierarquia de dominância entre as fêmeas fundadoras e a prole. Nas espécies da tribo
Epiponini, novas colônias são iniciadas por enxameio, várias rainhas e centenas de operárias
deixam o ninho original para iniciar uma nova colônia ou toda população abandona o ninho
velho. O enxameio é um movimento coordenado por um grupo de operárias (escoteiras) que
seleciona o novo local para o ninho. As escoteiras fazem um caminho químico adicionando
substância glandular produzida no 5° esternito e também produtos de outras glândulas,
esfregando o abdômen em folhas de árvores, galhos ou em outros locais como postes de
cerca. As colônias iniciadas com grande população têm maior especialização entre os
indivíduos e são mais efetivas na defesa, construção e manutenção da colônia. Dependendo da
espécie, o material de construção do ninho é uma combinação de fibra vegetal longa ou curta,
pêlos de folhas, barro e secreção oral. Polistes e Mischocyttarus constroem ninhos sem
envelopes presos por um pedúnculo. Nos Epiponini, exceto o gênero Apoica e algumas
espécies de Agelaia, os ninhos são construídos com envelope externo. Os ninhos são
construídos embaixo de folhas, cavidades, troncos de árvores, paredes ou fixados em galhos.
A arquitetura dos ninhos foi aparentemente influenciada pela predação por formigas, de modo
que várias formas de defesa foram desenvolvidas. Em Polistes e Mischocyttarus, uma
substância que repele formigas é produzida no 6° esternito e aplicada no pedúnculo dos
ninhos. Nos Epiponini, o envelope é a defesa primaria contra formigas, e algumas espécies
adicionam na entrada do ninho material viscoso misturado com secreção oral. Operárias
adultas trabalham como guardas na defesa da colônia. As vespas adultas alimentam-se de
29
Dia 29/01/2013 (Quarta-feira)
néctar, suco de frutas ou fluídos de Homoptera “honeydew”. As larvas são alimentadas
diariamente pelas operárias com proteína animal (lagartas), proveniente de imaturos de outros
insetos. Estudos realizados com algumas espécies de Epiponini mostraram que entre as
rainhas de uma colônia ocorre pouco conflito, mas elas são eliminadas ao longo do ciclo
colonial pelas operárias provavelmente devido ao envelhecimento e a diminuição dos
feromônios.
Com relação às castas, em algumas espécies as rainhas são maiores que
operárias (Agelaia), ou menores que operárias (Apoica), em outras espécies, há pouca
diferença
morfológica
entre
rainhas
e
operárias
(Parachartergus,
Chartergellus,
Protopolybia).
9.2. PALESTRA - ENTOMOLOGIA FORENSE: INSETOS NA ERA C.S.I.
Richard Edgar Moretto
Departamento de Zoologia-IB, UNESP Rio Claro.
E-mail: [email protected]
A entomologia forense é um ramo de investigação científica que aplica o estudo de
insetos e outros artrópodes à procedimentos legais, estando em constante desenvolvimento e
chamando bastante atenção nos últimos anos. Diversos estudos vêm sendo realizados nesta
área para que os profissionais responsáveis possuam o maior número de informações possível
sobre os insetos utilizados para estes fins, permitindo-lhes assim fazer melhores análises nos
casos litigiosos envolvendo fatores como a descoberta da causa da morte (causa mortis), do
local e até mesmo uma estimativa do intervalo de tempo pós-morte (I.P.M.) em um cadáver,
principalmente humano.
Vários são os estudos possíveis dentro desta ciência, desde estudos diretamente
ligados às carcaças até os relacionados com substâncias tóxicas e dietas artificiais
(entomotoxicologia), além dos estudos associados com a questão agrária (urbana e médicolegal), também bastante difundida atualmente.
Um cadáver em decomposição constitui um substrato que se caracteriza por ser um
micro-hábitat temporário representando uma fonte rica em alimento para vários organismos
decompositores, desde bactérias e fungos até alguns vertebrados. Dentre os representantes da
fauna que se utilizam deste tipo de substrato, os artrópodes constituem a maior porção, tendo
os insetos como os representantes mais abundantes e com maior diversidade de espécies.
Dia 29/01/2013 (Quarta-feira)
30
A estimativa do IPM baseia-se na coleta e determinação da idade dos espécimens
encontrados associados ao corpo em decomposição, quando de sua localização. Como os
insetos são os primeiros a colonizar este tipo de substrato, a invasão do corpo por estes
artrópodes inicia como que um relógio biológico, que no caso específico de cadáveres
humanos em decomposição, é investigado e interpretado para estimar o IPM destes.
Normalmente, a estimativa da idade dos exemplares de insetos mais velhos associados
ao cadáver ou o conhecimento do processo de sucessão da entomofauna cadavérica durante a
decomposição do corpo, fornecem os dados necessários para a estimativa do IPM. No
primeiro caso, há a necessidade do levantamento da temperatura média dos dias que
antecederam a descoberta do cadáver, via estação meteorológica mais próxima do local do
encontro do cadáver.
A partir destes dados de temperatura, é possível se comparar valores de peso, largura
ou comprimento dos estágios imaturos encontrados associados ao cadáver, com um banco de
dados em que conste o desenvolvimento das diferentes espécies de insetos sob diferentes
temperaturas. Assim sendo, pode-se estimar a idade dos exemplares e conseqüentemente, o
IPM do cadáver.
No caso do Brasil, a Entomologia Forense pode ser considerada como uma área de
investigação mais recente, embora a primeira publicação na área completou recentemente 100
anos.
Os principais avanços observados nesta área referem-se ao desenvolvimento de novas
técnicas e métodos empregados nas investigações, como por exemplo, protocolos para
experimentos no campo.
A palestra em sí será dividida em vários subtópicos, passando desde o histórico da
entomologia forense e seus primeiros casos na China medieval; fatores que interferem na
estimativa do I.P.M.; inferências de causa mortis e local de morte x local de desova do corpo;
a importância da entomofauna associada a carcaças em decomposição para a ciclagem de
matéria; a entomotoxicologia médica-legal; insetos de interesse forense e suas principais
caraterísticas de invasão e sucessão em um corpo em decomposição; metodologia de coleta e
“o que fazer” enquanto entomólogo forense ao encontrar um corpo; além de diversos
exemplos de casos reais envolvendo perícia forense onde os insetos foram os principais
vestígios.
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9.3. PALESTRA - CRIAÇÃO MASSAL DE INSETOS E O CONTROLE BIOLÓGICO
APLICADO
Prof. ²Sergio Antonio De Bortoli e Dra. ¹Alessandra Marieli Vacari.
1
Pós-doutoranda no Laboratório de Biologia e Criação de Insetos, Departamento de
Fitossanidade, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias FCAV/Unesp.
Email: [email protected]
2
Professor Titular, Laboratório de Biologia e Criação de Insetos, Departamento de
Fitossanidade, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias FCAV/Unesp.
E-mail: [email protected]
A Entomologia Agrícola estuda os insetos prejudiciais e benéficos, associados a
plantas cultivadas, e esta área é tão abrangente que aborda também o estudo de ácaros de
importância agrícola (pragas e predadores) e os métodos de controle. Dentre os métodos de
controle, o biológico é o mais sustentável, e nele está inserido o método biológico aplicado,
com base na criação massal de insetos benéficos em laboratórios para sua posterior liberação
em campo. Apesar de já utilizado a cerca de dois milênios, somente no século 19 que o
controle biológico passou a ser empregado amplamente em programas de manejo. Atualmente
no Brasil cerca de 70 empresas comercializam 12 espécies de insetos e ácaros, além dos 55
laboratórios mantidos por usinas sucroalcooleiras. O controle biológico também é empregado
em lavouras de soja, milho, plantas frutíferas, hortaliças e outras, numa área estimada em sete
milhões de hectares. Com os avanços no domínio das técnicas de criação e formulação de
dietas artificiais, que potencializam a criação de insetos em grande escala, houve um
acréscimo na produção e aplicação desses agentes de controle.
Desse modo, nesta palestra serão abordados dentro do conceito de Entomologia
Agrícola, os pontos mais relevantes desta área com enfoque no controle biológico aplicado,
situação atual no Brasil, controle de qualidade de agentes produzidos em laboratório e
perspectivas futuras.
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Dia 29/01/2013 (Quarta-feira)
9.4. MINICURSO - CRIAÇÃO MASSAL DOS PARASITOIDES COTESIA FLAVIPES
CAMERON (HYMENOPTERA: BRACONIDAE) E TRICHOGRAMMA PRETIOSUM
RILEY (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE)
¹Msc. Haroldo Xavier Linhares Volpe, ² Msc. Claudio Antonio Salas Figueroa e ³Biol.
Dagmara Gomes Ramalho.
1,2
Alunos de doutorado do Programa de Pós-graduação em Entomologia da Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias FCAV/Unesp – Jaboticabal. E-mails: [email protected];
2
[email protected]
³ Aluna de mestrado do Programa de Pós-graduação em Entomologia da FFCLRP,
Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]
O controle de pragas agrícolas mediante a utilização de inimigos naturais adquiriu
grande relevância a nível mundial durante as últimas décadas devido principalmente às novas
exigências dos consumidores por produtos agrícolas com reduzidos níveis de inseticidas. O
Brasil buscou atender estas exigências com a criação de empresas e laboratórios
especializados na massificação de agentes de controle biológico e também com o aumento da
área agrícola com controle de pragas mediante a utilização destes agentes biológicos.
Dois dos insetos atualmente mais utilizados como controladores biológicos de pragas
no Brasil são as vespas parasitoides Cotesia flavipes (Hymenoptera: Braconidae) e
Trichogramma
pretiosum
(Hymenoptera:
Trichogrammatidae).
C.
flavipes
é
um
endoparasitoide larval de lepidópteros e utilizado em 3 milhões de hectares de cana-de-açúcar
para o controle da broca-da-cana, enquanto que T. pretiosum é um parasitoide de ovos de
inúmeros insetos, principalmente da ordem Lepidoptera e utilizado atualmente em
aproximadamente 28 milhões de hectares para o controle de lagartas, brocas, incluindo a
broca-da-cana e lagartas desfolhadoras das culturas de tomate milho, sorgo e soja
(VASCONCELOS, 2012).
Em grande parte o êxito da utilização destes agentes de controle biológico baseia-se na
capacidade de produzi-los em larga escala em condições de laboratório, mediante a utilização
de hospedeiros naturais e alternativos.
O objetivo do minicurso é fornecer as bases teóricas e práticas para a criação massal
destes importantes agentes de controle biológico, bem como os procedimentos para
determinar a qualidade dos agentes produzidos.
Dia 30/01/2013 (Quinta-feira)
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10. PALESTRAS E MINICURSOS: 30/01/2013 QUINTA-FEIRA
10.1. PALESTRA - DIVERSIDADE E BIOLOGIA DE NEUROPTERIDA
Biól. Caleb Califre Martins
Aluno de mestrado do Programa de Pós-graduação em Entomologia da FFCLRP,
Universidade de São Paulo.
E-mail: [email protected]
A superordem Neuropterida com freqüência é considerada de posição próxima da base
de Holometábola junto com seu grupo irmão Coleoptera, ou seja, apresenta sua morfologia
bastante conservadora. Ela é formada por três ordens: Raphidioptera, com pouco mais de 200
espécies em duas famílias, Megaloptera, com aproximadamente 300 espécies encontradas em
duas famílias, e Neuroptera, com aproximadamente 6000 espécies, distribuídas em 17
famílias.
A monofilia dessa superordem é baseada em características discretas encontradas em
suturas abdominais e torácicas, na musculatura especial do ovipositor, em características do
estema larval e nas especializações nas bases das asas.
No Brasil são encontradas somente 12 famílias dentre as 21 existentes em
Neuropterida, sendo 10 famílias de Neuroptera e as duas famílias de Megaloptera.
Raphidioptera não ocorre na América do Sul.
Os adultos e larvas de Neuropterida ocupam diversos nichos diferentes, as larvas da
maioria das famílias são grandes predadoras, algumas são aquáticas, contudo, a maioria é
terrestre. Os adultos apresentam asas com grande quantidade de nervuras, e apresentam
diversos tamanhos, entre 2mm e mais de 15 cm.
As famílias de Neuropterida são pouco conhecidas, e necessitam de maiores estudos,
principalmente em relação à sua biologia.
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Dia 30/01/2013 (Quinta-feira)
10.2. PALESTRA - A POLINIZAÇÃO POR BESOUROS: ECOLOGIA EVOLUTIVA
E ADAPTAÇÕES
Hipólito Ferreira Paulino Neto
Pós-Doutorando em Entomologia, Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP).
E-mail: [email protected]
Coleópteros constituem o maior e mais diverso grupo de insetos, correspondendo a
42% das espécies de insetos e ocupando praticamente todos nichos ecológicos. A polinização
por besouros é denominada cantarofilia e este sistema apresenta inúmeras adaptações, tais
como pétalas carnosas, maciças e nutritivas, ricas em lipídeos, carboidratos e proteína. Nas
anonáceas, as pétalas se dobram para o centro da flor formando uma estrutura altamente
especializada denominada “câmara floral”. Nas aráceas a câmara floral é formada pela
expansão das brácteas que envolvem toda inflorescência formando abrigando os besouros em
seu interior. Nas palmeiras as espatas fazem papel análogo à câmara floral. Geralmente flores
cantarófilas apresentam termogênese que consiste na produção de calor e elevação da
temperatura no interior da câmara floral em relação à temperatura ambiente. Termogênese
quase sempre está associada à emissão de odores específicos para cada espécie. A câmara
floral funciona como abrigo contra inimigos naturais, chuva e frio, cópula, oviposição e fonte
de recurso alimentar. Há diversos níveis de especialização ecológica nos sistemas de
polinização cantárofilos, desde altamente específicos no qual uma única espécie constitui o
principal polinizador, outros em que besouros de várias espécies, gêneros ou mesmo famílias
são efetivos polinizadores e finalmente aqueles em que ocorre polinização mista com outros
grupos de insetos, muito comum em palmeiras. Espécies polinizadas por besouros são, em
geral, hermafroditas e protogínicas. Adicionalmente, grande maioria é autocompatível, mas
produzindo mais frutos e sementes quando há polinização cruzada, evidenciando assim a
importância dos besouros polinizadores no aumento do sucesso reprodutivo. Os principais
besouros polinizadores pertencem às famílias Scarabaeidae, Nitidulidae, Staphilinidae e
Curculionidae, mas Chrysomelidae e Tenebrionidae também são representativos, dentre
outros. Espécies cantarófilas apresentam morfologia especializada e comumente emitem
odores característicos para atração de uma fauna específica de polinizadores e há pressões
evolutivas suficientemente fortes para direcionar ou selecionar a evolução tanto de atributos
florais quanto tanto nas plantas quanto nos besouros. Neste sentido, questões importantes
Dia 30/01/2013 (Quinta-feira)
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podem emergir do estudo de custos associados à produção de partes florais utilizadas como
alimento pelo visitante, bem como à termogênese. Finalmente, em sistemas em que os
besouros polinizadores ovipositam nas flores enquanto polinizam, pouco de sabe sobre a
capacidade de a planta estabelecer mecanismos que limitem a superexploração, tais quais
abortos seletivos ou alocação diferencial de recursos, como ocorre em figueiras ou yuccas.
Enfim, há inúmeros aspectos ecológicos e evolutivos em sistemas cantarófilos que podem ser
abordados em futuros estudos para que se possa compreender melhor esta interessante
interação ecológica.
10.3. PALESTRA - SISTEMÁTICA E TAXONOMIA DE CHRYSIDOIDEA
(HYMENOPTERA): CONHECIMENTO ATUAL E PERSPECTIVAS
Biól. Daercio Adam de A. Lucena
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Entomologia da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto-SP
E-mail: [email protected]
Apesar de tradicionalmente negligenciados com respeito aos estudos de sistemática e
taxonomia, os Chrysidoidea formam um grupo heterogêneo e diverso dentre os Aculeata, com
estimativas apontando cerca de 16 mil espécies no mundo (Brothers 2007).
A maioria dos Chrysidoidea são vespas inconspícuas com menos de 4 mm de
comprimento e de cores escuras a amarronzadas, no entanto alguns grupos apresentam
coloração esverdeada-azulada e em tons metálicos chamativos (Chrysididae: Chrysidinae). A
biologia de muitos grupos de Dryinidae e Bethylidae, além dos já bem estudados Chrysididae,
tem sido alvo de estudos detalhados, resultando em amplas compilações bibliográficas e
catálogos com checklist da fauna mundial (p. ex. Olmi 1984; Kimsey & Bohart, 1991;
Terayama 1998).
A biologia do grupo, apesar de ainda pobremente conhecida em termos gerais,
apresenta histórias evolutivas bastante diversificadas, desde cleptoparasitas de ninhos de
outros Aculeados (muitos Chrysididae) a parasitoides de larvas de muitos lepidópteros,
coleópteros, fasmídeos, hemípteros, embiópteros entre outros Insecta (Kimsey & Bohart
1991; Olmi 2005; Olmi 2007; Brothers 2007).
O conhecimento da taxonomia básica de muitos Chrysidoidea, assim como de muitos
micro-himenópteros, encontra-se na contramão de sua diversidade e importância e, embora
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Dia 30/01/2013 (Quinta-feira)
tradicionalmente reconhecido como um grupo monofilético dentre os Aculeata (Carpenter
1986, 1999; Brothers & Carpenter 1993; Brothers 1999; Carpenter 1999), as relações de
parentesco entre as famílias ainda são incertas e necessitam serem revistas (p. ex. Ronquist
1999; Ronquist et al. 1999).
10.4. MINICURSO - DIPTERA: SISTEMÁTICA, DIVERSIDADE E BIOLOGIA
Biól. Daniel Dias Dornelas do Carmo; Biól. Diego Aguilar Fachin; Biól. Gabriela Pirani
Ignácio
Alunos de mestrado do Programa de pós-graduação em Entomologia da FFCLRP,
Universidade de São Paulo.
E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]
A ordem Diptera, popularmente conhecida como o grupo das moscas e mosquitos, é
uma das quatro ordens megadiversas de insetos holometábolos, correspondendo a 10 % de
todas as espécies biológicas conhecidas. São mais de 150.000 espécies descritas, que podem
ser encontradas em praticamente todos os tipos de ambientes, explorando inúmeras fontes de
alimento (e.g., fitofagia, parasitismo, predação e saprofagia), e com os mais variados
comportamentos de acasalamento e mimetismo. Esses insetos com apenas um par de asas
apresentam um alto desempenho de voo, e são de extrema importância para a espécie humana
e suas atividades econômicas. Muitos são vetores de doenças importantes (e.g., dengue, febre
amarela, leishmaniose, malária), outros são pragas em culturas comerciais (e.g., tefritídeos), e
há ainda aqueles que têm importância no controle de pragas e polinização (e.g., tabanídeos,
bombílideos). Além disso, muitas famílias (e.g., Muscidae, Calliphoridae, Sarcophagidae) são
de grande importância na área das Ciências Forenses, auxiliando na resolução de crimes.
Por outro lado, apesar da inegável importância dos dípteros, a verdade é que se sabe muito
pouco sobre a real diversidade e grandeza do grupo. Ainda há muitas espécies para serem
descritas, e muito pouco é conhecido acerca da biologia da grande maioria dos grupos.
Dentro desse cenário, o objetivo desse workshop é apresentar e discutir informações
sobre o conhecimento atual de sistemática, diversidade e biologia das principais linhagens de
Diptera, bem como familiarizar os participantes com a identificação das famílias. O workshop
será dividido em duas partes: Na primeira, com duração de uma hora e meia, os alunos terão
uma aula teórica sobre os aspectos já comentados anteriormente, i.e. visão geral da ordem,
diversidade e relações de parentesco entre os diferentes grupos, e informações sobre a
37
Dia 31/01/2013 (Sexta-feira)
biologia, o comportamento e morfologia dos grupos; já a segunda parte será uma atividade
prática de identificação das famílias mais comuns. Os alunos receberão espécimes da coleção
de didática da FFCLRP-USP e deverão identificá-los por meio de chaves que serão fornecidas
durante o workshop.
11. PALESTRAS E MINICURSOS: 31/01/2013 SEXTA-FEIRA
11.1. PALESTRA - BIOLOGIA SOCIAL EM VESPAS NEOTROPICAIS
ENXAMEADORAS: NOVAS PERSPECTIVAS REFUTAM MODELOS
TRADICIONAIS
Prof. Dr. Fernando B. Noll
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São José do Rio Preto.
A origem da variação morfológica que estabelece o papel social (casta) é uma pedra
angular em sociobiologia. As palavras "rainha" e "operária" às vezes influenciam na aceitação
da teoria tanto como os próprios dados. As vespas sociais apresentam um desafio nesse
sentido porque a diferenciação de uma rainha ou operária pode ser tanto tênue como
dramática. Os Epiponini, vespas neotropicais que fundam colônias por enxame, a distinção
entre indivíduos reprodutores e não-reprodutores segue vários caminhos. Um conjunto
abrangente de dados, combinando diferenças individuais entre reprodutores e nãoreprodutores com dados morfológico-comportamentais foi usado usada no estudo cladístico
mais recente de todos os Epiponini. O cladograma resultante demonstra que a origem dos
Epiponini é caracterizada por sociedades que contêm castas típicas, como visto nos gêneros
Apoica e Agelaia. Contudo, o plano básico para o clado, inclusive todos os gêneros restantes é
a ausência de diferenças morfológicas entre reprodutores e não-reprodutores.
As sociedades “sem-castas morfológicas” reconhecidas aqui representam uma nova
perspectiva quanto às vespas enxameadoras. A teoria tradicional considera a reprodução em
escala industrial nessas vespas como uma extensão da dominância reprodutiva em sociedades
mais primitivas, como aqueles de Polistes que serviram de modelos gerais na sociobiologia
dos insetos. Há poucas semelhanças significativas que unem Polistes às vespas
enxameadoras, contudo elas representam uma origem independente da casta reprodutiva, não
uma modificação de Polistes. Propomos que os reprodutores sejam poedeiras especializadas
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Dia 31/01/2013 (Sexta-feira)
que não servem a um papel da dominância social, e por isso há muito pouca conexão
sociobiológica entre as rainhas de grupos primitivamente eussociais como Polistes e aquelas
dos Epiponini.
11.2. PALESTRA - ESTRELAS E INSETOS: SOBRE A ORIGEM E A EVOLUÇÃO
DOS HEXAPODA
Prof. Dr. Charles Morphy Dias dos Santos
Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal do ABC.
E-mail: [email protected]
O que faz algo desconcertante é o seu grau de complexidade, não o seu mero tamanho
– como disse o físico Martin Rees, uma estrela é mais simples que um inseto. A origem dos
Hexapoda remonta a meados do Paleozóico e representa o exemplo mais absoluto de sucesso
evolutivo entre os metazoários. O extraordinário número de espécies e nichos ecológicos
encontrados nesse grupo pode ser explicado por fatores como a “tomada” do ambiente aéreo,
a partir da modificação de exitos epicoxais em asas, e o aparecimento do holometabolismo,
que serão tratados brevemente nessa palestra. Também será discutido como os insetos podem
ser usados como modelos para a explicação de tópicos relacionados à teoria evolutiva, tal
como a seleção de parentesco e a auto-organização.
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