1 II Seminário de História das Ciências na Amazônia - IFCH

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II Seminário de História das Ciências na Amazônia
Grupo de Pesquisa em História das Ciências na Amazônia
MPEG/MCTI – ILMD/FIOCRUZ – UFPA – COC/FIOCRUZ – JBRJ – MAST/MCTI
Apoio: FAPESPA – Governo do Estado do Pará
11 e 12 de novembro de 2015
Auditório do CAPACIT – UFPA – Campus do Guamá
Belém – PA
Dia 11/11 – Quarta-feira
09h00 às 10h00
Mesa de Abertura:
William Gaia – Diretor da Faculdade de História/UFPA
Cristina Cancela – Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História/UFPA
Nelson Sanjad – Grupo de Pesquisa em História das Ciências na Amazônia/MPEG
Júlio Schweickardt – Grupo de Pesquisa em História das Ciências na Amazônia/ILMD
10h00 às 12h00
Mesa 1 – Políticas públicas e discurso médico-científico
Mediação: André Felipe Cândido da Silva – COC/FIOCRUZ
A Santa Casa de Misericórdia e o patrimônio da saúde no Pará
Márcio Couto Henrique – UFPA
Comida, ciência e desenvolvimento: a alimentação na agenda política brasileira (19391947)
Érico Silva Muniz – UFPA
Unidades Médicas e as políticas públicas no Amazonas, 1967-1975
Júlio Schweickardt – ILMD/FIOCRUZ
12h00 às 14h00
14h00 às 18h00
ALMOÇO
Comunicações de pós-graduandos
Sessão 1
Mediação: Nelson Sanjad – MPEG
Polêmicas entre Amazônia e França: os livros do Barão de Marajó e a Sociedade de
Geografia Comercial de Paris (1883-1896)
Anna Carolina Abreu – PPHIST/UFPA
Jacques Huber: um ‘cientista-político’ na Amazônia (1907-1914)
Anna Raquel de Matos Castro – PPHIST/UFPA
Artefatos em trânsito: a musealização de artefatos arqueológicos no Museu Paraense
Emílio Goeldi (1894-1907)
Josiane Melo – PPHIST/UFPA
“A maior descoberta do século findo”: modernização, poder e segurança nacional na
instalação e utilização do diagnóstico por imagem em Raios-X pela Marinha de Guerra
no início do século XX
Pablo Pereira – PPHIST/UFPA
Sessão 2
Mediação: Érico Silva Muniz – UFPA
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“Para torná-las úteis a si, à sociedade e à pátria”: a fundação do Instituto de Proteção e
Assistência à Criança Desvalida do Pará, 1912
Adnê Rodrigues – PPHIST/UFPA
Senhores da cura e as estratégias das elites: a implantação do ensino médico na
Amazônia
José Maria Abreu Junior – PPHIST/UFPA
A criação da Inspetoria de Profilaxia do Impaludismo e os debates sobre o saneamento
rural na imprensa paraense (1917-1920)
Elis Regina Vieira – PPHIST/UFPA
O doutor, a lepra e o açaí: um estudo de caso da relação entre doença e alimentação
Sidiana Macedo – PPHIST/UFPA
Salvbritas Vbiqve Cvranda: o Serviço Especial de Saúde Pública no Pará (1942-1960)
Edivando Costa – PPHIST/UFPA
Dia 12/11 – Quinta-feira
9h00 às 12h00
Mesa 2 – Cientistas e médicos na Amazônia: entre produção de ideias e ação política
Mediação: Dominichi Miranda de Sá – COC/FIOCRUZ
A Amazônia pelos britânicos: Bates, Wallace, Spruce
Carla Lima – SEDUC-AM
De Basileia à Amazônia: a carreira transnacional de Jacques Huber (1867-1914) e sua obra
sobre a floresta amazônica
Nelson Sanjad – MPEG
O “Catálogo das Aves Amazônicas” (1914) de Emília Snethlage
Miriam Junghans – COC/FIOCRUZ
Doutor Thomas: do atoxyl a uma trajetória singular na Amazônia
Jaime Benchimol – COC/FIOCRUZ
Camilo Salgado: um mito ao norte?
Aristóteles Guilliod de Miranda – UFPA
12h00 às 14h00
14h00 às 16h00
ALMOÇO
Mesa 3 – Ciências no plural: diálogos
Mediação: Júlio Schweickardt – ILMD/FIOCRUZ
Um episódio dos primórdios da antropologia na Amazônia: Curt Nimuendajú e os Xipaya
– uma pesquisa em condições adversas
Peter Schröder – UFPE
Sobre conhecimentos indígenas e história da ciência no Museu Goeldi: diálogos desde a
antropologia
Claudia Lopez Garcés – MPEG
Diálogos ao longo de histórias de vida: experimentos para ciências no plural
Noemi Porro – UFPA
16h00 às 18h00
Mesa 4 – Ciência, território e política
Mediação: Miriam Junghans – COC/FIOCRUZ
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“Um verdadeiro paraíso”: Antonio Lopes Mendes e suas impressões sobre a Província
do Pará (1883)
Franciane Lacerda – UFPA
Ecologia, doenças e desenvolvimento na Amazônia: Harald Sioli e a esquistossomose em
Fordlândia (1949-1955)
André Felipe Cândido da Silva e Dominichi Miranda de Sá – COC/FIOCRUZ
Água, saúde e ambiente na história de projetos de desenvolvimento no Brasil do século
XX
Dominichi Miranda de Sá e André Felipe Cândido da Silva – COC/FIOCRUZ
Agências internacionais na fronteira: FAO e UNICEF na Amazônia da ‘Era do
Desenvolvimento’
Rômulo Andrade – COC/FIOCRUZ
RESUMOS
ADNÊ RODRIGUES
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
“Para torná-las úteis a si, à sociedade e à pátria”: a fundação do Instituto de Proteção e
Assistência à Criança Desvalida do Pará, 1912
O presente trabalho investiga as representações da infância que fundamentaram a criação do
Instituto de Proteção e Assistência à Infância Desvalida do Pará, dirigido pelo médico Ophir Pinto
de Loyola. A análise do estatuto de fundação (1912) e de notícias dos jornais “Folha do Norte” e
“Estado do Pará” (1912-1913) permite entrever o modelo de ação pretendido pelo instituto, bem
como a reorientação da assistência às crianças pobres por novos aportes de atenção e cuidado,
como a puericultura e a eugenia. “Para torna-las úteis a si, à sociedade e à pátria”, os médicos de
crianças redimensionaram os discursos em prol da infância, reclamando para si a prerrogativa das
práticas de cura infantil. Nesta perspectiva, o estudo sobre o momento de criação da instituição
possibilita compreender os contornos locais de um processo mais amplo, de profissionalização da
medicina e de transformações dos modelos assistenciais.
ANDRÉ FELIPE CÂNDIDO DA SILVA E DOMINICHI MIRANDA DE SÁ
Casa de Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro – RJ
Ecologia, doenças e desenvolvimento na Amazônia: Harald Sioli e a esquistossomose em
Fordlândia (1949-1955)
O trabalho analisa as pesquisas feitas pelo limnologista alemão Harald Sioli (1910-2004) nos anos
1950, sobre o foco de esquistossomose detectado em 1949 entre as populações que viviam em
Fordlândia, região do baixo Tapajós, onde os norte-americanos haviam tentado, desde 1927,
estabelecer plantações de seringueiras. O interesse de Sioli pela ecologia amazônica a partir do
perfil de suas águas fez com que se concentrasse no hospedeiro intermediário daquela verminose
– caramujos planorbídeos –, cuja distribuição associou à composição química das águas, à
formação vegetal ribeirinha, ao perfil de migrações e aos hábitos das populações de colonos,
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provenientes, em sua maioria, do nordeste brasileiro. As explicações de Sioli sobre a ocorrência
da esquistossomose em Fordlândia representam vertente ecológica da medicina tropical, que
procurou acionar modelos mais abrangentes no estudo das doenças infecciosas, correlacionando
processos microbiológicos com dinâmicas ambientais e sociais, envolvendo parasitas, ambiente e
hospedeiros – humanos e não humanos. Nosso argumento é que o sentido dos enunciados de
Sioli associou-se ao crescente interesse nacional e internacional pela abordagem ecológica no
controle da verminose, pelos projetos de desenvolvimento gestados para a região amazônica e
pelo seu interesse particular em fornecer uma visão mais ampla da ecologia da floresta tropical.
ANNA CAROLINA ABREU
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
Polêmicas entre Amazônia e França: os livros do Barão de Marajó e a Sociedade de Geografia
Comercial de Paris (1883-1896)
No Brasil, durante o Segundo Reinado, um tema recorrente era o das disputas sobre o território
entre o Amapá e a Guiana Francesa, que envolveu intelectuais brasileiros e franceses. Essa
temática da territorialidade e da formação nacional é encontrada nas obras do Barão de Marajó.
Preocupado com a integração da Amazônia no estado imperial e com a questão dos limites do
Brasil com a França, escreveu três importantes obras (publicadas entre 1883 e 1896), que tiveram
repercussão no exterior e promoveram polêmicas com intelectuais ligados à Sociedade de
Geografia Comercial de Paris, como François Deloncle, Henri Coudreau e Romanet de Caillaud. A
definição de fronteiras internacionais era algo essencial para as elites do período imperial,
fazendo parte do processo de formação da identidade nacional. Considerava-se importante
manter diálogo com a imprensa a respeito das relações entre Brasil e Europa e as obras do Barão
de Marajó revelam algumas dessas conexões.
ANNA RAQUEL DE MATOS CASTRO
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
Jacques Huber: um ‘cientista-político’ na Amazônia (1907-1914)
Jacques Huber (1897-1914), cientista suíço especialista em estudos botânicos, foi diretor do Museu
Goeldi entre os anos 1907-1914. Durante a sua permanência em terras amazônicas, dedicou-se
com afinco às pesquisas relacionadas às árvores produtoras de borracha, influenciado pelo
contexto local do boom da atividade extrativa do látex na região. Seus estudos o tornaram
reconhecido no meio científico internacional, transformando-se em uma referência nos assuntos
relacionados à produção da goma elástica. Foi o profissional de confiança de governadores
paraenses e de políticos da região na busca de uma solução para a crise que se estabelecia no
cenário econômico da Amazônia, em razão da concorrência de produtores asiáticos. Por diversas
vezes, foi nomeado para representar o estado do Pará em grandes certames nacionais e
internacionais, sobretudo como um defensor da qualidade da borracha amazônica, com o intuito
de recuperar a confiança do mercado internacional em relação a esta atividade extrativa. Este
trabalho pretende abordar o papel do botânico Jacques Huber, enquanto um ‘homem de ciência’
e representante ‘político’ do estado do Pará, no contexto da crescente baixa da exportação da
borracha amazônica, sobretudo a partir de 1910.
ARISTÓTELES GUILLIOD DE MIRANDA
Universidade Federal do Pará
Belém – PA
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Camilo Salgado: um mito ao norte?
Camilo Henriques Salgado Junior (1873-1938) foi um médico muito importante em Belém do Pará,
no início do século XX, tendo seu nome ligado à Sociedade Médico-Cirúrgica do Pará e à fundação
da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, atual Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Pará. Sua fama foi construída ainda em vida, aumentando sobremodo com sua morte,
passando a ser venerado como santo popular. Pretendemos abordar aspectos relacionados à vida
de Camilo Salgado, que permitam ressignificá-lo como um mito, à semelhança de outros
personagens, como Oswaldo Cruz, por exemplo, reforçando esse diferencial da santidade,
presente em Camilo Salgado.
CARLA LIMA
Secretaria de Educação do Amazonas
Manaus – AM
A Amazônia pelos britânicos: Bates, Wallace, Spruce
Durante o século XIX, a região amazônica foi especialmente visitada por grupos de origem
britânica, que chegaram ao norte do Brasil motivados por diversos interesses: geográficoestratégicos, diplomáticos, aventureiros, comerciais e científicos. Sobre este último aspecto, o
presente trabalho abordará as diferentes experiências de coleta feitas na Amazônia por três
naturalistas: Henry Bates, Alfred Wallace e Richard Spruce.
CLAUDIA LEONOR LOPEZ GARCÉS
Museu Paraense Emílio Goeldi/MCTI
Belém – PA
Sobre conhecimentos indígenas e história da ciência no Museu Goeldi: diálogos desde a
antropologia
O Museu Paraense Emílio Goeldi, como a instituição de pesquisa mais antiga na Amazônia,
originada em meados do século XIX, é um cenário propício para nos aproximar das relações entre
ciências indígenas e ciências de base epistêmica europeia. Esta comunicação objetiva analisar e
compreender essas relações, considerando as transformações ao longo da história e enfatizando
as iniciativas para estabelecer diálogos mais simétricos desde a área de antropologia.
DOMINICHI MIRANDA DE SÁ E ANDRÉ FELIPE CÂNDIDO DA SILVA
Casa de Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro – RJ
Água, saúde e ambiente na história de projetos de desenvolvimento no Brasil do século XX
Faremos a apresentação do nosso projeto de pesquisa recém-aprovado pelo CNPq, com vistas à
elaboração de plano de trabalho conjunto com os membros locais do grupo para o período de sua
vigência: 2016-2018. O objetivo geral do projeto é compreender as inter-relações entre saúde e
ambiente nas ações políticas e científicas efetuadas para o aproveitamento de recursos naturais,
especialmente da água, na história brasileira do século XX. Essas ações privilegiaram regiões de
suposto vazio demográfico, como a Amazônia e o Cerrado, tidas como ‘terras livres’ e ‘ricas’.
Consolidaram processos econômicos e incentivaram a migração de populações, que produziram
grandes mudanças ambientais e de efeitos duráveis, ou mesmo irreversíveis. Que visões do
aproveitamento econômico do território ensejaram as ações das agências, das instituições e dos
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atores que tomaram parte nessas políticas? Como interagiram os planos para agricultura,
colonização e integração territorial, nessas regiões? Qual foi o papel dos recursos hídricos na
formulação das políticas de ocupação territorial? Como as políticas de modernização e
desenvolvimento regional, e suas consequências em termos de doenças humanas e impactos
ambientais, moldaram as formas de representação e compreensão dessas regiões? Especialmente
em vista da importância das águas na conformação da ecologia amazônica, de sua história, da
integração regional e na construção do imaginário sobre aquele local, de que forma esse recurso
natural integrou as políticas de desenvolvimento da região? Como estas modificaram a fisiologia
da rede hídrica amazônica e de que maneira tal modificação relacionou-se com o perfil
epidemiológico assumido por doenças? Qual o lugar das abordagens orientadas pela nascente
ciência da ecologia na compreensão dos biomas Amazônia e Cerrado, na formulação de ações
para seu aproveitamento econômico e gerência de seus recursos naturais? Como se deu o diálogo
das instituições e dos pesquisadores brasileiros com seus pares estrangeiros? Qual foi o grau de
participação das agências internacionais e estrangeiras nas políticas para o Cerrado e a Amazônia?
Em contrapartida, que lugar os conhecimentos produzidos sobre estas áreas impactaram no
quadro global de conhecimentos sobre a relação homem-ambiente, compreendida no plano
teórico da ecologia? É para formular estratégias de pesquisa para esta agenda de trabalho e
salientar a relevância desse debate na atualidade que apresentaremos este projeto.
EDIVANDO DA SILVA COSTA
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
Salvbritas Vbiqve Cvranda: o Serviço Especial de Saúde Pública no Pará (1942-1960)
Esta proposta trata de um projeto de pesquisa, ainda em fase inicial, e procura entender a ideia de
que, de um lado, o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) pode ser compreendido como parte
das intervenções dos Estados Unidos na América Latina, a partir da imposição, por vezes
arbitrária, de políticas de saúde, saneamento e higiene para a Amazônia, que nem sempre
reconheciam as culturas locais. De outro lado, o entendimento dessa questão, somente por esta
perspectiva, simplifica esta compreensão, uma vez que a população do interior do Pará, sem
assistência do Estado e com variados problemas, via no SESP um caminho para ter acesso à
saúde, à higiene e até mesmo alimentação e educação. Desse modo, a pesquisa encaminha-se
para defender a tese de que, para o entendimento desse serviço de saúde pública no Pará, é
necessário ir além da ideia das intervenções norte-americanas na Amazônia e compreender a
complexidade desse processo a partir das experiências de variados sujeitos sociais.
ELIS REGINA CORRÊA VIEIRA
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
A criação da Inspetoria de Profilaxia do Impaludismo e os debates sobre o saneamento rural na
imprensa paraense (1917-1920)
O governador do Pará, Lauro Sodré, implantou em 1917 a Inspetoria de Profilaxia do Impaludismo.
A criação desta Inspetoria ocorreu em um contexto de intensos debates na imprensa paraense,
marcado pela defesa do saneamento rural ou saneamento dos sertões. O objetivo deste trabalho
é investigar como os jornais “Folha do Norte”, “A Palavra” e “Estado do Pará” contribuíram para
tornar hegemônico o discurso do saneamento e da profilaxia rural. É importante salientar que o
Pará enfrentava a crise da borracha e que o saneamento foi apontado como um dos caminhos
para solucionar a crise econômica, já que as doenças eram vistas como um impasse ao progresso
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e à prosperidade do estado. Também pretendo analisar que sentidos o termo ‘rural’ assume,
especialmente porque existia uma fronteira muito tênue entre o urbano e o rural.
ÉRICO SILVA MUNIZ
Universidade Federal do Pará
Belém – PA
Comida, ciência e desenvolvimento: a alimentação na agenda política brasileira (1939-1947)
O objetivo desta comunicação é analisar as dinâmicas locais e as pretensões nacionais nos
debates científicos e nas políticas públicas para alimentação de trabalhadores no Brasil entre 1930
e 1960. A principal finalidade é estudar ideias de médicos nutrólogos, técnicos e visitadoras de
alimentação, especialmente a partir da criação do Serviço de Alimentação da Previdência Social
(SAPS), em 1940. Na ocasião, o governo de Getúlio Vargas passou a dar maior ênfase à
industrialização, ao incremento agrícola e à modernização. Simultaneamente, organismos
internacionais, médicos nutrólogos e governos locais focavam nas condições de vida, trabalho e
alimentação das populações de operários urbanos. Sob a influência desses atores, formou-se uma
concepção de intervenção na sociedade via alimentação, que se estruturou gradualmente.
Observaremos experiências locais específicasdesenvolvidas nas cidades de Fortaleza e de Belém.
FRANCIANE GAMA LACERDA
Universidade Federal do Pará
Belém – PA
“Um verdadeiro paraíso”: Antonio Lopes Mendes e suas impressões sobre a Província do Pará
(1883)
A pesquisa discute algumas impressões acerca da Província do Pará, a partir dos escritos de
Antonio Lopes Mendes, correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, em viagem ao
Brasil no início da década de 1880. Descrições da natureza da região, da cidade de Belém e de
seus moradores permitem perceber os significados atribuídos pelo viajante a este espaço no
século XIX.
JAIME LARRY BENCHIMOL
Casa de Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro – RJ
Doutor Thomas: do atoxyl a uma trajetória singular na Amazônia
Faço na presente comunicação um rápido balanço da trajetória de um pesquisador da Escola de
Medicina Tropical de Liverpool, Harold Howard Shearme Wolferstan Thomas, que teve fugaz
destaque na medicina britânica antes de ser deslocado para a Amazônia, onde viria a estabelecer
fecundas relações com médicos nativos nas primeiras décadas do século XX. Em 1900, a quarta
expedição ultramarina da Escola de Liverpool rumara para a região com a finalidade de investigar
a febre amarela, justo quando era comprovada, em Cuba, a transmissão da doença por
mosquitos. Cinco anos depois, desembarcavam em Manaus dois outros pesquisadores daquela
Escola, Thomas e Breinl, com o objetivo ainda de investigar a febre amarela. No intervalo entre as
duas expedições, transcorreram processos muito dinâmicos no âmbito da medicina tropical, em
particular no tocante às tripanossomíases. Nesse terreno, Thomas ganhou projeção ao
demonstrar que o atoxyl era eficaz no tratamento de animais e humanos infectados por
tripanossomos. A substância foi experimentada na ilha de Marajó, em 1907, por Adolpho Lutz,
então diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo. Thomas permaneceu à frente do The
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Yellow Fever Research Laboratory até sua morte, em 1931. Envolveu-se com os problemas de
saúde locais e com médicos que estavam na vanguarda da saúde pública e da medicina
experimental no Amazonas — curso discrepante daquele tomado pela maioria dos médicos
europeus que participavam de missões enviadas a colônias e áreas de influência das potências
imperiais. Nos anos 1950, Thomas foi ‘redescoberto’, ao se tornar (postumamente) um dos
agraciados por prêmio conferido pelo governo belga aos descobridores do tratamento da doença
do sono.
JOSÉ MARIA DE CASTRO ABREU JUNIOR
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
Senhores da cura e as estratégias das elites: a implantação do ensino médico na Amazônia
A apresentação discorre sobre o contexto da fundação, instalação e formação dos primeiros
alunos da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, a oitava escola médica do Brasil, primeira
escola médica da região Norte do país. Instituição esta fundada em 1919. São destacadas a
situação médica da região e as possíveis motivações para o surgimento desta escola, em plena
queda da economia do látex. Situações dos bastidores da política são levantadas. Alguns nomes
tidos como protagonistas dos fatos têm seu papel rediscutido e são associados a outros nomes,
que desapareceram da memória oficial, mas que ocuparam posições-chave no processo em
questão.
JOSIANE MARTINS MELO
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
Artefatos em trânsito: a musealização de artefatos arqueológicos no Museu Paraense Emílio
Goeldi (1894-1907)
Este trabalho pretende analisar a musealização de artefatos arqueológicos pelo Museu Paraense
de História Natural e Etnografia, sobretudo de cerâmicas Cunani, encontradas ao norte do
Amapá, e Maracá, no sul desse mesmo estado. Duas expedições foram realizadas pela instituição,
a primeira (Cunani) sob a direção do zoólogo suíço Emílio Goeldi (1834-1919) e a segunda
(Maracá), pelo Tenente-Coronel Aureliano Pinto Lima Guedes (1848-1912). O processo de
musealização pode ser observado desde a aquisição dos artefatos, nos sítios arqueológicos, até a
sua exibição em mostras na cidade de Belém. Também são analisados documentos produzidos no
período, incluindo textos científicos, fotografias e estampas litográficas, que veicularam
interpretações sobre esses objetos e os povos que os teriam fabricado. A partir disso, pergunta-se
que concepções de ‘ciência’, ‘museu’ e ‘sociedade’ orientavam as práticas museológicas da
época? Como o passado era reconstruído e quais artefatos participavam desse ‘trânsito’ de
significados?
JÚLIO CESAR SCHWEICKARDT
Instituto Leônidas e Maria Deane – Fundação Oswaldo Cruz
Manaus – AM
Unidades Médicas e as políticas públicas no Amazonas, 1967-1975
O objetivo do trabalho é analisar o Programa de Implantação de Unidades Médicas no Interior
(PIUMI) e sua relação com as políticas públicas no estado do Amazonas, entre 1967 a 1975. As 43
unidades pré-moldadas foram importadas da Inglaterra para atender a periferia de capital e o
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interior do estado. As estruturas inglesas tinham uma concepção de arquitetura tropical, ajustada
para as características amazônicas. Algumas dessas estruturas foram utilizadas para a instalação
de duas instituições médico-científicas, como o Instituto de Medicina Tropical e o Centro de
Oncologia, ambos criados em 1974. No mesmo período, estava sendo instalada a Zona Franca de
Manaus, um projeto econômico que impactou fortemente a cidade de Manaus e,
consequentemente, o interior do estado do Amazonas. A política de saúde não estava preparada
para uma intervenção desse porte, justificando a ampliação de estruturas médico-hospitalares.
No entanto, a política de gestão de trabalho não acompanhou o investimento em infraestrutura,
faltando profissionais de saúde habilitados para atuar nos quatro tipos de Unidades importadas. A
metodologia de trabalho foi de pesquisa documental em relatórios de gestão e documentos
referentes ao Programa.
MÁRCIO COUTO HENRIQUE
Universidade Federal do Pará
Belém – PA
Essa comunicação apresenta a história da Santa Casa de Misericórdia do Pará, articulada com a
expansão das políticas higienistas na cidade de Belém a partir do século XIX, que orientará grande
parte dos serviços de atenção à saúde na capital do estado.
MIRIAM JUNGHANS
Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde – Fundação Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro – RJ
O “Catálogo das Aves Amazônicas” (1914) de Emília Snethlage
Nas ciências naturais, a publicação de catálogos de espécies botânicas ou zoológicas que ocorrem
em determinada região tem uma longa tradição, que remonta à segunda metade do século XVI.
Esses catálogos podem compreender os exemplares existentes em uma instituição ou, de forma
mais abrangente, as espécies que ocorrem em determinadas regiões geográficas. Por outro lado,
a historiografia das ciências que se dedica aos estudos de museus tem recuperado percursos
epistemológicos, institucionais e sociais envolvidos na elaboração de catálogos de acervos
museológicos. Já a história dos livros enfatiza, além desses aspectos, as práticas materiais que
concorrem para a publicação de uma obra. Este trabalho analisa o “Catálogo das Aves
Amazônicas”, publicado pela ornitóloga Emília Snethlage em 1914, quando atuava no Museu
Emílio Goeldi, em Belém do Pará, a partir do entrecruzamento dessas três vertentes
historiográficas. O objetivo é compreender a importância dessa obra na trajetória de Snethlage e
de que forma se articulavam as redes locais e internacionais de sociabilidade científica acionadas
para sua execução.
NELSON SANJAD
Museu Paraense Emílio Goeldi/MCTI
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
De Basileia à Amazônia: a carreira transnacional de Jacques Huber (1867-1914) e sua obra sobre a
floresta amazônica
O botânico suíço Jacques Huber é amplamente reconhecido como pioneiro na pesquisa tropical.
Sua obra engloba a taxonomia, biogeografia e ecologia vegetal. Antes de mudar-se para Belém,
no Brasil, em 1895, Huber estudou na Basileia (1884-1889) e trabalhou em Montpellier (1889-1893)
e Genebra (1893-1895). Em sua carreira, ele mudou dos estudos sobre algas e liquens alpinos e
mediterrâneos, que desenvolveu na Europa, para plantas amazônicas, especialmente árvores
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frutíferas, gomíferas e madeiras. Embora tenha mudado o objeto de seus estudos, a abordagem
teórica de Huber permaneceu a mesma: era fortemente ligada à geografia e sociologia vegetal
que se desenvolveu na Basileia, em Montpellier e também em Genebra durante as últimas
décadas do século XIX. A excepcional produção científica de Huber apresentou, em essência, o
primeiro olhar ecológico sobre a floresta amazônica. Isso atraiu a atenção de muitos cientistas e
resultou em uma extensa correspondência com colegas das Américas, da Europa e do Oriente
sobre a maior floresta tropical do mundo e sua biodiversidade.
NOEMI PORRO
Universidade Federal do Pará
Belém – PA
Diálogos ao longo de histórias de vida: experimentos para ciências no plural
Por meio de um estudo de caso das Quebradeiras de Coco Babaçu, refletiremos sobre
metodologias de longo termo na prática da Antropologia Social junto às chamadas comunidades
tradicionais. Discutiremos os limites e as oportunidades da construção científica que se propõe
plural, enfocando experimentos em pesquisa-ação com enfoque em questões de gênero e
geração.
PABLO NUNES PEREIRA
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
“A maior descoberta do século findo”: modernização, poder e segurança nacional na instalação
e utilização do diagnóstico por imagem em Raios-X pela Marinha de Guerra no início do século
XX
O presente trabalho é parte das pesquisas realizadas para uma dissertação de mestrado, que tem
como objeto o exercício da Segurança Nacional pela Marinha de Guerra na Amazônia, no início do
século XX, sendo tal exercício analisado principalmente pelo discurso de modernização da força
naval brasileira, que não ocorreu apenas em suas embarcações e armamentos, mas também na
administração, no ensino e na saúde. Mais que isso, o discurso de modernização trazia consigo o
discurso de projeção do Brasil como uma potência pela sua inserção nas discussões
armamentistas, tecnológicas e científicas. Em 1902, em artigo publicado na “Revista Marítima
Brasileira”, o Primeiro-Tenente Cirurgião Naval 4ª Classe José Ribas Cadaval evocava o uso médico
dos Raios-X através da radioscopia, radiografia e radioterapia, consideradas “imprescindíveis no
mais rudimentar posto médico, sob pena de se cometer um crime de lesa-humanidade,
negligenciando este misterioso e utilíssimo meio de investigação”. Eram, assim, necessários ao
Hospital de Marinha. O objetivo do trabalho é pensar o discurso e a implementação dos exames
por Raios-X no período em questão, para além da eficiência enquanto procedimento diagnóstico,
mas também como parte do discurso de modernização e projeção do país enquanto potência no
cenário internacional.
PETER SCHRÖDER
Universidade Federal de Pernambuco
Recife – PE
Um episódio dos primórdios da antropologia na Amazônia: Curt Nimuendajú e os Xipaya – uma
pesquisa em condições adversas
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Um relato resumido de uma pesquisa quase concluída. O etnólogo Curt Nimuendajú (1883-1945)
mudou-se para Belém em 1913, onde iniciou seus contatos com o Museu Goeldi. No período de
1915 a 1919, ele sobreviveu de trabalhos precários, mas também realizou uma pesquisa de campo
entre os Xipaya, em condições bastante adversas. Trata-se de um episódio revelador dos
primórdios da antropologia na Amazônia. Ele permite relativizar uma série de estereótipos sobre
a história da antropologia, que costumam ser reproduzidos em disciplinas curriculares de cursos
de ciências sociais. Além disso, ele permite lançar luz sobre uma antropologia sem universidades,
onde ainda predominavam as influências da etnologia alemã e onde trabalhos escritos por
autodidatas ainda eram aceitos.
RÔMULO DE PAULA ANDRADE
Casa de Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz
Rio de Janeiro – RJ
Agências internacionais na fronteira: FAO e UNICEF na Amazônia da ‘Era do Desenvolvimento’
A presente comunicação tem o objetivo de destacar o trabalho da FAO e do UNICEF na região
amazônica, durante as décadas de 1950 e 1960. Sob a égide das políticas globais de
‘desenvolvimento’ e atuando sob o estigma do ‘subdesenvolvimento’, essas organizações
atuaram no combate à fome e na perspectiva de criação de uma economia florestal. Longe de
significar ações assimétricas, a comunicação pretende demonstrar que ocorreu também uma
série de adaptações e ruídos na relação entre as agências e o país. As impressões destes
profissionais sobre a região amazônica e seus habitantes também estarão em tela, já que
representações históricas, como o ‘solo fértil’ e o ‘celeiro do mundo’, foram questionadas nos
relatórios destas organizações internacionais.
SIDIANA DA CONSOLAÇÃO FERREIRA DE MACÊDO
Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal do Pará
Belém – PA
O doutor, a lepra e o açaí: um estudo de caso da relação entre doença e alimentação
O estudo da história da alimentação abrange um vasto campo de possibilidades de pesquisa.
Inicialmente, os estudos nesse campo partiram de médicos e biólogos. Em especial com os
tratados médicos, os quais, até o século XVIII, determinavam os alimentos como ‘frios’ ou
‘quentes’ à saúde do corpo. Os alimentos eram tratados do ponto de vista médico, terapêutico e
nutricional. Assim, a história da medicina acaba por ser uma rica fonte para aqueles que desejam
estudar a história da alimentação. Nesse sentido, esta comunicação discutirá como o açaí, nos
idos de 1918, aparece como um alimento vinculado à disseminação da lepra em Belém, em que
contexto se deu essa questão e todas as suas vicissitudes.
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