10 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO ERICA LUIZA MARIA ZERBETO ASSIS ESTUDO RETROSPECTIVO DE 260 CASOS DE CINOMOSE EM COLOMBO-PR NO PERÍODO DE 2005 A 2010 CURITIBA – PR 2012 11 ERICA LUIZA MARIA ZERBETO ASSIS ESTUDO RETROSPECTIVO DE 260 CASOS DE CINOMOSE EM COLOMBO-PR NO PERÍODO DE 2005 A 2010 Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Ciências Animais para obtenção do título de Especialização em Clínica Médica de Pequenos Animais. Orientadora: Profª.M.Sc. Teixeira – PUC-PR CURITIBA – PR 2012 Valéria Natascha 12 ERICA LUIZA MARIA ZERBETO ASSIS ESTUDO RETROSPECTIVO DE 260 CASOS DE CINOMOSE EM COLOMBO-PR NO PERÍODO DE 2005 A 2010 Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Animais para obtenção do título de Especialização em Clínica Médica de Pequenos Animais. Orientadora: Teixeira Profª.M.Sc. APROVADA EM: ........../........../........... BANCA EXAMINADORA: ....................................................................... Professor (a) (UFERSA) Presidente ....................................................................... Professor (a) (UFERSA) Primeiro Membro ....................................................................... Professor (a) (UFERSA) Segundo Membro Valéria Natascha 13 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Mussa e Guiomar, responsáveis e mantenedores de tudo. Educação, caráter, amor pleno, único, essência da minha vida. Ao meu marido Fabiano, companheiro e grande motivador. Amor sincero. Ao Frederico, meu filho, meu anjinho amado, minha luz, meu amor eterno. A toda minha família, irmãos e irmã, meus sogros, cunhados e cunhadas, Sobrinhos e sobrinhas e afilhados, meu dia a dia, minha paz e minha união. A toda equipe CVR pelo profissionalismo e toda dedicação. A minha orientadora Valéria pelo carinho, incentivo e toda paciência. 14 Parar. Parar não paro. Esquecer. Esquecer não esqueço. Se carácter custa caro pago o preço. Pago embora seja raro. Mas homem não tem avesso e o peso da pedra eu comparo à força do arremesso. Um rio, só se fôr claro. Correr, sim, mas sem tropeço. Mas se tropeçar não paro - não paro nem mereço. E que ninguém me dê amparo nem me pergunte se padeço. Não sou nem serei avaro - se carácter custa caro pago o preço. Sidónio Muralha 15 RESUMO A cinomose é considerada a doença infecto contagiosa que mais acomete a população canina, causando um alto grau de mortalidade nesta espécie. O difícil controle da virose nos hospedeiros e a grande capacidade de dissipação do agente tem contribuído para a ocorrência de novos casos. Neste trabalho foram analisadas as fichas clínicas de 260 cães com sinais clínicos sistêmicos ou neurológicos indicativos da infecção pelo vírus da cinomose canina, na região de Colombo-PR, no período de 2005 a 2010. Esta enfermidade pode acometer cães de qualquer idade, sendo que filhotes e cães jovens (60,38%) foram os mais afetados. Não houve diferença entre os sexos dos animais (51,92% machos e 48,07% fêmeas), cães mestiços (40,38%) e não vacinados (79%) ou com falhas no esquema de vacinação (16%) foram os animais mais acometidos pela doença. Os sinais clínicos foram bastante distintos relevando o caráter multissistêmico desta enfermidade. Os sinais neurológicos apareceram em 99,02% dos animais o que contribuiu para um diagnóstico clínico de cinomose. A maioria dos animais (78,07%) foi a óbito ou sofreu eutanásia, enfoque extremamente importante que comprova a severidade desta doença. Característica marcante deste estudo foi a maior ocorrência da doença nos meses de primavera e verão, com 64% dos casos. Estudos epidemiológicos são raros no Brasil e o entendimento do perfil da doença auxilia no desenvolvimento de formas de controle, como um correto programa de vacinação e no tratamento da cinomose. Palavras chave : viroses, pequenos animais, epidemiologia 16 ABSTRACT Distemper is a canine infectious disease with high mortality rate. The control measures are difficult in the hosts and the spread ability of the virus contributes to develop new cases of the viruses. This research analyzed 260 dogs with systemic or neurologic clinical signs that indicate canine distemper virus infection, in Colombo – PR, between 2005 and 2010. This disease affects dogs with any age, but were more frequent in puppies and young animals (60,38%). There were no difference between (males 51,92% and females 48,07%), and mixed breeds (40,38%), animals not immunized (79%) or with incomplete vaccination protocols (16%) were the majority of the cases. The clinical signs revealed the multisystem pattern of this infirmity. The neurological signs were seen in 99,02% of the animals and determinate the clinical diagnosis of distemper. The majority of the animals (78,07%) died or were submitted to euthanasia, proving the importance and severity of the disease. The hallmark of this study was the increased occurrence of the disease in spring and summer, with 64% of the cases. Epidemiological studies were rare in Brazil and the knowledge of the profile of the disease facilitates the development of control, like a correct vaccination program and treatment of the distemper. Key-words: viruses, small animals, epidemiology 17 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01 - Representação gráfica da frequência de casos suspeitos cinomose de acordo com as estações do ano no período de 2005 a 2010 em Colombo-PR. CuritibaPR,2012...................................20 Figura 02 - Representação gráfica da porcentagem de filhotes e cães adultos (N= 260 cães) de acordo com as manifestações clínicas por órgãos e sistemas dos animais suspeitos de infecção pelo VCC,no período de 2005 a 2010 -Colombo-PR............... 24 Figura 03 - Cão mestiço apresentando secreção ocular purulenta abundante e conjuntivite bilateral.............................................................27 Figura 04 - Cão mestiço com um ano de idade com secreção nasal purulenta, conjuntivite e hiperqueratose de nasal.........................28 Figura 05 dígitos.........................29 Filhote mestiço apresentando plano hiperqueratose Figura 06 - Filhote da raça Pinscher, macho, com seis meses de idade apresentando problemas dermatológicos (sarna sarcóptica, impetigo,eritema,prurido),conjuntivite,mioclonia em membro torácico esquerdo convulsões...............................................................29 de e Figura 07 - Cão mestiço com sete meses de idade com sinais de hipoplasia de dentário................................................................30 esmalte 18 LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Frequência anual de casos suspeitos de cinomose no período de 2005 a 2010 na região de Colombo-PR.CuritibaPR,2012................18 Tabela 02 - Número de casos clínicos suspeitos de cinomose (260 casos) de acordo com o sexo do animal acometido no período de 2005 a 2010 na região de Colombo-PR.CuritibaPR,2012.....................19 Tabela 03 - Predominância sazonal de casos suspeitos de infecção pelo VCC na região de Colombo-PR no período de 2005 a 2010. Curitiba-PR, 2012.....................................................................................19 Tabela 04 - Frequência de casos suspeitos de cinomose de acordo com a idade dos cães acometidos no período de 2005 a 2010 em Colombo-PR. CuritibaPR,2012.........................................................21 Tabela 05 - Distribuição dos 260 casos clínicos suspeitos de cinomose de acordo com as raças dos cães acometidos no período de 2005 a 2010 em Colombo-PR. Curitiba-PR, 2012...................................22 Tabela 06 - Manifestações clínicas encontradas nos 260 cães com suspeita de infecção pelo VCC na região de Colombo-PR no período de 2005 a 2010. Curitiba-PR, 2012.......................................24 Tabela 07 - Principais sinais neurológicos encontrados nos cães com suspeita de infecção pelo VCC na região de Colombo-PR no período de 2005 s 2010. Curitiba-PR, 2012.............................................26 19 SUMÁRIO RESUMO...................................................................................................05 ABSTRACT...............................................................................................06 LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................07 LISTA DE TABELAS.................................................................................08 1 INTRODUÇÃO........................................................................................10 2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................11 3 METODOLOGIA.....................................................................................17 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................18 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................32 REFERÊNCIAS.........................................................................................33 20 1 INTRODUÇÃO A cinomose é a doença viral mais prevalente dos cães, sendo altamente contagiosa e severa para esta espécie. Acomete cães de qualquer idade, raça e sexo, embora tenha maior predileção por filhotes e cães não vacinados. Os cães infectados pelo vírus da cinomose canina (VCC) desenvolvem sinais clínicos multissistêmicos que variam de acordo com a virulência da cepa, com a idade dos cães e com o estado imunológico dos hospedeiros (AMUDE et al., 2006; GREENE; APPEL, 2006). Suas cepas possuem efeitos imunossupressivos nos cães, o que favorecem a instalação de infecções bacterianas secundárias e/ou coinfecções. Isto explica a variabilidade dos sinais clínicos que os animais acometidos pela doença podem apresentar. A amplitude e a gravidade destes sinais exercem uma importante influência no prognóstico da doença. Apesar de inúmeras pesquisas e de extenso conhecimento sobre sinais clínicos, técnicas de diagnóstico diferenciadas e a patogenicidade desta doença, os dados epidemiológicos são bastante escassos, principalmente em Colombo, região metropolitana de Curitiba-PR. Na última década houve redução na produção científica sobre a cinomose, no entanto, houve avanços diagnósticos importantes para esta doença. O objetivo deste trabalho foi mostrar a prevalência de casos de cinomose nesta região e as principais correlações entre a falta de um correto programa de vacinação nos animais com as principais manifestações clínicas relacionadas a esta grave e mortal doença. 21 2 REVISÃO DE LITERATURA A cinomose é uma doença viral multissistêmica, altamente contagiosa e severa dos cães e de outros carnívoros (HEADLEY; GRAÇA, 2000; MORITZ et al., 2000; SHERDING et al., 1998; WILLIS, 2002). O vírus da cinomose canina (VCC) pertence ao gênero Morbillivirus da família Paramyxoviridae. Causa em cães uma doença grave e com alto coeficiente de letalidade (KOUTINAS et al., 2002). Na primeira metade do século XX, a cinomose foi uma das doenças fatais mais comuns em cães em todo o mundo. A partir dos anos 60, com o surgimento de vacinas específicas, esse quadro modificou-se. Atualmente, a mortalidade ainda é comum em animais não vacinados ou naqueles vacinados, onde se observa qualquer problema de falha vacinal (APPEL; SUMMERS, 1999). O VCC é relativamente lábil no ambiente, com sua infectividade sendo destruída pelo calor, ressecamento, detergentes, solventes lipídicos e desinfetantes. O vírus sobrevive por mais tempo em ambientes mais frios e durante os meses de inverno (GREENE, 1984). A patogenicidade da infecção pelo vírus da cinomose varia de acordo com a espécie e pode resultar em infecções inaparentes ou causar alta mortalidade. É considerado o mais importante agente infeccioso que acomete a população canina, devido a sua alta morbidade e mortalidade (GEBARA et al., 2004; HEADLEY; GRAÇA, 2000; TIPOLD et al., 1992; SUMMERS et al., 1995). Alguns fatores como a persistência do vírus no ambiente e em animais portadores, o aparecimento de novas cepas e o desenvolvimento de infecção e doença, mesmo em animais vacinados, têm contribuído para a manutenção do caráter enzoótico desta virose e a ocorrência ocasional de novos surtos (BÖHM et al., 2004). A cinomose acomete cães de qualquer idade, raça e sexo, com maior predileção por filhotes e cães não vacinados (CHISMAN, 1985; FENNER, 2004; GREENE; APPEL, 2006). Pode ocorrer em qualquer época do ano, mas no inverno há elevação na ocorrência da enfermidade. Não há diferença de susceptibilidade da infecção entre machos e fêmeas, no entanto, cães das raças dolicocefálica são mais afetados que os braquiocefálicos (CORRÊA; CORRÊA ,1992; GREENE, 2006). 22 A idade de maior incidência da cinomose nos cães coincide com a época em que diminui a taxa de anticorpos maternos passivamente transmitidos, entre 60 e 90 dias de idade (CORRÊA; CORRÊA, 1992; GEBARA et al., 2004). Nesta faixa etária, o sistema imune do filhote ainda não está perfeitamente capacitado para suportar a infecção causada por este vírus altamente virulento e patogênico (McCAW et al., 1998). Mais de 50% das infecções pelo vírus da cinomose são subclínicas ou com sinais clínicos moderados (SILVA et al., 2007). Se a resposta imune do hospedeiro for rápida e efetiva, ocorre recuperação completa e eliminação do vírus por volta do décimo quarto dia (SHERDING et al., 1998). Estima-se que 75% dos cães que são susceptíveis eliminam o vírus sem qualquer sinal clínico da doença (CORRÊA; CORRÊA, 1992; GEBARA et al., 2004). Os animais infectados, tanto na forma sintomática quanto assintomática, são importantes na cadeia epidemiológica da cinomose canina como fonte de contaminação para animais susceptíveis (APPEL; SUMMERS, 1995). A transmissão ocorre principalmente por aerossóis e gotículas que contêm o vírus, através de secreções respiratórias, fezes e urina (CORRÊA; CORRÊA, 1992). Estas partículas virais invadem os tecidos linfóides, e a seguir, os tratos respiratório, gastrintestinal, tegumentar e nervoso (CHRISMAN, 1985). A ampla proliferação viral nos órgãos linfóides induz o aumento inicial da temperatura corpórea, entre o segundo e o sexto dia, onde ocorre hipertermia de até 41ºC. Caso ocorra uma progressão viral pela falta de anticorpos, haverá o segundo pico febril com sintomas característicos (CORRÊA; CORRÊA,1992; TIPOLD et al.,1992). O que definirá a gravidade da enfermidade e a disseminação do vírus pelos diferentes órgãos será a resposta imune do hospedeiro. Assim, indivíduos imunossuprimidos permitem a replicação viral em diferentes tecidos, inclusive no sistema nervoso central, exteriorizando inúmeros sinais e culminando, na maioria das vezes, na morte do animal (BRAUND, 1994). Existe apenas um sorotipo do vírus da cinomose, no entanto, há cepas biologicamente diferentes. As várias amostras isoladas produzem enfermidade com duração e sinais clínicos distintos. Algumas são levemente virulentas e geralmente, provocam infecções inaparentes. Outras levam a manifestações da doença aguda, com elevada frequência de encefalite e com altos índices de mortalidade (HEADLEY; GRAÇA, 2000; MORITZ et al., 2000; WILLIS, 2002). Outras cepas são 23 viscerotrópicas, causando uma doença debilitante com elevada mortalidade, mas com baixa frequência de encefalite. Um aspecto comum a todas as cepas virulentas de VCC são os efeitos imunossupressivos em cães (GREENE, 1984). A sintomatologia clínica e a taxa de letalidade dependem da virulência da estirpe viral, da idade dos cães e da imunocompetência do hospedeiro (BRAUND, 1994; THOMAS; STEISS, 1993). Os cães infectados pelo vírus da cinomose podem manifestar uma combinação de sinais e/ou lesões respiratórias, gastrintestinais, cutâneas e neurológicas que podem ocorrer em sequência ou simultaneamente (GRÖNE et al., 2003; KOUTINAS et al., 2004). Os sinais respiratórios são: rinite, conjuntivite, descargas nasocular serosas e mucopurulentas, pneumonia intersticial e posteriormente broncopneumonia, devido à infecção bacteriana secundária (CORRÊA; CORRÊA, 1992; GREENE, 2006). A infecção pelo vírus em filhotes muito jovens, durante o desenvolvimento dos dentes permanentes causa hipoplasia do esmalte dentário que, no animal adulto, se converte numa evidência cabal de ter ocorrido a doença (PELLEGRINO et al., 2003). Na microscopia podem ser observadas alterações como hiperqueratose ortoqueratótica ou paraqueratótica nos coxins digitais, associada à degeneração hidrópica do epitélio dos coxins (SONNE et al.,2009). No sistema gastrintestinal predomina vômitos intermitentes, anorexia, diarréias pastosas a líquidas, com ou sem presença de sangue, podendo ocorrer desidratação (CORRÊA; CORRÊA, 1992; GREENE, 2006). As manifestações oculares podem ser de ceratoconjuntivite com descargas oculares serosas a mucopurulentas, coriorretinite (lesões oftalmoscópicas) e neurite óptica causando cegueira (SHERDING et al., 1998). Os sinais do sistema nervoso central (SNC) podem ocorrer simultaneamente com outros sinais multissistêmicos ou serem retardados no início até depois de uma recuperação aparente. Em alguns cães, o envolvimento do SNC pode ocorrer como única manifestação aparente de infecção (SHERDING et al.,1998). Os cães que sobrevivem podem apresentar deficiências neurológicas permanentes, envolvendo espasmos flexores (mioclonias) e disfunções visuais e olfatórias (GREENE, 1984). Os sinais neurológicos começam uma a três semanas após a recuperação da doença sistêmica e incluem hiperestesia, rigidez cervical, convulsões, sinais cerebelares, vestibulares e ataxia (SWANGO, 1992). Também se observa cegueira, 24 movimentos de pedalagem, alterações comportamentais, vocalização, disfunções motoras e posturais como tetraparesia, paraparesia e paraplegia (VANDEVELDE; CACHIN, 1993; TUDURY et al., 1997; SILVA et al., 2007). A mioclonia geralmente é considerada a manifestação clássica da infecção pelo VCC (FARROW; LOVE, 1983). Essas contrações rítmicas geralmente ocorrem na cabeça, pescoço, membros e abdômen. As mioclonias não estão associadas à paresia ou paralisia dos membros. Geralmente são permanentes, podendo persistir durante o sono (PELLEGRINO et al., 2003). A lesão no sistema nervoso central é apresentada na forma de quatro síndromes clínicas conhecidas como encefalite dos cães jovens, de caráter grave e agudo, com manifestações simultâneas de sinais clínicos sistêmicos e neurológicos; encefalite multifocal em cães adultos, do tipo crônica, na qual os distúrbios neurológicos podem estar desacompanhados de transtornos sistêmicos; a encefalite do cão velho e a encefalite recidivante crônica, que são de ocorrência esporádica e, na maioria das vezes, os sinais clínicos estão ausentes (AMUDE et al., 2006; BRAUND, 1994; FENNER, et al., 2004). Na fase crônica da infecção ocorre uma resposta inflamatória nas áreas de desmielinização que geralmente está associada com o agravamento da lesão tecidual e dos sinais neurológicos. Apesar disso, o vírus permanece no sistema nervoso central sendo uma fonte contínua de antígeno para manter as reações prejudiciais para os tecidos. Essa persistência viral talvez seja a chave para compreender a patogenia da doença crônica (PELLEGRINO et al., 2003). Sabe-se que a resposta hematológica varia de indivíduo para indivíduo, assim como com a fase da infecção viral (FENNER et al.,1993). Cães com cinomose apresentam leucopenia quatro a seis dias após a infecção. Uma vez que a doença esteja instalada pode-se observar linfopenia (devido a habilidade do vírus em se replicar e destruir os tecidos linfóides), monocitose e leve neutrofilia (APPEL; CARMICHAEL, 1999; FARROW; LOVE, 1983; GREENE, 1984). Pode haver leucocitose devido à infecção bacteriana secundária (JAIN, 1993) e anemia principalmente microcítica e hipocrômica (TUDURY et al., 1997). Esta anemia é causada, segundo Jain (1993), devido à grande destruição dos eritrócitos pelo vírus ou à não produção de hemácias pela medula óssea. O diagnóstico da infecção pelo VCC é de difícil realização, e geralmente está fundamentado na anamnese, nos sinais clínicos e achados hematológicos 25 (MENDONÇA et al., 2000). Outro fator agravante, é que 25 a 75% dos animais susceptíveis desenvolvem infecções subclínicas e eliminam o vírus no ambiente, atuando como fonte de infecção (APPEL; SUMMERS, 1999; SHELL, 1990). Sinais respiratórios, digestivos e neurológicos podem, isoladamente ou em associação, ser encontrados em várias outras doenças infecciosas, dificultando o diagnóstico clínico da cinomose (TIPOLD et al., 1992). Vários testes foram avaliados em todo mundo para o diagnóstico do vírus da cinomose, como reação de imunofluorescência direta, isolamento viral, teste de soro neutralização, reação em cadeia de polimerase e ELISA (KIM et al., 2006; LATHA et al., 2007). Atualmente, a técnica da reação em cadeia pela polimerase precedida de transcrição reversa (RT-PCR) vem sendo empregada com sucesso na detecção do vírus da cinomose em diferentes tipos de amostras biológicas provenientes de cães com sinais clínicos sistêmicos e neurológicos (BARRETT, 1999; GEBARA et al., 2004). A confirmação e/ou exclusão do vírus da cinomose canina como provável etiologia possibilita a realização do prognóstico de forma mais objetiva e de condutas terapêuticas mais adequadas, além de proporcionar a adoção de medidas de controle e profilaxia diferenciadas e específicas (AMUDE et al., 2007; NEGRÃO et al., 2007). O prognóstico da doença é bastante reservado quando o quadro neurológico estiver instalado (TIPOLD et al., 1992; VANDEVELDE; CACHIN, 1993). Quando eventualmente o animal escapa da morte pode ficar com sequelas inabilitantes (CORRÊA; CORRÊA, 1992). Infelizmente, ainda não existe nenhuma terapia efetiva para a cinomose, apenas tratamento sintomático (CORRÊA; CORRÊA, 1992; MANGIA, 2008; TIPOLD et al., 1992). Pode-se utilizar antibióticos de amplo espectro para o controle de infecções bacterianas secundárias, antieméticos, fluidoterapia, vitaminas com complexo B, anticonvulsivantes e suplementos para o tratamento de apoio. Deve-se manter adequadas as condições higiênicas e nutricionais (PELLEGRINO et al., 2003). Há excelentes vacinas para ajudar na prevenção da cinomose. Protocolos apropriados de vacinações combinados com o isolamento de filhotes até que se tenha completado a série inicial de vacinação, podem reduzir grandemente a probabilidade da doença (GREENE, 1984). 26 A estratégia vacinal é baseada em múltiplas doses de vacinas, administradas em intervalos de três a quatro semanas, devido ás dificuldades de mensurar os títulos de anticorpos do filhote de forma rotineira. Após a administração da primeira dose de vacina, os cães já apresentam títulos de anticorpos em níveis protetores e, após a revacinação anual, os títulos perduram por mais doze meses (BIAZZONO et al., 2001; MANGIA, 2008). Segundo Biazzono et al. (2010) vários fatores interferem na qualidade e duração da resposta imune à vacinação, como a amostra viral utilizada, a massa antigênica ou o título vacinal e o grau de atenuação do antígeno viral. Existem também os fatores relacionados ao próprio hospedeiro, como a variação individual na capacidade de resposta a uma mesma vacina, o estado nutricional, parasitismo, os estados de imunodeficiência de causa genética ou não e fatores relacionados as condições ambientais, interferindo na aclimatação do animal em condições externas adversas. 27 3 METODOLOGIA Foram selecionadas e analisadas as fichas clínicas de 260 cães atendidos na CVR Clínica Veterinária Ribeira, localizada em Colombo, região metropolitana de Curitiba-PR, com suspeita clínica de infecção pelo vírus da cinomose canina. Relatos da anamnese e informações quanto ao sexo e idade dos animais, época do ano de ocorrência de casos de cinomose na região, grau de imunização destes hospedeiros, principais sinais clínicos apresentados por estes pacientes e a evolução da doença foram correlacionados e comparados com pesquisas e relatos da literatura. 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram analisadas fichas clínicas de 260 animais com suspeita clínica de cinomose (Tabela 01). O diagnóstico da doença foi embasado nos principais sinais clínicos apresentados por estes cães, sobretudo naqueles onde se teve interação com quadros neurológicos, característicos da infecção pelo vírus da cinomose canina. Tabela 01 - Frequência anual de casos suspeitos de cinomose no período de 2005 a 2010 na região de Colombo-PR . Curitiba - PR, 2012 ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL DE CASOS NÚMERO DE CASOS 29 62 47 53 35 34 260 cães Durante este estudo pode-se verificar que 51,92% dos animais acometidos pela doença eram machos e 48,07% eram fêmeas (Tabela 02). Apesar de ter ocorrido mais casos em machos, sabe-se que não existe comprovação epidemiológica que justifique a participação da preferência sexual na patogenia das infecções induzidas pelo vírus da cinomose (BORBA et al., 2002; HEADLEY ; GRAÇA, 2000). Os dados obtidos reforçam os relatos da literatura, onde o sexo do animal não influenciou na predisposição à infecção pelo VCC. 29 Tabela 02 - Número de casos clínicos suspeitos de cinomose (260 cães) de acordo com o sexo do animal acometido no período de 2005 a 2010 na região de Colombo –PR. Curitiba-PR, 2012. Neste levantamento, observou-se que a maioria dos casos foi diagnosticada durante a primavera (setembro, outubro e novembro) e verão (dezembro, janeiro e fevereiro) 64% dos casos (Tabela 03 e Figura 01), o que difere dos relatos da literatura. Embora a prevalência sazonal da infecção pelo VCC não esteja bem esclarecida, estudos epidemiológicos vem demonstrando que as infecções são mais frequentes durante o período mais frio (GORHAM,1966; HEADLEY;GRAÇA,2000) onde a sobrevivência do vírus no ambiente é maior (GREENE,1984). Provavelmente o aumento na prevalência dos casos de cinomose durante os meses mais quentes do ano, seja devido ao aumento na rotina de atendimento da clínica, que na maioria das vezes, é maior durante estas épocas do ano. Acredita-se que a quantidade de cães errantes, portadores e disseminadores do vírus, seja superior àquela observada nos meses mais frios do ano, acarretando em uma maior ocorrência de casos da doença na região de Colombo-PR. Tabela 03 - Predominância sazonal de casos suspeitos de infecção pelo VCC na região de ColomboPR no período de 2005 a 2010. Curitiba- PR, 2012. Estação do Ano Primavera Verão Outono Inverno Total 2005 16 10 00 03 29 2006 15 21 11 15 62 2007 17 12 08 10 47 2008 20 15 09 09 53 2009 08 16 05 06 35 2010 09 07 07 11 34 TOTAL 85 81 40 54 260 30 Figura 01- Representação gráfica da frequência de casos suspeitos de cinomose de acordo com as estações do ano no período de 2005 a 2010 em Colombo-PR. Curitiba-PR, 2012. Existe um consenso na literatura onde os autores pesquisados (BIAZZONO et al., 2001; CORRÊA;CORRÊA,1992; GEBARA et al., 2004; HEADLEY;GRAÇA,2000; SILVA et al., 2007) concordam que a cinomose, apesar de acontecer em animais de qualquer idade, é mais prevalente em filhotes com idade inferior a três meses, momento quando ocorre a perda nos títulos de anticorpos maternos. Este trabalho demonstra que cães entre dois a seis meses de idade, o que corresponde a 47,30% dos animais (Tabela 04) foram mais predispostos a apresentar a doença. Este relato concorda com Greene;Appel (2006), que citam que filhotes e cães jovens são mais acometidos pela cinomose, sendo a faixa etária entre três a seis meses a que apresenta maior número de casos. No decorrer deste trabalho, os animais denominados filhotes são aqueles com idade inferior a um ano, ou seja, 157 cães, perfazendo 60,38% dos cães suspeitos de cinomose. Os animais denominados adultos e idosos são aqueles com idade superior a um ano cujo total foi de 103 cães (39,62%). Este dado confirma que os filhotes são o grupo de animais mais predispostos a apresentarem a infecção pelo VCC. 31 Tabela 04 – Frequência de casos suspeitos de cinomose de acordo com a idade dos cães acometidos no período de 2005 a 2010 em Colombo-PR. Curitiba-PR, 2012. IDADE 2a6M 7 a 12 M 1a5A 6 a 10 A Acima 10 A TOTAL 2005 14 04 10 01 00 29 2006 37 01 20 02 02 62 2007 19 09 14 04 01 47 2008 20 12 14 05 02 53 2009 16 05 10 03 01 35 2010 17 03 09 03 02 34 TOTAL 123 34 77 18 08 260 % 47,30 13,00 29,60 6,92 3,07 100 *M= meses; A= anos Através deste estudo pode-se verificar que os cães mestiços (40,38%) foram os mais acometidos pela cinomose em relação aos cães de raças definidas (Tabela 05). Este fato pode ser explicado por este grupo ser extremamente representativo no Brasil (HEADLEY; GRAÇA, 2000), sobretudo em Colombo, região em estudo no presente trabalho. Assim como Borba et al.(2002) e Headley;Graça (2000), neste levantamento os cães mestiços não foram classificados como sendo animais de rua ou domiciliados. Este dado poderia mudar as estatísticas, pois animais de rua, que é um fato extremamente comum na região de Colombo, geralmente são cães desprovidos de anticorpos vacinais tendo maiores chances de entrar em contato com partículas virais provenientes de outros cães errantes já contaminados. Isto favorece a contínua circulação do vírus, aumentando consideravelmente a possibilidade da ocorrência da doença. 32 Tabela 05- Distribuição dos 260 casos clínicos suspeitos de cinomose de acordo com as raças dos cães acometidos no período de 2005 a 2010 em Colombo-Pr. Curitiba-PR, 2012. Do total de animais estudados (260 cães) com sinais clínicos compatíveis com infecção pelo VCC, pode-se observar que um elevado percentual de cães não eram imunizados (79%) ou tinham seu esquema de vacinação incompletos (16%). Este fato resume a grande importância de um esquema de vacinação adequado para todos os cães, sejam filhotes ou animais adultos. Grande parte da população canina não obedece ao esquema de imunização adequado (TUDURY et al.,1997), este fato pode aumentar em torno de cem vezes a ocorrência da doença em cães (BORBA et al.,2002). 33 A proteção contra a enfermidade pode ser obtida mediante a utilização de vacinas que possuam adequada capacidade imunogênica (JÓZWIK; FRYMUS, 2004) e gerem uma combinação de respostas imunológicas humoral e celular (GREENE,1984). O desenvolvimento de estratégicas terapêuticas deve estar relacionado com a modulação imunológica (VANDEVELDE et al., 2005). O cão deve ser vacinado quando se tornar soronegativo dos anticorpos maternos, assegurandose a máxima resposta sorológica pós vacinal (BIAZZONO et al., 2001). Alguns tipos de vacinas utilizam vírus vivo atenuado na tentativa de evocar uma resposta imunológica, o que pode incitar, entretanto, o aparecimento da doença e a morte de animais (JÓSWIK;FRYMUS, 2002). Este fato pôde ser observado durante este levantamento, onde dos 260 animais acompanhados, apenas 51 cães (19,6%) apresentavam algum histórico de vacinação. Destes, nove animais haviam sido vacinados e 42 cães estavam com esquema de vacinação incompleto, desenvolveram a doença e evoluíram para morte ou foram submetidos à eutanásia. Falhas vacinais podem ser geradas por múltiplos fatores como interferência de anticorpos passivos, falhas individuais na resposta imune, qualidade, conservação e variabilidade do imunógeno e infecção anterior à vacinação (NEGRÃO et al., 2006). A cinomose é uma doença difásica com relação à temperatura corpórea do animal. Dependendo da fase virêmica da doença, pode-se observar febre ou não. Normalmente os sinais sistêmicos coincidem com o segundo pico febril da infecção (CORRÊA;CORRÊA, 1992; TIPOLD et al., 1992). A variação da temperatura corpórea dos animais deste estudo, normalmente estava correlacionada com o grau de imunossupressão do hospedeiro. Desidratação, anemia, prostração, anorexia, vômito e diarreia foram relatados mais em filhotes. Provavelmente a hipotermia encontrada nestes casos (10,38%) seja oriunda do grau de depleção do organismo destes animais. Porém, há um grande número de pacientes (115 cães – 44,23%) onde não foram medidas as temperaturas corpóreas, o que impossibilita fazer uma estatística precisa. Constatou-se existir quadros de hipertermia em 51 animais (19,61%), tanto em filhotes quanto em animais adultos, provavelmente associados a uma infecção bacteriana secundária ou até mesmo coincidindo com a fase de progressão viral. A sintomatologia clínica da cinomose é bastante variada (Tabela 06), podendo manifestar-se uma combinação de sinais em sequência ou simultaneamente (GRÖNE et al., 2003; KOUTINAS et al., 2004). Poderão ocorrer sinais clínicos 34 digestivos, respiratórios ou neurológicos, isoladamente, conjuntamente ou alternadamente (CORRÊA;CORRÊA,1992). Tabela 06 - Manifestações clínicas encontradas nos 260 cães com suspeita de infecção pelo VCC na região de Colombo –PR no período de 2005 a 2010. Curitiba-PR, 2012. SINAIS CLÍNICOS Neurológicos Oculares Digestivos Respiratórios Dermatológicos Sistêmicos FILHOTES N=157 156 82 86 67 35 109 % 99,36 52,23 54,78 42,68 22,29 69,43 ADULTOS N=103 102 48 31 49 30 63 % 99,03 46,60 30,10 47,57 29,13 61,17 Nº DE CASOS N=260 258 130 117 116 65 172 % 99,02 50,00 45,00 44,61 25,00 66,15 Figura 02 – Representação gráfica da porcentagem de filhotes e cães adultos (N= 260 cães) de acordo com as manifestações clínicas por órgãos e sistemas dos animais suspeitos de infecção pelo VCC, no período de 2005 a 2010 em Colombo-PR . Os sinais neurológicos são múltiplos e consequentes da replicação viral em neurônios e células gliais, refletindo na distribuição do vírus e nas consequentes lesões no sistema nervoso central (GREENE; APPEL, 2006 ;TIPOLD et al., 1992). Os resultados encontrados por Silva et al. (2007) permitiram concluir que a diferença entre o tipo de lesão desenvolvida por filhotes e adultos pode ser tênue e que embora possa haver maior frequência de desmielinização em filhotes deve-se levar em consideração que estes animais também desenvolvem lesões mais 35 crônicas, assim como cães adultos podem desenvolver lesões mais agudas. A persistência viral é a chave para a patogênese das lesões crônicas (VANDEVELDE; ZURBRIGGENI, 2005). Neste estudo, os animais com até um ano de idade (157 filhotes e cães jovens) foram os mais acometidos e manifestaram alterações clínicas da forma neurológica da doença em 99,36% dos casos, o que permitiu o diagnóstico da doença. Já na pesquisa realizada por Silva et al. (2007), os filhotes apresentavam um quadro neurológico em 87,5% dos casos. Estes dados diferem de Fenner (2004) onde os filhotes são considerados a faixa etária que menos desenvolve distúrbios neurológicos. Uma consequência disso, segundo ele, é o fato de que alguns filhotes podem sobreviver à infecção inicial e posteriormente desenvolver imunidade parcial ao vírus, e assim, esses cães correm o risco de mais tarde, quando forem adultos, manifestarem a doença no sistema nervoso central. Pode ser que os animais adultos deste estudo, que contabiliza 103 cães (39,62%), possam ter sobrevivido à doença aguda enquanto eram filhotes e vieram manifestar a doença neurológica e sequelas desta já na fase adulta, pois 99,03% destes cães apresentaram sinais graves de comprometimento do sistema nervoso central. Vale salientar que a grande maioria destes cães (79%) não eram vacinados, nem enquanto filhotes tampouco na idade adulta e/ou idosa. Na dependência da região do sistema nervoso central comprometido pelo VCC, os sinais neurológicos variam consideravelmente (SHELL, 1990). Isto pode ser observado nos casos pesquisados, onde a multiplicidade de sinais neurológicos foi bastante evidente, assim como a associação de sinais num mesmo hospedeiro, confirmando o caráter multifocal da doença. Nas fichas clínicas dos cães da cidade de Colombo foi observado que as convulsões (69,61%), mioclonias (54,61%), juntamente com sinais vestibulares, como incoordenação/ataxia (34,23%/22,30% respectivamente), foram os sinais mais frequentemente encontrados nos cães com a forma neurológica da doença (Tabela 07). Para Silva et al. (2007) a mioclonia foi o sinal neurológico mais prevalente com 38,4% dos cães afetados. Segundo estes autores, a cinomose sempre deve ser considerada como a primeira opção no estabelecimento dos diagnósticos diferenciais frente a um cão com mioclonia. 36 Tabela 07 – Principais sinais neurológicos encontrados nos cães com suspeita de infecção pelo VCC na região de Colombo – PR no período de 2005 a 2010. Curitiba – PR, 2012. SINAIS NEUROLÓGICOS Convulsão Mioclonia Incoordenação Ataxia Vocalização Mov. Pedalagem Paresia (MP’s/MT’s) Coma Nistagmo Claudicação Déficit Propriocepção Tetraparesia Paraplegia Opistótono Cegueira Síndrome Vestibular Status Epilepticus Outros FILHOTES N=157 111 92 54 32 38 27 17 % 70,70 58,59 34,39 20,38 24,20 17,19 10,82 ADULTOS N=103 70 50 35 26 13 08 11 04 04 03 01 2,54 2,54 1,91 0,63 04 00 01 02 03 01 05 % 67,96 48,54 33,98 25,24 12,62 7,76 10,67 TOTAL N=260 181 142 89 58 51 35 28 % 69,61 54,61 34,23 22,30 19,61 13,46 10,76 03 02 03 04 2,91 1,94 2,91 3,88 07 06 06 05 2,69 2,30 2,30 1,92 2,54 00 0,63 1,27 1,91 01 04 02 01 00 0,97 3,88 1,94 0,97 00 05 04 03 03 03 192 1,53 1,15 1,15 1,15 0,63 3,18 01 02 0,97 1,94 02 07 0,76 2,69 *Outros = Hiperreflexia, movimentos mastigatórios, andar em círculos, mudança no comportamento, tremores, incontinência urinária e sialorréia. Dos cães que apresentavam alterações oculares (50% dos animais – Tabela 06), pode-se observar que o principal achado foi a conjuntivite (48,46%). A conjuntivite é um sinal clínico comum em cães com cinomose, sendo ela uma complicação fisiopatológica de um dos seguintes mecanismos: efeitos mediados pelo vírus durante a replicação no epitélio da conjuntiva, das glândulas lacrimais e endotélio vascular; mecanismos imunomediados celulares e humorais que acabam afetando as glândulas lacrimais e causando olho seco e infecções bacterianas secundárias que resultam em alterações estruturais e funcionais na conjuntiva (LEDBETTER et al., 2009). 37 Figura 03 – Cão mestiço apresentando secreção ocular purulenta abundante e conjuntivite bilateral (ASSIS, 2011). Os sinais digestivos mais frequentemente encontrados durante este estudo foram: vômito (4,61% dos casos), diarreia (12,69% dos casos), ass ociação de vômito e diarreia (27,69%). Em alguns casos, principalmente em filhotes esta diarreia era sanguinolenta, líquida ou pastosa. Estes distúrbios gastrintestinais ocorreram em 54,78% dos filhotes e 30,10% em animais adultos (Tabela 06). O sinal clínico mais evidente nos animais acometidos que apresentavam associação com quadro respiratório foi a secreção nasal purulenta encontrada em 72 cães (46 filhotes e 26 adultos) ao longo do período estudado (Figura 04). Outros sinais respiratórios encontrados, em menores proporções foram: tosse (41 cães), estertores pulmonares (17 cães), pneumonia (16 cães), broncopneumonia (seis cães) provavelmente devido à infecção bacteriana secundária, congestão pulmonar e dispnéia (cinco cães), rinite e espirros (cinco cães). 38 Figura 04 – Cão mestiço com um ano de idade com secreção nasal purulenta, conjuntivite e hiperqueratose de plano nasal (ASSIS, 2011). Foram observados problemas dermatológicos em 65 cães do grupo em estudo (Tabela 06). Destes, o achado mais prevalente foi a hiperqueratose dos coxins e /ou plano nasal com 49,23% dos achados (Figura 04 e 05). Vários relatos da literatura citam tal achado como sendo frequente em animais infectados pelo VCC (GREENE; APPEL, 2006; KOUTINAS et al.,2004). Animais com hiperqueratose nasal e/ou digital costumam apresentar complicações neurológicas (GREENE, 2006; TUDURY et al.,1997). Este dado se confirma no presente estudo. Dos 65 cães que apresentavam quadros dermatológicos, 32 cães (49,23%) apresentavam hiperqueratose de coxins e/ou plano nasal sendo que 31 deles tiveram alguma manifestação neurológica. 39 Figura 05 – Filhote mestiço apresentando hiperqueratose de dígitos (ASSIS, 2011). Figura 06 – Filhote da raça Pinscher, macho, com seis meses de idade apresentando problemas dermatológicos (sarna sarcóptica, impetigo, eritema, prurido), conjuntivite, mioclonia em membro torácico esquerdo e convulsões (ASSIS,2011). 40 Em 18 cães (13 filhotes e cinco adultos) foi observada hipoplasia do esmalte dentário (Figura 07). Este sinal pode ser uma grande evidência da ocorrência da cinomose nestes animais. Figura 07 – Cão mestiço com sete meses de idade com sinais de hipoplasia de esmalte dentário (ASSIS, 2011). O diagnóstico clínico é difícil, particularmente nos casos de manifestação neurológica focal, nos quais outros sintomas sistêmicos, prévios ou concomitantes a outras alterações neurológicas, além da mioclonia, estão ausentes (GREENE, 2006; KOUTINAS et al., 2002; TIPOLD et al., 1992). Toda a base do diagnóstico dos animais pesquisados foi de acordo com as manifestações clínicas apresentadas e relatadas pelos proprietários destes cães. Levando sempre em consideração a não vacinação dos animais e a alta incidência de sinais neurológicos nos cães acometidos (em 99% dos animais) o diagnóstico, na grande maioria das vezes, foi conclusivo e definitivo. Em alguns animais foram prescritos diversos tratamentos de suporte para tratar as infecções secundárias e/ou concomitantes, mas a evolução foi insatisfatória, mantendo-se o quadro numa progressão desfavorável, com prognóstico bastante reservado, onde muitas vezes, foi necessária a realização da eutanásia. O grau de imunocomprometimento dos hospedeiros, muitas vezes associado a doenças parasitárias ou a infecções 41 bacterianas secundárias, acrescidos a quadros de coinfecções causadas pelo efeito imunossupressivo do VCC, confirma o alto grau de mortalidade dos animais pesquisados acometidos por este importante agente infeccioso. Silva et al. (2007) demonstraram que a toxoplosmose é a infecção mais frequentemente associada à cinomose, no entanto, dos 620 casos estudados apenas cinco apresentaram a coinfecção e em apenas um animal foi observado lesões no encéfalo. Outras coinfecções são descritas na literatura, Moretti et al.(2006) cita uma coinfecção tripla pelos agentes da cinomose, erliquiose e toxoplasmose com acentuado quadro clínico neuropático salientando a imunossupressão causada pela doença. A magnitude do envolvimento neurológico exerce uma importante influência sobre o prognóstico da doença (FENNER, 2004). A gravidade dos quadros neurológicos somados à piora nos sinais sistêmicos determinou a evolução e o prognóstico da doença. A maioria dos cães em estudo (78,07%) ou sofreu eutanásia (116 cães), ou foi a óbito (87 cães), devido à gravidade desta enfermidade e a séria imunossupressão causada pela mesma. Existem sete animais que, ao longo dos anos, apresentaram sinais compatíveis com infecção pelo VCC. Estes cães não foram incluídos nas estatísticas deste levantamento, porque são animais que sobreviveram á infecção aguda, ficaram com sequelas da cinomose e até o final do ano de 2011 permaneciam vivos. Destes animais quatro são machos e três fêmeas, de raça mestiça (dois cães), Pinscher, Poodle, Rottweiller, Boxer e Labrador; seis destes casos foram diagnosticados clinicamente durante os meses de primavera e verão. A principal sequela encontrada nestes animais foi a hipoplasia de esmalte dentário (seis cães), hiperqueratose de coxins (três cães) e mioclonia (um cão). Este fato confirma o alto grau de mortalidade causada por esta enfermidade na população canina. Poucos animais que têm suspeita ou diagnóstico confirmado de cinomose sobrevivem a esta doença infecciosa. De 267 animais com suspeita de cinomose, atendidos no período de 2005 a 2010, apenas sete ainda continuam vivos. 42 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As condições deste estudo mostraram que dos 260 casos suspeitos de cinomose que ocorreram na cidade de Colombo-PR no período de 2005 a 2010, a maioria dos animais apresentava menos de um ano de idade, era mestiço, não vacinado, com sinais clínicos neurológicos e ocorrendo principalmente nos meses de primavera e verão. A superpopulação de cães errantes na região de Colombo e arredores; a falta de um protocolo de vacinação adequado e efetivo para todos os animais; a falta de informação da população local sobre a gravidade da cinomose como sendo uma doença altamente transmissível entre os cães, tem sido uma preocupação constante dos Médicos Veterinários atuantes nesta região. Acredita-se que estes fatores têm contribuído para uma contínua circulação do vírus no ambiente e consequentemente no aparecimento de novos casos da doença na região de Colombo-PR. A inexistência de uma terapia antiviral efetiva tem frustrado o prognóstico da doença. Isto foi bastante relevante durante este estudo, pois quase a totalidade dos animais que manifestaram alterações neurológicas, isoladamente ou em combinação com outros sinais clínicos, teve um prognóstico bastante reservado, onde em muitos casos, a decisão pela eutanásia foi a opção viável. 43 REFERÊNCIAS AMUDE, A.M.; CARVALHO, G.A.; BALARIN, A.R.S.; AKIAS, M.V.B.; REIS, A.C.F.; ALFIERI, A.A.; ALFIERI, A.F. Encefalomielite pelo virus da cinomose canina em casos sem sinais sistêmicos da doença- estudos preliminares em três casos. Clínica Veterinária, São Paulo, v. 60, p. 60-66. 2006. AMUDE, A.M.; ALFIERI, A.A.; ALFIERI, A.F. 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