Universidade Federal de Itajubá EEL 012 – Laboratório de Conversão Eletromecânica de Energia Guia da 2a aula prática – 2014 Carga RLC Monofásica Assunto: - Medição de potência em carga RLC monofásica e correção do fator de potência Professor: Fernando Nunes Belchior 1.0 – INTRODUÇÃO Esta aula tem por objetivo realizar medições de tensão, corrente e potência em circuitos monofásicos para 3 tipos de carga, R, RL e RLC. Pretende-se mostrar o mecanismo de variação de potência segundo o tipo de carga utilizada, bem como o processo de correção de fator de potência. 2.0 – IMPEDÂNCIA ELÉTRICA Monitor: Thiago José Dias indica, basicamente, que os fasores da corrente e da tensão na resistência se encontram relacionados pelo parâmetro resistência elétrica. Como se indica na Figura 1-b, e dada a natureza real do parâmetro R , os fasores da tensão e da corrente na resistência encontram-se em fase. Designa-se por impedância elétrica da resistência, , o quociente entre os fasores da tensão e da corrente (Figura 1-c). ̇ 2.1 – Carga Resistiva [Ω] ̇ Seja a resistência representada na Figura 1: 2.2 – Carga Capacitiva Considere-se o capacitor representado na Figura 2, cuja característica tensão-corrente é expressa pela derivada. ( ) Figura 1 – Carga Resistiva Admitindo-se que a corrente é senoidal, ou seja: ( ) ( ) Sendo a Lei de Ohm representada pela equação ( ) ( ), a tensão nos terminais da resistência é também senoidal, dada por: ( ) ( ) e apresenta uma fase na origem idêntica à da corrente. A representação da Lei de Ohm, em notação fasorial, ̇ 1 ̇ Figura 2 – Carga Capacitiva e admita-se ainda que a tensão aplicada é senoidal, ou seja: ( ) ( ) Neste caso, a representação fasorial entre a tensão e a corrente é dada por: ̇ ̇ EEL012 – Medidas de Tensão, Corrente e Potência em Carga RLC Monofásica ̇ ( ) a qual indica que no capacitor o fasor da corrente se encontra avançado de 2 radianos relativamente ao fasor da tensão (Figura 2-b). A impedância elétrica do capacitor é um número imaginário puro, dado por: ̇ ( ̇ à 2.3 – Carga Indutiva Por analogia com os resultados anteriores, verifica-se que a característica tensão-corrente do indutor (Figura 3-b) conduz à relação fasorial: Figura 3 – Carga Indutiva ̇ ̇ ( ) ( ) de onde se obtém a expressão da impedância elétrica: ̇ ( ̇ ̇ ̇ ̇ Assim, a impedância do conjunto é dada por: ) [Ω] cujo módulo é inversamente proporcional frequência angular da senóide sob análise. ̇ isto é, A impedância elétrica de um componente ou de um conjunto de componentes é um número complexo cuja representação no formato polar é representado na figura 4-b, e dada por: em que Z e representam o módulo e a fase, respectivamente. Pode-se representar a impedância no formato retangular, representado na figura 4-c, ou seja: em que R e X representam, respectivamente, as partes real e imaginária (esta última designada por reatância) da impedância. 3.0 – POTÊNCIAS EM CIRCUITOS RC E RL Considere-se o circuito RC da Figura 5, relativamente ao qual se pretende determinar as potências instantânea e média fornecidas pela fonte. ) [Ω] Esta última relação indica que o fasor da tensão no indutor se encontra avançada de 2 radianos relativamente à corrente. 2.4 – Carga Resistiva e Indutiva - RL Considere o circuito RL representado na Figura 4-a, e admita-se que a tensão aplicada é senoidal. Figura 5 - Potência dissipada num circuito RC. De acordo com a metodologia estabelecida anteriormente, o fasor da corrente no circuito é expresso pelo quociente: ̇ ( √ a) representação em coordenadas retangulares, b) polares, c) impedância elétrica. Figura 4 – Carga RL Neste caso: ( ) ( ) ( ) ) ( ⁄ ). As expressões da em que tensão e da corrente no domínio do tempo são, respectivamente, ( ) ( ) ( ) e 2 EEL012 – Medidas de Tensão, Corrente e Potência em Carga RLC Monofásica ( ) ( √ ( ) ) A potência instantânea fornecida ao circuito pela fonte é expressa pelo produto: ( ) ( ) ( ) ( ) ( √ ( energia contribuem apenas para aumentar a amplitude máxima da corrente no circuito. Pode facilmente demonstrar-se que a potência fornecida por uma fonte a um circuito RL coincide com a estabelecida por esta última equação. 3.1 – Potências Ativa, Reativa e Aparente ) ( ) ) Considere-se o circuito representado na figura 6-a, constituído por uma fonte de tensão senoidal e uma impedância , mostradas nas Figuras 6-a e 6-b. ou ainda: ( ) ( ) √ ( ( ) ) cujo valor médio no tempo é dado por: ∫ ( ) ( ) √ ( ) ou Figura 6 - Potências aparente, ativa e reativa √ ( ) ( ) ou ainda Admita-se ainda que a parte imaginária da impedância é positiva (hipótese que equivale a considerar a carga como um circuito RL), que o fasor da tensão aplicada é ( ) em que Z define o módulo da impedância do conjunto RC. Observando o triângulo das impedâncias da Figura 5b verifica-se que ( ), isto é, que a potência fornecida pela fonte ao circuito coincide na íntegra com aquela dissipada na resistência. [V] e que, portanto, o fasor da corrente no circuito, mostrado na figura 6-c, é dado por: ( √ ( )) O produto: O resultado expresso pela equação acima concorda com a conclusão obtida anteriormente para as potências médias dissipadas pelos elementos resistência e capacitor. A potência fornecida pela fonte é, assim, composta por duas parcelas: 1ª. uma parcela relativa à energia dissipada por efeito Joule na resistência, que constitui um processo irreversível; 2ª. e outra parcela, alternadamente acumulada e restituída pelo capacitor à fonte. Estas trocas de 3 define a potência aparentemente fornecida ao circuito pela fonte, potência que inclui tanto a fração dissipada na componente resistiva da impedância, quanto a parcela trocada com a componente imaginária. Por outro lado, designa-se por potência reativa o produto: ( ) EEL012 – Medidas de Tensão, Corrente e Potência em Carga RLC Monofásica que representa a potência alternadamente trocada entre a fonte de tensão e o elemento acumulador de energia. As potências aparente, reativa e ativa (ativa no sentido de potência dissipada por efeito Joule sobre as resistências) definem o triângulo das potências representado na Figura 6-d. Para tanto, na prática, utiliza-se instrumentos denominados por “wattímetros” (fig.7), os quais já indicam diretamente a potência ativa no circuito. 3.2 – Fator de Potência O quociente entre a potência dissipada por efeito Joule e a potência aparente, ou seja: ( ) Figura 7 – Representação de um wattímetro é chamado por fator de potência da carga e constitui uma medida da eficácia com que a potência é transferida da fonte para a carga. Quando o fator de potência é inferior à unidade, a corrente no circuito encontra-se acima do valor estritamente necessário para transferir a potência que, na realidade se transfere, ocorrendo perdas de energia desnecessárias por efeito Joule sobre as linhas de distribuição. Onde: 0 A – bobina amperimétrica; 0 V – bobina voltimétrica. A inserção do wattímetro no circuito é feita como mostrado na figura 8. 3.3 – Correção do Fator de Potência A correção do fator de potência é uma das tarefas que mais preocupa as companhias distribuidoras de energia elétrica. Com efeito, os consumidores de energia elétrica, sejam eles os motores das fábricas ou os eletrodomésticos nas casas levam, em geral, a impedâncias com caráter indutivo, isto é, as cargas cuja parte imaginária é positiva. Nestes casos, o fator de potência pode ser melhorado introduzindo, em paralelo com a carga, um capacitor de compensação. Esta introdução de um capacitor conduz à redução da parte reativa da potência. Figura 8 – Medida de potência em circuito monofásico Supondo-se que: ̇ tem-se ̇ e, 4.0 – MEDIDA DE POTÊNCIA ELÉTRICA MONOFÁSICA onde: Para a medida de potências em circuitos monofásicos, bastaria que se usasse um voltímetro, um amperímetro e um medidor de fator de potência, cosφ. Entretanto, o uso de diversos instrumentos acarreta um erro de medição muito grande, pois temse acumulado os erros a cada instrumento. 4 O wattímetro inserido no circuito da fig. 8 indicará, então, a potência consumida pela carga Z que será: EEL012 – Medidas de Tensão, Corrente e Potência em Carga RLC Monofásica Guia da 2a aula prática – 2014 Carga RLC Monofásica Nome:________________________________________________ N _________ Data___/___/___ Turma: __________________ Bancada: ________________ 5.0 – ATIVIDADE PRÁTICA 5.1 – Medidas de Tensão, Corrente e Potência Montar o esquema segundo a figura 9. Figura 9 – Medidas com cargas R/2, (R/2 +jXL/3) e (R/2+j(XL/3) // -jXC)) O ensaio consiste em variar a carga alimentada pela fonte, através da entrada em série das cargas indutivas (bobinas) e em paralelo, do capacitor. Utilizando-se um osciloscópio digital são observadas as ondas de tensão e corrente para cada circuito medido. O Canal 1 do osciloscópio deve ser ligado aos terminais da fonte de tensão, para coleta do sinal de tensão, enquanto que o Canal 2 deve ser ligado aos terminais do resistor R, para a coleta do sinal de corrente ou através de clamps de corrente conectados no condutor que sai da fonte senoidal. Para cada tipo de carga, os valores de tensão, corrente e potência, lidos nos instrumentos de medição, devem ser anotados. Devem ser utilizadas 2 cargas R conectadas em paralelo, 3 cargas L conectadas em paralelo e 1 carga capacitiva. 5.2 – Procedimentos para Coleta de Dados a) Montar o circuito mostrado na figura 9, para carga resistiva R/2, (R/2 + jXL/3) e (R/2+j(XL/3) // -jXC)); b) Aplicar uma tensão de 100 (V), utilizando um varivolt monofásico, constante para todas as cargas, adequando-se os fundos de escala dos instrumentos de medição; c) Para cada tipo de carga anotar os valores lidos de tensão, corrente e potência ativa na tabela 1; 5 EEL012 – Medidas de Tensão, Corrente e Potência em Carga RLC Monofásica Tabela 1 – Valores medidos para os 3 tipos de carga 40 pontos Carga U (V) I (A) P (W) S (VA) Θ (°) fp Q (Var) R/2 R/2 +jXL/3 (R/2+j(XL/3) // -jXC)) 6.0 – ANÁLISE DOS RESULTADOS 1. Calcule, para cada carga (R/2, R/2 + XL/3, (R/2+j(XL/3) // -jXC)), a impedância Z resultante, bem como as resistências e reatâncias. Monte, para cada caso, o triângulo de impedâncias. 25 pontos 2. Faça o diagrama fasorial completo para cada carga, mostrando: 25 pontos a) Tensão e corrente aplicadas; b) Triângulo de potências (mostre, para a carga, as parcelas de potências reativas capacitiva e indutiva). 3. Cite algumas das razões que justificam os investimentos para aumentar o fator de potência de uma instalação. 10 pontos 6 EEL012 – Medidas de Tensão, Corrente e Potência em Carga RLC Monofásica 7 EEL012 – Medidas de Tensão, Corrente e Potência em Carga RLC Monofásica