entre discretos e rasgados: (homo)

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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES
15 a 17 de Maio de 2013
Universidade do Estado da Bahia – Campus I
Salvador - BA
ENTRE DISCRETOS E RASGADOS: (HOMO) SEXUALIDADES,
PERFORMANCES DE GÊNERO E EDUCAÇÃO
SOUSA SILVA, Cássio1
RESUMO:
Esta pesquisa é resultado do encontro com os estudos de gênero e das sexualidades não normativas
(LOURO, 2000), na qual foram investigados cinco homossexuais masculinos, inclusos numa faixa etária de
15 a 19 anos, estudantes de uma escola estadual no Pará. Compreendendo que a escola é um espaço sócio
cultural marcado pela produção das sexualidades e pela produção de “jeitos de ser”, aparecem nesta
pesquisa: Aline Kimbeli Berlôn (15 anos, estudante do 9° ano do ensino fundamental); Kethellyn Livilyn (18
anos, 1° ano do Ensino Médio); Yanny Luenny Barithelly (17 anos, estudante do 3° ano do Ensino Médio);
Guto (17 anos, estudante do 3° ano do Ensino Médio) e Evelyn Lorany (19 anos, cursa o 3° ano do Ensino
Médio). Identidades e nomes que dizem muito das performances de gênero assumidas na escola e fora dela.
Um jogo estilístico cujo campo de atuação é materializado na expressão do corpo. Desse modo, ser discreto
ou ser rasgado, categorias de análise elegidas, são dispositivos que organizam a vida social de quem nomeia
e de quem é nomeado. Assim, verificou-se que esses sujeitos estão inseridos numa hierarquia valorativa,
dependendo das performances por el@s assumid@s, sendo que diante da sociedade, incluindo na escola, os
chamados discretos eram mais valorizados, em detrimento dos rasgados, visto geralmente a partir de
marcadores negativos e inferiorizantes. Além disso, verificou-se quanto que o espaço contribui para produzir
corpos, sujeitos e posicionamentos de sujeitos e que ao mesmo tempo ele legitima essas posições através de
inúmeros discursos.
PALAVRAS-CHAVE: (Homo) sexualidades; Performances de Gênero; Discretos/Rasgados.
ABSTRACT:
This research is a result of meeting with gender study and non-normalities sexualities (LOURO, 2000), in
which was investigate five male homosexual, include in age group of 15 to 19 years, students of a state
school in Pará. Understanding which school is socio-cultural space marked by production of sexualities and
“way of being”, appear in this research: Aline Kimbeli Berlôn (15 years, student of 9th grade level);
Kethellyn Livilyn (18 years, 1 first year of high school); Yanny Luenny Barithelly (17 years, student of 3rd
year of high school); Guto (17 years, student of 3rd year of high school) e Evelyn Lorany (19 years, attends
the 3rd year high school). Identities and names that say a lot of assumed gender performances in school and
beyond. Stylistic game whose field of expertise is embodied in the expression of the body. Thus, be
“discreet” or “effusive”, categories of elected analysis, are devices that organize social life of who appoints
and whom is named. Likewise, it was found that these subject are included in a value hierarchy, depending
on performances which they assumed, and in society, including the school, the so-called “discreet” were
more valuable to the detriment of “ effusive”, usually seen from negative and inferior markers. Furthermore,
it was found that as the space helps to produce bodies, subject and positioning, and at the same it legitimate
these positions through a numerous speeches.
KEY – WORDS: Homosexualities, Performances of Gender, “Discrete” and “Effusive”.
1
Mestrando pelo Programa de Pós-graduação em Linguagens e Saberes da Amazônia (PPGLS/UFPA). Graduado em
Pedagogia. Desenvolve pesquisa sobre sociabilidades de jovens homossexuais masculinos em espaços públicos da
cidade de Bragança-PA. E-mail: [email protected];
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Introdução
Esta pesquisa é resultado do encontro com os estudos de gênero e das sexualidades, que
desde a década de 60 tem desestabilizado e “bagunçado” com as concepções modernas sobre a
construção dos sexos e dos corpos sexuados (CAETANO & HERNANDEZ, 2012a).
Entendidas como construções sociais, que apenas ganham significado quando tangidas no
âmbito da cultura e da história, gênero e sexualidade são categorias correlacionais (LOURO, 2000)
que organizam socialmente a vida de homens e mulheres e que se constroem a partir de inúmeras
aprendizagens e práticas (LOURO, 2008).
Segundo Jeffrey Weeks (2000) numa discussão histórica da construção dos sexos, aponta
que “[...] a sexualidade é, na verdade, „uma construção social‟, uma invenção histórica, a qual,
naturalmente, tem base nas possibilidades do corpo. O sentido e o peso que lhe atribuímos são,
entretanto, modelados em situações concretas.”
Ao colocar em destaque o termo construção social, Weeks chama atenção para a não
dogmatização desta prerrogativa, o que significa que ela não se restringe a uma conceituação
unilateral da sexualidade, mas possibilita novas leituras em torno desse fenômeno. E isso implica,
dentre outras coisas, em pensar o corpo e a sua materialidade como inflexões culturais
historicamente moldadas.
A noção de corpo tem ganhado cada vez mais destaque nas discussões acerca da sexualidade
e isso tem sido demasiadamente influenciado pelas reflexões tecidas pela filósofa norte-americana
Judith Butler, que considera que assim como o sexo, os corpos são produtos sócio culturais
gendrados por inúmeros discursos constantemente reiterados que fixam lugares e posicionamentos
para ambos os gêneros. Desse modo, os discursos seriam capazes de produzir os corpos por eles
nomeados. Sobre a nomeação e as práticas discursivas, Butler destaca: “[...] discursos, na verdade,
habitam corpos. Eles se acomodam em corpos; os corpos na verdade se carregam de discursos como
parte de seu próprio sangue.” (PRINS & MEIJER, 2002, p. 163).
Assim, haveriam corpos legítimos e/ou inteligíveis, reconhecidos e valorados por meio de
uma simbólica que considera a relação sexo-gênero-desejo, e outros não legítimos, initeligíveis,
considerados por Butler como corpos abjetos, considerando que essa categoria extrapola as
discussões sobre sexo, gênero e sexualidade.
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Sobre a abjeção, entendido como um processo discursivo, ela afirma: “o abjeto para mim
não se restringe de modo algum a sexo e a heteronormatividade. Relaciona-se a todo tipo de corpos
cujas vidas não são consideradas „vidas‟ e cuja materialidade é entendida como „não importante‟.”
(PRINS & MEIJER, 2002, p. 161).
Partindo dessa perspectiva, Márcio Caetano e Jimena Hernandez (2012b) ao considerarem a
noção de performatividade de gênero para a compreensão dos posicionamentos de sujeitos, por
meio do pensamento de Judith Bulter, afirmam que a sexualidade, portanto, falaria diversas
linguagens e se dirigiria a diversos tipos de pessoas, e que as possibilidades que temos de vivenciála, desestabilizariam verdades absolutas em torno do sexo e da sexualidade.
“Sua capacidade de inventar identidades, desejos e práticas fragiliza certeza
e nos denuncia que, mesmo com toda tentativa de regular, domesticar os
corpos, ou determinar as práticas pedagógicas na escola, nestes espaços
existem graus de liberdade. A sexualidade parece não seguir as regras
normalizadora da cultura, mesmo quando ela tenta domesticá-la.” 2
No que tange ao caráter de “invenção histórica da sexualidade” proposta acima, Guacira
Louro (2000) destaca que a sexualidade passou a ser no século XIX uma questão central para os
estados e também para os indivíduos, tanto que houve a necessidade de nomear os sujeitos a partir
de suas práticas sexuais. Daí, surge o homossexual como um tipo de pessoa, uma espécie de gente.
Desse modo, a autora afirma que a heterossexualidade surge em contraposição à outra. A
heterossexualidade é acompanhada pela negação daqueles chamados de desviantes, os
homossexuais. Primeiro se reconhece Quem se afasta do referencial para posteriormente se
visualizar do que e de quem se desvia. Marcados serão aqueles que não são reconhecidos como
normais, pois a heterossexualidade entendida como projeto politico de governo de si, tornou-se tão
naturalizada que chega a ser quase invisível seus desdobramentos e mais propriamente sua
construção. Por isso, a autora afirma que parece ser inato alguém eleger como objeto de seus
desejos pessoas do sexo oposto. A essa disposição ela denomina de posições de normalidade e de
diferença, considerando que ambas são significadas no campo relacional, ou seja, ambas precisam
existir, mesmo que seja discursivamente.
2
CAETANO, Márcio & HERNANDEZ, Jimena. Para Além das Dicotomias – Performances de gênero, Sexualidades e
Questões à Escola. ADVIR - UERJ, Rio de Janeiro, n.28, Jul./Dez., 2012b, p. 38-53.
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Assim, a sexualidade possui uma dimensão que antes mesmo de ser pessoal, é política
(LOURO, 2000), o que significa que: “[...] a sexualidade é uma área simbólica e política ativamente
disputada, em que grupos lutam para implementar plataformas sexuais e alterar modelos e
ideologias sexuais.” (VANCE, 1995, p. 15)
Essa tem sido uma dimensão pouco discutida, mesmo considerando os diversos
posicionamentos de sujeitos, que podem ser compreendidos numa perspectiva de resistência, mas
que são esvaziados de conotação arbitrária a um modelo hegemônico. Compreende-se que os
projetos sexuais são atrelados a uma lógica de projetos de gente, de comportamentos sociais, de
controle social, de um sistema do qual a própria sexualidade faz parte. Ela atenderia, assim, a um
projeto politico que é macro, co-substancializado por meio de muitos meios institucionais, sendo
que a escola, seu currículo e suas ações educativas seguem nessa direção. Há uma disputa politica
de sistemas ideológicos em torno da sexualidade e isso se materializa nos discursos engendrados
(que constituem meninos e meninas, homens e mulheres). Essas plataformas, a qual se refere Carole
Vance diz respeito justamente ao governo politico da vida. Segundo Jeffrey Weeks (2000), a
“Sexualidade tem sido um marcador particularmente sensível de outras relações de poder”.
Dessa forma, compreender as diversas faces e as dimensões que marcam o estilo de vida
homossexual em Bragança se constitui numa necessidade política e social, antes mesmo de ser
científica, tendo em vista que o cenário sociocultural de Bragança possui uma expressividade de
sujeitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) que “bagunçam” um contexto
tradicionalmente cultural, marcado principalmente pelo pensamento social religioso.
A esse respeito, afirma-se que no contexto cultural de Bragança, a “bicha” tem sido o
homossexual masculino que assume uma posição “passiva” (dominado sexual e socialmente)
durante o intercurso sexual e o “bofe”, expresso na figura do “boy”, é aquele que não perdendo sua
macheza, a afirma numa dominação falocêntrica sobre outro homem, por isso é aquele que penetra,
ou seja, o que assume a posição de “ativo” (dominador), e que nenhum momento se vê “afetado”
por uma possível identidade homossexual, mantendo vivo o modelo “Hierárquico-popular”
proposto pelos antropólogos Peter Fry e Edward MacRae na década de 80, que se baseia na
hierarquia de gênero (Masculinidade/atividade sexual versus Feminilidade/passividade sexual), em
detrimento do modelo “Igualitário-moderno”, predominante em grandes cidades e entres as classes
médias do Brasil.
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Isso se faz importante para entendermos que no Brasil a relação atividade sexual e
identidade sexual não é, necessariamente complementar, podendo ser conflitiva muita das vezes
devido à complexidade que envolve esse processo de identificação, conforme afirma Jeffrey Weeks:
“(...) a relação entre atos sexuais e identidades sexuais não é uma relação
fixa e que ela é projetada, a um grande custo, a partir do local e da época do
observador para outros locais e épocas. [...] A relação entre o ato e a
identidade sexual, de um lado, e a comunidade sexual, de outro, é
igualmente variável e complexa.” 3
Por essa razão, considera-se que, pelo menos no contexto de Bragança, o pensamento
religioso, colonial e castrador, tem influenciado demasiadamente estes estados (e permanências) e
reafirmado a posição da homossexualidade como prática não normativa, configurada no pecado. O
que permite com essas práticas ainda ocorram no silenciamento, “na calada da noite”, “as
escondidas”, na escuridão dos becos e em lugares abandonados.
Por isso, a sexualidade, conforme afirma Weeks, exprime mais elementos da cultura, dos
modos de operar organicamente as coisas, do que propriamente do corpo e de sua expressão,
mesmo considerando que esse corpo não é mais um produto in natura. Assim ganha maior
notoriedade para a sociedade uma possível naturalização do comportamento da bicha como
afeminada, não porque sua biologia é assim referente, mas devido sua posição social e sexual se
remeter aos mesmos atributos de gênero do sexo feminino. Para uma categorização, herança do
pensamento moderno, a bicha, por não possuir (ou não querer ter) uma masculinidade hegemônica,
estaria mais para o âmbito do feminino do que mais propriamente do masculino, mantendo assim, a
binaridade de gênero, tão questionado pelos estudos atuais da sexualidade. Até que ponto masculino
e
feminino
representariam
identitariamente
as
possibilidades
alcançadas
pelos
novos
direcionamentos dos desejos, visto que as formas de viver os desejos acabaram redimensionando
nossas posições identitárias (CAETANO & HERNANDEZ, 2012a).
Nesse sentido, o questionado não seria mais a bicha afeminada, que por efeito deve ser o
homossexual “rasgado”, conforme veremos mais a frente, mas sim aquele que continua sendo
“discreto”, que permanece numa inteligibilidade cultural, pois compreende-se que a sua
masculinidade já não mais lhe cabe.
3
WEEKS, Jeffrey. O Corpo e a Sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes. (org). O Corpo Educado – Pedagogias da
Sexualidade. 2ª Ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
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“E aí mana!” – Estratégias de Permanência em Campo.
A realização da pesquisa se deve em especial pelas “formas” (que ao contrário da pretensão
do termo, não significa estado de completude, nem acabamento) das abordagens utilizadas em
campo com os sujeitos pesquisados. Isso significa que a construção de uma pesquisa, pelo menos
neste caso, não se delineia de uma efemeridade que de certa forma ronda a curiosidade cientifica.
Pelo contrário, exige contornos e traçados que são desenhados num momento anterior a delimitação
do “objeto” de investigação e a coleta dos dados em si, visto que este último, apenas se potencializa
por meio de informações prévias antes observadas.
Sendo assim, o tempo da pesquisa, que se estendeu de Dezembro de 2011 a Junho de 2012,
foi diferente do tempo dos sujeitos. Ao tempo da pesquisa foi acrescentado o tempo de convívio
com os alunos, permitido pela condição de funcionário da escola. O primeiro contato com @s
menin@s se estabeleceu antes mesmos da “incorporação da pesquisa”, se assim podemos chamar.
Como merendeiro da escola, pude presenciar várias situações e analisar vários elementos somente
permitidos por essa condição de funcionário-pesquisador.
Assim, destacam-se desde conversas sobre as experiências sexuais e amorosas vivenciadas,
passando pelo registro do processo pelo qual se assumiram homossexuais dentro e fora da escola,
até as dificuldades que enfrentavam como jovens homossexuais, os desafios da conclusão da
educação básica, a procura pelo primeiro emprego, a necessidade de se estabilizar financeiramente.
Assim como também as angustias que sentiam diante desses desafios.
Por essa razão, acabei sendo percebido muito mais com “outra bicha” do que mais
precisamente como um pesquisador. Esse é outro ponto que facilitou a minha permanência em
campo e fortaleceu a relação com os homossexuais pesquisados. Aos olhos deles, a igualdade que
nos aproximava, pelo fato de pertencemos a um mesmo grupo “gays e bichas”, permitiu que a
ordem do contato fosse pela via da familiarização, vinculo este transformado em amizade
posteriormente.
Daí que utilizo a expressão “E aí mana4!” como uma forma de aproximação, de acolhida,
todas as vezes que estes homossexuais chegavam a escola e se direcionavam à copa (refeitório) para
4
O termo Mana é uma expressão muito utilizada no Pará para iniciar um diálogo, mesmo quando os interlocutores não
se conhecem. Remete ao caráter cultural do paraense, pela via linguística, no estabelecimento de suas relações sociais.
No dialogo entre homossexuais masculinos, principalmente, é muito empregado, assim como outras expressões, a
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conversar. Estas eram prolongadas e carregadas de euforia sobre os fatos por eles vividos no seu
cotidiano e no itinerário casa-escola.
No decorrer dos tempos, a copa da escola se tornou um espaço “ilícito” de sociabilidade
homossexual. Ilícito porque suas frequências eram contestadas pela direção todas as vezes que estes
eram vistos neste espaço. Entretanto, era em si um lugar de encontro, de sentido (ou da busca de) da
homossexualidade. Ao entrarem na escola pelo portão lateral destinado somente aos alunos,
deixavam seus cadernos nas suas respectivas carteiras e se direcionavam a copa. Nesse lugar se
falava de tudo, ou quase tudo, pois haviam assuntos que mesmo com a aproximação que tínhamos
não poderiam ser revelados, a exemplo do caso de uma das mães do entrevistados que era envolvida
com tráfico de drogas, e que somente foi externalizado ao pesquisador pela via de outro
entrevistado que o conhecia.
E como estratégia metodológica, optou-se em fazer um registro escrito dessas conversas,
consideradas como informais, mas carregadas de sentidos. Uma espécie de bloco de anotações, no
qual eram escritas aquelas informações que chamavam a atenção do pesquisador. No momento de
registro, tinha-se uma preocupação de não fazê-lo diante dos interlocutores, a fim de evitar
constrangimentos, interrupção de discursos e também qualquer problema ao andamento da
pesquisa. Dessa forma, permitia-se que a conversa e as informações fossem relatadas da forma mais
fluida possível. Optei por não registrar as conversas nas suas presenças, visto que tentei privilegiar
as chamadas “escutas sensíveis” durante o processo de conversação.
Compuseram estas anotações, o registro de diversas situações da vida cotidiana ocorridas na
escola e que envolviam os sujeitos investigados. Estas situações foram descritas a partir do olhar do
pesquisador ou então a partir de conversas obtidas com outros sujeitos, geralmente alunos que
presenciaram os fatos. Na maioria situações ocorridas no espaço do refeitório, que agregava um
contingente expressivo de alunos nos intervalos das aulas, inclusive no recreio, e onde estão o
bicicletário, a copa, uma lanchonete, os banheiros e uma pequena praça.
exemplo o termo “A senhora”, de sentido polissêmico, que geralmente atribui numa perspectiva intergeracional uma
depreciação a outro homossexual masculino. Note-se que ambos fazem referencia a uma feminilidade da bicha.
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“E ela chega!” 5 - Performatizando Corpos e Identidades na Escola
A partir dessa compreensão, esta pesquisa procurou investigar o cotidiano de cinco
homossexuais, estudantes do turno da tarde de uma escola da rede estadual de ensino, no município
de Bragança, nordeste paraense. A faixa etária dos/das pesquisad@s corresponde ao intervalo entre
15 a 19 anos, tendo como referência o término da pesquisa (Junho de 2012). Dessa forma, aparecem
nesta pesquisa: Aline Kimbeli Berlôn (15 anos, estudante do 9° ano do ensino fundamental);
Kethellyn Livilyn (18 anos, 1° ano do Ensino Médio); Yanny Luenny Barithelly (17 anos, estudante
do 3° ano do Ensino Médio); Guto (17 anos, estudante do 3° ano do Ensino Médio) e Evelyn
Lorany (19 anos, cursa o 3° ano do Ensino Médio).
Os nomes são fictícios e foram escolhidos durante a aplicação de questionários, entretanto
alguns nomes já compõem o cotidiano de vivências desses sujeitos, pois se apresentam a partir deles
para a comunidade LGBT. Portanto, são nomes sociais já usados antes da pesquisa, com mais ou
menos intensidade. Além disso, estes nomes dizem muito das performances de gênero por el@s
assumidas.
Desse modo, durante este trabalho aparecem como categorias de análise, dois
posicionamentos de sujeitos surgidos em campo, o homossexual considerado discreto e os ditos
rasgados, e que serão problematizados a partir da noção de performances de gênero de Judith
Butler, que também é discutida no campo educacional nos trabalhos de Marcio Caetano e Jimena
Hernandez.
São identidades performativas (CAETANO & HERNANDEZ, 2012a) que constantemente
são assumidas pelos homossexuais e que organiza e rege suas vidas seja dentro ou fora da escola e
que podem se aproximar ou tendem a se afastar dos comportamentos esperados por cada um/uma
desses sujeitos em relação aos seus sexos, as chamadas convenções sociais de gênero.
Nessa perspectiva, destaca-se a fala de Yanny Luenny Barithelly, homossexual considerado
“rasgado” e que por assumir essa identidade performativa passou por momentos complicados na
vida, momentos que marcaram sua trajetória biográfica.
5
Discurso proferido pel@ Guto na maioria das vezes que este chegava à escola. Guto é o único homossexual que
apresenta um codinome masculino, e isso se deve ao fato de tentar se masculinizar diante dos demais, como forma de
ganhar prestigio social, apesar de na escola assumir uma performance mais afeminada, exemplificada pela expressão
acima. Além disso, é uma estratégia erótica, como forma de atrair futuros parceiros.
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Porque eu acho assim me rasgar ... tem gente que diz “Não é preciso se
rasgar pra demonstrar o que é!” ... O que adianta eu fazer uma coisa que eu
não goste, me incubar, como fazem, né? ... Ser discreto! Eu não consigo ser
assim e eu sou assim e me rasgo mesmo, eu não sou discreto ... eu faço isso
porque eu gosto. Eu acho legal sabe, pra mim. Aí as pessoas que dizem que
não é legal, “que não sei o quê”, mas pra mim a minha vida é aquilo, se eu
acho legal, aquilo é minha felicidade.
Assim fica claro, entendermos porque essas posições de sujeitos são identitárias conforme
visto acima, pois estão imbricadas diretamente com a produção de alteridades de cada um e cada
uma, numa rede de significados que perpassam além de seus corpos, sendo este entendido como a
materialidade de um modo de vida, e as suas vivencias são compreendidas como a concretização
dos seus desejos.
Esse discurso interior “Não é preciso se rasgar pra demonstrar o que é!”, é comumente dito
e direcionado as práticas transgressivas levadas a cabo pelo tido “rasgado”. São estes os que causam
mais incomodo, porque contrapõem um modelo hegemônico de moralidade. Por isso, o discurso é
coercitivo porque tenta controlar e moldar um perfil aceitável de bicha.
Yanny ao afirmar que não é discreto, porque não consegue, visto que há a in-corporação de
uma identidade e por isso é rasgado mesmo, Yanny não elimina completamente o uso social da
outra categoria, pois para el@ isso se configura numa estratégia de inserção em determinados
espaços que exigem uma outra lógica de posicionamento, conforme, podemos verificar:
Discreto eu não vou dizer que eu sou. Rasgado eu sou sim, mas também sei
ser discreto. (...) No meu local de trabalho eu não vou me rasgar. Assim,
tirar brincadeiras, de vez em quando, mas não sempre, porque local de
trabalho é diferente de outro local. E agora pra mim ... me rasgar ... eu
prefiro num lugar assim, em que não ... tipo ... bem longe de um local de
trabalho, se eu tiver.
No entanto o uso dessas identidades performativas gera certa confusão em torno da relação
sexo – gênero – identidade de gênero/orientação sexual, além de também estarem relacionadas com
os papeis sociais de cada gênero na sociedade e ao uso social (ou funcionalidade) dado a
masculinidade e a feminilidade de cada sujeito nos mais diferentes contextos. Assim, pode-se
entender que a dinâmica social (ou o controle da vida) definiria os atos performativos, de acordo
com a fala abaixo:
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Pesquisador (P): [...] então como é que tu consegue enxergar aqueles gays
que são ditos rasgados e aqueles gays que são ditos discretos, mais
masculinos ... qual é a diferença entre eles?
Kethellyn Livilyn (K.L.): as diferenças é que cada qual tem o seu jeito de
se expressar, entendeu? Todos! ... porque tem gays que não gostam daquilo
de tá se rasgando porque acham feio, entendeu? Eles pensam que as outras
pessoas que vão tá vendo aquilo, não vão gostar, aí pelo fato se vestem
normal como homem, entendeu? Já os gays que gostam de se rasgar são os
gays que já estão pensando em ser travesti, entendeu? Com isso os rasgados
tem uma tendência de ser travesti mais na frente, no próximo plano.
P: quem é mais bem aceito pela sociedade?
K. L.: eu acho que é o gay. O gay que se veste de homem.
P.: por quê?
K. L.: porque é uma relação com as outras pessoas normal, não é diferente a
relação entendeu, com a vestimenta, entendeu? Já o gay rasgado NÃO, usa
roupa de mulher, só que o corpo dele ainda é de homem, fica feio,
entendeu?
A Kethellyn Livilyn traz muitas questões interessantes para a análise e isso é “bom pra
pensar”. Primeiro que essa confusão não deixa de fixar lugares normativos para ambas os sexos e
também para as identidades performativas. A feminilidade continuaria sendo característica da
mulher e a masculinidade permaneceria relacionada aos homens e o corpo seria o marcador que
destituiria valor (moral) ao uso da masculinidade e da feminilidade.
Por isso, o homossexual tenderia a ser uma travesti, pois na tentativa de se afeminar deixaria
os aspectos da masculinidade (contraposto da outra), pois “fica feio” um corpo de homem
afeminado. Daí que o posicionamento de “rasgado”, regido pela feminilidade, seria visto como um
processo de transição. Isso pode ser interessante para explicar, em certa medida, os motivos que
levariam certos homossexuais, ditos afeminados, usarem saias e até dançarem “como mulheres” em
ensaios de quadrilhas como foi relatado na pesquisa.
Para finalizar trazemos o relato de Aline Kimberli, @ mais jovem dos homossexuais
entrevistados. Aline possui pais separados e acabou sendo criad@ pela avó paterna, juntamente com
o seu pai. Desde criança acompanhava a avó em culto religioso católico, e por conta disso, seu
entendimento de mundo e da experiência homossexual, a maneira como vive seus desejos e a sua
vida, ainda é governado por preceitos da ordem moral religiosa.
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Ao ser perguntad@ sobre o que é ser gay, Aline responde da seguinte forma: “Ah! eu não
sei, não sei. Não acho que é diferente do que as outras pessoas, sabe? É uma pessoa que tem uma
opção diferente, tá entendendo?”. Logo após, Aline chega a comentar sobre como percebe as
performances realizadas por esses homossexuais, inferindo juízo de valor sobre o homossexual
considerado como rasgado:
“Ah! Eu não sei. Tem tanto jeito. Tem aquele gay rasgado, aquele gay
rasgado MESMO, né? Que pra mim aquilo é vulgar. Eu não acho bonito.
Mas assim, sendo teus amigos, tu se rasgar num lugar fechado, ah... eu
acho... que isso é TUDO, tá entendendo? [...] na sociedade a gente tem que
pegar uma postura, ou uma postura de mulher ou uma postura de homem, tá
entendendo”.
Assim, haveria graus em relação as performances usadas, representada pela acentuação do
termo MESMO, para dizer de uma afeminação exacerbada. Dependendo desses graus haveriam
modos de aceitação diferenciados. Como expressão do corpo vivido esses homossexuais se utilizam
em seus atos performativos diversos adereços, dentre os quais se incluem os corpos para a
expressão e apresentação de si.
Sendo assim, percebemos que existem significações diferentes quanto as performances de
gênero assumidas por Aline nas diferentes situações em vive, afirmando que ser rasgado e ser
discreto depende muito do lugar e da situação na qual se encontra. Por exemplo, considera que a
escola e os ensaios de quadrilhas de festas juninas, da qual participa, são lugares que se sente mais a
vontade para frescar6, em contrapartida, em casa e na igreja, assume uma postura muito mais séria,
evitando esse tipo de ação. Afirma que pelo fato de existir outros homossexuais na escola facilita o
fato del@ se rasgar. Dentro da escola, Aline costuma geralmente circular em companhia de
meninas, colegas de turma.
Além disso, destaca-se que apesar de dizer que a performance de gênero de rasgado,
associada a conjugação “se rasgar”, referindo-se a liberdade de expressão nos momentos de
encontro com outros homossexuais, é “TUDO” (no sentido de ser extremamente valorizada), Aline
a considera como uma prática “vulgar” que deve ser realizada somente em lugares “fechados”. Há,
portanto, uma depreciação do rasgado, não necessariamente dele, mas do que é capaz de fazer.
6
Termo êmico do bajubar que significa, expressar-se mais livremente em suas performances, trejeitos e ações. Também
pode ser entendido como sinônimo do termo “se rasgar”.
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Ademais, a compreensão de Aline sobre a performatividade do rasgado é diretamente permeada
pelos valores heternormativos, que admite apenas duas maneiras de expressão, ou posturas como
destaca, a de homem e a de mulher, cabendo ao homossexual assumir essas posições diante da
sociedade, o que é corroborado também pela sua formação religiosa.
Outro aspecto presente na entrevista com Aline Kimberli, diz respeito ao fato de querer
assumir para si uma identidade travesti. Ao ser perguntad@ sobre como surgiu essa vontade, disse:
“Ah (...) eu não sei. Tenho vontade de ter cabelo grande (...) eu me vejo assim: um professor dando
uma aula, ter a minha casa, meu emprego e ser uma travesti”; “Eu já me vejo sabe lá uma
mulherzinha de cabelo baixinho [...]”. Ao ser perguntado se pretende mudar de sexo, respondeu
que não, que continuaria a ser do sexo masculino, mas socialmente desejava assumir uma
identidade feminina, com postura séria, educada, de modo a adquirir respeito diante da sociedade,
negando o aspecto que considera “vulgar” de outras travestis. A esse respeito considera o conjunto
de conflitos e impasses que o processo de assumir uma identidade travesti pode gerar dentro da
escola (enquanto professor) e fora, em espaço como o da igreja, temendo o fato de não poder mais
frequentar esse espaço por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero.
Como estudante da 9º ano (antiga 8ª série) afirma que durante esses quatro anos de estudo, a
escola nunca trabalhou com questões ligadas a diversidade sexual, orientação sexual e homofobia.
Afirma que ao trabalhar com essas questões, a escola poderia está contribuindo para a diminuição
dos preconceitos contra os homossexuais.
Considerações Finais
“Os desejos são os artesões da identidade e a liberdade o limite da criatividade.”
CAETANO & HERNANDEZ, 2012a.
Ao concluir este texto, retoma-se o caráter politico da sexualidade e das discussões, para
dizer que a universidade que no inicio década de 80, foi a proponente no debate de gênero no Brasil
através das intelectuais feministas, possui uma importância epistemológica fundamental para a
crítica e rompimento com modelos hegemônicos de controle dos corpos e governo da vida, na
tentativa de que os debates realizados neste espaço sejam direcionados a aqueles e aquelas que
cotidianamente vivem nas “regiões sombrias da ontologia”. (BULTER apud PRINS & MEIJER,
2002, p. 157).
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Dessa forma, considera-se as seguintes conclusões, que são infindáveis e recorrentes:
A escola ainda se mantém distante do debate das sexualidades não-normativas, não
admitindo outras relações afetivas e sexuais que não seja a heterossexual. A escola cria mecanismos
que oculta e fragiliza a dimensão da vida homossexual em seu espaço, pois entende que toda e
qualquer tentativa de mudar essas posições são ameaças a sua ordem. “A vocação normatizadora da
Educação vê-se ameaçada.” (LOURO, 2000).
Isso pode ser exemplificado quando a coordenação da escola resolveu separar em salas
diferentes três homossexuais estudantes do 3º ano do ensino médio – Evelyn Lorany, Yanny
Luenny e Guto. Então, reconhecer que na escola existem sujeitos que possuem identidades sexuais e
de gênero diferentes da heterossexual, e entendê-los na sua condição e singularidade (MISKOLCI,
2005), é o primeiro passo para a construção de uma educação democrática, plural e libertadora, pois
a diversidade sexual precisa ser entendida como um elemento propositivo de ação do trabalho
pedagógico na escola.
Compreende-se que a escola continua sendo regida pelo esquema disciplinar e coercitivo,
que educa meninos e meninas, para viverem, respectivamente, suas masculinidades e feminilidades.
Constroem neles expectativas referentes aos modos como devem, e consequentemente como não
devem, se comportar diante da sociedade.
Em relação as performances de gênero consideradas neste artigo, percebe-se que há uma
hierarquia valorativa, sendo que diante da sociedade em geral, inclusive para alguns homossexuais
entrevistados, os homossexuais ditos discretos (aqueles que são mais masculinos, mais contidos em
suas performances, que não faz uso do bajubar7, e que geralmente não é visto em meio a grupos de
“bichas”), são mais valorizados, em detrimento dos rasgados (caracterizados como afeminados,
espalhafatosos, “os que gostam de chamar a atenção”, que fazem uso do bajubar, e geralmente
convivem com grupos de homossexuais desse mesmo perfil e que carregam em si traços da
feminilidade), o que significa que há diferenças de tratamento entre os homossexuais com ambas as
performances dentro da escola.
Pela hierarquia de poder produzida entre masculino e feminino, percebe-se que há uma
continuidade na lógica social que fortalece o binarismo de gênero, e isso tende a ser mais pertinente
quando esse binarismo (feminino/masculino) é posicionado na (des)construção da masculinidade
hegemônica. Como os homossexuais masculinos, em especial os rasgados espelham em seus corpos
7
Código linguístico utilizado pelos homossexuais.
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e corporalidades (expressões de si) sinais de feminilidade, ameaçam mais diretamente o domínio
masculino, e as escalas hierárquicas de poder entre os gêneros, pois ao associar a imagem masculina
à performances femininas, conseguem expor uma fragilidade na “macheza” do homem.
Outro aspecto investigado diz respeito a uma fluidez na expressão das duas performances de
gênero, pois ser discreto ou rasgado, apareceram durante as entrevistas realizadas como um
dispositivo que poderia ser usado conforme as situações vividas e os lugares frequentados, apesar
dessas performances estarem inscritas em seus corpos, ou seja, incorporadas, o que permite com
que sejam visibilizadas cotidianamente.
São posicionamentos identitários que antes mesmo de serem sociais, são políticos, pois
remetem a tentativas (insistências), mesmo que inconscientemente, na ruptura com uma lógica da
ilegibilidade sexual (CAETANO & HERNANDEZ, 2012a). Compreende-se que são expressões
corporais que compõe a denominada Estilística Corporal (Ibid, 2012a) e que acabam impregnando
os seus corpos, ganhando dimensão que chegam por vezes a ultrapassá-los. O corpo, torna-se,
portanto, o outdoor do sexo.
Por isso, Caetano e Hernandez afirmam, que a configuração do corpo tende a proceder a
configuração identitária. Ambos lançam mãos da idéia de identidades performativas para dizer
desse jogo de configurações.
“A variabilidade performativa da identificação (em que os desejos ou as
fantasias sobre uma determinada identidade realizam performances, ou seja,
leituras individuais sobre a identidade) pressupõe o exercício da liberdade –
condição central à invenção das coisas, das criatividades pedagógicas e das
sexualidades.” 8
O entendimento de que o corpo abjeto passa a ganhar um novo sentido social a partir de sua
visibilidade, é fundamental para a compreensão de que esses corpos somente existem, segundo
Judith Butler, para “impor ou invocar essa existência „impossível’.” (PRINS & MEIJER, 2002).
8
CAETANO, Marcio & HERNANDEZ, Jimena. Conta-me sua história ainda que não seja a verdade: Invenção de si e
as trajetórias escolares. In: Anais do VI Encontro Internacional de Estudos Sobre Diversidade Sexual e Gênero
(ABEH), Salvador, Bahia, 2012a.
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Referências Bibliográficas
CAETANO, Marcio & HERNANDEZ, Jimena. Conta-me sua história ainda que não seja a
verdade: Invenção de si e as trajetórias escolares. In: Anais do VI Encontro Internacional de
Estudos Sobre Diversidade Sexual e Gênero (ABEH), Salvador, Bahia, 2012a;
______. Para Além das Dicotomias – Performances de gênero, Sexualidades e Questões à Escola.
ADVIR - UERJ, Rio de Janeiro, p. 38-53, n.28, Jul./Dez., 2012b.
LOURO, Guacira. Pedagogias da Sexualidade. In: _____. O Corpo Educado – Pedagogias da
Sexualidade. 2ª Ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
______. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições. Revista da Faculdade
de Educação da UNICAMP, Campinas-SP, v.19, n°2, p. 17-23, ago. 2008;
MISKOLCI, Richard. Um Corpo Estranho na sala de aula. In: ABRAMOWICZ, Anete &
SILVERIO, Valter. Afirmando Diferenças. Campinas – SP: Papirus, 2005, pp.13-25.
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Jovens Homossexuais num Escola Estadual, Bragança-PA. Trabalho de Conclusão de Curso.
Faculdade de Educação. Universidade Federal do Pará, Bragança, 2012.
VANCE, Carole S. A antropologia redescobre a sexualidade: Um comentário teórico. Revista de
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n 1, 1995;
WEEKS, Jeffrey. O Corpo e a Sexualidade. In: LOURO, Guacira Lopes. (org). O Corpo Educado –
Pedagogias da Sexualidade. 2ª Ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
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