USO DE MODELO ANATÔMICO NO ENSINO DA ECOCARDIOGRAFIA BIDIMENSIONAL EM CÃES Mirian Aparecida de Queiroz Barboza Ferreira1, Rinaldo Cavalcante Ferri2 ,Juliana Barreto Lopes Rodrigues3 , Fabrício Bezerra de Sá4. Introdução Nas últimas décadas, a medicina veterinária tem se especializado cada vez mais. Juntamente com este processo de especialização, novas tecnologias largamente empregadas na medicina humana, têm sido gradativamente utilizadas nas áreas da clínica veterinária, como por exemplo, o ultrassom, ressonância magnética, tomografia computadorizada, dentre outros. No campo da cardiologia veterinária, área em expansão na região Nordeste, o uso destas tecnologias se faz necessário para a obtenção de diagnósticos cada vez mais precisos e rápidos. Um exemplo é o equipamento de ecocardiografia. [1] A ecocardiografia é uma ferramenta de diagnóstico da morfologia e função do coração, a qual consiste na emissão de ondas sonoras de mais de 20 mil Hz (ultrassom). Este método possibilita ao cardiologista a visualização detalhada de todas as estruturas cardíacas como válvulas, câmaras e os grandes vasos. O equipamento de ecocardiografia permite também a mensuração das estruturas cardíacas, bem como, associado aos estudos Doppler, possibilita a visualização do fluxo sanguíneo do órgão. [1], [2] [3] A maioria dos exames ecocardiográficos inicia-se com a ecocardiografia bidimensional. Esta consiste na visualização do coração em “cortes” ou planos. Estes compreendem o plano sagital, coronal, apical (a partir do ápice do ventrículo esquerdo) e angular (planos múltiplos). [1], [2] Apesar desta ferramenta de diagnóstico proporcionar uma avaliação tão abrangente do coração, a técnica empregada bem como a experiência do cardiologista veterinário é crucial para a obtenção de dados verossímeis e completos da morfologia e função cardíaca.[4] Com este trabalho, objetivamos desenvolver modelos anatômicos do coração canino e associá-los a imagens de ecocardiografia bidimensional como ferramenta de ensino deste método diagnóstico. Material e métodos A. Animais Foram utilizados para este estudo 8 corações de cães provenientes da Área de Anatomia do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da UFRPE (DMFA/UFRPE). Os animais foram submetidos ao processo de fixação por meio da perfusão retrógrada das artérias carótidas com solução de Formaldeído a 10% em tampão fosfato 0,1M (pH 7.2). Em seguida, os animais foram mantidos em tanques contendo a mesma solução fixadora, por dois dias. B. Processamento do material Os corações foram removidos da cavidade torácica, e devidamente dissecados, retirando-se o pericárdio e fáscias. Os corações foram seccionados em cortes de 1 cm de espessura com o auxílio de uma lâmina de aço, nos seguintes planos: plano sagital, plano coronal, plano apical e plano angular. Os cortes foram imersos em solução de Formaldeído a 10% e mantidos em frascos de acrílico transparente para posterior aos alunos. Em cada corte, as estruturas anatômicas do coração foram identificadas por meio de etiquetas numeradas as quais correspondiam a uma legenda anexada ao frasco do respectivo corte. C. Obtenção das imagens ecocardiográficas As imagens de ecocardiografia foram obtidas do Serviço de Cardiologia da Clínica Veterinária Sanchez e Ferri, as quais foram editadas e redimensionadas com o auxílio do programa computacional Microsoft Office PowerPoint 2007 ®, para a utilização nas aulas práticas de anatomia veterinária. ________________________________ 1.Primeiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros,s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected] 2. Segundo Autor é Médico Veterinário Autônomo, Recife-PE. 3. Terceiro Autor é Discente do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manoel de Medeiros,s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. 4. Terceiro Autor é Professor Adjunto do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manoel de Medeiros, S/N. Dois Irmãos, Recife, PE. Resultados e Discussão Os cortes do coração foram bem aceitos e ajudaram os discentes a interpretarem melhor o exame ecocardiográfico bidimensional, identificando cada estrutura interna do coração como cavidade, septos, válvulas, saliências e vasos da base. Através da observação prévia dos cortes os discentes souberam interpretar cada estrutura visualizada no exame ecocardiográfico correspondente. A comparação entre os modelos anatômicos e imagens diagnósticas mostrou-se de grande importância ao aprendizado dos discentes na interpretação deste exame que no momento a Instituição não dispõe de equipamentos que realizem tais procedimentos diagnósticos. Referências [1] DARKE.P; BONAGURA, J.D.; KELLY, D.F. Atlas Ilustrado de Cardiologia Veterinária. 1ed. São Paulo; Manole, 2000. p. 43-65. [2] THOMAS, W.P. Two-dimensional, Real-time echocardiography in the dog. Vet Radiology. 1984; (25): 50-64. [3] DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. 2ed. Rio de Janeiro; Koogan, 1997. p. 171189. [4] TERZO, E. et al. Echocardiographic Assessment Of 537 Dogs with Mitral Valve Prolapse and Leaflet Involvement. Utrasound. 2009, 50 (4). p. 416-422.