O dinamismo económico dos países capitalistas - O poderio americano e o milagre japonês. O poderio americano Como já estudaste, após a II Guerra Mundial os EUA transformaram-se na maior potência militar e económica do Mundo. Em termos militares, os americanos conseguiram instalar estrategicamente, um pouco por todo o mundo, bases militares, soldados e armas. A nível económico deu-se um grande desenvolvimento que possibilitou o quase pleno emprego e a subida dos salários. Assim, o poder de compra da população aumentou, o que permitiu melhorar o seu nível de vida. O poderio americano reforçou-se também a nível externo, com a criação de sociedades multinacionais, ou seja, empresas que instalaram filiais noutros países onde a mão-de-obra e as matérias-primas eram mais baratas. O rápido crescimento económico, baseado, também, na modernização tecnológica, originou um estilo de vida próprio - o American way of life, onde o bem-estar e o acesso aos bens de consumo como o automóvel, o frigorífico, a televisão e o cinema, beneficiaram grande parte da população. Esse modo de vida estendeu-se rapidamente a outros países. Em 1955, contando cerca de 6% da população do planeta, os EUA acumulavam cerca de 50% da produção mundial de mercadorias. Neste período de prosperidade, o candidato do Partido Democrata, John F. Kennedy, foi eleito presidente (1961). Durante o seu curto mandato, que duraria até ao seu assassínio em 1963, este governante tentou mobilizar os EUA para a conquista do Espaço, para a eliminação da pobreza e para a defesa dos direitos cívicos, nomeadamente da comunidade afro-americana. A política de Kennedy foi continuada pelo seu sucessor, Lyndon Johnson, tendo, então, melhorado o nível de vida dos americanos. As dificuldades da economia americana A partir de finais dos anos 60 do século XX, a tendência de crescimento foi, no entanto, invertida, quando os EUA entraram numa crise, motivada, essencialmente, pela sua participação na Guerra do Vietname. A intervenção dos EUA tinha como objectivo assegurar a sua influência no Sueste Asiático; contudo, os gastos financeiros, o elevado número das suas perdas militares e a derrota final marcaram negativamente a sociedade americana. Para a crise americana contribuiu, igualmente, a desvalorização do dólar, a concorrência de outras potências industrializadas, como o Japão e alguns países europeus, assim como a subida acentuada do preço do petróleo decretada pelos países árabes em 1973, como retaliação contra a ajuda americana a Israel. Na década de 80, o desenvolvimento de sectores como a informática e a electrónica impulsionou de novo a economia americana. O «milagre» japonês As consequências da guerra No final da II Guerra Mundial, o Japão era um país derrotado e economicamente aniquilado, uma vez que: > fora obrigado a renunciar aos seus territórios na China, na Coreia e nas Ilhas do Pacífico e a aplicar um programa de desmilitarização; > tinha sofrido, durante a guerra, ataques dos EUA que haviam destruido fábricas, instalações militares e duas das suas cidades; > fora ocupado por tropas norte-americanas, que lhe impuseram o seu modelo político e económico. De facto, entre 1945 e 1951, o general norte-americano Mac Arthur assegurou a transição do Japão para um regime democrático, impondo um programa de profundas reformas que em poucos anos alterou as estruturas económicas e políticas. Apesar da abertura política, o Japão manteve-se com um nível de crescimento económico baixo até que o conflito com a Coreia (1950-53) veio alterar a situação. Os norte-americanos, receosos da expansão socialista (chinesa e soviética) na Ásia e apercebendo-se da importância estratégica do Japão, incentivaram a recuperação japonesa, fornecendo-lhe capitais, matérias-primas, máquinas e tecnologia. A recuperação O auxílio americano ajudou a transformar o Japão numa grande potência mundial. A partir dos anos 60, os seus produtos invadiram os mercados internacionais a preços competitivos. A siderurgia, a petroquímica, a electrónica, a construção naval e a indústria automóvel foram os sectores mais desenvolvidos, que ajudaram a criar uma balança comercial favorável. Para além do auxílio americano, o crescimento da economia japonesa ficou, também, a dever-se a outros factores, como: > mão-de-obra abundante, com espírito de disciplina, de obediência e de sacrifício, e elevado nível de escolaridade; > forte colaboração entre o Estado e as empresas (através de medidas proteccionistas) e entre estas e os trabalhadores (garantindo a formação de profissionais qualificados); > espírito de inovação que levou à introdução gradual de novos processos de fabrico como a automação e a robotização; > grandes e pequenas empresas que existiam em simultâneo, complementando-se. O Japão conseguiu, deste modo, levar a cabo um «verdadeiro milagre» na recuperação da sua economia e impor-se como grande potência mundial, passando a competir com os EUA e a URSS. OLIVEIRA, Ana et al. Novo História 9, Texto Editores, 2008.