AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DO GELO EM CUBO FABRICADO E COMERCIALIZADO NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE-PB. Angela Gabriele Passos BARRETO*; Jacely Alves PEQUENO*; Raquel Nazaré DOS SANTOS*; Maria Cleonora BRASILEIRO*; Eliane Rolim FLORENTINO*. *Departamento de Química – CCT - Centro de Ciências e Tecnologia - Universidade Estadual da Paraíba – UEPB. Avenida Baraúnas, s/n – Bodocongó - Campina Grande-PB. RESUMO O gelo é um produto proveniente do congelamento da água potável, seu consumo, seja para bebidas ou outros tipos de conservação de alimentos, vêm crescendo muito nesses últimos anos, mas a qualidade desses produtos que são comercializados nem sempre são garantidas, comprometendo, assim, a saúde da população. O presente trabalho tem como objetivo determinar as condições higiênico-sanitárias do gelo em cubos fabricado e comercializado no município de Campina Grande – PB. Palavras-chave: Gelo em cubo; qualidade microbiológica; Saúde Pública. INTRODUÇÃO A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2000), define gelo como o produto resultante do congelamento de água potável, isto é, límpida, inodora, transparente e livre de contaminações químicas e bacteriológicas sendo obrigatório o uso de água potável e filtrada na sua fabricação. O consumo de gelo em cubo seja para bebidas ou outros tipos de conservação de alimentos vêm crescendo muito nesses últimos anos, mas a qualidade desses produtos que são comercializados, nem sempre são garantidas. A grande maioria das bactérias se multiplica em temperaturas entre 20ºC e 45 ºC, porém em baixas temperaturas, como é o caso do gelo, elas podem estar presentes, mas praticamente não se multiplica, o que ocorre quando o mesmo atingir a temperatura ambiente, que é quando ingerimos, o que o torna igualmente perigoso para quem consumi-lo. As doenças entéricas causadas pelas bactérias coliformes são transmitidas quase e exclusivamente pela contaminação fecal da água e alimentos. A transmissão através de águas contaminadas constitui uma das mais sérias fontes de infecção, responsável, por exemplo, por grandes epidemias de doenças entéricas graves como febre tifóide e cólera. Para se avaliar a presença de patogênicos na água, é determinado a presença ou ausência de um organismo e respectiva população que esteja presente na água, sempre que organismos patogênicos estejam, indicando a contaminação. Esse organismo é chamado de indicador. O gelo deve obedecer ao padrão, determinado a seguir, de acordo com a Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos em conformidade com o artigo nº 64, do Decreto-lei nº 986, de 21 de outubro de 1969: Bactérias do grupo coliforme - ausência em 100 ml do produto degelado. Deverão ser efetuadas determinações de outros microrganismos e/ou de substâncias tóxicas de origem microbiana, sempre que se tornar necessário a obtenção de dados adicionais sobre o estado higiênico-sanitário dessa classe de alimento, ou quando ocorrerem tóxi-infecções alimentares. O presente trabalho teve por objetivo determinar as características microbiológicas do gelo em cubos fabricado e comercializado no município de Campina Grande – PB. METODOLOGIA Foram utilizadas quatro diferentes marcas de gelo cristal em cubos, comercializadas e fabricadas na cidade de Campina Grande-PB. Os fatores limitantes na aquisição das amostras foram: prazo de validade, fabricação e as condições adequadas de refrigeração nos postos de venda. Em seguida, foram transportados para o laboratório de Microbiologia da Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande-PB. Chegado ao laboratório, as amostras permaneceram sob refrigeração até atingir o estado líquido. Posteriormente, foram realizadas as análises microbiológicas de: Contagem Total bactérias aeróbias Mesófilas, Coliformes a 35 e a 45°C, seguindo as recomendações de CETESB (2004). RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta a média dos resultados das análises microbiológicas do gelo em cubos de 4 diferentes marcas comercializadas na cidade de Campina Grande PB. Tabela 1: Medias dos resultados das análises microbiológicas do gelo em cubos de 4 diferentes marcas comercializadas na cidade de Campina Grande PB. . Análises Resultado geral AMOSTRAS A B C D Coliformes à 35ºC NMP/mL Coliformes à 45ºC NMP/mL 17,76 145,09 815,81 967,5 Não conforme 2,7 3,8 4,5 5,1 Não conforme 1,0x102 1,9x103 6,7x103 Não conforme Contagem total de 1,0x102 bactérias aeróbias mesófilas UFC/mL D e acordo com os resultados mostrados na tabela 1, observa-se que os valores para contagem padrão de bactérias aeróbias mesófilas apresentaram valores que variaram de 2,7 a 5,1. Entretanto não existe um padrão de referência para o número de bactérias aeróbias mesófilas em gelo. Mas tomando-se como base a Portaria Nº 518/2005 do Ministério da Saúde, a qual estabelece o valor de até 500UFC/mL para água de abastecimento, verifica-se que 50% das amostras analisadas apresentaram resultados acima deste valor. Estes resultados são relevantes, pois apesar da detecção destes valores não classificarem as amostras como imprópria para o consumo, isto evidencia que as boas práticas de fabricação estabelecidas pela legislação vigente (RDC, Nº 54/2000/ ANVISA) podem não estar sendo seguidas pelas industrias de fabricação de gelo. Algumas das amostras apresentaram contagem menor que 500UFC/mL. Isto é um indicativo de que é possível o controle do número destas bactérias durante o processo de fabricação. As bactérias aeróbias mesófilas em sua maioria, fazem parte da flora microbiana natural da água, entretanto estas bactérias em numero muito elevados podem causar risco a saúde, algumas delas podem atuar como patogênicos oportunistas (SABIONE & SILVA, 2006). Quanto aos coliformes observou-se valor > 1.100NMP/mL, em 35ºC, exceto a amostra A. Para os termotolerantes os valores variaram de 2,7 a 5,1, apresentando-se impróprio para o consumo. Existem várias hipóteses para explicar as causas da contaminação nas amostras analisadas, dentre elas, o caso do gelo das empresas que usavam água da rede de abastecimento, por exemplo, a contaminação pode ter ocorrido durante a fase de fabricação, manuseio, embalagem, conservação e distribuição, ou por causa de um problema no encanamento. A maioria das marcas analisadas não tinha em seus rótulos informações importantes como composição, endereço e prazo de validade. Vale ressaltar a importância dessas informações, pois é através delas que os consumidores podem identificar com clareza o produto que estão adquirindo ou mesmo entrar em contato com o responsável, em caso de reclamação ou dúvidas. CONCLUSÃO Os resultados mostram que todas as marcas de gelo analisadas apresentam baixos padrões de higiene, indicada pela presença de altas concentrações de coliformes a 35ºC e 45ºC, que deveriam ser ausentes segundo a legislação vigente. A contagem total de mesófilos também se apresentou bastante elevada, podendo causar risco a saúde, algumas delas podem atuar como patogênicos oportunistas. Estes resultados evidência a necessidade das industrias de fabricação de gelo identificarem os pontos críticos de controle em seu fluxograma de processo para implantar melhorias nas condições higiênicas, de forma a prevenir ou minimizar quaisquer fontes de contaminação microbiológica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária). Ministério da Saúde. Resolução – RDC nº 12, 2 de janeiro de 2001. FRANCO, B. D. G. M. LANDGRAF, M.: Microbiologia dos Alimentos. Editora Atheneu, São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão, Belo Horizonte. SABIONI,J.G.; SILVA,I.T. Qualidade microbiológica de águas minerais comercializadas em Ouro Preto, MG Revista Higiene Alimentar v.20, nº 143 p. 72-78 2006.