A IMPORTÂNCIA DA FRUGIVORIA PARA MANUTENÇÃO DA ORNITOFAUNA NO CAMPUS HENRIQUE SANTILLO – UEG/UnUCET – ANÁPOLIS, GOIÁS 1 1 2 Marcos Aurélio de Amorim Gomes, 2 Anamaria Achtschin Ferreira Bolsista PBIC/UEG, graduando do Curso de Ciências Biológicas, UnUCET-UEG. Orientador, docente do Curso de Ciências Biológicas, UnUCET– UEG. RESUMO A zoocoria, e uma síndrome de dispersão comum no bioma Cerrado, sendo um numero grande de pássaros que se alimentam de frutos regularmente nesse bioma, desempenhando um papel importante entre os vertebrados dispersores. São vários os aspectos que influenciam no tipo de fruto que a ave pode ou não dispersar, dependendo do recrutamento diferencial da espécie da planta em função das preferências de dispersão. A dispersão das sementes é um processo demográfico chave na vida das plantas por representar a ponte que une a polinização com o recrutamento que levará ao estabelecimento de novas plantas adultas. A fragmentação de florestas, por instante, pode alterar a reunião da composição dos pássaros dispersores de sementes é a relativa contribuição de algumas espécies pode modificar a demografia é a distribuição espacial da população de plantas. A demanda da avefauna na área do campus Henrique Santillo, mais especificamente da área de conservação da Universidade Estadual de Goiás, será avaliada conforme sua especialidade quantificando as aves frugiveras responsáveis pela dispersão, comparando área de Cerrado e Mata Mesófila. Palavras – chave: Zoocoria, Avefauna, Dispersão INTRODUÇÃO A zoocoria, e uma síndrome de dispersão comum no bioma Cerrado (Melo et all, 2003) processo simbiôntico no qual a planta é o animal se beneficiam, um com a composição nutricional adquirida e o outro com a disseminação de seus descendentes (Francisco & Galetti, 2002). Um número grande de espécies de pássaros se alimenta de frutos regularmente, desempenhando papel importante entre os vertebrados dispersores, devido sua abundância e freqüência frugivora (Galetti, 2002). Segundo Sick (1997) adotamos como sendo ave frugivora aquela que deixa intacta a semente quando se alimenta do fruto, seja ele suculento ou não, atuando junto com outros dispersores de sementes, portanto, essenciais para a propagação e preservação do hábitat auxiliando na tomada de decisões em planos de manejo e recuperação de áreas degradadas, dado que as aves podem agir como potenciais dispersores quando ocorre um sucesso deposicional das sementes (Cordeiro & Howe, 2001). A eficiência de um determinado animal frugívoro como dispersor depende também de aspectos relacionados ao padrão de deposição das sementes que esse animal produz, ou seja, como e onde as sementes são ingeridas (Jordano et all., 2002), por exemplo, algumas espécies de pássaros comem os frutos e descartam as sementes debaixo da planta mãe desse modo se evita os custos de ingestão das sementes (Galetti, 2002) mostrando uma eficiência discutível deste animal na síndrome ornitocórica. A dispersão das sementes é um processo demográfico chave na vida das plantas por representar a ponte que une a polinização com o recrutamento que levará ao estabelecimento de novas plantas adultas. A principal influência demográfica da dispersão das sementes advém de processos de limitação associados ao número limitado de sementes que são dispersas com sucesso ou à limitada chegada de sementes a locais que oferecem alguma possibilidade de recrutamento bem-sucedido (Jordano et all., 2002). A fragmentação de florestas, por instante, pode alterar a reunião da composição dos pássaros dispersores de sementes é a relativa contribuição de algumas espécies pode modificar a demografia é a distribuição espacial da população de plantas (Pizo, 1997). Tem-se como objetivo geral no presente trabalho levantamento de toda a avefauna frugívora nas dependências do campus Henrique Santillo, contrastando a disponibilidade de alimento e conseguinte freqüência alimentar com a dispersão de sementes consumidas junto com o fruto na área de Cerrado e Mata Mesófila. MATERIAL E MÉTODOS Universidade Estadual de Goiás área do Campus Henrique Santillo, “Trilha do Tatu”, (16° 20´ 34´´ S e 48° 52` 51`` W ) BR153, próximo ao Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) com cerca de 134 hectares de Cerrado. As observações serão feitas em dois turnos duas vezes na semana, onde as atividades das aves são maiores, ou seja, no alvorecer e no crepúsculo das 6:00 ás 10:00h é das 15:00 ás 18:00h, totalizando 14 horas semanais. Estabeleceremos conforme o local onde estiver a planta, distância media de 8 a 15m ( PIZO, 1997), onde analisaremos as visitas quali- quantativamente. Veremos tempo de permanência da ave no forrageamento, destacaremos o modo de ingestão ou não ingestação. Coletas de fezes serão feitas sempre que avistar sobre o poleiro ou no chão ás analisando e observando a presença de sementes. Será usada o procedimento de caminhamento segundo Galetti (2002), onde andando pelas fitofissionomias ao avistarmos planta em processo de frutificação acompanharemos sempre voltando nela em todas as observações. Os comportamento de captura do frutos pelas aves será avaliado sendo picking (captura do diásporo sem assumir posição especial no poleiro); reaching ( corpo estendido bem acima ou abaixo do poleiro); hanging ( ventre para cima sob o poleiro); hovering (captura em vôo pairando em frente ao diásporo) e stalling (captura direto sem pairar em frente ao diásporo (PIZO, 1997). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observadas 20 espécies distribuídas por nove famílias e quatro ordens distintas da ornitofauna comparando-as com observações feitas em trabalho de Orsi (2005) na mesma área de estudo houve aumento significante da avifauna frugivora. Nota-se que a diversidade é mais alta, segundo índice de Shannon-Winner, na mata mesófila do que no cerrado sentido restrito (Figura 1), cujo resultado era esperado devido o grau de antropização do cerrado por ser de mais proximidade com as edificações da universidade, mas principalmente devido à maior riqueza e abundância de recursos na área de mata mesófila. Apesar disso a equitabilidade das abundâncias da ornitofauna está homogênea dentro das fisionomias revelando estabilidade dos dados nas duas áreas apesar do grau de antropização e degradação. Figura 1 Diversidade Shannon-Winner (H’) e equitabilidade (J’) da ornitofauna frugivora no cerrado sentido restrito e mata mesófila do campus Henrique Santillo UEG-UnUCET Anápolis/GO 2008/2009 A captura pelo método de Picking é o mais freqüente entre as aves frugivoras especialistas e o Reaching pelas frugivoras oportunísticas (PIZO, 1997) sendo estas as que mais dispersam sementes (GALLETI, 2002). Assim sendo temos na área de estudo aves frugivoras especialistas e frugivoras oportunísticas dispersando sementes. Aves frugivoras do campus suportam bem a antropização não variando com grande intensidade sua freqüência no cerrado estudado. Na mata mesófila o gráfico revela grande variação ultrapassando o desvio padrão, comprovado com teste de Tukey (T= 0,025). Isso se deve possivelmente devido o efeito de borda na mata mesófila por causa de sua degradação ou pela pequena área que está mata cobre. Pode levar em consideração que ela se comporte como uma borda, mas precisam efetivar-se estudos específicos para comprovação desta afirmação. As plantas frutíferas sofrem influências na porção superior da área de estudo devido a antropização principalmente por cobertura de grande porção de espécies invasoras como a mamona (Ricinus communis). Nesta mesma área encontram-se edificações de laboratório onde invade área do cerrado sentido restrito analisado e mais construção de deposito de dejetos de esgoto onde cortou a área para passagem de canos com construção no final da área de deposito estacional de resíduos. Estas mesmas analises estabelecidas em área de mata mesófila revelou alta correlação em relação as aves e plantas possivelmente pela maior densidade que está fisionomia oferece, as aves podem forragear de modo mais intenso utilizando o recurso de modo mais efetivo que no cerrado aberto (Figura 2). Figura 2 Correlações entre a dispersão das aves frugivoras e disposição das plantas frutíferas em área de cerrado e mata mesófila no campus Henrique Santillo UEG-UnUCET – Anápolis/ GO 2008/2009 CONCLUSÃO i - Mesmo não conseguindo coletar fezes suficientes, até mesmo pela dificuldade constatada em outros trabalhos desenvolvidos no Brasil (PIZO, 1997; FRANCISCO & GALLETI, 2002; GALLETI, 2002) percebemos pelos dados, categorização de dispersão de sementes pela ornitofauna do campus; ii - Ocorre correlação positiva das aves com a disposição das plantas frutíferas da área de estudo. Possivelmente influenciando na dispersão de sementes pela avifauna frugivora; iii – Apesar da degradação, com pastagens em volta de toda a reserva, estradas que passam dentro da mesma e as construções a área ainda persiste com nível alto de freqüência da ornitofauna frugivora; iv - O cerrado sofre com as intervenções antropicas do campus é a mata mesófila com as conseqüências da degradação com grande efeito de borda ainda a ser estudado com maior nível de profundidade. Referências Bibliográficas CORDEIRO, N.J. & HOWE, H.F. (2001) Low Recruitment of Trees Dispersed by Animals in African Forest Fragments. Conservation Biology. 1ª Edição Department of Biological Sciences. University of Illinois, Chicago. 6:1523-1739. FRANCISCO, M.R. & GALETTI, M. (2002) Aves como potenciais dispersoras de sementes de Ocotea pulchella Mart. (Lauraceae) numa área de vegetação de cerrado do sudeste brasileiro.Revista Brasil.Bot.,V.25,n.1,p.11-17. GALETTI, M. (2002) Seed dispersal of mimetec fruits: Parasitism, Mutualism, Aposimatism or Exaptation. In Plant Phenology and Seed Dispersal Research Group, Departamento de Ecologia, Universidade Estadual Paulista (Unesp) capitulo 12, pp 177-191, CP 199, 13506900 Rio Claro, São Paulo, Brasil. JORDANO, P.; GALETTI, M.; PIZO, M.A.; SILVA, W.R. (2002). Ligando Frugivoria e Dispersão de Sementes à Biologia da Conservação. Essências em Biologia da Conservação. Cap 18. MELO, C.; et al (2003) Frugivory and Dispersal of Faramea cyanea (Rubiacea) in Cerrado Woody Plant Formations, Uberlândia Minas Gerais ORSI, T.L; MOURA, N.G. de; CARVALHO, A.R.; VIEIRA, L.C.G. (2005) Distribuição da comunidade de aves em diferentes fitosifionomias do bioma Cerrado. Em preparação para publicação retirado de Trabalho de Conclusão de Curso de ORSI, T.L., Universidade Estadual de Goiás. Anápolis, Goiás. SICK, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro. PIZO, M.A. (1997) Seed dispersal and predation in two population of Cabralea canjerama (Meliaceae) in two Atlantic Forest of southeastern Brazil. Trop. Ecol. 13:559-578.