O USO DOS FILMES NO ENSINO DA GEOGRAFIA: Cultura

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O USO DOS FILMES NO ENSINO DA GEOGRAFIA: Cultura, Percepção e
Aprendizagem.
Fernando Liberato dos Santos – Universidade Federal da Paraíba – UFPB – [email protected]
Suana Medeiros Silva - Universidade Federal da Paraíba – UFPB – [email protected]
A era global marcada pelo domínio da imagem, propagada pelos mais diversos meios de
comunicação, apresenta aos nossos olhos, um mundo virtual onde tudo parece acessível.
Conceitos tradicionais perdem espaço e cedem lugar para novas formulações teóricas que
buscam explicar, questionar e direcionar um espaço dominado pela virtualidade e possível de ser
acessado por todos ao mesmo tempo. A evolução social do capitalismo, associada à inovação
tecnológica acentuada nas últimas décadas, potencializou a acessibilidade da informação virtual e
introduziu novos meios de compreensão da realidade. A utilização dos meios audiovisuais como
filmes e documentários, no processo de ensino e aprendizagem da Geografia, inova a prática
metodológica e dinamiza a apreensão dos conceitos geográficos pelos alunos. Explicar
e
contextualizar o espaço e as demais categorias geográficas, na atualidade requer descobrir novos
conceitos, provocar choques ideológicos e promover novas explicações que possibilitem a
adaptação do individuo numa sociedade que parece possuir o controle do planeta ao alcance da
mão. Nos últimos anos vários teóricos da Geografia nortearam pesquisas com o objetivo de
criticar as bases tradicionais dessa ciência e inovar através dos métodos, a sociabilização do
saber geográfico. Para tanto, acreditamos que os filmes e documentários quando aplicados em
sala de aula, favorece a inovação do ensino de geografia através da mediação do professor.
Compreender o espaço observando seu movimento de maneira dinâmica, como ocorre nas
reproduções filmicas, instrumentaliza o professor de métodos que intermedeiam e inovam a
sociabilização do saber geográfico proposto no mais variados documentos do Ministério da
Educação – MEC. Buscar novos métodos para a sociabilização do saber geográfico é inovar não
apenas na critica teórica, mas inserir um ensino de geografia voltado para explicar as diversas
configurações do espaço geográfico na atualidade. Os filmes e documentários representam um
recurso metodológico onde o objeto de estudo da ciência geográfica é representado através de
imagens que se encontram em movimento. Essa característica favorece ao aluno desenvolver uma
percepção mais objetiva dos conceitos abordados pela Geografia na sala de aula. Barbosa (
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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2006, p.111), referindo-se a importância da paisagem filmica na sociabilização do saber
geográfico, afirma que “o filme nos traz uma forte impressão da realidade” sendo, o professor o
principal responsável por “decifrar o seu sentido social na contemporaneidade”. Contudo, entre
esta metodologia e os alunos, há um fator relevante que pode ser determinante na aprendizagem:
a cultura. A cultura inerente aos alunos que recebem as informações audiovisuais e a cultura do
Estado, instituição ou empresa que produziu o filme, nem sempre são semelhantes ou se
identificam. Quer se trate de fatos históricos ou de representações do espaço geográfico, sabe-se
que existe, por trás das produções cinematográficas, a ideologia cultural e as intenções de quem
as produziu. Este embate, portanto, pode se refletir no ensino-aprendizagem, à medida que os
alunos se deparam com culturas muito diferente das suas, levando-os a enxergar nos filmes uma
realidade totalmente distante e, conseqüentemente, a não perceber e receber as informações e os
conhecimentos contidos nos filmes, de acordo com as perspectivas do professor. Sobre cultura,
podemos dizer, a priore, que é a identidade de um grupo, seja este a população de um país, a
comunidade de uma vila, ou um grupo. Estes carregam um conjunto de crenças, costumes,
símbolos e linguagens próprias, que é repassado de uma geração à outra. Segundo Wagner e
Mikeesell, (2003), “a noção de cultura considera não indivíduos isolados (...) mas comunidades
de pessoas ocupando um espaço determinado(...) além das numerosas características de crença e
comportamento comuns aos membros de tais comunidades”. Nela é possível encontrar respostas
para fenômenos espaciais e sociais, pois o seu estudo viabiliza a compreensão de disparidades na
sociedade global; nos seus modos de vida e suas formas de se relacionar com o meio ambiente.
Para os referidos autores, a comunicação, seja lingüística ou através de símbolos, é essencial para
a existência de uma cultura: A cultura resulta da capacidade de os seres humanos se
comunicarem entre si por meio de símbolos [...] Uma cultura pode, certamente, abranger ou
sobrepor diversos grupos lingüísticos diferentes, desde que seja mantido algum tipo de
equivalência entre os sistemas simbólicos coexistentes; da mesma forma, um grupo lingüístico
pode ser dividido entre diversas culturas diferentes. (WAGNER e MIKEESELL, 2003). Os
símbolos são a representação de uma cultura na forma de objetos, linguagem, expressões,
comportamento, entre outros; são importantes na identificação dos diferentes grupos culturais,
pois podem estar presente em meio a outras culturas, sem perder a significação para aqueles que
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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se utilizam deles como referencial. A atribuição de significados, inerente à cultura, orienta a
ação (quer vista como simbólica ou utilitária) e resulta, desse modo, em expressões concretas
como sistemas de crenças, instituições sociais e bens materiais. Portanto, o caráter desses
elementos da cultura deve ser amplamente inferido da base de características significativas
da comunicação e simbolização – de fórmulas verbais a trajes e gestos – associadas a elas.
(WAGNER e MIKEESELL, 2003). Destarte, as representações do espaço geográfico, assim
como da paisagem e do lugar, não serão absorvidas de forma eficaz pelos alunos que não se
identificarem com os símbolos existentes nas paisagens filmicas. Supõe-se que a presença de
símbolos inerentes as suas culturas, serão os elementos chaves para que possam compreender a
organização dos espaços, a construção das paisagens e a construção do lugar. Outrossim,
compreende-se que a cultura pode influenciar pessoas e/ou grupos no condicionamento da
percepção e dos valores ambientais. Segundo Yi-fu Tuan (1980), O meio ambiente natural e a
visão do mundo estão estreitamente ligados: a visão do mundo, se não é derivada de uma
cultura estranha, necessariamente é construída dos elementos conspícuos do ambiente social
e físico de um povo . Na mesma ótica, a topofilia, neologismo que se refere á todos os laços
afetivos do meio ambiente material, estuda os extremos das sensações e reações sentidas e
exercidas pelo ser humano frente á um determinado ambiente ou objetos: A resposta ao meio
ambiente pode ser basicamente estética: em seguida, pode variar do efêmero prazer que se
tem de uma vista, até a sensação de beleza, igualmente fugaz, mas muito mais intensa, que
é subitamente revelada. A resposta pode ser tátil: o deleite ao sentir o ar, água, terra. Mais
permanentes e mais difíceis de expressar, são os sentimentos que temos para com um lugar,
por ser o lar, o lócus de reminiscência e o meio de se ganhar a vida. (TUAN,1980, p. 107).
A questão ambiental, muito trabalhada pela maioria dos professores de geografia, é tema de
discussão entre geógrafos docentes ou não, pois não se atém a informações passadas aos alunos
e suas reproduções pelos mesmos; isto não ocorre de forma tão simples. O aluno não tem
interesse em preservar o meio ambiente se sua realidade não o faz perceber de maneira agradável
ou se ele não tem motivos específicos para tal. Analisar como eles percebem o meio em que
vivem é crucial na elaboração de uma metodologia sobre conscientização, que alcance os seus
sentimentos pelo meio. Considerando o exposto, o objetivo dessa pesquisa é analisar os embates
culturais e perceptivos entre os alunos e os filmes utilizados como metodologia em sala de aula;
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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identificando quais fatores culturais são mais relevantes na percepção e no aprendizado sobre a
questão ambiental e sobre as principais categorias geográficas: espaço, paisagem e lugar. O
objeto de estudo são turmas do 6º e do 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública a
ser selecionada. Como metodologia serão utilizados dois tipos de filmes diferentes, sendo que um
só tipo em cada turma; estes filmes conterão exemplos de espaço, paisagem e lugar. Um tipo
mostrará essas categorias representadas por paises e/ou cidades desconhecidas pelos alunos; no
outro filme, estas categorias serão representadas por cidades do Brasil e/ou da Paraíba (local).
Em seguida será analisado o grau de percepção e aprendizado; e os fatores relevantes nas
dificuldades encontradas. A pesquisa se encontra em andamento, com levantamento e leitura
bibliográfica, assim como escolha dos filmes a serem utilizados. O próximo passo será a aplicação
da metodologia (pesquisa) em sala de aula. A fundamentação teórica já adquirida e citada aqui
nos leva a levantar a hipótese de que a cultura vai gerar diferenciações e especificidades nos
resultados apresentados durante a pesquisa e que isso poderá nos levar a sugerir novas formas na
utilização dos filmes e dos recursos audiovisuais por parte dos professores.
Palavras-chave: ensino, geografia, filmes, cultura
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BARBOSA, José Luiz. Geografia e Cinema: Em busca da aproximação e do inesperado. In_ CARLOS, Ana Fani Alessandri (org)
A Geografia na Sala de Aula. 8ª ed. São P aulo: Contexto, 2006.
Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3
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