Discurso do Presidente da Autoridade da Concorrência Encerramento da sessão de Lisboa do Road Show Fair Play Lisboa 9 de dezembro de 2014 Minhas Senhoras e meus Senhores, Hoje tivemos a oportunidade de abordar, em traços gerais, os benefícios da concorrência e a importância do cumprimento das regras, em prol de mercados mais dinâmicos e competitivos que contribuam para uma sólida recuperação económica. É a concorrência nos mercados que, ao elevar a exigência sobre as empresas, proporciona incentivos à redução de custos e à inovação, com vista à conquista de clientes e mercados e à maximização dos lucros. A rivalidade entre empresas proporciona preços mais baixos, melhor qualidade, maior inovação e variedade de escolha de bens e serviços, em benefício dos consumidores. A concorrência potencia igualmente a produtividade, competitividade e eficiência das nossas empresas, contribuindo para o crescimento económico. Nesta sessão foram afloradas as principais regras da concorrência, quer no domínio das práticas restritivas da concorrência, quer do controlo de concentrações, e as graves consequências que uma empresa enfrenta ao infringir as regras. Foi igualmente abordada a importância de uma atuação responsável das empresas, nomeadamente através de programas internos de compliance, bem como os diferentes meios à disposição das empresas para mitigar os riscos do incumprimento das regras. 1 As empresas que cumprem as regras podem elas próprias ser vítimas da violação das regras por parte de outras empresas, prejudicando a sua atividade e a sua competitividade internacional. Quem cumpre sabe que terá na Autoridade da Concorrência um aliado, na defesa de uma economia mais competitiva. Hoje, e durante toda a campanha Fair Play, a Autoridade da Concorrência tem procurado estabelecer um diálogo aberto com as empresas. Para um cabal cumprimento da sua missão, a Autoridade da Concorrência deve estar próxima do mercado, compreender o seu funcionamento e contribuir para que as empresas possam, pela sua eficiência e mérito, ser o motor da economia. Desde o passado mês de outubro, o Road Show da campanha Fair Play, passou por oito cidades do país. Associaram-se a esta iniciativa 10 associações empresariais locais, regionais e nacionais, às quais endereço um agradecimento especial pelo empenho e colaboração na realização das sessões Fair Play. Tivemos mais de 500 inscritos na iniciativa, e o nosso vídeo Fair Play já foi visualizado na internet mais de 1800 vezes. Mas esta iniciativa é apenas um começo. A promoção de uma verdadeira cultura de concorrência exige igualmente uma interação estreita com o Estado, enquanto legislador, regulador e comprador de bens e serviços, com a comunidade jurídica – advogados e juízes –, a comunidade académica e os meios de comunicação social, sem esquecer os beneficiários últimos da concorrência, os consumidores. A Autoridade da Concorrência tenciona dar continuidade a esta iniciativa Fair Play, fomentando o diálogo com os vários stakeholders e estabelecendo parcerias e alianças na promoção de uma cultura de concorrência em Portugal em benefício de todos. 2 Queremos contribuir para uma maior literacia de concorrência e que essa literacia comece cedo a formar as mentalidades dos gestores de amanhã. Queremos contribuir para a redução dos custos de contexto para as empresas, colaborando com o Governo, a Assembleia da República, os Reguladores Setoriais e outras entidades públicas na avaliação de políticas públicas. Mas não descuraremos a aplicação rigorosa das regras da concorrência, o enforcement, reforçando as nossas capacidades de deteção, investigação e punição de infrações, fazendo uso da panóplia de meios que a lei nos confere. Uma das áreas a que daremos prioridade no próximo ano é a da contratação pública. A concertação entre empresas na contração pública lesa gravemente o Estado e prejudica seriamente os contribuintes já de si vulneráveis pela crise que o país enfrentou nos últimos anos e exige, por isso, uma colaboração estreita entre a Autoridade da Concorrência e as entidades públicas. Para concluir, renovo os meus agradecimentos à Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa e à Fundação AIP, pelo entusiasmo com que receberam hoje esta iniciativa, bem como a todas as associações empresariais nossas parceiras nesta campanha Fair Play. Agradeço ainda ao Professor Nuno Garoupa e à Senhora Anne Riley pelas suas intervenções que em muito enriqueceram esta sessão. Endereço ainda um agradecimento especial à Senhora Comissária Europeia da Concorrência e ao Senhor Primeiro-Ministro, cujas mensagens de apoio são seguramente um estímulo e um incentivo ao trabalho que a Autoridade da Concorrência se encontra a desenvolver na consolidação de uma cultura de concorrência em Portugal. 3 Da Autoridade da Concorrência podem contar com uma instituição mais próxima das empresas e dos cidadãos que contribuirá para essa cultura de concorrência através do diálogo, mas também do enforcement. Com concorrência, todos ganhamos! 4