Publicação bimestral da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas Nº 001 • Janeiro 2016 no laboratório Hepatites virais Avanços apontam futuro promissor para diagnóstico, prevenção e cura Zika vírus Surto de microcefalia gera procura por exames Gestão Conheça a lei 13.003 e garanta seus direitos Pág. 4 Pág.11 SBAC no laboratório 1 2 Sociedade Brasileira de Análises Clínicas Apresentação Ser uma sociedade científica com 48 anos completos em 28 de novembro de 2015 é uma responsabilidade enorme. É um compromisso diário com o desenvolvimento da especialidade de Análises Clínicas e os Laboratórios Clínicos por meio da qualificação profissional. Perseguindo esse objetivo e buscando ser referência na difusão de conhecimento, a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas apresenta mais um canal para troca de conteúdos, a revista SBAC no Laboratório, aqui em sua 1ª edição. Uma publicação de leitura leve e prazerosa com a qualidade que a instituição sempre ofereceu, pautada em informações inovadoras e transformadoras. Aqui, os profissionais das Análises Clínicas das áreas técnicas, científicas e de gestão encontrarão notícias que percorrem os avanços e metodologias rotineiras do laboratório, com uma visão de presente, passado e futuro. Para ser assim completa e agradável aos leitores – profissionais dos diversos setores laboratoriais, a SBAC no Laboratório torna a produção e transmissão do conhecimento mais humana, com assuntos variados, com a noção de que é importante que todos os envolvidos conheçam e façam parte dos processos laboratoriais. Em tempos de crise econômica, sabemos da importância de encantar clientes, sobreviver e crescer no mercado, por isso, abordaremos não só assuntos científicos, mas também de atendimento, gestão, tecnologia da informação, comunicação e até marketing. Convidamos você a aproveitar a leitura e continuar crescendo e se aprimorando conosco! Índice SBACATUALIZA . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Zika vírus e microcefalia SBACentrevista . . . . . . . . . . . . . . 6 Antonio Walter Ferreira SBACemdestaque Hepatites ............ 8 SBACgestão . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Lei 13.003 SBACINFORMA . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Dislipidemias e HPV DIRETORIA EXECUTIVA SBAC Presidente: Jerolino Lopes Aquino Vice-Presidente: Maria Elizabeth Menezes Secretário Geral: Jairo Epaminondas Breder Rocha Secretário: Luiz Roberto dos Santos Carvalho Tesoureiro: Estevão José Colnago Tesoureiro Adjunto: Marcos Kneip Fleury Diretor Executivo: Luiz Fernando Barcelos SBAC no laboratório Editor chefe: Amadeo Sáez-Alquezar Conselho Editorial: Ana Paula Faria - Antonio Walter Ferreira Caio Maurício Mendes de Cordova - Jerolino Lopes Aquino José Abol Corrêa - Lea Costa - Lenilza Mattos Marcos Kneip Fleury - Mauren Isfer Anghebem Maria Elizabeth Menezes - Pedro Dazevedo Jornalistas responsáveis: Adriana Carvalho / Ivolethe Duarte Projeto gráfico e editorial: Smart Design Revisão: Tânia Cotrim Impressão: Input Bureau Comunicação Gráfica Tiragem: 6.000 exemplares Periodicidade: Bimestral Abraços, Jerolino Lopes Aquino Presidente da SBAC SBACorg sbac_tweet sociedade-brasileira-de-analises-clinicas sbanalisesclinicas A versão digital da revista está disponível no site www.sbac.org.br e na fanpage no www.facebook.com/SBACorg FALE CONOSCO Rua Vicente Licínio, 99 - Tijuca Rio de Janeiro - RJ - Brasil CEP: 20270-902 (21) 2187-0800 | (21) 2187-0805 [email protected] SBAC no laboratório Esta é uma publicação da Todos os direitos reservados 3 SBACATUALIZA Zika torna-se pesadelo para o sistema de saúde e exigirá maior atenção de laboratórios Com número de casos 100 vezes superior à média apresentada entre 2010 e 2014 para o Estado de Pernambuco, e de 15 vezes para o país, o surto de microcefalia de 2015 também foi comunicado à Organização Mundial de Saúde e Organização Panamericana de Saúde. O Ministro da Saúde, Marcelo Castro, criou um serviço de notificação para o acompanhamento de casos. José Cruz/Agência Brasil Arbovírus transmitido pela picada do mesmo vetor da Dengue e Chikungunya, o Aedes aegypti, o Zika é conhecido desde o final de 1940. Como a relação entre o Zika e a microcefalia é recente, ainda não se sabe se o vírus pode ser transmitido de mãe para filho em qualquer período da gravidez, embora os pesquisadores apontem os quatro primeiros meses de gestação como Ministro da Saúde apresenta novos dados sobre a doença Visitante indesejado que desembarcou no Brasil provavelmente durante a Copa do Mundo de 2014, o vírus Zika exigirá maior atenção dos laboratórios de análise clínicas do país a partir deste ano. Após ser associado ao aumento de casos de microcefalia em bebês no Brasil, o Zika motivou a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional pelo Ministério da Saúde (MS), em 11 de novembro de 2015 e tornou-se a maior preocupação das autoridades sanitárias. os de maior risco. Há relatos de transmissão do vírus por relação sexual e por aleitamento materno, mas ainda sem consenso científico. O Zika também passou a ser associado ao aumento da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) no Brasil em 2015. SGB é uma doença rara que atinge o sistema nervoso e pode levar à paralisia de membros e até à morte. Os pesquisadores investigam, ainda, a hipótese de o vírus ter sofrido mutação. Shutterstock/mrfiza Associação à microcefalia 4 Em novembro último, a Fiocruz concluiu diagnósticos que constataram a presença do genoma do vírus Zika em amostras de duas gestantes da Paraíba, com a confirmação de microcefalia nos fetos por meio de ultrassonografia. Nos casos de associação de infecção pelo Zika com a microcefalia, o material genético (RNA) do vírus foi detectado em amostras de líquido amniótico, com o uso das técnicas de RT-PCR convencional e RT-PCR em tempo real. Os resultados foram reconfirmados por meio de sequenciamento parcial do genoma viral detectado nas amostras. Entre os dois genótipos conhecidos do vírus – asiático e africano –, foi identificado o asiático. Sociedade Brasileira de Análises Clínicas Shutterstock/Phil Jones Procura por exames de detecção do vírus é maior em Pernambuco Os casos recentes de microcefalia fizeram crescer a procura por exames laboratoriais de detecção do vírus Zika por mulheres grávidas ou que desejam engravidar, especialmente no Estado de Pernambuco, que concentra o maior número de casos. Mas, até o fechamento desta edição, em 18/12/2015, o acesso aos exames estava restrito ao sistema público de saúde, por meio da rede de laboratórios da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) e apenas para pacientes de alto risco, como gestantes ou com evolução aguda da doença. Boletim Epidemiológico Até 12 de dezembro de 2015, foram notificados à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde 2.401 casos suspeitos de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika, identificados em 549 municípios distribuídos em 20 estados do Brasil. Desse total, 2.165 continuavam em investigação, 134 foram confirmados e 102 tiveram diagnósticos descartados. O estado de Pernambuco mantinha o maior número de casos (920) e foi o primeiro a identificar aumento de microcefalia em sua região. Em seguida, estavam os estados da Paraíba (371), Bahia (316), Rio Grande do Norte (140), Sergipe (118), Alagoas (107), Ceará (79), Mato Grosso (72), Maranhão (63), Rio de Janeiro (57) e Tocantins (50). Nos demais estados o número de casos era inferior a 50. A Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde anunciou que estava buscando formas de baratear o kit de diagnóstico e disponibilizá-lo em maior escala até o final de dezembro de 2015. Os laboratórios privados de Pernambuco se preparavam para começar a oferecer exames para o Zika a partir do final de dezembro de 2015, de acordo com matéria publicada pelo UOL Nordeste. O vírus pode ser detectado por dois tipos de exames: o PCR (Polymerase Chain Reaction), realizado entre o 1º e o 7º dia do aparecimento dos sintomas da doença; e sorológico, que detecta a presença do anticorpo. Os laboratórios particulares já fazem exames de PCR e sorológico para Dengue e Chikungunya. A análise para a Dengue tem cobertura de planos de saúde, mas a de Chikungunya ainda não, por ser mais recente. Já a cobertura para o Zika dependerá da agilidade das instâncias regulatórias do sistema de saúde suplementar e pode ficar na mesma situação que o de Chikungunya. SBAC no laboratório Mais de 50 casos De 11 a 50 casos De 2 a 10 casos 1 caso UF sem casos notificados UF com casos notificados Fontes: Ministério da Saúde-SVS/Fiocruz/ UOL-NE/Agência Brasil. 5 Reinaldo Vieira Ortlieb SBACENTREVISTA Antonio Walter Ferreira Um dos pioneiros na formação da SBAC, Antonio Walter Ferreira traça um histórico das grandes evoluções vividas pelo setor de análises clínicas desde o início dos anos 1970. Ex-diretor do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo e professor aposentado da Faculdade de Medicina da USP, ele afirma que o futuro está no avanço da automação. Qual foi a importância da SBAC na atualização dos laboratórios clínicos e dos profissionais não médicos e responsáveis técnicos no País? A SBAC foi criada após um congresso realizado na Universidade de São Paulo em 1971. Um grupo de pessoas começou a trabalhar para realizar um sonho que era congregar analistas clínicos formados em farmácia e bioquímica e que precisavam conhecer o que estava acontecendo no ramo das análises clínicas. A formação da sociedade aconteceu graças ao esforço de algumas pessoas como o professor José Abol Correa que até hoje é um líder dentro dessa área. 6 Um sonhador que concretizou de forma extraordinária a SBAC. O que nós vemos é que a partir daquele congresso a área de imunologia, que era pouco conhecida entre os analistas clínicos, começou a ser mais divulgada. Foi a partir dali que passaram a ser mais conhecidos os testes de imunofluorescência, que na época eram os mais avançados. Qual a importância dos Congressos Brasileiros de Análises Clinicas, patrocinados pela SBAC, na divulgação de novas tecnologias na atividade laboratorial? Importância fundamental. Um exemplo: demos o primeiro curso de imunofluorescência no primeiro congresso que originou a SBAC e depois participamos de todos os congressos para divulgar cientificamente essa tecnologia que na época era nova. Também participamos em todos os cantos do Brasil de congressos regionais realizados pelas sociedades estaduais de análises clinicas que começaram a ser formadas pela SBAC. Por mais de uma década ministramos esse curso de imunofluorescência e formamos profissionais de diversas áreas nessa tecnologia. Ao longo do tempo tivemos um esgotamento dessa técnica de imunofluorescência por conta da evolução tecnológica que ganhou processos automatizados. Vimos a bioquímica, a hematologia e a imunologia serem automatizadas. E a imunofluorescência não era passível de ser automatizada. A técnica alternativa a essa era o radioimunoensaio, mas com ele trabalhávamos com substâncias radioativas, que geravam um lixo perigoso, que começou a preocupar a Organização Mundial de Saúde. Então pesquisadores do mundo todo, inclusive do Brasil, começaram a trabalhar para encontrar uma nova tecnologia e foi assim que surgiram os testes imunoenzimáticos. A partir da década de 1980 eles começaram a ser disseminados. Os pesquisadores à frente dessa técnica, o grego S. Avraneas e o americano Paul Nakane vieram ao país para ajudar a formar profissionais nessa nova técnica. Quais as principais mudanças ocorridas com a automação? Com a automação chegou a era dos grandes aparelhos e o resultado foi o aumento significativo do número de testes realizados. Outra consequência foi a fusão de laboratórios, já que os pequenos não Sociedade Brasileira de Análises Clínicas conseguiriam acompanhar a evolução. A maioria dos pequenos foi vendida para grandes redes. Apenas alguns conseguiram fazer aporte de capital para crescer sozinhos. No passado, pequenos laboratórios atendiam 30 pacientes por dia em média. Hoje os grandes atendem cerca de 20 mil pacientes/dia, o que só é possível graças à automação. E a SBAC sempre teve um papel importante nisso, divulgando o avanço dessas novas tecnologias e zelando pela qualidade dos laboratórios. Existe um Programa Nacional de Controle de Qualidade. A formação de pessoas é outra prioridade: a SBAC mantém no Rio de Janeiro um centro de estudos que realiza cursos de especialização para que os profissionais possam ser atualizar. As nossas universidades estão preparadas para esta formação diferenciada de profissionais? Elas não acompanharam. Há grande número de universidades e de cursos à distância, que para mim são questionáveis. Há muitas aulas teóricas e as faculdades pedem para os alunos fazerem estágios em laboratórios para ganhar conhecimento. Ao longo dos meus anos na universidade formei 25 doutores e 26 profissionais com tese de mestrado. E nessa trajetória notei que o nível do pessoal que chega para os estágios está cada vez mais baixo e isso é muito triste. As universidades não acompanharam a evolução principalmente por falta de recursos. Um aparelho que as empresas de biotecnologia colocam em comodato nos laboratórios deveria ser comprado pelas universidades e elas não têm dinheiro para pagá-lo. Então ter equipamentos passa a depender de projetos dos pesquisadores que conseguem verbas para comprá-los. O que pensa da capacitação de docentes? A formação de docentes é outro ponto. Eles não têm se preparado de forma suficiente, vendo o que está acontecendo lá na ponta. E isso depende de experiência profissional, atualização em congressos. Uma coisa é ficar no laboratório e outra coisa é ver no dia a dia o que está acontecendo, saber as necessidades do mercado. Uma das necessidades que a imunologia supriu, por exemplo, foi a de como fazer diagnóstico em lugares distantes onde há grande incidência de malária. Não dá para carregar microscópio e equipamentos para essas localidades. Isso levou ao desenvolvimento dos chamados testes rápidos que, embora tenham limites na sua aplicação e interpretação, vieram suprir as necessidades de quem atua na prática. Há necessidade de mudança dos currículos? Acho que os currículos estão sempre sendo modificados. Eu mesmo presenciei isso ao longo da minha vida como professor. É natural que ocorra, pois o mundo vai mudando. Se as pessoas não se adaptam, vão ficando para trás. Mudar é uma necessidade, mas é preciso fazer conscientemente. Existe uma diferença aqui também entre as universidades públicas e as particulares, que visam lucro. As particulares querem se ater ao currículo mínimo, que muitas vezes não é satisfatório. Acho que é preciso conhecer as necessidades do mercado e periodicamente fazer mudanças curriculares. Com essa deficiência das universidades, onde o mercado encontra profissionais qualificados hoje? Encontra naqueles estudantes que chegam para estagiar. Existem estagiários com uma boa vontade incrível. Eles vêm com muita sede de conhecimento. E se o laboratório sabe atender a essa ânsia de aprender, formará grandes profissionais. Grandes laboratórios dão cursos de formação para seus profissionais, trabalham com certificações internacionais. Em sua opinião e de acordo com a evolução das tecnologias, como será o funcionamento futuro dos testes laboratoriais e estrutura dos laboratórios? O futuro está também na automação. Visitei um laboratório no Japão e notei que era tudo automatizado, o paciente praticamente não vê ninguém. É lógico que a automação não exclui a necessidade de que o paciente seja atendido por pessoas que possam acolhê-lo e interpretar os resultados. Carreira dedicada à imunologia Antonio Walter Ferreira concluiu o doutorado em Ciências pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo em 1973 e a Livre Docência na Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes em 1977. Foi diretor do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo de 2003 a 2007 e vice-diretor de 2007 a 2011. Foi diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da bioMérieux Brasil, empresa francesa de biotecnologia, no período de 1986 a 2006. Possui 14 capítulos de livros e 3 livros publicados. Recebeu 28 prêmios e/ou homenagens. Atua na área de Imunologia Clínica e Biotecnologia de desenvolvimento de reagentes para laboratório. SBAC no laboratório 7 SBACEMDESTAQUE Avanços no combate às hepatites virais Testes, vacinas e medicamentos revolucionaram o cenário dessas doenças As hepatites virais constituem-se num grave problema de saúde pública mundial que ocupam substancialmente as estruturas e os recursos das redes assistenciais. Apesar disso podemos afirmar que hoje em dia temos um cenário promissor, se considerarmos as ferramentas disponíveis para o diagnóstico, prevenção, acompanhamento e cura dessas doenças. Nos últimos 50 anos, houve um avanço significativo na descoberta dos agentes etiológicos, no desenvolvimento de testes diagnósticos de laboratório, de vacinas e de medicamentos para as hepatites por vírus. As hepatites virais mais frequentes são causadas pelos vírus A, B, C e E. O vírus da hepatite B (HVB) foi descoberto em 1965 e o da A (HVA), em 1973. Por um período de 16 anos as que não pudessem ser identificadas como HVA ou HVB eram classificadas pela denominação genérica de hepatites NãoANãoB (HNANB). A identificação do vírus da hepatite C em 1989, que provou ser responsável por mais de 90% das chamadas HNANB, representou um salto importante no seu conhecimento. No ano seguinte, em 1990, a descoberta do vírus E, com características semelhantes ao VHA, completaria o quadro atual de conhecimento das hepatites. Transmissão e diagnóstico Os vírus das hepatites A e E são transmitidos por via fecal/oral pelo uso de água e alimentos contaminados ou, no caso da HVA, por contato pessoal. Raramente observam-se formas graves da doença, que podem ocorrer com o aumento da idade. Na HVE, formas graves podem ser observadas em gestantes, principalmente no terceiro trimestre de gravidez. Em geral, ambas não evoluem para formas crônicas e o risco de transmissão parenteral é mínimo. O diagnóstico laboratorial é feito por testes sorológicos que detectam a presença no sangue de anticorpos específicos contra o vírus. O resultado Reagente para anticorpos tipo IgM indica a fase aguda da infecção e, para IgG, aponta infecção anterior e imunidade. Já as hepatites B e C são transmissíveis principalmente pelo sangue (via parenteral) e por contato sexual, Imunização e tratamentos Até o momento não há vacinas para as hepatites C e E, mas as existentes para as do tipo A e B são eficazes. A imunogenicidade da vacina para a hepatite A é muito alta, com 97% a 100% de soroconversão na primeira dose, e de 100% na segunda. A prevenção da infecção pelo VHB pode ser feita por imunização passiva, com imunoglobulinas hiperimunes; ou por imunização ativa, por meio de vacinas. A imunização passiva protege por um período de dois a três meses, ao passo que a vacina confere imunidade duradoura, de anos. Realizada em três doses durante seis meses, a vacina é eficaz em cerca de 96% dos casos. Há medicamentos para o tratamento das formas crônicas das hepatites por vírus B e C. Na hepatite 8 B crônica, o objetivo é o de melhorar a qualidade de vida e a sobrevida do paciente, impedindo o progresso para cirrose, cirrose descompensada, doença hepática terminal, câncer hepático e morte. Os indicadores são a redução da atividade histológica e a supressão da replicação viral de forma contínua. A infecção crônica pelo VHB em geral não pode ser completamente erradicada devido à persistência do DNA circular fechado ligado covalentemente (cccDNA) no núcleo dos hepatócitos infectados. Também é importante considerar que o genoma do VHB integra o do hospedeiro e pode favorecer a oncogênese e o desenvolvimento de câncer de fígado. Os medicamentos disponíveis para o tratamento da hepatite B crônica podem ser divididos em três grupos: Interferon (PEG-IFN-2a/PEG-IFN-2b), derivados dos Sociedade Brasileira de Análises Clínicas que é mais frequente no caso da HVB. O teste mais comum usado para o diagnóstico da hepatite C é a determinação de anticorpos específicos (anti-HCV), realizado por metodologias como ELISA ou CLIA. Mas, em situações especiais, pode ser realizado por testes rápidos. Um teste Anti-HCV Reagente não significa, necessariamente, que a pessoa tenha a infecção e deve ser confirmado por um de biologia molecular que detecta a presença de ácido nucleico do vírus (HCV – RNA). Da mesma forma, um resultado reagente por um teste rápido deverá ser confirmado por um tradicional ELISA ou CLIA. Os marcadores sorológicos para a HVB são o Ag HBs, o anti-HBc-IgM, o anti-HBc-IgG, e o anti-HBs. Mais de 90% dos adultos que se infectam pelo VHB têm remissão da doença num período inferior a seis meses, quando o AgHBs desaparece do sangue e surge o anti-HBs. Em 8% dos casos registra-se a evolução para a forma crônica com a persistência do AgHBs no sangue, juntamente com o DNA do vírus. Cerca de 1% pode evoluir para formas graves da doença. A infecção em crianças, no período perinatal, evolui para a forma crônica em mais de 90% dos casos. Para interromper a transmissão de HBV e HCV por via transfusional, tornou-se obrigatória a utilização de análises sorológicas na triagem de doadores de sangue. No Brasil, doadores de sangue e tecidos estão obrigados à triagem para HBV por meio dos nucleosídeos (Lamivudina/Telbivudina/Entecavir) e derivados dos nucleotídeos (Adefovir/Tenofovir). As normas internacionais que orientam o tratamento da hepatite B crônica levam em consideração se o paciente é Ag HBe positivo ou negativo. O antígeno “e” (Ag HBe) é um marcador sorológico que aparece no início da infecção e a sua presença está relacionada à maior replicação viral no fígado e à maior infectividade. Cada um dos tratamentos apresenta vantagens e desvantagens. Por exemplo, a administração de Interferon por via subcutânea tem duração limitada e não aponta para o aparecimento de resistência à droga, mas apresenta efeito antiviral moderado e tolerabilidade menor, com risco de efeitos adversos importantes. Já a administração de DNs por via oral apresenta um efeito antiviral potente e com boa testes AgHBs e anti-HBc; e, para HCV, pelo anti-HCV. Adicionalmente, desde 2014 é realizada a triagem paralela com testes de biologia molecular (NAT) para encurtar o período da janela imunológica – que corresponde à presença do vírus no sangue, porém os testes de laboratório para identificar o estado de infecção apresentam resultado Não Reagente. Apenas 8% dos infectados pelo vírus da hepatite B podem evoluir para a cronicidade mas, para a C, o percentual pode superar os 85%. Laboratórios Além dos marcadores sorológicos, atualmente temos à disposição testes sensíveis e específicos que ajudam a acompanhar a evolução das hepatites. As provas de biologia molecular permitem identificar qualitativa e quantitativamente (carga viral) os ácidos nucleicos, além de identificar os genótipos dos vírus infectantes. Os testes bioquímicos contribuem para o diagnóstico e possibilitam o acompanhamento da evolução de pacientes após a fase aguda da infecção. Provas de histologia hepática em material de biopsia conseguem avaliar o grau de fibrose ou de atividade inflamatória do parênquima hepático. Mais recentemente, os métodos não invasivos, como a elastografia e o Fibrotest, passaram a viabilizar resultados semelhantes para os indicadores histológicos, em muitas situações, nas formas crônicas das hepatites, sem necessidade de biopsiar o paciente. tolerância. Em contrapartida, a duração do tratamento é indefinida, há risco de resistência à droga e a segurança em longo prazo é desconhecida. hepatites diagnóstico vacina tratamento A Sim Sim ---- B Sim Sim Sim C Sim Não Sim E Sim Não ---- Ferramentas disponíveis para o diagnóstico, prevenção e tratamento das hepatites por vírus mais comuns. SBAC no laboratório 9 SBACEMDESTAQUE Hepatite C Nova geração de medicamentos garante cura a mais de 96% dos casos A hepatite C crônica é uma doença silenciosa e as pessoas infectadas em geral não apresentam sintomatologia, muitas vezes por décadas, não sendo possível conhecer o real número de portadores no mundo. Dos casos conhecidos, 80% a 85% evoluem para hepatite crônica, que com o passar dos anos podem evoluir para cirrose e câncer hepático. Nesse contexto, os testes laboratoriais de detecção do vírus são fundamentais para que as pessoas possam ser tratadas a tempo, e com maiores chances de sucesso, pelos medicamentos disponíveis atualmente. O tratamento adequado pode eliminar a infecção pelo VHC, evitando-se a evolução para cirrose, cirrose descompensada, doença hepática terminal, câncer hepático e morte. Considera-se o fim da terapia quando o HCV-RNA torna-se indetectável, utilizando-se um teste sensível (≤15UI/mL) em 12 e em 24 semanas após o início do tratamento. Deve-se levar em consideração que, em pacientes com fibrose e cirrose avançadas, a erradicação do HCV reduz, mas não elimina, o risco de câncer hepático. Em pacientes com cirrose descompensada, a erradicação do HCV reduz a necessidade de transplante hepático. Até 2010, o padrão terapêutico era a associação de Interferon-α peguilado e Ribavirina, com efeitos colaterais importantes e índice de cura não superior a 43% dos casos de infecção pelo genótipo 1, o mais frequente no Brasil. A partir de 2011, novos antivirais como o Telaprevir e o Boceprevir passaram a ser associados ao tratamento padrão, com melhores resultados. Com a aprovação pela Food and Drug Administration (FDA), em 2014, de uma nova geração de medicamentos, o tratamento das formas crônicas da hepatite C passou por uma revolução, com índice de cura superior a 96% dos casos pela ingestão diária de um único comprimido. O grande inconveniente é o alto custo do tratamento, o que sinaliza a necessidade de o Estado assumir parte da conta para garantir a oferta à grande parcela da população infectada. Medicamento Aprovação FDA Ribavirina (Rebetol) 1998 Peginterferon alfa-2b / Peginterferon alfa-2a 2001 / 2002 Boceprevir / Telaprevir 2011 Simeprevir / Sofosbuvir 2013 Ledipasvir-sofosbuvir (Harvoni) Out, 2014 Ombitasvir-paritaprevir-ritonavir e dasabuvir Dez, 2014 Ombitasvir-paritaprevir-ritonavir Jul, 2015 Daclatasvir Jul, 2015 Medicamentos para o tratamento da hepatite C crônica, aprovados pela FDA até jul/2015. Amadeo Sáez-Alquezar - farmacêutico-bioquímico formado pela USP, mestre em análises clínicas, assessor do PNCQ (Programa Nacional de Controle de Qualidade), da OMS (Organização Mundial da Saúde) e editor chefe da SBAC no Laboratório. Shutterstock/ xrender Infecção por vírus B e C no mundo Vírus da hepatite C 10 Dados recentes mostram que aproximadamente um terço da população mundial têm evidência sorológica de infecção atual ou anterior pelo HVB; e que há de 350 a 400 milhões de portadores do antígeno de superfície da hepatite B (AgHBs). Em 2014, os portadores de HCV eram estimados em 180 milhões de pessoas no mundo – o que pode não corresponder à realidade porque muitas estão infectadas e não sabem. Os dados dimensionam o tamanho do problema que as hepatites virais B e C representam mundialmente, agravado pelo fato que ambas podem levar ao aparecimento de câncer hepático. Sociedade Brasileira de Análises Clínicas SBACgestão Lei 13.003 Seu laboratório já se ajustou? Shutterstock/ Pressmaster Publicada em junho de 2014, a normativa que dispõe sobre os contratos de prestação de serviço laboratorial com operadoras privadas de saúde começa a ter efeitos Embora tenha sido publicada em junho de 2014, a lei 13.003 – que versa sobre contratos de prestação de serviço laboratorial com operadoras privadas de convênios – está apenas começando a produzir seus efeitos. Ainda desconhecida de muitos laboratórios, a normativa trata de um assunto extenso por sua complexidade e pela variedade de regulamentação. É importante salientar que as empresas que ainda não se adequaram a ela ficam sujeitas às multas estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde (ANS), o que pode prejudicar seu equilíbrio financeiro. Para que não pairem dúvidas sobre a relevância e os impactos diretos e indiretos dos contratos entre as empresas laboratoriais e as operadoras de convênio, recorro ao artigo publicado no site da ANS em 12 de dezembro de 2.014 (http://bit.ly/1LZcDiX). Tal artigo destaca que a lei reforça a obrigatoriedade de contratos por escrito e detalhados entre as operadoras e os prestadores, com as obrigações e responsabilidades específicas. Seu objetivo é garantir maior transparência e equilíbrio na relação entre empresas que comercializam planos de saúde e os prestadores de serviços, ajudando na resolução mais ágil de eventuais conflitos. Os contratos deverão, a partir de agora, estabelecer cláusulas claras sobre o objetivo e a natureza específica dos serviços, bem como conter a definição de valores e prazos para faturamento dos pagamentos. Outro item importante é a definição da periodicidade dos reajustes aos prestadores de serviços, que deverão ser anuais. A ANS passa a ter a atribuição de estabelecer um índice de reajuste em casos específicos, quando não houver consenso entre as operadoras e prestadores sobre os índices de correção aos serviços contratados. Em dois anos a partir da publicação da lei começaria ser aplicado ao reajuste definido pela ANS, o Fator de Qualidade (FQ), que traria uma nova lógica para os reajustes. Porém, em dezembro a ANS se pronunciou com novas regras e com o adiamento do FQ para 2017: uma lástima e perda para os laboratórios. Importante dizer que foi solicitado à ANS pelos sindicatos de laboratórios de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina que o FQ privilegie diferentemente os laboratórios que acreditaram na qualidade e investiram na acreditação ou certificação. Outra mudança importante é que cada prestador de serviço descredenciado deverá ser substituído por outro equivalente. Esta é uma medida que, até então, valia para os serviços hospitalares (lei 9.656/1998), mas agora está sendo ampliada. Passa a valer SBAC no laboratório 11 SBACgestão também a exigência de que as operadoras façam a devida comunicação aos consumidores sobre todas as substituições de prestadores de serviços não hospitalares – como clínicas, profissionais de saúde, serviços de diagnóstico por imagem e laboratórios. Essa comunicação deve ocorrer com 30 dias de antecedência, no mínimo. Para interpretar a redação das cláusulas de um contrato de prestação de serviço proposto à empresa laboratorial, é necessário mais do que uma simples e atenta leitura. Artimanhas estão presentes e não raramente são descobertas pelo seu efeito danoso durante a vigência do contrato. Todas as dúvidas de interpretação de cláusula devem ser dirimidas antes da assinatura pelo diretor do laboratório, ainda que isso retarde a conclusão do acordo comercial. Em geral as empresas laboratoriais recebem contratos já prontos pelas operadoras de convênio. Imposições da obrigação de assim fazer não são raras nessas relações. As pequenas e médias empresas laboratoriais apresentam adicionalmente outros fatores que concorrem para o aumento elevado do risco de 12 assinarem contratos desfavoráveis aos seus interesses por falta de informação sobre seus direitos e deveres, devido à desatualização do conhecimento gerencial e desequilíbrio de forças nas relações comerciais com grandes operadoras privadas. O que fazer neste cenário tão desfavorável às pequenas e médias empresas laboratoriais? Entendo como melhor alternativa para os laboratórios o planejamento para reduzir a margem de contribuição de qualquer operadora de convênio além de 20% do faturamento total da empresa. Simultaneamente, a constituição de grupos de empresas laboratoriais que possuam interesse comum para neles estruturarem as ações de defesa dos seus direitos. Humberto Marques Tibúrcio - presidente do Sindicato dos Laboratórios de Minas Gerais, coordenador do Grupo Mineiro da Qualidade no Laboratório, assessor técnico e titular do Conselho de Administração do Programa Nacional de Controle de Qualidade, superintendente do ABNT CB36 Comitê Brasileiro de Análises Clínicas e Diagnóstico in vitro. Sociedade Brasileira de Análises Clínicas SBACINFORMA Diagnóstico molecular do Vírus do Papiloma Humano A infecção pelo HPV é a doença sexualmente transmissível (DST) mais frequente no mundo. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima cerca de 630 milhões de novos casos/ano em todo o mundo, sendo 30 milhões associados aos condilomas acuminados, 30 milhões às lesões de baixo grau, 10 milhões às de alto grau e 500 mil ao câncer de colo uterino. O desenvolvimento destas lesões está diretamente relacionado à presença de diferentes tipos de HPV. O câncer de colo uterino é a causa mais comum de morte por câncer em mulheres adultas nos países em desenvolvimento e o segundo mais comum em mulheres de todo o mundo, com uma estimativa de meio milhão de novos casos e 274.000 mortes/ano, segundo a OMS. No Brasil, estimou-se para 2010 cerca de 19.603 novos casos e 8.286 mortes em decorrência da doença. O papel do HPV na gênese do câncer cervical é bem estabelecido biologicamente e epidemiologicamente. O diagnóstico molecular do HPV baseia-se na detecção do DNA do HPV e o resultado depende primordialmente da coleta da amostra e da extração do DNA. Desta forma, a qualidade do DNA é fundamental para a realização do exame. Existem diferentes técnicas no mercado, porém elas devem ser utilizadas de acordo com o objetivo. Por exemplo, podemos dividir os HPVs em grupo específico ou tipo específico dependendo da técnica. A captura híbrida amplamente utilizada agrupa os HPVs em de alto potencial oncogênico e baixo potencial oncogênico. Por meio de exame de PCR pode ser realizada a detecção qualitativa primer universal e o resultado será DNA de HPV detectado ou não detectado. Porém, para sabermos qual HPV foi detectado, o produto do PCR pode ser revelado por hibridização, pelo método INNO-LiPA, Papilo Check ou Clart, dentre outros. O PCR quantitativo além de fornecer a carga viral é tipo específico. Os tipos de amostras a serem utilizados são os mais variados, tais como bloco de parafina, material de biopsia anal e conteúdo vaginal. Atualmente uma das técnicas mais utilizadas é a captura híbrida, que oferece informações satisfatórias ao médico para o tratamento. Prevalência Foi realizado um estudo retrospectivo sobre a prevalência do HPV de alto potencial oncogênico em 1.200 mulheres em termos percentuais conforme a Figura 1. Os resultados da Figura 2 obtidos, mostram a distribuição da prevalência de HPV de baixo e alto risco. A maior parte destes diagnósticos foi obtida em mulheres entre 25 e 35 anos, enquanto os diagnósticos de câncer cervical são mais frequentes entre 35 e 45 anos. Com isso, destaca-se a importância da detecção do HPV por intermédio de metodologias mais sensíveis, como testes de biologia molecular (Captura Híbrida), para garantir o diagnóstico precoce deste que vem sendo considerado o maior agente causador de câncer de colo uterino . Destaca-se a importância de colocar rastreio de DNA também na prevenção de câncer de colo uterino para minimizar a prevalência da doença, bem como detectar precocemente a presença do DNA-HPV. exames positivos 53,8% exames NEGATIVOS 46,2% Figura 1: Distribuição percentual do número de exames positivos e negativos para HPV hpv de baixo risco 33,6% hpv de alto risco 66,4% Figura 2: Distribuição percentual da prevalência de HPV de baixo e alto risco Maria Elizabeth Menezes - Ph.D, diretora científica DNAnálises Laboratório. SBAC no laboratório 13 SBACINFORMA A importância do laboratório para o diagnóstico de doenças silenciosas Departamento de Aterosclerose (SBC/DA), de Análises Clínicas (SBAC), de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e da Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM), sugerindo a uniformidade de valores de referência para os laudos laboratoriais de perfis lipídicos no Brasil, especialmente em relação ao alerta indicativo para diagnóstico de Hipercolesterolemia Familiar (HF). Shutterstock A orientação é que os laudos laboratoriais incluam a observação de que os valores de CT ≥ 310 mg/ dL (para adultos) ou CT2 ≥ 230 mg/dL (entre os 2 e Para vencer a guerra contra as doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte global, devemos enfrentar suas maiores responsáveis, as dislipidemias. Como em geral os portadores não apresentam sinais ou sintomas da doença, o laboratório tem papel fundamental em seu diagnóstico. A V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, publicada em 2013, reforça algumas considerações importantes para o exame laboratorial, tais como jejum de 12 horas para a determinação de TG1 e LDL-C estimado pela fórmula de Friedewald; manutenção de dieta habitual, estado metabólico e peso estáveis por pelo menos duas semanas antes da realização do perfil lipídico, assim como evitar ingestão de álcool nas 72 horas e atividade física vigorosa nas 24 horas que antecedem a coleta de sangue. Vale ressaltar que o lipidograma, ou eletroforese de lipoproteínas, nem é citado nesta edição, visto que apenas é recomendado para casos de suspeita de dislipidemia muito rara, quando há aumento da lipoproteína IDL (Dislipidemia tipo III de Fredrickson). Valores de referência A V Diretriz motivou também uma recomendação conjunta das sociedades brasileiras de Cardiologia 14 os 19 anos) podem ser indicativos de HF, excluídas as dislipidemias secundárias, conforme o consenso europeu sobre HF. A observação pontual no rodapé do laudo pode alertar para a presença de HF que, além de ser a mais comum entre as dislipidemias, indica que seus portadores correm 20 vezes mais risco de morte precoce por doença cardiovascular. 1 2 TG: Triglicerídeos CT: Colesterol Total Mauren Isfer Anghebem-Oliveira - farmacêutica-bioquímica e professora adjunta de Bioquímica Clínica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba. Tania Leme Rocha Martinez - médica colaboradora do INCOR/HC/FMUSP, professora livre docente em Medicina da UNIFESP-EPM, em São Paulo. Marileia Scartezini - farmacêutica-bioquímica; professora de Farmácia e colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Fontes: Xavier H. T. IMC, Faria Neto J. R., Assad M. H., Rocha V. Z., Sposito A. C., Fonseca F. A., et al . V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. 2013;101 Suppl 1:1-22 ( http://publicacoes.cardiol. br/…/V_Diretriz_Brasileira_de_Di…) Nordestgaard B.G., Chapman M..J, Humphries.S.E, Ginsberg H.N, Masana L, Descamps O.S., et al. Familial hypercholesterolaemia is underdiagnosed and undertreated in the general population: guidance for clinicians to prevent coronary heart disease: Consensus Statement of the European Atherosclerosis Society. Eur Heart J. 2013;34(45):3478-90) Sociedade Brasileira de Análises Clínicas SBAC no laboratório 15 Integrar, inovar e empreender. 26 a 29 de Junho de 2016 no Palácio das Convenções do Anhembi - São Paulo 2º Fórum de Proprietários de Laboratório. Equilíbrio Econômico e Sustentabilidade dos Laboratórios dia 29/06/16 Hora: de 9h às 12h Local: Centro de Convenções Anhembi. Realização: Patrocinador ouro: Patrocinador diamante: Apoio: Organização: 16 Sociedade Brasileira de Análises Clínicas