Homilia do VIII domingo do tempo comum 2017 Amados irmãos e irmãs em Cristo, celebramos hoje o VIII Domingo do Tempo Comum e o Senhor Jesus nos diz em seu Evangelho, Palavras que sem dúvida são belíssimas e que já ouvimos e as repetimos por muitas vezes e até romanceamos como algo bonito e doce. Mas, podemos questionar a esse respeito: tais palavras são reais, dignas de seriedade na nossa vida, na dura e inclemente realidade em que o mundo está? Podemos perceber que essa questão é muito importante, pois se acharmos que as palavras de Jesus são belas, porém irreais, poéticas e, no entanto, inúteis, então veremos que o Evangelho não nos serve como luz que ilumina as trevas, como caminho que nos leva a Deus, muito menos de critério para a vida. Pensar em palavras belas sem consistência real é o mesmo que pensar em palavras inúteis e carregadas de mentiras, como muitas que ouvimos em nossos dias tão repletos de comunicação. Mas esta realidade está bem longe de Nosso Senhor, em suas palavras não há mentira ou inutilidade e Ele mesmo nos avisa: “Sereis julgados por cada palavra inútil que disserdes!” (Mt 12,36) O que Jesus nos quer dizer hoje? Qual o significado dessas palavras? O Senhor quer exortar a cada um de nós, fazendo que compreendamos que seu discípulo verdadeiro, o cristão fiel, deve ter sempre como opção fundamental de sua vida, como eixo de sua existência o Reino de Deus: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo!” – como está na frase central do Evangelho deste domingo. Devemos deixar que o Pai do céu seja o nosso tudo, o nosso alicerce, o eixo, o indicador do nosso caminho. Vivendo assim, tudo o mais vai se tornando relativo, aprendemos a olhar para tudo e viver com liberdade, com serenidade, com sabedoria. O que o Senhor nos pede é simples, Ele quer que deixemos Deus ser Deus em nossa vida e na vida do mundo; e todo o resto só poderá ser avaliado e vivenciado a partir dessa ação. Assim sendo, nossa vida se organiza, o coração se tranquiliza e todos os acontecimentos cotidianos tomam novo sentido. E nós compreenderemos a nossa realidade e as realidades do mundo, somente se estivemos firmes na única e verdadeira Realidade, que é Deus! Mas como podemos chegar de maneira concreta a uma confiança tão verdadeira e real em Deus, a ponto de entregar-lhe plenamente a direção de nossa vida? Meus queridos irmãos, nós só confiaremos no Senhor e o amaremos de tal forma, que caminharemos em sua estrada entregando-lhe nossa vida, se tivemos intimidade com Ele. É uma intimidade amorosa que nos leva a experimentar a presença de Deus, como alguém que nos ama incondicionalmente, como ouvimos na primeira leitura de hoje: “Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti!” (Is 49, 15) A partir do momento que tivermos essa intimidade com o Senhor, experimentando a verdade dessas palavras, confiaremos verdadeiramente nele. Se formos realmente amigos de Deus, se o amarmos, então nele nós confiaremos, a ponto de entregar nossa vida a Ele, de colocar nossos pés em seus passos. E é este o grande exemplo que São Paulo nos dá na segunda leitura: o apóstolo não deseja ser outra coisa, mas um simples servidor de Cristo. Ama o Senhor e deseja somente servilo, é livre em relação a si próprio e em relação aos outros, como ele nos diz: “Quem me julga é o Senhor!” (1Cor 4, 5) Quanta liberdade, quanta serenidade, quanta felicidade para quem vive assim! Caríssimos irmãos, todos formos feitos para viver plenamente essa amizade com o Senhor, e só teremos equilíbrio em nossa vida e sossego ao coração vivendo nesta amizade. O mundo em que vivemos é muito complexo e estressante! Pensemos, portanto, no que poderemos encontrar nessa semana que iniciamos: desafios no trabalho, dificuldades financeiras, tensões na família, competição na profissão, busca de realização afetiva, procura por um lugar na sociedade e tantas outras coisas... Ninguém pode escapar dessas batalhas. Mas, como nos colocamos diante dessas realidades? Qual é o eixo que orienta nossa vida? Em outras palavras: Quem é o Senhor da nossa vida? Onde encontramos o centro das preocupações, o critério único e fundamental, que dirige, une e dá sentido as nossas escolhas, ações, palavras e reações? Só se pode servir a um Senhor: “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro!” (Mt 6, 24) ou seja: não podemos ter a Deus como alicerce de nossa existência se tudo fazemos pensando simplesmente em dar-nos bem neste mundo! Quem é o nosso Senhor? Quem é, realmente, o critério último e absoluto da nossa existência? A resposta não é tão simples, pois nos diz o Senhor: “onde está o vosso tesouro, aí estará o vosso coração” (Mt 6,21). Nós não podemos, caríssimos irmãos, nos esquivar desta questão, pois um dia todos nós estaremos diante do tribunal de Cristo, deveremos prestar contas de nossa vida. “Então, cada um receberá de Deus o louvor que tiver merecido”. Por isso devemos aprender a confiar no Senhor, que jamais se esquece de nós! É preciso que deixemos o Senhor ser Presença na nossa vida, para podermos dizer com toda alegria as palavras do Salmo de hoje: “Só em Deus a minha alma tem repouso! Só ele é meu rochedo e salvação, a fortaleza onde encontro segurança! Que o Senhor seja sempre o fundamento da nossa vida, o critério das nossas decisões, a luz e o alento de nossas lutas. Amém!