Ingestão dietética de cálcio em mulheres adultas e sua relação com

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A
Artigo Original
Lima AS et al.
Ingestão dietética de cálcio em mulheres adultas
e sua relação com a densidade mineral óssea
Dietary calcium intake in adult women and its relation with bone mineral density
Adriana de Sousa Lima1
Janeeyre Ferreira Maciel2
Maria José de Carvalho Costa3
Maria da Conceição Rodrigues Gonçalves3
Débora Silva Cavalcanti4
Wilma Carla de Freitas5
Unitermos:
Cálcio na Dieta. Densidade Óssea. Osteoporose.
Osteopenia. Ingestão Alimentar.
Keywords:
Calcium, Dietary. Bone Density. Osteoporosis. Bone
Diseases, Metabolic. Eating.
Endereço para correspondência:
Adriana de Sousa Lima
Universidade Federal da Paraíba – Campus I
Jardim Universitário, s/n. – João Pessoa, PB, Brasil –
CEP: 58051-900
E-mail: [email protected]
Submissão:
30 de novembro de 2015
Aceito para publicação:
23 de fevereiro de 2016
1.
2.
3.
4.
5.
RESUMO
Objetivo: Avaliar a ingestão de cálcio dietético e sua relação com a densidade mineral óssea em
mulheres adultas, residentes em João Pessoa, PB. Método: Foi realizada uma avaliação dietética
de cálcio em 50 mulheres adultas, por meio da aplicação de três Recordatórios Alimentares de 24
horas. Os valores obtidos foram relacionados com a densidade mineral óssea, a fim de verificar
se havia relação entre a ingestão dietética de cálcio e densidade mineral óssea. Também foi aplicado um Questionário Quantitativo de Frequência de Consumo Alimentar, utilizando diferentes
grupos de alimentos ricos em cálcio. Resultados: A ingestão dietética média de cálcio do grupo
estudado foi 854,89 mg/dia, tendo 62% das participantes apresentado inadequação. A média
de consumo habitual para os produtos lácteos foi de 1,35 porções, estando abaixo dos níveis
recomendados (2 a 3 porções por pessoa). Cerca de 60% das mulheres avaliadas apresentaram
diagnóstico de osteopenia ou osteoporose, não tendo sido verificada associação entre ingestão
dietética de cálcio e densidade mineral óssea. Conclusão: Os resultados obtidos no presente
estudo demonstraram elevada inadequação dietética de cálcio e alta incidência de osteopenia/
osteoporose em mulheres adultas acima de 40 anos, tendo esse problema se agravado com o
aumento da idade.
ABSTRACT
Objective: This study aimed to assess dietary calcium intake and its relation with bone mineral
density in adult women living in João Pessoa (PB). Methods: Dietary calcium evaluation were
determined in 50 adult women, through the application of three dietary surveys: Questionnaire
Quantitative Food Consumption Rate, by 24 hour Food Recall, verified the consumption of dairy
products, and carried out an evaluation of Bone Mineral Density. Results: About 62% of the women
had the mean inadequate intake of dietary calcium was the 854.89 mg/day. The usual average
consumption for dairy products was 1:35 portions, with the lower the recommended levels (2-3
servings per person). About 60% women were diagnosed with osteopenia/osteoporosis and has not
verified been association between dietary calcium intake and bone mineral density. Conclusion:
The results obtained in this study showed no association between dietary calcium intake and bone
mineral density of women investigated.
Universidade Federal da Paraíba - Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos, João Pessoa, PB, Brasil.
Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Engenharia de Alimentos, Centro de Tecnologia, João Pessoa, PB, Brasil.
Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Nutrição, Centro de Ciências da Saúde, João Pessoa, PB, Brasil.
Complexo de Pediatria Arlinda Marques - Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional, João Pessoa, PB, Brasil.
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Ingestão dietética de cálcio em mulheres adultas
INTRODUÇÃO
No Brasil, alguns estudos conduzidos sobre ingestão dietética de cálcio em mulheres adultas revelaram inadequações,
sendo observadas médias de consumo entre 400 mg e 625
mg/dia, equivalentes a 40% e 62% do recomendado para
essa faixa etária, respectivamente1-3. Essa inadequação se
constitui em fator de risco para a osteoporose, doença que
acomete indivíduos de ambos os sexos. No entanto, é mais
prevalente em mulheres no período pós-menopausa4.
Uma em cada três mulheres na pós-menopausa e a
maioria da população idosa sofre com osteoporose. No
Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas são vítimas dessa
doença5. A osteoporose é um problema mundial de saúde
pública, caracterizada por perda lenta, assintomática e
progressiva da massa óssea, com consequente aumento na
fragilidade dos ossos, tornando-os susceptíveis a fraturas6.
Nos Estados Unidos, aproximadamente 10 milhões de
mulheres são afetadas e um adicional de 34 milhões apresenta baixa massa óssea ou osteopenia7. Neste país, no
período de 2003 a 2006, foi verificada mediana de ingestão
dietética de cálcio de 636 mg/dia, em mulheres com mais
de 51 anos de idade, valor abaixo do preconizado para
esse grupo3,8.
Dados dietéticos sobre a ingestão de cálcio são de grande
relevância e têm sido utilizados como base para recomendações nutricionais e políticas de saúde pública. Quando
estes revelam baixa ingestão, algumas estratégias podem ser
adotadas, tais como a fortificação de alimentos e o uso de
suplementos. Por outro lado, ingestão adequada de cálcio
não implica, necessariamente, em ausência de baixa massa
óssea, o que pode ser investigado por meio da densitometria
óssea, método muito utilizado no diagnóstico de osteoporose.
Nesse trabalho, o objetivo foi avaliar a ingestão dietética
de cálcio em um grupo de mulheres adultas com idade de
40 anos ou mais, e verificar a sua relação com a densidade
mineral óssea (DMO).
MÉTODO
Este estudo foi do tipo transversal com amostra de
conveniência, sendo incluídas mulheres com idade igual ou
superior a 40 anos, selecionadas a partir de um grupo de
praticantes de atividade física, coordenado por profissionais
de educação física, em uma praça pública no município de
João Pessoa, PB, Brasil. O recrutamento ocorreu no período
de maio de 2011 a maio de 2012, sendo aplicado um
questionário com levantamento de dados pessoais, socioeconômicos, clínicos e estilo de vida.
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade
Federal da Paraíba, protocolo nº 0176/2011, e todas as
participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido antes da coleta dos dados.
A avaliação dietética foi realizada por meio da aplicação
de dois inquéritos alimentares: Questionário Quantitativo de
Frequência de Consumo Alimentar (QQFCA) e por Recordatório Alimentar de 24 horas (R24h).
O QQFCA, previamente validado para a população
feminina de João Pessoa9, informa o número de vezes que
os alimentos e bebidas são consumidos, a unidade de tempo
(por dia, semana, mês ou o ano), o tipo de porção consumida
(g ou ml) e o tamanho da porção de cada item alimentar
(pequeno, médio, grande ou extragrande).
O R24h foi aplicado em três dias não-consecutivos,
incluindo-se um dia do final de semana10. Os resultados do
R24h e QQFCA foram analisados com o auxílio dos softwares
Avanutri online®, versão 2.0 (CriaPix, Rio de Janeiro, Brasil)
e Dietsys, versão 3.0, respectivamente.
Os valores de energia, carboidratos, proteínas, lipídios,
vitamina D, fósforo, magnésio e cálcio ingeridos foram
obtidos a partir da média dos três recordatórios alimentares
aplicados. Para as análises das necessidades nutricionais,
foram adotadas as DRIs (Dietary References Intakes), sendo
as AMDR (Acceptable Macronutrient Distribution Ranges)
consideradas para verificar as faixas de distribuição dos
macronutrientes em relação ao valor calórico total ingerido
e a EAR (Estimated Average Requirements) usada para avaliar
as necessidades médias estimadas para cálcio3, e os outros
micronutrientes11.
Ainda, foi avaliado o consumo de leite e derivados (leite
integral, leite desnatado, iogurte e queijo), considerados
como as principais fontes de cálcio e cuja recomendação
para adultos é de 2 a 3 porções diárias5,12. Considerou-se
como uma porção de laticínios o equivalente a 200 ml de
leite integral ou leite desnatado, 200 ml de iogurte ou 40
g de queijo.
As medidas de DMO da coluna lombar (L2-L4) e do
colo femoral foram determinadas por absorciometria de
energia dupla de raios X (HOLOGIC QDR 2000, Discovery
Ci, Hologic Inc., Bedford, MA, USA), sendo os resultados,
expressos em g/cm2, classificados como normal, osteopenia
ou osteoporose com base nos valores relativos ao T-score
(adulto jovem 20 a 45 anos)13.
Análise Estatística
Os resultados referentes às características socioeconômicas da população estudada foram apresentados na
forma de tabelas, usando a estatística descritiva (frequências
absolutas, média, mediana e desvio padrão).
A ingestão dietética diária de cálcio foi verificada de
acordo com o delineamento do tipo fatorial completo 22 com
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Lima AS et al.
adição de ponto central. Foram realizados 21 experimentos
incluindo quatro fatoriais (combinações dos níveis -1 e +1)
e três repetições no ponto central (0). O delineamento foi
analisado com o auxílio do pacote estatístico STATISTICA
5.0® (StatSoft Inc., Tulsa, OK, USA, 2004)14. No estudo de
correlação entre a ingestão de cálcio e a DMO das mulheres,
utilizou-se o coeficiente de correlação linear de Pearson. Esses
testes foram avaliados com auxílio do pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences-SPPS, versão 17.0 (SPSS,
2004). O nível de significância adotado foi α=5% (0,05).
média de dois salários mínimos, 44% (n=22) concluíram
o ensino superior.
A quantidade média de calorias ingerida pelo grupo
estudado foi 2668,64±1388,04 kcal/dia. Com relação
aos carboidratos, lipídios e proteínas foram observados
valores médios de ingestão diária de 374,98±195,81 g/
dia, 80,74±47,1 g/dia e 110,52±58,9 g/dia, representando 56,6%, 26,7% e 16,7% do total energético diário,
respectivamente. Esses resultados estão situados dentro das
faixas recomendadas pelo Institute of Medicine of the National
Academies, nos Estados Unidos15.
RESULTADOS
Das 50 mulheres avaliadas, 6% consumiram mais lipídios
do que o recomendado, tendo esse percentual declinado
(2%) para carboidratos.
As características socioeconômicas das participantes do
estudo estão dispostas na Tabela 1. O grupo estudado foi
constituído por 50 mulheres adultas, com idades mínima
e máxima de 40 e 83 anos, respectivamente, e média
de 55,16±9,74 anos. Desse grupo, com renda familiar
Para o cálcio, a média de ingestão dietética encontrada
foi 854,89±5,2 mg/dia, sendo verificado consumo inadequado em 62% da população (Tabela 2). Quando essa
Tabela 1 – Características socioeconômicas de mulheres adultas, em um município do Nordeste do Brasil (2011-2012).
Características Socioeconômicas
Faixa etária (anos)
Escolaridade1
Renda familiar ($)
2
Média±DP
Mediana
n
%
40 | 50
45,47±2,96
47,00
17
34,00
51 | 60
54,95±2,76
54,50
20
40,00
≥61
68,15±6,88
64,00
13
26,00
Ensino fundamental
-
-
12
24,00
Ensino médio
-
-
16
32,00
Ensino superior
-
-
22
44,00
1 a 3 salários
-1059,54±382,08
1100,00
24
48,00
> 3 a 5 salários
2463,64±498,54
2200,00
11
22,00
> 5 salários
6545,07±4375,03
5000,00
15
30,00
ensino fundamental correspondendo a 8 anos ou menos de estudo, ensino médio a 12 anos de estudo e ensino superior a mais de 12 anos de estudo; 2Renda familiar expressa em saláriosmínimos (01/01/2011 a 31/12/2012) = R$ 622,00. Abreviações: DP=desvio padrão.
1
Tabela 2 – Ingestão dietética de cálcio, ingestão inadequada de cálcio em relação à faixa etária e à renda familiar das mulheres adultas, em um município
do Nordeste do Brasil (2011-2012).
Características
N°
Ingestão dietética de
Ingestão inadequada de
% da
gerais
mulheres /grupo
cálciob /grupo
cálcioc/grupo
EAR atendidad
Grupo etárioa
40-50 anos
17
240,27a±95,51
17
31,72%
51-60 anos
20
341,74a±147,87
19
34,11%
> 60 anos
13
374,19 ±154,74
13
37,42%
50
956,20 ± 398,12
49
-
1 até 3 salários
24
292,85a±108,27
24
34,46%
> 3 até 5 salários
11
294,41a±153,88
11
31,00%
> 5 salários
15
310,02 ±173,28
14
36,99%
50
897,28±435,43
49
-
Total
a
Renda familiar$
Total
a
Grupo etário=média geral da idade por faixa etária; $Renda familiar expressa em salários-mínimos (1/1/2012)=R$ 622,00; bIngestão dietética média de cálcio ajustado para calorias, por grupo etário
e renda familiar, expressa em mg/1000 Kcal/dia; cNúmero de mulheres com ingestão dietética de cálcio inadequada por grupo etário e renda familiar; dEAR=800 mg/dia para grupo com 40-50 anos
e 1000 mg/dia para 51-60 e > 60 anos de idade, IOM, 2011. Letras diferentes entre linhas e colunas, apresentam diferença estatística significativa a p<0,05 pelo Teste Tukey.
a
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Ingestão dietética de cálcio em mulheres adultas
Tabela 3 – Consumo dietético habitual de leite e derivados de mulheres adultas, em um município do Nordeste do Brasil (2011-2012).
Alimentos
N (%)
Consumo dietético habitual/alimento
Média±DP
Mediana
Leite integral (mL)
27 (54%)
99,18±66,49
75,00
Leite desnatado (mL)
20 (40%)
94,82±50,29
75,00
Iogurte (g)
44 (88%)
63,33±50,68
70,71
Queijo (g)
50 (100%)
13,41±11,19
12,86
Tabela 4 – Associação entre a Densidade Mineral Óssea e a idade das mulheres adultas, em um munícipio do Nordeste do Brasil (2011-2012).
Idade (anos)
Densidade Mineral Óssea
Normal
Total
Osteopenia/Osteoporose
N
%
N0
%
N0
%
≤ 50
12
60,0
4
23,3
16
32,0
> 50
8
40,0
26
86,7
34
68,0
Total
20
100,0
30
100,0
50
100,0
0
χ =12,10; p=0,001
2
ingestão foi ajustada para caloria, foi encontrado valor de
318,12±195,7 mg de cálcio/1000 kcal/dia, correspondendo a menos de 40% da necessidade recomendada para
mulheres adultas3. A relação cálcio/proteína encontrada foi
de 7,7 mg de cálcio para 1 g de proteína e a razão cálcio/
fósforo foi de 0,78 (Tabela 2).
A média de consumo habitual para os produtos lácteos
(1,35 porções, correspondendo a 270 mL de leite ou iogurte
ou 54 g de queijo) esteve abaixo dos níveis recomendados16,
mesmo com todas as mulheres do estudo reportando o
consumo de pelo menos um tipo de alimento deste grupo.
As médias de consumo de leite (integral ou desnatado),
iogurte e queijo encontradas foram 97 mL, 63,33 g e 13,41
g, respectivamente (Tabela 3).
No grupo estudado, o leite integral foi o alimento
mais frequentemente consumido, enquanto o leite desnatado teve um consumo próximo ao do leite integral, no
entanto, ambos apresentaram média de consumo menor
que uma porção por dia. O consumo de iogurte e queijo
foi reportado pela maioria da população, embora com
menor frequência, resultando em média de consumo diário
baixa (Tabela 3).
Os resultados da DMO revelaram que 30 mulheres (60%)
apresentaram diagnóstico de osteopenia ou osteoporose.
Desse total, 66,7% apresentavam osteopenia, enquanto
33,3% foram diagnosticadas com osteoporose (Tabela 4).
A DMO mostrou associação estatisticamente significativa
(c2=12,10; p=0,001) com a idade das participantes do
estudo, sendo verificado um maior percentual (86,7%) de
osteopenia ou osteoporose entre as mulheres com mais de
50 anos de idade (Tabela 4). Quando a DMO foi relacionada com a ingestão dietética de cálcio, não foi observada
associação significativa (p=0,016; r2=0,016).
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos no presente estudo não revelaram
associação entre a ingestão dietética de cálcio e a densidade mineral óssea das mulheres investigadas. Entretanto,
indicou alta prevalência de ingestão dietética inadequada
em cálcio. Vários estudos sugerem que a dieta desempenha
um papel crítico na modulação da DMO, na aquisição do
pico de massa óssea e na alteração da taxa de perda óssea
em mulheres na pós-menopausa13.
A ausência de associação entre a DMO e a ingestão de
cálcio pode ser atribuída ao fato de existirem outros fatores
envolvidos na determinação da redução da massa óssea.
Pois, quando se relacionou a idade das mulheres com a
DMO, foi vista associação, indicando que nesse caso a idade
pesou mais do que a ingestão de cálcio.
Um dos fatores de risco é a fase da menopausa,
quando participaram do presente estudo mulheres com
mais de 50 anos de idade, estando inseridas nas fases
da menopausa e pós-menopausa, classificadas como
representantes da classe C e alto nível de escolaridade.
Nessas etapas, as mulheres se tornam mais vulneráveis
à diminuição da massa óssea, podendo desenvolver a
osteoporose.
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A nutrição adequada desempenha um papel importante
na aquisição e manutenção da massa óssea. No presente
estudo, foram verificadas importantes inadequações dietéticas,
não apenas em relação ao cálcio, mas também quanto à
ingestão de vitamina D, fósforo e magnésio. Alguns autores
conduziram um estudo de base populacional com homens e
mulheres acima de 40 anos, e detectaram inadequações dietéticas para cálcio e vitamina D, e um alto consumo de fósforo.
Estes achados concordam com os encontrados nesse estudo2.
No Brasil, há uma escassez de dados sobre a avaliação da
ingestão dietética de cálcio em mulheres acima de 40 anos
de idade. No entanto, em alguns estudos foram observadas
ingestões dietéticas de cálcio entre 400 mg e 625 mg/dia.
Esses valores foram menores do que o encontrado nesse
estudo (854,89 mg/dia)1,2.
A baixa ingestão de cálcio também é bem documentada
em populações de países desenvolvidos. Nos Estados Unidos,
utilizando o banco de dados, foram encontrados valores de
ingestão dietética de cálcio de 700 mg, 671 mg e 674 mg/dia,
em mulheres, no grupo etário entre 41 a 60 anos8.
Quando a ingestão dietética de cálcio foi ajustada para
a quantidade de calorias, foi verificado um valor abaixo do
desejável para o grupo estudado, correspondente a menos
de 400 mg de cálcio/dia. Foi observado também, em outro
estudo, que, ao avaliar a dieta de mulheres norte-americanas,
verificou-se que a razão entre a ingestão de cálcio dietético
e de calorias aumentava com a idade, achado semelhante
ao observado nesse estudo8.
A baixa ingestão de cálcio verificada no estudo foi reforçada pelo baixo consumo habitual de alimentos fontes ou
ricos em cálcio, estando aquém do recomendado para uma
boa saúde óssea. Em um outro estudo foi verificado que a
quantidade de energia, proteína e cálcio foi relacionada
de forma independente à DMO de mulheres na fase da
pós-menopausa13.
Alguns autores concordam com a inexistência de associação entre a ingestão inadequada de cálcio e a DMO17.
Essa ausência de associação era esperada, pois a redução
da massa óssea é uma condição de caráter multifatorial, e,
além disso, deve-se considerar que a população do estudo
foi composta, em sua maioria, por mulheres na fase da pósmenopausa, etapa da vida da mulher em que se verifica uma
perda de massa óssea.
Nesta fase, entretanto, para elevar o consumo de cálcio
na dieta, pesquisas sugerem utilizar algumas alternativas,
como incluir o uso de suplementos e a fortificação de determinados alimentos. O uso de suplementos por mulheres na
pós-menopausa é uma prática bastante difundida entre os
profissionais da área da saúde como método de prevenção
da osteoporose e seus efeitos têm sido investigados por
diversos pesquisadores17.
Na literatura são verificados diversos produtos alimentícios fortificados com cálcio, tendo ótima biodisponibilidade
e baixo custo17. Esses estudos confirmaram a existência de
efeitos benéficos da suplementação com cálcio na prevenção
da perda óssea nessa fase da vida. No entanto, esse efeito
é mais significativo se a ingestão habitual de cálcio for alta
(entre 500 e 1200 mg/dia) e se for associada à suplementação com vitamina D.
Desta forma, concluímos que o incentivo ao consumo
adequado de cálcio e vitamina D, especialmente por meio
da dieta, o monitoramento da saúde óssea, bem como a
prática de atividades físicas, por mulheres acima de 40 anos
de idade, são ações de grande importância para a prevenção
da osteoporose.
CONCLUSÃO
Constatamos uma elevada inadequação dietética de
cálcio e alta incidência de osteopenia/osteoporose em
mulheres adultas acima de 40 anos, tendo esse problema
se agravado com o aumento da idade. Daí a importância
de acompanhar esses indicadores da saúde óssea, especialmente nesta fase da vida, em que a perda de massa óssea
é inevitável.
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Local de realização do trabalho: Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.
Conflito de interesse: As autoras declaram não haver.
Rev Bras Nutr Clin 2016; 31 (2): 118-23
123
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