Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Relevo da Bacia do Rio das Antas (GO): Revisão Bibliográfica Lorena Tereza Morais de Oliveira¹; Homero Lacerda² ¹ Bolsista PBIC/UEG, Licenciatura em Geografia, UnUCSEH, [email protected] ² Orientador, UnUCSEH, [email protected] Av. Juscelino Kubitschek, nº 146 - Bairro Jundiaí - Caixa Postal 459 CEP: 75.110-390 - Anápolis (GO) PALAVRAS-CHAVE: Relevo, Mapa Geomorfológico, Bacia Hidrográfica. 1 INTRODUÇÃO O presente estudo é uma revisão bibliográfica dos trabalhos abrangendo a bacia do rio das Antas (Figura 1) e que tratam da compartimentação do relevo. A partir desta revisão é proposto um mapa geomorfológico compilado para a bacia em tela. Figura 1. Localização da bacia do rio das Antas em relação ao sítio urbano de Anápolis e ao Rio Corumbá. A bacia do rio das Antas está situada no estado de Goiás, entre as 1 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 coordenadas UTM: 700.000/780.000mE e 8.180.000/8.220.000mN (Fuso 22). O rio das Antas possui seu alto curso no sítio urbano de Anápolis (Figura 1) e desagua no Rio Corumbá, situado no município de Silvânia. A bacia também abrange parte dos municípios de Abadiânia e Gameleira de Goiás. Por meio da análise da Carta Topográfica 1/250.000 da Folha Goiânia (IBGE, 1980), observa-se que a bacia hidrográfica do rio das Antas tem forma alongada, orientada na direção leste oeste, área de aproximadamente 1.125 km², comprimento de cerca de 62,5 km, altitude máxima de 1130 m e mínima de 800 m, com amplitude do relevo de 330m. O padrão de drenagem pode ser caracterizado como dendrítico, acrescentando que, na parte leste da bacia, existem algumas drenagens com padrão circular (Figura 1). O trabalho inicia com apresentação dos materiais e métodos, prossegue com a a revisão bibliográfica e termina apresentando o mapa geomorfológio compilado. 2 MATERIAL E MÉTODOS O material cartográfico utilizado nesta análise foi produzido por Mamede et. al. (1983), Dantas (2002) e Latrubesse (2005). O trabalho de Mamede et. al. (1983) contém a cartografia geomorfológica e a descrição da geomorfologia da Folha Goiânia (SE.22), executadas como parte dos trabalhos do Projeto Radambrasil. O mapa geomorfológico de Mamede et al. (1983) foi elaborado na escala 1/250.000 e publicado em escala 1/1.000.000. Dantas (2002) elaborou o Mapa Geomorfológico do Distrito Federal e Entorno em escala 1/250.000, como parte do Zoneamento Ecológico-Econômico da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno Fase I (ZEE RIDE – FASE I). Latrubesse (2005) elaborou o Mapa Geomorfológico do Estado de Goiás, que gerou produtos nas escalas 1/250.000, 1/500.000 e 1/1.000.000. 2 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 O Mapa Geomorfológico Compilado da Bacia do Rio das Antas foi elaborado a partir da sobreposição dos mapas de Mamede et. al. (1983), Dantas (2002) e Latrubesse (2005), obtendo de cada mapa os elementos de maior relevância para a compartimentação do relevo da bacia. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Este tópico é dedicado à revisão dos trabalhos que tratam do mapeamento geomorfológico da área de interesse (Mamede et. al. 1983, Dantas 2002 e Latrubesse 2005). Dantas (2002) Na área da bacia do rio das Antas Dantas (2002) mapeou quatro tipos de relevos: agradação, aplainamento, aplainamento/dissecação e dissecação. O Relevo de Agradação é a planície de inundação do rio das Antas, superfície sub-horizontal, situada em fundo de vale e caracterizada por formações superficiais aluvionares, com depósitos arenosos ou arenoargilosos. O Relevo de Aplanamento está representado pelos Topos de Chapadas, que constituem remanescentes de uma antiga superfície de erosão. São caracterizadas como superfícies planas, com gradientes inferiores a 3 o e capeadas por uma couraça detrítico-laterítica. Os contatos com as outras unidades são marcados por rebordos delimitados por vertentes íngremes. O Relevo de Aplainamento/Dissecação está representado por superfícies planas, com gradiente de 3° a 5° e amplitude do relevo de 20 a 50m. Contém uma rede de drenagem de baixa densidade, com padrão dendrítico a subdendrítico, com vales amplos e abertos O Relevo de Dissecação é dividido em dois compartimentos: Domínio Colinoso, formado por colinas de topos arredondados, com vertentes 3 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 suaves (gradiente de 5o a 15o), amplitude de 30 a 60m e padrão de drenagem dendrítico; Domínio de Colinas e Morros compreendendo colinas dissecadas e morros, de topos arredondados, com vertentes de gradiente suave a médio (10o a 30o), amplitude entre 40 e 100m e densidade de drenagem média à alta. Mamede et al. (1982) Os autores descrevem que a área em estudo pertence ao Planalto do Alto Tocantins Paranaíba e possui três tipos de relevo: formas estruturais; formas erosivas; e formas de dissecação. As Formas Estruturais ocorrem em uma área muito restrita, na porção leste da bacia, ao longo do seu divisor. Trata-se de uma superfície estrutural tabular, ou seja, uma superfície aplanada de topo parcial ou totalmente coincidente com a estrutura geológica. As Formas Erosivas estão representadas pelo compartimento Superfície Erosiva Tabular descrito como relevo residual de topo plano, limitado por escarpas ereosivas e representando um provável testemunho de superfície de aplanamento. As Formas de Dissecação foram subdivididas em tabulares e convexas. As formas tabulares são relevos de topo aplanado, com diferentes ordens de grandeza e de aprofundamento de drenagem, separados por vales de fundo plano. As formas convexas são representadas por relevos de topo convexo, com diferentes ordens de grandeza e de aprofundamento de drenagens, separados por vales de fundo plano. Latrubesse (2005) Segundo Latrubesse (2005) a bacia do Rio das Antas pertence a um grande compartimento, denominado Sistema Denudacional, que se subdivide em Superfícies Regionais de Aplainamento e Zona de Erosão Recuante. 4 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 As Superfícies Regionais de Aplainamento são geradas pelo arrasamento/aplainamento de uma superfície de terreno dentro de determinado intervalo de cotas, ocorrendo de forma independente dos controles geológicos regionais (litologias e estruturas). Tem cotas entre 900 e 1100m e são desenvolvidas sobre rochas pré-cambrianas, com dissecação média. As Zonas de Erosão Recuante, são caracterizadas por uma forte dissecação, associada à erosão regressiva associada à rede de drenagem atual. Essa forma de relevo evolui para paisagens de morros e colinas. 4 MAPA GEOMORFOLÓGICO COMPILADO O mapa geomorfológico apresentado neste tópico foi elaborado a partir da análise e integração das obras abordadas nos itens anteriores. No mapa compilado (Figura 2) o relevo é compartimentado em porções com caracteristicas geomorfologicas em comum, englobadas em dois conjuntos: Relevo Agradacional; e Relevos Degradacionais, incluindo aplanamento, dissecação e aplanamento/dissecação. Figura 2. Mapa Geomorfológico Compilado da Bacia do Rio das Antas. Fonte: Elaborado por 5 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 Lorena Tereza Morais de Oliveira a partir de Mamede et. al. (1983), Dantas (2002) e Latrubesse (2005). O Modelado de Agradação ou de Acumulação é aquele formado pelos processos deposicionais. No caso abordado, ocorrem nos fundos de vales, na porção centro-leste da bacia, ao longo do Rio das Antas e de alguns afluentes. É representado por planícies de inundação, caracterizadas pela presença de formações superficiais do tipo aluvionar, compostas por depósitos arenosos ou areno-argilosos. O Modelado de Degradação é aquele formado pelo conjunto de processos erosivos que modelam o relevo através da fragmentação e remoção de fragmentos de solo e rocha, que vão formar os sedimentos detríticos. Na Bacia do Rio das Antas o Modelado de Degradação compreende: aplanamento, dissecação e aplanamento/dissecação. O modelado de aplanamento ocorre na parte norte da bacia, ao longo do divisor, e na parte centro sul, nos interflúvios dos afluentes da bacia do Rio das Antas. É formado por topos de chapadas, que são superfícies planas ou aplanadas, não dissecadas, capeadas por uma couraça detríticolaterítica, com escarpas no contato com as outras unidades. Do ponto de vista genético, são interpretadas como remanescentes de uma antiga superfície de erosão. O modelado de dissecação ocorre na maior parte da bacia e se subdivide em relevos de formas tabulares e relevos de formas convexas. As formas tabulares ocorrem na porção oeste e centro-oeste da bacia, são relevos de topos aplanados com dissecação média, diferentes ordens de grandeza e aprofundamento de drenagem, eventualmente separados por vales de fundo plano. As formas convexas estão situadas na parte leste da bacia e são caracterizadas por relevo de topo convexo com dissecação forte, diferentes ordens de grandeza para a dissecação e para o aprofundamento de drenagem, eventualmente separados por vales de fundo plano. O modelado de aplanamento/dissecação ocorre em uma pequena 6 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 porção na parte leste da bacia, próximo a foz do Rio das Antas. É representado por superfície plana sulcada por uma rede de canais de baixa densidade de drenagem, com vales muito amplos e abertos. 5 CONCLUSÕES O relevo da bacia do rio das Antas compreende formas agradacionais e formas degradacionais. As formas agradacionais são representadas por planícies de inundação e ocorrem na porção centro-leste da bacia, ao longo do Rio das Antas e de alguns de seus afluentes. As formas degradacionais são subdivididas em: aplanamento; dissecação; e aplanamento/dissecação. O modelado de aplanamento, representado por Topos de Chapadas, ocorre na parte norte da bacia, ao longo do divisor, e na parte centro sul, nos interflúvios dos afluentes do Rio das Antas. O modelado de dissecação ocupa a maior parte da bacia e se subdivide em duas categorias: relevos de formas tabulares e relevos de formas convexas. O modelado de aplanamento/dissecação está representado por superfícies tabulares, sulcadas por uma rede de canais de baixa densidade de drenagem, com vales muito amplos e abertos. A caracterização geomorfológica da bacia hidrográfica do Rio das Antas é de grande importancia para o planejamento de sua ocupação. Isto ocorre porque ao ocupar um território as pessoas estão sujeitas aos processos geomorfológicos que ali ocorrem. Este é o caso da planície de inundação que, conforme indicado no seu nome, é uma área naturalmente inundável. A ocupação de uma determinada área pode provocar a aceleração dos processos geomorfológicos, com surgimento da erosão acelerada. Este é o caso da ocupação inadequada de áreas de altas declividades como, por exemplo, os rebordos das chapadas ou as áreas de dissecação média a forte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 Anais do VIII Seminário de Iniciação Científica e V Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 10 a 12 de novembro de 2010 DANTAS, M. E. ZEE RIDE FASE I: Mapa Geomorfológico. Rio de Janeiro: CPRM/EMBRAPA/SCO-MI, 2002. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Carta Topográfica 1/250.000 Folha Goiânia SE.22.X.B. Brasília: IBGE,1980. LATRUBESSE, E. M. (Coord.) Mapa geomorfológico do Estado de Goiás e Distrito Federal 1/500.000. Goiânia: SGM, 2005. MAMEDE L., NASCIMENTO M.A.L.S., FRANCO, M. S. Geomorfologia. In MME/SG/Projeto RadamBrasil. Levantamento de Recursos Naturais, Projeto Radambrasil, v. 25. Rio de Janeiro: IBGE, 1983, p. 301-376. ROSS, J. L. S. Tratamento Metodológico na Geomorfologia Aplicada. Geomorfologia, Ambiente e Planejamento. São Paulo: Contexto, 2001. 8 In: