Capítulo II Elementos Básicos de Mecânica quântica 15 Mauro M.G. de Carvalho Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Capítulo II Noções básicas de mecânica Quântica. Cronologia do desenvolvimento básico da mecânica quântica 1897 - Joseph Thomson descobre o elétron (tubo de raios catódicos). 1899 – Otto Lummer e Ernst Pringsheim levantam a curva da densidade de energia por frequência em função da frequência para o corpo negro. 1900 - Max Planck faz a hipótese quântica para explicar a radiação do corpo negro. 1905 - Albert Einstein estende o conceito de "quantum" de energia e explica o efeito fotoelétrico. 1911 - Ernest Rutherford propõe um modelo para o átomo com um núcleo pesado e elétrons gravitando em torno dele. 1913 - Niels Bohr apresenta seu modelo quântico para o átomo de hidrogênio. 1913 - Robert Millikan mede a carga do elétron. 1914 - Ernest Rutherford propõe que o núcleo contém prótons. 1924 - Louis de Broglie propõe que elétrons podem ter comportamento ondulatório. 1926 - Erwin Schrödinger chega à equação básica da mecânica quântica. 1927 - Clinton J. Davisson, Lester Germer e George Thomson confirmam o caráter ondulatório do elétron experimentalmente. 1927 - Werner Heisenberg estabelece o princípio da incerteza. 16 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho A origem Maxwell, Hertz, Faraday dentre outros mostraram que a luz é uma onda eletromagnética (o que pode ser comprovado por fenômenos tais como interferência, difração, polarização etc.) que se propaga no vácuo com velocidade 1 8 c 2,998x10 m s [1], onde: oo o= 8,85 x 10-12 u(SI) [2] (no vácuo) é a constante dielétrica do meio o= 12,57 x 10-7 u(SI) (no vácuo) é a permeabilidade magnética do meio Ondas eletromagnéticas são geradas por cargas em movimento acelerado. Assim quando uma energia é transferida a um elétron para acelera-lo, parte dessa energia será transformada em energia eletromagnética. O oposto também é verdadeiro. Se um elétron é freado, parte de sua energia cinética é transformada em energia eletromagnética. Este é, aliás, o principal mecanismo para obtenção de raios-x. No caso, um feixe de elétrons com alta energia cinética choca-se contra um alvo onde para quase instantaneamente gerando ondas eletromagnéticas denominadas raios-x. Este efeito é conhecido como bremsstrahlung do alemão bremsung (desaceleração) e strahlung (radiação). Elétrons Alvo Raios-x Fig. 1: Produção de raios-x A energia eletromagnética emitida por uma carga acelerada pode ser absorvida por outra carga que, em condições apropriadas, passará a ter seu movimento induzido pela carga em movimento. É assim os elétrons em movimento na antena de uma emissora geram onda eletromagnética que movimenta elétrons na antena de um receptor. Também é assim que a luz proveniente do sol é absorvida por átomos e molécula da atmosfera que reemitem essa luz em todas as direções, ou seja, espalham a luz, isto é, a luz sofre espalhamento. O espalhamento da luz é proporcional à quarta potência de sua frequência e como o azul é a cor de maior frequência do espectro solar, é ela que sofre maior espalhamento dando a cor é azul ao céu. [1] [2] Doravante, salvo menção contrária, o valor utilizado para c será 3,0 x 10 8 m/s. u(SI) unidades do Sistema Internacional de unidades. 17 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Radiação do corpo negro Vamos imaginar uma cavidade de paredes irregulares com uma única pequena saída. A energia eletromagnética que entra na cavidade é absorvida e reemitida pelos átomos de suas paredes. No equilíbrio, a energia absorvida é igual à emitida e a temperatura da cavidade permanece constante. Em outras palavras, a densidade de energia E(f ) (energia por volume ou área) é constante para cada frequência. Em 1899, Lummer e Pringsheim levantaram a curva experimental da densidade de energia por frequência da radiação emitida pelo corpo negro quando está na temperatura T (em Kelvin). Fig. 2: Corpo negro A Figura 3 Mostra o comportamento de E(f ). Fig. 3: Curva E(f ) (no figura representada por RT(f))em função da frequência da radiação para o corpo negro em três diferentes temperaturas: 1000K, 1500K e 2000K.(http://www.infoescola.com/fisica/radiacao-do-corponegro/) É importante observar que: 1) Para cada temperatura existe um frequência para a qual a densidade de energia é máxima. 2) O máximo da densidade de energia se desloca para maiores frequências quando a temperatura aumenta. Muitas vezes essa curva é dada em função do comprimento de onda. Como sabemos, c = f , ou seja = c/f. Assim, a curva toma outro aspecto pois maiores frequências correspondem a menores comprimentos de onda. Veja e analise a figura abaixo. 18 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Fig.4: Curva E(na figura representada por E) em função do comprimento de onda da radiação para o corpo negro em três diferentes temperaturas: 5000K, 6000K, 7000K. (http://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap2/cap2-5.html) Até 1900, com a física conhecida na época não se conseguia uma expressão que reproduzisse o comportamento experimental da densidade de energia do corpo negro. Neste ano, o físico alemão Max Planck tentou uma solução considerando que os átomos das paredes do corpo negro são pequenos osciladores que só emitem e absorvem energia em números inteiros de certo valor de emergia Eo, ou seja, a energia absorvida ou emitida por cada oscilador só poderia ser 0, Eo, 2Eo, 3Eo, 4Eo,....nEo [3] onde Eo = hf com h sendo uma constante. Usando este artifício, Planck chegou à expressão abaixo que reproduz com exatidão a curva experimental. 8hf E f 3 c 3 1 hf e kT 1 Onde k = 1,38 x 10-23 J/K é a constante de Boltzmann e T a temperatura do corpo negro. A constante h recebeu o nome de constante de Planck, uma justa homenagem a Max Planck, e é uma das constantes mais importantes da física quântica. h = 6,63 x 10-34 J.s = 4,17 x 10-15 eV.s A equação encontrada por Planck permite ainda a obtenção de expressões algébricas de algumas leis muito importantes. A lei de Wien, por exemplo: “Para uma dada temperatura T (em Kelvin), é constante produto do comprimento de onda para ao qual a densidade de energia é máxima pela temperatura considerada.” max.T = 2,90 x 10-3 m.K Observe que, em princípio, isso permite medir a temperatura de um corpo pela sua cor. Baixa temperatura, comprimento de onda grande (vermelho), alta temperatura, comprimento de onda pequeno (azul). Aplic.1: Determine a temperatura de um corpo negro quando ele emite um comprimento de onda predominante de 740nm (vermelho) e quando emite um comprimento de onda predominante de 400nm (violeta). [3] Na verdade a ideia de Planck era fazer Eo tender a zero o obter uma solução para o contínuo de energia . 19 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho R: 3,92 x 103K e 7,25x103K Com a equação encontrada por Planck, também se demonstra que a potência por unidade de área (I) da radiação emitida pelo Corpo negro é proporcional à quarta potência de sua temperatura absoluta (lei de StefanBoltzmann): I = T4 , onde = 5,67 x 10-8 W/m2K4 é a constante de Stefan-Boltzmann Todas as equações acima foram obtidas para o Copo Negro. Todavia, qualitativamente o comportamento de qualquer corpo é semelhante ao do corpo negro. Para um corpo qualquer existe um fator, denominado emissividade que representa a fração de emissão radiativa do corpo em relação ao corpo negro. Claro que a emissividade do corpo negro é a maior e vale 1. Em todo caso, pode-se sempre afirmar que se um pedaço de um material aquecido está laranja e outro pedaço do mesmo material está vermelho, o de coloração laranja está a uma temperatura maior uma vez que o comprimento de onda da radiação laranja é menor do a da vermelha. Pela lei de Wien... A figura abaixo mostra uma barra metálica muito aquecida. Observe que temos diferentes temperaturas (cores) em ao longo da barra. Fig.5: Uma barra metálica aquecida Sabendo que a emissividade do metal pode-se até avaliar a temperatura de cada ponto. Onde está mais quente? (http://www.manutencaoesuprimentos.com.br/conteudo/6036-fundicaocentrifuga/) 20 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Efeito fotoelétrico Ocorre quando a luz incide sobre uma superfície de um metal e arranca elétrons desse metal. A figura 6 mostra uma célula fotoelétrica esquematicamente. Imaginemos uma fonte de tensão V ligada entre o eletrodo M1 de onde são arrancados os elétrons (ou onde a luz incide) e um segundo eletrodo M2. Na figura 6a a fonte é ligada de forma a acelerar os elétrons. Neste caso, todos os elétrons arrancados de M 1 chegam a M2 e o amperímetro A vai indicar a passagem de uma corrente. Na figura 6b a fonte é ligada de forma a frear os elétrons. Se a tensão entre os eletrodos não for suficiente para frear todos os elétrons, haverá uma corrente no circuito medida pelo amperímetro A. Aumentando a tensão, haverá um valor para o qual nenhum elétron chegará a M2, mesmo com o aumento da intensidade de luz. Para votar a ter corrente elétrica é necessário usar luz de maior frequência (menor comprimento de onda). Isto indica que para uma determinada frequência existe um valor máximo da energia do elétron e esta energia máxima está ligada à frequência da radiação incidente. Este efeito não pode ser explicado pelas teorias clássicas e só foi explicado por A. Einstein, em 1905, usando uma generalização da ideia de Planck para o corpo negro. Elétrons numa célula fotoelétrica desse tipo são chamados fotoelétrons. M1 M1 M2 M2 elétrons elétrons V V 0 0 A A (a) (b) Fig. 6: Célula fotoelétrica (a) Polarizada para acelerar os elétrons e (b) polarizada para frear os elétrons (anular a corrente em A). Outro ponto não explicável pelas teorias clássicas é o tempo de resposta no efeito fotoelétrico. Abaixo são apresentadas as características do efeito fotoelétrico. Características: 1) A resposta da célula é imediata, i.é, não é detectável qualquer intervalo de tempo entre a chegada da luz e o aparecimento de corrente. 2) A intensidade de corrente aumenta com a intensidade de luz. 3) Para a luz com um comprimento de onda (frequência) acima (abaixo) de um certo valor o (fo) dependente do material onde ela incide, não há corrente qualquer que seja a intensidade de luz. 4) A energia máxima do fotoelétron – medida pela ddp que se deve aplicar entre os eletrodos da célula para anular a corrente - é diretamente proporcional à frequência da luz incidente Pela teoria de Einstein: Fótons são “partículas” de massa zero em repouso e energia E = hf, onde h é a constante de Planck tal qual no corpo negro. Para arrancar elétrons do metal, a luz, em forma de fótons, precisa de uma energia mínima , denominada função de trabalho do metal (cada material tem sua função de trabalho). Se toda energia do fóton fosse cedida ao elétron, o elétron poderia sair do metal com energia hf. Todavia, parte da energia do fóton é usada para arrancar o elétron () e, portanto, a energia máxima (TMax) que o elétron pode ter ao sair do metal é: TMax= hf - O gráfico dessa energia máxima pode ser representado por 21 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Tmax fo f - Fig.7: Gráfico da energia máxima do fotoelétron em função da frequência da radiação incidente na célula. Se V é o potencial que anula a corrente para cada f, então eV é a energia máxima do fotoelétron para a frequência considerada. fo é chamada frequência de corte. No Apêndice 1 (última página) apresentamos uma analogia mecânica do efeito fotoelétrico Aplic.2: O comprimento de onda de corte de uma célula fotoelétrica é 580 nm. Calcule a energia máxima (em eV) de um fotoelétron gerado por uma radiação de 480 nm. R: 0,45 eV Aplic.3: Uma radiação de 500 nm incide numa célula fotoelétrica. Para anular a corrente na célula é necessário uma tensão de 1,20 V. Qual a função de trabalho no metal da célula (em eV)? R: 1,3 eV Aplic.4: Num célula fotoelétrica, a tensão de corte (tensão necessária para anular a corrente) é 0,84 V. A função de trabalho da placa da célula é 2,16 eV. Qual o comprimento de onda da radiação incidente? R: 417 nm Momento do fóton O momento de uma onda eletromagnética é dado por4 p= E/c, E sendo a energia transportada pela onda. Será que fóton também tem momento E/c? No caso do fóton, podemos escrever p= hf/c, pois a energia transportada por um fóton é hf. Quando há variação de energia do fóton, há necessariamente variação no seu comprimento de onda (ou frequência). Portanto, numa interação entre um fóton e um elétron, por exemplo, o comprimento de onda do fóton deve mudar refletindo sua variação de energia. Para testar essa ideia, Arthur Holly Compton fez incidir um feixe de raios-X (fótons!) sobre um alvo de carbono e, com um detetor de Raios-X, mediu a intensidade do feixe em função do comprimento de onda após atravessar o alvo para ângulos de espalhamento diferentes; 4 2 2 2 p . Portanto, a o A energia de uma partícula de massa em repouso mo é, pela teoria da relatividade: U c m c energia de uma partícula com massa em repouso zero é igual à de uma onda eletromagnética. 22 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Alvo Raios X Fig.8: Arranjo experimental para medir o espalhamento Compton A relação entre os comprimentos de onda do fóton espalhado e do fóton incidente (ver apêndice 2) é: (1 cos ) , onde C = h/moc = 2,43 x 10-12 m c Onde: ’ → Comprimento de onda do fóton espalhado. → Comprimento de onda do fóton incidente. C → Comprimento de onda de Compton para elétron. mo → a massa do elétron em repouso. Conforme mostra a fig.9, para cada ângulo, são encontrados dois picos de intensidade. Um corresponde a ou seja, são os fótons não espalhados ou espalhados sem variação de energia. O outro pico corresponde a ’, i.é, o comprimento de onda dos fótons espalhados. Isto é uma prova experimental que fótons têm momento. Fig.9:Medidas do espalhamento Compton para 4 ângulos diferentes. (De http://mesonpi.cat.cbpf.br/fisMod/efeito-compton/compton.htm) Aplic.5: Qual o valor de para que seja máximo? Aplic.6: Calcule para =135o e compare com o resultado experimental da figura 9. 23 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Exercícios de fixação Caso não saiba fazer algum dos exercícios abaixo, leia o texto anterior tentando achar alguma informação que permita solucionar o exercício. Todos são de aplicação direta das equações dadas. Não deixe a preguiça lhe vencer! 1) Colocar em ordem crescente de energia as radiações abaixo. (a) = 550 nm, (b) = 7000 Ǻ, (c) f = 7,0 x 1014 Hz, (d) p = 1,8x10-27 kg.m/s R: b(1,8 eV), a(2,3 eV), c(2,9 eV), d (3,4 eV) 2) O comprimento de onda de certa radiação é 6000Ǻ. Determine sua frequência e energia em joules e eletronvolts. Qual a cor dessa radiação? (Procurar na Internet) R: 5,0 x1015Hz , 3,3x10-19J e 2,1 eV 3) A frequência de certa radiação é 7,5x1014Hz. Determine sua energia em eV. 3,1 eV R: 4) Determine o comprimento de onda de uma radiação de 2,0 eV. 625 nm R: 5) Qual a energia de um elétron com velocidade de 3,0 x 106 m/s? 25,6eV R: 4,1 x 10-18 J ou 6) Um elétron com energia de 20keV choca-se contra um alvo. Qual o menor comprimento de onda possível da radiação decorrente do choque? R: 6,2 x 10-11m 7) Qual o comprimento de onda predominante de um Corpo negro a 1100oC? nm R: 2,1x103 8) Determine a temperatura de um corpo negro que emite uma radiação predominante de 600 nm? Dê a resposta em graus Célsius. R: 4560oC 9) Qual a temperatura de uma chapa de 1,0 cm2 que emite 40W? Considere a chapa como sendo um corpo negro. R: 1,63 x103K 10)Considere um corpo negro a 1037oC. Determine o comprimento de onda da radiação predominante e a potência por unidade de área emitida. R: 2,2 x 10-6m e 1,67 x 5 2 10 W/m 24 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Espectroscopia óptica Quando a luz branca incide num prisma, ela emerge num feixe multicolorido (dispersão) devido aos diferentes índices de refração do material do prisma para cada comprimento de onda. O índice de refração aumenta do vermelho para o azul. Luz Branca Fig. 8: A luz branca ao passar por um prisma sofre dispersão, isto é, suas componentes de cor se separam. Todavia, se a luz é proveniente da ionização de uma gás, a dispersão da luz ocorre, mas somente algumas cores aparecem no espectro. Além disso, cada gás ionizado tem um espectro diferente a tal ponto que esse espectro serve como uma espécie de impressão digital do elemento. Fig.9: A luz proveniente de uma lâmpada de hidrogênio ao passar pelo prisma se divide em duas cores somente. Esse fato experimental não pode ser explicado pela física clássica. A Mecânica quântica veio preencher essa lacuna, embora o primeiro modelo proposto por Neils Bohr para o átomo de hidrogênio seja semiclássico e com sérias incongruências. Apesar disso, seus resultados para a energia do átomo de hidrogênio são excelentes. As figuras 10 e 11 mostram o espectro de emissão de alguns elementos. Na figura 11 observe que no espectro do sol existem algumas raias escuras. Sabe por quê? 25 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Fig.10: Espectro de emissão de 4 elementos. Fig.11: Espectros de emissão de elementos comuns no diaa-dia. 26 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho O átomo de Bohr (hidrogênio) Revisão: Momento angular L=rxp Considerando que no movimento circular r e p são perpendiculares L = r mv (1) L r m v A unidade de momento angular no SI é kg.m2/s Fig. 11: No modelo atômico de Bohr para o hidrogênio, o elétron gira em torno do núcleo constituído de um próton. O momento angular do elétron é dado pela equação (1) ______________________________ Fim da revisão _____________________________________________ Aplic.7: Mostre que h (constante de Planck) tem dimensão de momento angular. Postulado – O momento angular só pode assumir os valores : L = nħ , onde ħ = h/2 e n é um inteiro (1, 2, 3, 4....) A força entre um elétron e um próton (lei de Coulomb) é: F e 2 4π o r Pela segunda lei de Newton, a força também é: F = ma = mv2/r, Portanto: 2 2 2 e mv e 2 F mv 2 r 4π o r 4π o r 2 onde r é a distância entre eles. v2/r é a aceleração normal (ou centrípeta). (2) A energia total do sistema é dada por: E = Ec+U onde Ec 1 2 mv 2 U e e 2 8πor é a energia cinética do elétron 2 é a energia potencial do sistema (acredite!) 4πor Portanto E e 2 8πor (faça as contas!) (3) 2 2 2 Elevando (1) ao quadrado: L r mmv 2 2 4πoL e 2 2 Substituindo (2) em (4) : L r m r 2 4πor me Assim, temos 4 me E 2 2 2 32π oL 27 (4) Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Pelo postulado de Bohr: En 4 13,6 me 2 2 2 2 2 32π o n n em eletronvolt (eV) Esta equação representa a energia do elétron no nível n do átomo de hidrogênio. n é chamado número quântico principal. Para um átomo de hidrogênio teríamos (energias em eV) 0 -0,8 -1,5 elétron livre (átomo ionizado) n=4 n=3 hfo hf3 -3,4 n=2 hf2 -13,6 n=1 Fig.12: Esquema de níveis de energia do hidrogênio. As transições mostradas são:: E∞- E1 = hfo E3 – E1 = hf3 E2-E1 = hf1 Também podem ser possíveis as transições de 3→2, 5→3 etc, mas umas são mais prováveis do que outras. A transição inversa da apresentada na figura 6 se dá pela absorção de fótons ou outro meio de fornecer energia ao elétron (campo elétrico, por exemplo). Para ionizar opticamente o hidrogênio, é necessário um fóton de 13,6 eV Aplic. 8: Determine a energia do fóton proveniente da transição do nível n=6 para n=2. R: 3,0eV Aplic. 9: Determine o comprimento de onda máximo de um fóton capaz de ionizar o átomo de hidrogênio. Um fóton com comprimento de onda menor ioniza o hidrogênio? E um com comprimento de onda maior? Responda explicando a resposta. R: 92 nm; pode ser; não 28 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Apesar das incoerências do modelo de Bohr, ele estabeleceu a ideia de níveis estacionários de energia para os elétrons no átomo, o que é insustentável classicamente. Como já foi comentado, elétron acelerado emite energia. Portanto, um elétron iniciando uma órbita circular irradiaria energia e perderia energia cinética entrado numa órbita espiral até chocar-se com o núcleo. Além disso, uma órbita circular plana tem que ter momento angular. A experiência mostra que o momento angular do elétron no átomo de hidrogênio é nulo. Todavia, como o modelo de Bohr funciona muito bem para o hidrogênio e para os átomos chamados hidrogenóides (1 elétron na órbita mais externa), a ideia de estado estacionário foi levada adiante dando origem à mecânica quântica. Outras experiências, como a de Franck-Hertz, comprovam essa hipótese. Onda de probabilidade O que há de novo até agora? Acabamos de estudar que a luz pode ter um comportamento corpuscular e ondulatório. Mas isso, desta forma, não agrada ninguém. Esforços foram e são desenvolvidos para explicar essa dualidade onda-partícula. O que se sabe é que a luz sofre difração e ao mesmo tempo se comporta como partícula. A explicação mais atual para isso é considerar a onda eletromagnética como uma onda de probabilidade para o fóton. A figura 13 ilustra a explicação. Anteparo F1 F2 Fig. 13. A interferência da luz proveniente das fendas F1 e F2 gera um padrão luminoso cuja intensidade é mostrada no gráfico. Devido à interferência, forma-se um padrão luminoso sobre o anteparo mostrado à direita da figura 13. A intensidade da luz (no gráfico) num ponto do anteparo dá a probabilidade (na verdade a densidade linear de probabilidade) de um fóton chegar naquele ponto. A intensidade de uma onda é proporcional ao quadrado de sua amplitude. No caso de uma onda eletromagnética a amplitude é proporciona ao campo elétrico e, consequentemente, a intensidade é proporcional ao quadrado do campo elétrico. Portanto, a densidade linear de probabilidade de um fóton ser encontrado num determinado ponto é proporcional ao quadrado do campo elétrico no ponto considerado. Em outras palavras a onda eletromagnética é uma onda cujo quadrado da amplitude num determinado ponto dá a densidade de probabilidade de existir um fóton naquele ponto. Partículas e ondas Vimos que a luz que até o início do século XX era considera uma onda eletromagnética, mostrou-se como partícula em diversas experiências dando origem ao conceito de fóton. Na verdade um fóton é denominado uma quasipartícula uma vez que ele não existe em repouso. Ao contrário, elétrons e prótons são partículas que podem estar em repouso. Todavia a simetria da natureza nos leva a uma pergunta: “Partículas podem se comportar como ondas?” 29 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Em 1924 Louis De Broglie respondeu “sim” a esta indagação através de sua tese de doutoramento “Recherches sur La Théorie des Quanta”. E mais, concluiu que o comprimento de onda associado a uma partícula com momento p é dado por5: h p h é a constante de Planck Para demonstrar o caráter ondulatório de uma partícula, deve-se observar difração de partículas. A dificuldade disso está no fato de que os comprimentos de onda envolvidos são muito pequenos e uma fenda para causar uma difração mensurável deve ter dimensões da mesma ordem de grandeza do comprimento de onda. Aplic.10: Avalie o comprimento de onda associado a um automóvel andando a 36 km/h. Ele pode ser difratado ao passar sob um viaduto? Aplic. 11: Calcule o comprimento de onda associado a: (a) Um elétron de 10keV. (b) Um próton de 10 keV R: (a) 0,012 nm; (b) 0,28 pm Esse problema foi superado em 1927 por Clinton J. Davisson e seu assistente Lester Germer meio que acidentalmente nos EUA e, simultaneamente, por Georg Paget Thomson e seu assistente Alexander Reid na Inglaterra. Davisson, Germer e Thomson receberam o prêmio Nobel de Física em 1937. O interessante dessa história é que Joseph Thomson, pai de G.P. Thomson recebeu o prêmio Nobel em 1906 por mostrar que o elétron é uma partícula e seu filho, 31 anos depois, recebeu o mesmo prêmio mostrando que o elétron é uma onda. A figura 14 mostra as figuras de difração de alumínio cristalino em pó com R-X (b) e com elétrons (c) utilizando a montagem experimental (a). Note-se a semelhança entre as figuras de difração. Alvo Feixe incidente (a) Fig. 14: No arranjo experimental (a) um feixe de R-X ou de elétrons é difratado por um filme de alumínio cristalino em pó. Observa-se que as figuras de difração para o feixe de elétrons e R-X são semelhante evidenciando o caráter ondulatório dos elétrons. (Halliday & Resnick, Fundamentos de física, Vol.4, Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda.,2012 ) (c) (b) A partir dessa constatação, a mecânica quântica passa a tratar partícula e onda de probabilidade como foi feito para o fóton. O quadrado da amplitude dessa onda num determinado ponto e num determinado instante, dá a probabilidade de que a partícula esteja naquele ponto naquele instante. A forma da onda depende do momento e da posição da partícula. Uma partícula livre com o momento bem determinado tem como equação: 5 Esse trabalho de De Broglie lhe valeu o prêmio Nobel de física em 1929 30 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho (x) = A sen(kx) 2 p com ħ = h/21,05 x 10-34J.s h p é chamado função de onda da partícula. onde k 2 x Fig. 15: Gráfico da onda com momento bem determinado. Observe que 2 não permite dizer onde está a partícula, ou seja, com momento bem determinado a função de onda não dá nenhuma informação sobre a posição da partícula. Não se pode usar v = f para partículas porque v, neste caso, dá a velocidade de fase da partícula que não significa nada em termos físicos (nem se pode medir!). A velocidade de uma partícula é a velocidade de grupo que é dada por v = p/m. Se uma partícula tem sua localização dentro de uma região x e o momento numa faixa p, então ela será representada por um pacote de ondas mostrado no gráfico da figura 16. 20 vg x 20 3 3 Fig. 16: Um pacote de ondas onde tanto k como x estão, cada um, dentro de uma faixa de variação. Aqui temos uma situação sem similar na física clássica. Para um pacote de ondas ser localizado no espaço é necessária a superposição de várias ondas com diferentes comprimentos de ondas (ou diferentes k). Se, no entanto o valor do está bem determinado, o pacote de onda deixa de existir conforme mostra a figura 15. Uma análise da formação de pacotes de onda levou Werner Heisenberg a desigualdade mais importante na mecânica quântica conhecida como “Princípio da Incerteza”: xp ≥ h Pode-se demonstrar que o princípio da incerteza também pode ser escrito em termos de energia de uma partícula e o tempo que passou com essa energia. 31 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Basicamente o que diz o princípio da incerteza é que não podemos medir com precisão absoluta a posição e o momento de uma partícula. Isto acontece porque para qualquer medida de posição ou momento de uma partícula tem que haver uma interação desta partícula com algum agente. Por exemplo, podemos enviar um fóton para ver a posição de um elétron. O fóton deve chocar-se com o elétron e voltar ao olho do experimentador. Acontece que a interação fóton-elétron modifica o momento (e a posição) do elétron o que torna impossível o conhecimento de ambos. Et ≥ h Nesta forma, o princípio da incerteza mostra que o tempo de vida de um elétron num nível excitado de um átomo é tanto menor quanto mais “largo” for o nível, i.é, só podemos medir a energia de um nível atômico com grande precisão se o tempo que o elétron nele permanece for grande. Nesse sentido, só os níveis ocupados no estado fundamental podem ser medidos com precisão absoluta porque nele os elétrons permanecem um tempo infinito.´ É consequência também do princípio da incerteza o fato de não se falar em trajetória ou órbita de uma partícula em mecânica quântica. Toda informação vem através de sua função de onda. Aplic.12: Suponha que a posição de um elétron é medida com uma imprecisão de 1 nm. Qual a imprecisão mínima do momento do elétron? R: 1,05x10-25kg.m/s Equação de Schrödinger O fato da função de onda descrever um sistema quântico levou Erwin Schrödinger a estabelecer uma equação para a determinação da função de onda. Esta equação é uma equação diferencial e não será resolvida em nenhum caso neste curso. E equação na forma estacionária (independente do tempo) e em uma dimensão é: 2 d 2 U( x ) E 2m dx 2 Onde: m é a massa da partícula, U(x) é a sua energia potencial, E sua energia total e a função de onda que a d 2 representa. A operação chama-se segunda derivada de em relação a x. dx 2 Não vamos resolver esta equação, mas vamos discutir alguns resultados que ela nos dá. 1) Partícula presa num poço potencial infinito. Um poço de potencial infinito tem energia potencial zero no seu interior e infinito fora dele. A função de onda encontrada é: U 2 2 nx sen ( ) com n=1, 2, 3,...,n a a 1 0 a x E a energia calculada é: E n n 2 2 2 2ma 2 Fig. 17: Poço de potencial infinito Observe que a solução já dá as energias quantizadas e para cada energia existe uma função de onda. Observe também que a função de onda é zero em x = 0 e x = a para qualquer n. Isso quer dizer que a probabilidade de se encontrar a partícula em x = 0 e x = a é zero. Uma “continha” rápida mostra que a probabilidade de encontrar a partícula para n = 1 se dá em x = a/2. Aplic.13: Mostre que no caso do poço infinito de largura a, a probabilidade por comprimento máxima da posição de uma partícula em n=1 se dá no centro do poço. Qual o valor dessa probabilidade? R: 2/a 32 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho 2) Poço de “altura” Uo. É idêntico ao poço infinito, mas o potencial agora tem um valor Uo fora do poço. O cálculo matemático da função de onda e energia neste caso é mais complicado. O que há de novo neste caso é que as funções de onda U não se anulam em x = 0 e x = a. Mesmo sob a barreira, região proibida na física clássica, é possível encontrar a partícula. Uo Evidentemente, quanto maior Uo, menor essa probabilidade (para Uo infinito a probabilidade é zero como vimos anteriormente). 0 a x Fig. 18: Poço de potencial finito. 3)Barreira de potencial de “altura” Uo e largura a. Este é um caso muito interessante em que pode acontecer um fenômeno puramente quântico com grande aplicação prática. Observe na figura 19 : U 1) A função de onda1 comporta-se como na figura 18, i.é, ela penetra 2 Uo um pouco na barreira de potencial. 1 x 0 a Fig. 19: Barreira de Potencial. 2) A função de onda 2, para um nível mais alto de energia, não só penetra na barreira com passa dela e aparece do lado direito da barreira. Esse segundo caso é importantíssimo e é chamado tunelamento. A partícula atravessa uma região proibida classicamente como se houvesse um túnel. Todavia existem algumas condições para haver o tunelamento. A energia da barreira não pode ser muito maior do que a energia da partícula e a barreira não pode ser muito larga (da ordem de nanômetros para elétrons). A probabilidade de tunelamento no numa barreira no tipo mostrado na figura 19 pode ser calculada6: T e2ba , com b 2 m( U o E ) 2 Dois exemplos práticos e evidentes do uso deste fenômeno são o diodo-túnel e o microscópio de tunelamento. 6 Halliday D., Resnick R., Walker J., Fundamentos de Física, vol. IV, Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda, 2012 33 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho O átomo Momento angular Elétrons em movimento em torno de um núcleo positivo têm momento angular. O módulo de momento angular total L e sua projeção numa direção (Lz, por exemplo) podem ser calculados e valem, para qualquer átomo: L l (l 1) com l = 0, 1, 2, ... e Lz= mlħ e ml = -l, -(l-1), ...-1, 0, 1, ...(l-1), l Num sistema quântico o número quântico que define a energia dos elétrons é o número quântico principal, em geral representado pela letra n. O número quântico l relacionado ao momento angular é denominado número quântico azimutal. O valor de l é, no máximo, igual a n-1. Assim, se estamos falando do nível com n = 3, por exemplo, os valores possíveis de l são 0, 1 e 2 e de ml são -2, -1, 0, 1 e 2. Costuma-se representar os valores do momento angular por letras: Símbolo No quântico azimutal s 0 p 1 d 2 f 3 g 4 h 5 Pode-se também calcular as funções de onda relacionadas ao momento angular, mas isso não será estudado neste curso. A representação (parcial) usual de um estado é: nl, l expresso em letra. Assim o nível 3d tem número quântico principal n = 3 e número quântico azimutal l = 2 Vimos que a equação de Schrödinger permite, pelo menos formalmente, determinar as funções de onda e os níveis de energia de um sistema quântico, em particular de um átomo. Claro, que o primeiro átomo a ser estudado foi o de Hidrogênio pela sua aparente simplicidade: Um próton e um elétron. Neste caso temos que resolver a equação de Schrödinger em 3 dimensões, pois o elétron pode estar em qualquer lugar do espaço em torno do núcleo. Neste caso também não podemos desprezar o momento angular do elétron porque ele aparece na equação da energia do sistema elétron-próton. O conhecimento das funções de onda relacionadas aos possíveis momentos angulares do elétron e a resolução da equação de Schrödinger para o átomo de Hidrogênio nos dá as funções de onda completas para o elétron e suas possíveis energias. Usualmente a função de onda é escrita como um produto da função radial pela função orbital, i.é, = Rnl(r). Ylm (). A figura 20 mostra a parte radial das funções de onda para n = 1, 2 e 3 no átomo de hidrogênio, bem como as funções de probabilidade. A função de onda completa é de representação mais difícil devido a seu caráter tridimensional. 34 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Fig. 20: Acima função de onda radial no átomo de hidrogênio para n = 1, 2 e 3 e possíveis valores de l. Abaixo respectivas funções de probabilidade (Alonso, M e Finn, Edward J., Fundamental University Physics, Vol.III, Addison Wesley Publishing Company, 1969, pag. 126). Efeito Zeeman Revisão: O momento magnético de uma espira circular percorrida por uma corrente i é dado, em módulo, por: = r2i A direção é perpendicular ao plano da espira e o sentido dado pela regra da mão direita, conforme a figura 21. 35 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Uma carga q girando com velocidade angular numa órbita circular de raio r, é idêntica a uma espira circular percorrida por uma corrente: i Fig. 21: Direção e sentido do momento magnético . i = q/2 Portanto uma carga q girando com velocidade angular numa órbita circular de raio r tem momento magnético: = r2i = qr2/2 O momento angular de uma carga q com massa m numa órbita circular de raio r é, em módulo: L = rmv = r2m, pois v = r A direção é a mesma do momento magnético e o sentido também é dado pela regra da mão direita com a velocidade no lugar de i na figura 20. Quando a carga é negativa, o sentido de se inverte, mas o de L não, ficando L e com sentidos opostos. Da relação entre L e r, tiramos: r2 = L/mSubstituindo na expressão de , temos: = qL/2m Se a carga q é um elétron, lembrando que e L têm a mesma direção e sentidos opostos, podemos escrever: = - (e/2m)L Uma órbita circular com a que tratamos aqui é chamada de Dipolo Magnético. A Interação de um dipolo magnético com um campo magnético tem duas importantes consequências. Na presença de um campo magnético, aparece um torque na espira que, se estiver livre, passa a apresentar precessão. Precessão é o movimento do pião quando perde velocidade angular. A segunda consequência é que a energia do dipolo varia de: U = – .B = - Bcos(e/2m)BLcos , onde B é o vetor campo magnético e ângulo entre B e . Se 0 ≤ ≤ 90º, U é positivo e se 90o ≤ ≤ 180º U é negativo. _____________________________________ Fim da revisão _______________________________________ O efeito Zeeman ocorre quando se aplica um campo magnético intenso num gás de um átomo. Se o campo magnético está na direção z, Lcos é a projeção de L na direção z, ou seja é Lz, mas como vimos anteriormente, Lz = mlħ. Assim a variação da energia do dipolo pode ser escrita na forma: U = – .B = - BLcos(e/2m)BLz = (eħ/2m)B.ml U = BBml A constante B é denominada Magneton de Bohr e vale: 5,66 x 10-5 eV/T = 9,27 x 10-24 J/T, onde T é o símbolo de Tesla, unidade de campo magnético no sistema Internacional. Portanto, se l = 1, a aplicação do campo magnético faz aparecer esse nível se dividir em três níveis: En + BB En En-BB A figura 22 mostra um espectro do Zn para um nível com l = 1 e a representação esquemática dessas transições. 36 Capítulo II En Mauro M.G. de Carvalho En + BB En En - BB En – E1 E1 E1 Sem campo magnético Com campo magnético Fig. 22: Efeito Zeeman para linha l = 1 (de www.daviddarling.info/encyclopedia/Z/Zeeman_effect.html ) e sua representação. A figura 23 mostra a representação espacial do momento angular para l = 1. Note que ele está em precessão em torno do eixo z (ou do campo magnético). Podemos calcular neste caso. Z B ml = 1 Lz = ħ U = BB l=1 cos = mlħ/L ml = 0 Mas L l (l 1) Lz = - ħ ml = -1 U = BB Fig. 23: Representação espacial do momento angular Como l = 1 e ml =1, temos: cos 1 2 2 2 Logo: = 45o O Spin Além do número quântico principal n, e dos números quânticos l e ml, os níveis de energia eletrônicos têm outro número quântico que os caracterizam. É o Spin. Em física clássica, spin é o momento angular de uma partícula ou corpo que gira em torno de seu eixo. No caso do elétron num átomo essa comparação é impossível por não conhecermos a estrutura interna do elétron. Todavia, Stern e Gerlach realizaram uma experiência em 1924 que evidenciou o spin S do elétron. Um campo magnético atuando sobre um átomo de hidrogênio (ou hidrogenóide) no estado fundamental não deveria causar qualquer efeito uma vez que neste estado l = 0 e consequentemente, ml =0 também. Na experiência de SternGerlach, um feixe de átomos hidrogenóides no estado fundamental passa num campo magnético não uniforme, conforme mostra a figura 24. Se o elétron tem spin, terá também momento magnético e sofrerá ação do campo não uniforme. Se o momento magnético apontar na direção de campo mais fraco (no caso polo sul), o dipolo, i.é, o átomo será atraído pela região de campo mais intenso (no caso polo norte). Se o momento magnético aponta na direção de campo mais intenso o elétron será atraído para a N região de campo mais fraco (polo sul). Na experiência o feixe de átomos após passar pelo campo magnético impressiona um filme dando o resultado mostrado no anteparo de figura. A experiência indica que: 1) Elétrons num átomo têm spin. S 2) Só existem dois estados para o spin: Um com o momento magnético aproximadamente no sentido do campo - spin up ou spin para cima - e outra no sentido Feixe de átomos oposto - spin down ou spin para baixo. Se houvessem outras direções, a região entre as linhas também seria Fig. 24: Experiência de Stern-Gerlach impressionada pelo feixe de átomos. Tal como no momento angular, deveríamos esperar que o momento magnético de spin (mS) fosse, como no momento magnético orbital S = - (e/2m)S. A experiência mostra que na verdade S = - gS.(e/2m)S. O valor de gS é 2,004 que é chamo fator giromagnético do elétron. 37 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Pode-se demonstrar que o módulo spin do elétron S é dado por: S s(s 1) . , com s = 1/2, ou seja S 3 3 . e Sz = msħ , com ms = ± 1/2 dependendo se o spin está 4 2 para cima ou para baixo. Vale mencionar que o spin também é um momento angular como L. Portanto o momento angular total de um átomo é dado por: J = L + S , onde J, L e S são vetores. Agora podemos dizer que o estado de um átomo é caracterizado por n, l, ml e ms Princípio de exclusão de Pauli Num átomo, cada estado contém somente 1 elétron. Como elétrons de spins contrários têm a mesma energia na ausência de campo magnético, dizemos que cada nível de energia pode (não necessariamente é) ser ocupado no máximo por dois elétrons. l = -1 n=2 l=0 Fig.25: Cada nível pode acomodar dois elétrons com spins contrários l = +1 Aplic.14:Qual o número máximo de elétrons podem ser acomodados no nível n = 3. R: 18 Na distribuição de elétrons nos níveis de um átomo, cada nível é primeiro preenchido com elétrons de mesmo spin. Esse critério é um resultado experimental conhecido como regra de Hund que diz: O spin resultante no estado fundamental éo maior possível compatível com o princípio de Pauli Como exemplo, a figura 26 mostra o preenchimento do nível p (l=1) do boro, carbono, nitrogênio, oxigênio, flúor e neônio. elemento B C N O F Ne p (l=1) ↑ ↑ ↑ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑ ↑ ↑ ↑↓ ↑↓ ↑ ↑ ↑ ↑↓ elétrons no último nível 1 2 3 4 5 6 Fig. 26: Preenchimento do nível p (l=1) para o B, C, N, O, F e Ne Quando um átomo tem todos os níveis preenchidos se torna muito inerte e com grande energia de ionização. É o caso dos gases nobres. Entre os gases nobres a energia de ionização diminui com o aumento do número de elétrons (número atômico) 38 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation). Hoje em dia o laser se popularizou sobretudo devido à tecnologia que tornou possível a fabricação de dispositivos laser semicondutores muito baratos. Dispositivos mais sofisticados e caros são muito usados em pesquisa. O princípio básico da emissão laser é a inversão de população que consiste em popular com elétrons um nível de metaestável de maior energia. Ao ser perturbado os elétrons decaem para um nível de menor energia emitindo luz. E2 nível metaestável E1 excitação Eo (c) (b) (a) E2 E1 Eo (e) (d) Fig. 27: (a) Um fóton de energia E2-Eo faz um elétron passar de Eo para E2 . (b) Em seguida esse elétron cai para o nível metaestável E1 onde já existem outros elétrons. (c) O nível E1 fica populado enquanto o nível Eo está vazio. É o que se chama inversão de população. (d) Um elétron com energia E1-Eo estimula o decaimento dos elétrons do nível E1 simultaneamente. A luz emitida é altamente monocromática e coerente Num dispositivo laser, a emissão estimulada ocorre dentro de uma cavidade espelhada nas extremidades. Os espelhos (que deixam passar uma fração da luz) realimentam o decaimento estimulado criando uma onda estacionária na cavidade (cavidade de Fabry-Pérot), conforme mostra a figura 28. 39 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho espelhos feixe de luz laser Cavidade Fabry-Pérot Lâmpada de excitação onda estacionária Fig.28: Esquema de um laser de Rubi. Exercícios 1) Calcule o número de fótons por segundo em 1,0 W de um feixe de luz de = 514,5 nm. R: 2,6 x 1018 fótons/s 2) A função de trabalho do sódio é 2,30 eV. (a) Qual o maior comprimento de onda que provoca a emissão de fotoelétrons do sódio? (b) Qual a energia máxima dos fotoelétrons emitidos pelo sódio quando iluminado com radiação de 200nm? R: (a) 540,8nm (b) 3,9eV 3) A frequência limiar para a emissão fotoelétrica no cobre é 1,1x10 15 Hz. Determine a máxima energia dos fotoelétrons (em eV) quando uma radiação de 1,5x1015 Hz incide sobre ele. R: 1,65 eV 4) Determine o comprimento de onda de um fóton de 15eV. R: 82nm 5) Determine o comprimento de onda de um elétron com 100keV. R: 3,9pm 6) O comprimento de onda de uma radiação X é 1,0 nm. Determine a energia do elétron que tem esse comprimento de onda associado. R: 1,5eV 7) Um aparelho de raios X emite com comprimento de onda mínimo de 0,010 nm. Qual a voltagem aceleradora dos elétrons? R:150 kV 8) Um elétron com energia de 30 keV é utilizado num tubo de Raios X com molibdênio como alvo. O molibdênio apresenta dois picos de raios x, um de 70pm e outro a 62 pm (1pm=10-12m). Qual o min emitido pelo tubo? Com essa energia do elétron é possível obter os dois picos? R: 42pm; sim 9)Mostre que se considerarmos que a órbita do elétron no átomo de hidrogênio contém um número inteiro de comprimentos de onda do elétron, chega-se a mesma expressão que a do átomo de Bohr para a energia. 10) Qual o módulo do momento angular para l = 3. Qual o ângulo entre L e B (campo magnético) quando ml = 3? R: 3,46ħ e 30o 11) Qual o aumento de energia (U) do nível l =1 de um átomo num campo magnético de 10 T? R: 0,57 meV 12) Certo gás tem, no estado fundamental, os níveis de energia distribuídos conforme a figura abaixo. 40 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho a) Qual a energia mínima de ionização do gás? R: 5eV b) Uma radiação de 400nm é direcionada para o gás. Ela pode ser absorvida pelo gás? E uma radiação de 247nm? Se uma dessas radiações é absorvida, o que acontece em seguida? (obs.: Use só uma casa decimal para a resposta) R: 247nm: Sim; ela é reemitida quando o elétron volta ao estado fundamental; 400nm: não. Ela atravessa o gás níveis vazios nível semi-ocupado 0 eV -3 eV -5 eV -7 eV -10 eV níveis ocupados -15 eV -25 eV 41 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Sólidos Basicamente os sólidos podem ser covalentes, iônicos, com ligação de hidrogênio, moleculares, metais e lamelares. Covalentes: Neste tipo de sólido os átomos formam ligações localizadas e direcionais dando origem a redes cristalinas determinadas pelas direções das ligações. As ligações covalentes são rígidas e não têm portadores livres porque os níveis de energia nos quais de dá a ligação se completam. Por isso eles são duros e não conduzem bem eletricidade nem calor. A maioria é também transparente e, como a energia de excitação para elétrons é relativamente grande, normalmente está no estado fundamental. A figura abaixo mostra as ligações do átomo de carbono para formar a rede do diamante. Fig. 29: Rede do diamante Cristais Iônicos: Os cristais iônicos são formados por íons de sinais opostos, não tendo, portanto, elétrons livres. Por isso, são em geral duros e quebradiços e maus condutores de eletricidade e calor. Têm alta temperatura de fusão devido à forte ligação entre átomos, mas essa ligação enfraquece muito quando em solução aquosa. Como exemplo clássico de cristal iônico temos o NaCl que é o sal de cozinha. Sólidos com ligações de hidrogênio: São cristais formados por moléculas polares que contêm hidrogênio. Um caso de grande interesse desse tipo de cristal é a gelo cujas moléculas têm a forma tetraédrica no gelo. Esse arranjo é bastante espaçado fazendo com que a água aumente seu volume ao se solidificar. Fig. 30: Estrutura cristalina do gelo (de Alonso, M. e Finn, E.J., Fundamental University Physics. Addison Wesley Publishing Company,Inc.,1969, pag.235). Sólidos Moleculares: Neste tipo de sólido as moléculas não polares se ligam por forças de van der Waals que são forças muito fracas resultante de um efeito secundário da interação elétrica que mantem os átomos unidos numa molécula, Grosseiramente está relacionado com força entre dipolos elétricos. Apesar de em média as moléculas não serem polares suas configurações eletrônicas podem dar origem a uma polarização que gera 42 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho dipolo instantâneo. A interação entre dois desses dipolos é que resulta na força de van der Waals. Por essa razão, sólidos moleculares são maus condutores de calor e eletricidade, têm baixo ponto de fusão e são frágeis e deformáveis. Como exemplo de solido molecular temos: CH4, Cl2, I2 e CO2 Metais: Os metais são formados por átomos com o último nível incompleto e com pequena energia de ionização. Os elétrons mais externos são liberados formando um gás de elétrons em todo o cristal com os núcleos dividindo esses elétrons que são relativamente livres. Devido à grande concentração de elétron “quase livres”, os metais são ótimos condutores de eletricidade calor. Eles são também opacos, pois os elétrons absorvem a energia dos fótons ganhando energia cinética (que depois de perde com as interações internas). Lamelares: São sólidos mistos nos constituídos de planos covalentes ligados entre si por forças fracas de van der Waals. É o caso do grafite que é formado por um arranjo hexagonal de carbono em planos ligados por foças de van der Waals. Fig 31: Estrutura cristalina do grafite. (de Alonso, M. e Finn, E.J., Fundamental University Physics. Addison Wesley Publishing Company,Inc.,1969, pag.237.) . Bandas: A distribuição das possíveis energias dos elétrons nos sólidos, embora ligada à distribuição eletrônica nos átomos que os compõem, não podem ser representadas por linhas de energia bem determinada como no átomo porque, pelo princípio de Pauli, não se pode ter mais de dois elétrons em cada nível. Assim , quando N átomos se ligam para formar um sólido, cada nível atômico se divide em N níveis tão próximo que podemos considerar como um contínuo de energia. Chamamos esse conjunto de N níveis de Banda de Energia. Níveis de energia mais baixa também formam bandas que , em geral, estão separadas por uma região “vazia” de níveis de energia chamadas bandas proibidas, conforme mostra a figura 32. As bandas onde os elétrons podem conduzir são chamadas bandas de condução. A última banda totalmente cheia é chamada banda de valência. energia 2p Banda de condução Banda Proibida 2s Distância entre átomos Banda de Valencia Banda Proibida 1s átomos ligados átomos isolados Fig. 32: Formação das bandas quando átomos se ligam para formar um sólido. 43 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho A figura 33 mostra esquematicamente uma estrutura de banda de um condutor. Energia Banda de Condução Parcialmente Cheia Fig. 33: Bandas num condutor. Banda Proibida Banda de Valência Cheia Neste caso a banda de condução não está totalmente cheia porque os átomos que formam o metal têm o último nível incompleto. Acima dos elétrons de maior energia da banda de condução (chamada energia de Fermi), existe um contínuo de energia. Assim esses elétrons podem receber qualquer quantidade de energia Que não depasse os limites da banda, pois, ao fazê-lo, vão aumentar suas energias cinéticas mas continuarão dentro da banda. Na verdade, a fronteira entre a região ocupada e região vazia na banda de condução, não é tão exata como na figura porque a temperatura faz alguns elétrons terem uma energia um pouco acima dessa linha. A figura 34 mostra esquematicamente a estrutura de banda de um isolante ou semicondutor. Energia Banda de Condução Vazia Fig. 33: Bandas em isolante e semicondutor. Banda Proibida Banda de Valência Cheia Nos isolantes a banda de valência está totalmente cheia e a de condução totalmente vazia. Sendo assim, não há elétron livres para conduzir eletricidade (nem calor). Todavia, se a banda proibida é pequena, o calor absorvido por elétrons pode ser suficiente para “jogá-lo” na banda de condução onde está um contínuo de energia que permite a condução de eletricidade. Entretanto, mesmo para bandas proibidas pequenas, o número de elétrons na banda de condução será sempre pequeno comparado a um metal. Os semicondutores usuais em microeletrônica não têm banda proibida pequena. Os elétrons necessários são obtidos com uma concentração controlada de impurezas. Os isolantes e semicondutores podem ser transparentes ou não dependendo de sua banda proibida e de suas impurezas. Se um fóton tem energia menor que a banda proibida, ele não será absorvido e o material será transparente para eu comprimento de onda. Para ser absorvido é necessário que o fóton tenha um energia maior do que a banda proibida. Uma diferença fundamental entre a condução elétrica num metal e num semicondutor é que no metal, um aumento de temperatura cria mais dificuldade para os elétrons se deslocarem diminuindo sua condutividade (aumenta sua resistência). No semicondutor, o aumento de temperatura faz aumentar o número de portadores aumentando sua condutividade (diminuindo sua resistência). 44 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Apêndice 1: Analogia entre o Efeito fotoelétrico e um sistema mecânico Vamos fazer uma analogia. Considere que você vai tirar bolinhas iguais de um buraco com o auxílio de um bastão articulado. Cada bolinha será arremessada contra a parede do buraco pelo bastão conforme mostra a figura 3. A parede do buraco forma um ângulo com a horizontal. Fora do buraco, existe um plano inclinado articulado que forma um ângulo com a horizontal que pode ser variado. A figura 7 mostra esse arranjo. Claro que mudando o ângulo muda também a altura h2. articulação h2 (variável) h1 Se a bolinha é arremessada com energia E < mgh1, não vai sair do buraco. Se for arremessada com energia E = mgh1, não subirá o plano. Se for arremessada com uma energia E > mgh1, subirá até uma altura h2 no plano tal que mgh1 + mgh2 = E, ou seja, mgh 2 = E – mgh1 . Para saber a energia máxima da bolina, basta inclinar o plano inclinado até a bolinha não conseguir ultrapassá-lo, Portanto a energia máxima da bolinha será T Max = mgh2. Se considerarmos que = mgh1 é a energia para liberar a bolinha e E a energia que ela recebe do bastão, teremos: TMax = E - A analogia com o efeito fotoelétrico é perfeita. O bastão é o fóton que cede energia à bolinha presa no buraco que é o elétron preso na superfície do sólido. É preciso uma energia para liberar a bolinha e o elétron e ela sairá do buraco com energia E - tal como o elétron. Note também que se o bastão não ceder uma energia maior que = mgh1, a bolinha não sairá do buraco. Da mesma forma, se a energia do fóton for menor que , o elétron não sai do material. 45 Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho APÊNDICE 2 Espalhamento de Compton p Alvo p’ Raios X Seja p (um vetor) o momento do fóton antes do choque com um elétron e p’ (vetor) o momento do fóton após o choque. Seja pe (vetor) o momento do elétron após o choque. Pela conservação do momento, temos: p = p’ + pe (momento antes = momento depois) (1) Se o choque é elástico, a energia se conserva. Usaremos energia relativista para o elétron devido à grande velocidade (c) do fóton e, possivelmente do elétron. A energia em repouso do elétron é moc2, mo sendo a massa do elétron em repouso. A energia do elétron após o 2 2 2 choque será: c m o c p . Vamos chamar de E e E’ as energias do fóton antes e depois do choque respectivamente. Então, pela conservação da energia: 2 2 2 E + moc2 = E’ + c m o c p . (Energia antes = Energia depois) (2) De (1) , vem: p – p’ = pe (3) (p - p’) = (pe)2 pe2 = p2 + p’2 – 2E.E’ cosonde é o ângulo entre p e p'. Para fótons: p = h/ = hf/c (pois = c/f). Como hf = E, temos p = E/c 2 2 E 2 E pe E.E cos . Usando a expressão acima na eq. 3, obremos: 2 2 c c Diminuindo e somando 2 EE’/c2 na expressão acima, podemos escrever: c2pe2 = (E - E’)2 + 2EE’(1 – cos) A eq.2 também pode ser escrita da seguinte forma: (4) E E mo c 2 2 mo2c 2 p e2 c 2 (E - E’)2 +2 (E - E’) moc2+ mo2c4 = mo2c4 +c2 pe2 Os termos sublinhados se anulam, logo: c2 pe2 = (E - E’)2 +2 (E - E’) moc2 Igualando as eqs, (4) e (5) e eliminando os termos iguais dos dois lados da equação: 2 (E - E’) moc2 = 2EE’(1 – cos) 46 (5) Capítulo II Mauro M.G. de Carvalho Dividindo dos dois lados por 2EE’moc2, ficamos com: 1 E 1 E 1 moc 2 (1 cos ) (6) Mas e energia do fóton é dada por hc/ Substituindo esta expressão na equação (6) chegamos finalmente a expressão de Compton: h (1 cos ) moc C = h/moc = 2,43 x 10-12 m é chamado comprimento de onda de Compton e a expressão acima é frequentemente escrita na forma: (1 cos ) c 47