ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... ARTIGO ORIGINAL CÂNCER DO COLO DE ÚTERO: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS CERVICAL CANCER: UNIVERSITY STUDENTS KNOWELEDGE CÁNCER DE ÚTERO: CONOCIMIENTO DE LOS ESTUDIANTES UNIVERSITARIOS Chirlei Aparecida de Lima1, Juliana Gimenez Amaral2, Patrícia Peres de Oliveira3, Walquíria Jesusmara dos Santos4, Andrea Bezerra Rodrigues5, Maria Isis Freire de Aguiar6 RESUMO Objetivo: investigar o conhecimento e a prática de prevenção do câncer do colo do útero de estudantes da área da saúde. Método: estudo exploratório-descritivo, com abordagem quantitativa, realizada, de fevereiro de 2014 a abril de 2014, amostra por conveniência com 76 graduandas dos cursos de enfermagem, farmácia, nutrição e fisioterapia de uma universidade privada do município de São Paulo/SP. A análise dos dados foi a descritiva. Resultados: 72,36% das entrevistadas afirmaram conhecer a finalidade da colpocitologia oncótica e, a maioria descreveu de forma correta, 81,57% já realizaram o preventivo alguma vez, 35,52% consideraram o papilomavírus humano como o principal fator de risco para o câncer uterino, 13,16% alegam que familiares tiveram câncer uterino. Conclusão: em sua maioria, os universitários da área da saúde têm conhecimento e prática de prevenção do câncer uterino, porém houve divergências em relação aos fatores de risco do câncer uterino. Descritores: Estudantes de Ciências da Saúde; Prevenção de Câncer de Colo Uterino; Neoplasias do Colo do Útero. ABSTRACT Objective: to investigate the health area student’s knowledge and the cervical cancer prevention practice. Method: A descriptive and exploratory study, with the quantitative approach, conducted, from February to April 2014, convenience sample with 76 undergraduate students from the nursing, pharmacy, nutrition and physiotherapy course at a municipal private university in Sao Paulo/SP. The data analysis was descriptive. Results: 72.36% of the interviewed women affirmed to know the oncotic colpocytology finality and, the majority described it correctly. 81.57% had already passed through the preventive exam sometime, 35.52% considered the human papillomavirus as the main risk factor to the cervical cancer, 13.16% claimed that their familiar had cervical cancer. Conclusion: in their majority, the college health area students know and practice the cervical care prevention; however there were divergences in relation to the cervical cancer risk factors. Descriptors: Students Health Occupation; Cervix Neoplasm Prevention; Uterine Cervix Neoplasm. RESUMEN Objetivo: investigar el conocimiento y práctica de la prevención de los estudiantes de cáncer de cuello uterino en el área de la salud. Método: estudio exploratorio y descriptivo, con abordaje cuantitativo, realizado a partir de febrero de 2014 hasta abril de 2014, con una muestra de 76 estudiantes de graduación de los cursos de enfermería, farmacia, nutrición y fisioterapia de una universidad privada en Sao Paulo/SP. El análisis de datos fue un estudio descriptivo. Resultados: 72,36% de las entrevistadas dijo conocer el propósito de la prueba de Papanicolaou y la mayoría describen correctamente, 81,57% ya hijo la prevención alguna vez, 35,52% considera que el virus del papiloma humano como el principal factor de riesgo para el cáncer uterino, 13,16% afirmaron de que la familia tenía cáncer de útero. Conclusión: en su mayoría los estudiantes tienen el conocimiento y la práctica de la prevención de cáncer de útero, pero hubo divergencia de los factores de riesgo para el cáncer uterino. Descriptores: Estudiantes del Área de la Salud; Prevención de Câncer de Cuello Uterino; Neoplasias del Cuello Uterino. 1 Enfermeira, Graduada em Enfermagem, Universidade Paulista/Unip. São Paulo (SP), Brasil. E-mail: [email protected]; Enfermeira, Professora, Doutora em Patologia Ambiental e Experimental, Mestre em Enfermagem, Universidade Paulista/Unip. São Paulo-SP, Brasil. E-mail: [email protected]; 3Enfermeira, Professora Doutora em Educação, Universidade Federal de São João delRei/UFSR. Divinópolis-MG, Brasil. E-mail: [email protected]; 4Enfermeira, Professora Mestre em Enfermagem, Universidade Federal de São João del-Rei. Doutoranda, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG. Belo Horizonte (MG), Brasil. Divinópolis (MG), Brasil. E-mail: [email protected]; 5Enfermeira, Professora Doutora em Enfermagem, Universidade Federal do Ceará/UFCE. Fortaleza (CE), Brasil. E-mail: [email protected]; 6Enfermeira, Professora Doutora e Mestre em Enfermagem, Universidade Federal do Ceará/UFC. Fortaleza (CE), Brasil. E-mail: [email protected] 2 Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 2993 ISSN: 1981-8963 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. INTRODUÇÃO A redução na incidência e na mortalidade decorrentes do câncer de colo de útero em todo o mundo nas últimas décadas não adveio homogeneamente, mas especialmente em países desenvolvidos que alcançaram sucesso na implementação de programas preventivos de rastreamento populacional baseado em citologia cervicovaginal do colo de útero.1-2 Atualmente, 80% dos casos de câncer de colo de útero ocorrem em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, onde é o segundo tipo mais comum entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama sendo a quarta causa de morte de mulheres por câncer de nosso país.3 Trata-se de uma doença de progressão lenta, inclusive, em fase pré-clínica são assintomáticas, com alterações progressivas importantes, em que as possíveis lesões detectadas são realizadas por meio de exame preventivo. Progride vagarosamente por anos, e se não tratada no início, a cura se torna difícil. Os principais sintomas na fase inicial são sangramento vaginal, dor e corrimento.4-5 O governo brasileiro tem adotado estratégias que visam a assegurar às mulheres o acesso integral às ações e aos serviços qualificados para promover a prevenção do câncer do colo do útero, acesso ao rastreamento de lesões precursoras, ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, qualificado e em tempo oportuno. Com relação ao rastreamento do câncer do colo do útero, a realização periódica do exame citopatológico continua sendo a principal estratégia adotada. Esse exame é recomendado no Brasil para mulheres de 25 a 64 anos, com periodicidade de três anos, após dois exames anuais seguidos com resultado normal.6 A alta incidência e mortalidade por câncer de colo de útero no país, assinala para uma pouca efetividade dos programas brasileiros. O câncer de colo de útero é a principal causa de morte por câncer em mulheres jovens, ou seja, até os 35 anos de idade, são estimados quase 20.000 casos novos em 2014.4 O papilomavírus humano (HPV), particularmente os de alto risco oncogênico, é o principal agente etiológico do câncer de colo do útero, sendo detectado em 99,7% dos casos. O HPV é transmitido por via sexual, sendo uma infecção muito frequente. Estimase que 75% das mulheres sexualmente ativas foram expostas ao HPV em algum período de suas vidas.6 Ainda que a infecção pelo HPV seja a condição fundamental para o desenvolvimento da lesão precursora e sua Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... progressão para a neoplasia, é imperativa a participação de outros fatores de risco como a multiplicidade de parceiros, o início precoce da atividade sexual, o tabagismo, a presença concomitante de outras doenças sexualmente transmissíveis.7 Existem vacinas contra o HPV, desde o ano de 2007, a idade sugerida para vacinação é aos 11 e 12 anos, podendo ter início a partir dos 9 anos, porém, no Brasil, estavam disponíveis somente em centros de imunização privados, mediante pagamento. São aplicadas três doses intramusculares com intervalos de dois e seis meses após a primeira. Mulheres de 13 a 26 anos de idade que não tenham sido previamente vacinadas também podem ser imunizadas. Mulheres mais velhas que ainda não tenham experiências sexuais podem ser beneficiadas. Esses tipos são responsáveis por 90% das verrugas, por 70% dos carcinomas e lesões pré-cancerosas de alto grau.8 No Brasil, em 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) lançou uma campanha nacional para imunizar meninas de 11 a 13 anos contra o HPV. A vacina aplicada no Brasil é recomendada pela Organização Mundial da Saúde, com eficácia de 98%, protegendo o indivíduo dos tipos 6, 11, 16 e 18 da doença.6 Nesse panorama, além de ações em saúde e recursos e intervenções direcionadas as estratégias de prevenção e controle do câncer de colo de útero, são imprescindíveis a capacitação e a formação dos profissionais da saúde de forma que estes possam acolher e a atender a demanda da clientela.9-10 Observa-se que existe um confronto entre o saber adquirido e sua aplicação na vida dos acadêmicos da área de saúde, e dentro deste aspecto, pode-se verificar que várias são as ações equivocadas em relação ao conhecimento e a prevenção do câncer do colo do útero. Foi por meio dessa conjuntura que nasceu a motivação para a efetivação deste estudo. Os discentes dos cursos de enfermagem e medicina ao longo de sua graduação adquirem diversos conhecimentos sobre o processo do cuidar. Em se tratando de cuidados em oncologia, os currículos desses cursos contêm conteúdos referentes aos diversos tipos de cânceres, seus fatores de risco, prevenção e autoexames. Contudo, embora estejam frequentando uma instituição de formação em saúde, adquirindo conhecimentos, os comportamentos preventivos podem ser pouco frequentes e os hábitos de vida pouco saudáveis.11 É primordial que os profissionais da saúde tenham mais interesse e prestem atenção a 2994 ISSN: 1981-8963 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. essa realidade, visto que a morbimortalidade pelo câncer do colo do útero pode ser reflexo de ações de prevenção e de detecção precoces deficitárias, sendo que a alta cobertura de exames preventivos se constitui um desafio. Nesse contexto, emergiu o questionamento: quais são os conhecimentos e práticas de prevenção dos estudantes da área de saúde sobre o câncer uterino? A justificativa para a realização deste estudo é a elevada incidência e mortalidade por câncer uterino no Brasil, o que apresenta a importância da formação acadêmica para todos os futuros profissionais de saúde. Tais índices elevados mostram para a necessidade de se implementar ações educativas nacionais voltadas para a prevenção e controle do câncer. Endossando a afirmação acima, a literatura científica mostra que estudos que avaliam o nível de conhecimento da população a propósito de problemas de saúde pública são importantes, uma vez que, oferecem contribuições para estratégias eficientes de prevenção e controle da doença em foco.8,12 Destarte, o estudo em questão objetiva investigar o conhecimento e a prática de prevenção do câncer do colo do útero de estudantes da área da saúde. MÉTODO Estudo descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa, realizado em uma universidade privada localizada no município de São Paulo, SP. Esta universidade, cenário da pesquisa, oferece quatro cursos da área da saúde, a saber: enfermagem, farmácia, fisioterapia e Nutrição. Em razão da pouca disponibilidade das estudantes dos cursos da área da saúde para participar da pesquisa, devido a práticas clínicas e estágios em locais fora do cenário de pesquisa, optou-se por uma amostra não probabilística intencional, adotou-se como critério de seleção, mulheres graduandas na área de saúde, com idade acima de 18 anos, matriculados regularmente em um dos quatro cursos oferecidos pela universidade pesquisada, no período de fevereiro a abril de 2014. Totalizaram 76 participantes no estudo. Inicialmente foi realizado um estudo piloto em uma região próxima da área a ser pesquisada, foram realizados os procedimentos de abordagem das graduandas e o teste dos instrumentos de pesquisa. As pesquisadoras fizeram contato com a coordenação dos quatro cursos da área de saúde, apresentando um protocolo de Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... pesquisa em conformidade com os preceitos éticos, sendo solicitada autorização prévia para sua realização e foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paulista, mediante CAAE nº 10853312.6.0000.5512, recebendo parecer favorável, conforme protocolo nº 165.353. As estudantes foram informadas acerca da finalidade do estudo, do caráter sigiloso e possibilidade de interrupção de sua participação sem qualquer tipo de prejuízo. Após a aceitação, estes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Utilizou-se um questionário, elaborado pelas pesquisadoras, auto aplicado em sala de aula e de forma anônima. As questões envolviam dados sociodemográficas (idade, estado civil, curso, se possui filhos, se trabalha e renda familiar), comportamentais (idade em que ocorreu a sexarca, uso de preservativo, hábitos relacionados à prevenção do câncer do colo uterino) e histórico familiar, o conhecimento sobre a colpocitologia oncótica e os fatores de risco do câncer do colo de útero. O instrumento foi aplicado a quatro juízes para análise dos itens do instrumento quanto à pertinência, clareza e aplicabilidade. Esses profissionais deveriam ter expertise no assunto e obedeceu aos seguintes critérios: ser profissional de saúde, possuir experiência prática em atendimento à mulher com neoplasia ginecológica superior a cinco anos e, possuir cursos e exercer atividades de ensino e pesquisa na saúde da mulher. Foi solicitado aos juízes, também, que mostrassem sugestões de itens e de modificações que considerassem pertinentes. Duas pesquisadoras aplicaram os questionários, com duração média de 20 minutos. As respondentes foram abordadas nos períodos que antecediam as aulas, bem como nos horários de intervalo dos turnos matutino, vespertino e noturno dos cursos em questão. Após explicação do preenchimento, os questionários eram distribuídos para cada aluna. O tratamento dos dados foi realizado no software EpiInfo versão 7, com entrada dupla, para garantir a consistência do banco de dados. Foram identificados e comparados, segundo as frequências absolutas e relativas, representados por meio de tabelas. RESULTADOS Para apresentação dos resultados elaborouse tabelas e descrevendo-os em forma de texto, considerando o conhecimento dos 2995 ISSN: 1981-8963 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. discentes, a partir dos dados obtidos do estudo das variáveis no grupo pesquisado. Na Tabela 1, a seguir, estão apresentados os resultados do estudo das variáveis relativas DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... à caracterização sociodemográfica das estudantes da área de saúde quanto a idade, estado civil, curso, se possuía filhos, se trabalha e renda familiar. Tabela 1. Caracterização sociodemográfica das estudantes da área de saúde quanto a idade, estado civil, curso, se possuía filhos, se trabalha e renda familiar. São Paulo (SP), 2014. Caracterização n=76 % sociodemográfica das estudantes Idade 18 - 20 anos 20 26,31 21 - 29 anos 38 50,00 30 - 39 anos 14 18,42 40 - 49 anos 3 3,95 > 50 anos 1 1,32 Curso Enfermagem 34 44,74 Farmácia 20 26,31 Fisioterapia 12 15,79 Nutrição 10 13,16 Estado Civil Solteira 52 68,41 Casada/uniãoestável 20 26,31 Separada/Divorciada 3 3,95 Viúva 1 1,32 Filhos Sim 22 28,95 Não 54 71,05 Trabalha Sim 48 63,16 Não 28 36,84 Renda Familiar 1 a 3 salários mínimos 1 1,32 3,1 a 5 salários mínimos 9 11,84 5,1 a 7 salários mínimos 38 50,00 Acima de 7 salários 28 36,84 mínimos Sobre os cursos de graduação em que as entrevistadas estavam matriculadas, 34 (44,74%) estudam enfermagem, 20 (26,32%) cursam farmácia, 12 (15,79%) fazem nutrição e 10 (13,16%) discentes da fisioterapia. Vale lembrar que entre estes cursos de graduação, apenas enfermagem possui em sua grade, disciplinas que tratam especificamente da saúde da mulher. Conforme os dados socioeconômicos, 50,0% das participantes tinham a idade entre 21 e 29 anos, a média de idade foi de 23,8 anos. Em relação ao estado civil, 68,41% (n=52) das participantes eram solteiras e 26,31% (n=21) Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 se declararam em união estável e, 28,95% (n=22) declararam ter filhos. Quanto ao vínculo empregatício, 63,16% (n=48) trabalham fora de seu lar, sendo que destas estudantes 39 relataram ter carteira assinada as outras trabalham no mercado informal. Apresentavam renda familiar acima de 5,1 salários mínimos 86,84% (n=66). A Tabela 2 apresenta os resultados relativos as questões comportamentais como a idade em que ocorreu a sexarca, o uso de preservativo, os hábitos relacionados à prevenção do câncer do colo uterino das estudantes da área de saúde. 2996 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... Tabela 2. Questões comportamentais como a idade em que ocorreu a sexarca, o uso de preservativo, os hábitos relacionados à prevenção do câncer do colo uterino das estudantes da área de saúde. São Paulo (SP), 2014. Questões comportamentais das estudantes Sexarca n=76 % Não teve relação sexual 12 anos 13 - 15 anos 16 - 18 anos 18 - 20 anos > 20 anos 14 1 12 22 19 8 18,42 1,32 15,79 28,95 25,00 10,52 Sim Não Não teve relação sexual 22 40 14 28,95 52,63 18,42 Sim Não 62 14 81,58 18,42 Sim Não 0 76 0,00 100,00 14 52 8 1 1 18,42 68,41 10,52 1,32 1,32 Sim Não 12 64 15,79 84,21 Escola/Universidade Mídia eletrônica Pais e irmão Amigos Outros 42 19 10 3 2 55,26 25,00 13,16 3,95 2,63 Uso de preservativo/todas as relações sexuais Fez preventivo na vida Vacinação contra HPV Último exame colpocitológico Nunca fez o exame < 1 ano Entre 1 e 3 anos De 3 a 5 anos > 5 anos Consulta em serviço público Meio de informação sobre o exame O presente estudo mostrou que a idade em que aconteceu a primeira relação sexual variou de 12 a 26 anos, sendo a média de idade de 17,8 anos. Relataram vida sexual ativa 81,58% (n=62); entre essas, 12 mulheres mantinham relações sexuais há mais de um ano e, 40 das discentes relataram praticar regularmente. Porém, ao serem questionadas sobre o uso de preservativo, apenas 28,95% (n=22) das alunas referiram fazer uso em todas as relações sexuais. Quando interrogadas o motivo do não uso frequente do preservativo, afirmaram não fazer uso regular por ter um relacionamento monogâmico e usar outro método contraceptivo. citopatológico por meio da escola ou universidade 55,26% (n=42), seguido por mídia eletrônica (Internet) - 25,0% (n=19) das estudantes. Nenhuma discente referiu ter vacinado contra o HPV. A Tabela 3 descreve o conhecimento sobre a colpocitologia oncótica e os fatores de risco do câncer do colo de útero e histórico familiar das estudantes da área de saúde pesquisadas. Observou-se que grande parte das participantes já realizou o exame citopatológico alguma vez na vida (81,58%; n=62), a maioria realizou o último exame há menos de um ano considerando o período da coleta de dados (68,41%; n=52), em consultório médico particular (84,21%; n=64) e, receberam informação sobre o exame Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 2997 ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... Tabela 3. Conhecimento sobre a colpocitologia oncótica e os fatores de risco do câncer do colo de útero e histórico familiar das estudantes da área de saúde. São Paulo (SP), 2014. Conhecimento das n=76 % estudantes e histórico familiar Histórico familiar Sim 10 13,16 Não 66 86,84 Finalidade do Exame Preventivo Rastreio do Câncer Uterino Sim 55 72,36 Não 11 14,48 Não sabe 10 13,16 Diagnóstico de DST Sim Não Não sabe 54 11 11 71,05 14,48 14,48 Diagnóstico de feridas e inflamação no colo Sim Não Não sabe 48 22 6 63,16 28,95 7,89 Outros problemas uterinos Sim Não Não sabe 20 53 3 26,31 69,73 3,96 DST/HPV Sim Não Não sabe 27 39 10 35,52 51,32 13,16 Hábitos sexuais Sim Não Não sabe 37 22 17 48,68 28,95 22,37 Tabagismo Sim Não Não sabe 7 28 35 9,21 36,84 46,05 Uso prolongado de anticoncepcionais orais Sim Não Não sabe 3 20 53 3,96 26,31 69,73 Fatores genéticos Sim Não Não sabe 54 2 20 71,05 2,64 26,31 Fatores de risco para o câncer uterino Quanto ao conhecimento sobre a colpocitologia oncótica, observou-se que 72,36% (n=55) das graduandas atribuíram a finalidade da colpocitologia oncótica ao rastreio do câncer do colo uterino. Verificouse que, a maior parte das graduandas da área de saúde do cenário de pesquisa, conhece o objetivo principal do exame preventivo, o rastreio do câncer de colo uterino. Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 Percebeu-se que uma parte considerável das graduandas (13,16%; n=10) alega que familiares tiveram a neoplasia uterina, sendo as mães e as avós as parentes adoecidas. Dentre os principais fatores de risco envolvidos na etiologia do câncer de colo uterino, os mais frequentemente citados pelas entrevistadas foram fatores genéticos (71,05%; n=54) e hábitos sexuais (48,68%; n=37). 2998 ISSN: 1981-8963 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... Chamou a atenção, na Tabela 3, que a maioria das graduandas (51,32%; n=39) não consideraram o HPV como um fator de risco para o câncer uterino, sendo que, destas estudantes, 20 eram graduandas em enfermagem e já haviam cursado a disciplina de Saúde da Mulher. transmissíveis.7,15 Corroborando com o encontrado neste estudo onde a idade em que ocorreu a sexarca, a primeira relação sexual, variou de 12 a 26 anos, sendo a média de idade de 17,8 anos. No contexto brasileiro, a idade média da primeira relação sexual é de 15 para as mulheres.15 Dentro dessa perspectiva, foi perguntado para as discentes se o homem podia ser um portador assintomático do HPV, 72,36% (n=55) das entrevistadas afirmaram desconhecer sobre a transmissão masculina quando este não apresenta sintomas da doença. Estes resultados são apoiados por outros estudos, quando estes assinalam para o início mais tardio da vida sexual, devido ao projeto de vida diferenciado das adolescentes que têm por objetivo cursar a universidade.8,15 Destarte, provavelmente, a meta da entrada em uma instituição de ensino superior, a priorização dos estudos, a tripla jornada de trabalho de muitas participantes desta pesquisa, a elevada apreensão com o futuro, tenham favorecido tal circunstância. DISCUSSÃO Neste estudo a idade média dos graduandos foi de 23,8 anos e, a maioria, trabalha fora do lar, portanto, são estudantes e profissionais. Vale ressaltar que o foco da pesquisa foi de estudantes de uma universidade privada. Estudos mostram as diferenças do perfil de estudantes de universidades públicas e privadas, sendo que, nestas últimas, a maioria trabalha para sua manutenção ou da sua família, ingressando com idades mais avançadas.13 Observou-se que mais de um quarto das participantes deste estudo declararam ser casadas/união estável e/ou ter filhos. Tornase importante salientar a complexa situação feminina, na atualidade, com a crescente demanda das empresas por maior qualificação do trabalhador, exigindo da mulher o cumprimento de não apenas duas jornadas de trabalho, mas três, aqui entendidas como a conciliação das atividades profissionais, familiares e educacionais. É difícil o equilíbrio entre atividades econômicas e domésticas, que se torna ainda mais frágil com a presença de crianças. Outros fatores como o tipo de atividade econômica desenvolvida, o horário de trabalho e o maior distanciamento entre casa e trabalho, dificultam a conciliação de responsabilidades, incluindo as práticas preventivas de saúde como: exercícios físicos diariamente, alimentação saudável, efetivação de ações promotoras da saúde sexual e reprodutiva, entre elas a adoção rotineira da consulta ginecológica e de realização de exames.7, 14-5 No que se refere a renda familiar, observou-se um predomínio da renda familiar acima de cinco salários mínimos. Estudos evidenciaram uma relação inversamente proporcional entre nível socioeconômico, o risco de iniciação sexual precoce e aquisição de doenças sexualmente transmissíveis (DST), ou seja, quanto menor o nível socioeconômico do jovem maior o risco para iniciação sexual precoce e aquisição de doenças sexualmente Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 Embora se observe entre as estudantes universitárias um início mais tardio da atividade sexual e a confirmação do Ministério da Saúde sobre o aumento do número de adolescentes nas últimas décadas que tem a sexarca, nesta fase de suas vidas, a mídia estimula que o início precoce da prática sexual e nem sempre é reforçada a importância do sexo seguro, o que favorece a contaminação pelo HPV e suas 4,6,15 consequências. No que tange à atividade sexual das graduandas, constatou-se que a maioria tem vida sexual ativa, contudo, ao serem questionadas sobre o uso de preservativo, mais da metade das estudantes referiram não fazer uso de preservativo em todas as relações sexuais e, ao serem interrogadas sobre a causa de tal atitude, todas afirmaram ter um relacionamento monogâmico e usar outro método contraceptivo, por isso dispensam a proteção do códon. A existência de uma relação de confiança entre os parceiros e o uso do anticoncepcional oral pode acarretar descuido com relação ao uso do preservativo, favorecendo o indeferimento do risco vivente. A prevenção das ISTs, dentre elas o HPV, entre companheiros com relacionamentos estáveis pode ter como oposição as crenças e os valores morais como a fidelidade, o amor e a confiança, de estar, protegendo os parceiros do risco de se contaminar.16-7 Nessa continuidade, estudos evidenciam que adolescentes e adultos jovens, geralmente, sabem que o preservativo evita doenças e gravidez, todavia não o utilizam, ocorrência que evidencia a existência de uma abissal falha entre o nível de conhecimento e o uso efetivo da camisinha.16 2999 ISSN: 1981-8963 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. Pesquisa realizada com jovens mostrou desvantagens do uso do preservativo, apresentando-se entre as principais, o desconforto e a diminuição da sensibilidade. Também foi confirmado que estes utilizam o preservativo, somente como método anticoncepcional, não atentando para a prevenção de DST,18 como mostrado nas falas das estudantes deste estudo. Essas afirmativas levam a identificar o déficit que existe entre conhecimento e informação transmitida, o que acaba produzindo uma lacuna no processo educacional de prevenção de DST entre as estudantes. Esses dados ficam aparentes quando a maioria das participantes afirmaram não consideraram o HPV como um fator de risco para o câncer uterino e, mais de três quartos das as discentes afirmaram desconhecer sobre a transmissão masculina quando este não apresenta sintomas da doença. Resultados de outro estudo corroboram com essas afirmações, como o que foi realizado com um grupo de discentes de enfermagem, onde percebeu-se que elas reconheciam HPV como uma DST, porém mais da metade não conheciam seus sinais e sintomas e o que pode causar, como o câncer de colo de útero.16 O principal fator de risco para o desenvolvimento de lesões precursoras do câncer do colo do útero é a infecção pelo HPV. Contudo, essa infecção, por si só, não representa uma causa suficiente para o aparecimento da neoplasia, faz-se imperativa sua persistência. Além de aspectos relacionados ao HPV como o tipo, a carga viral, se é uma infecção única ou múltipla; outros fatores ligados, à genética, ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos, ainda incertos, que determinam a regressão ou a persistência da infecção e também sua progressão para lesões precursoras ou câncer.6,19 Mesmo sem apresentar sintomas, o homem deve se preocupar com as questões de profilaxia, pois contribuem para a disseminação do vírus e infecção da mulher, que passa a ter um maior potencial de desenvolver câncer de colo do útero, uma vez que o HPV tem alta prevalência nas neoplasias cervicais precursoras do câncer do colo do útero no mundo.7 Outro aspecto importante é que nenhuma entrevista foi imunizada contra HPV, fato esperado pois está disponível no sistema público somente desde 2014 e, para meninas de 11 a 13 anos. Recomenda-se a imunização de meninas e meninos a partir de nove anos Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... de idade. A imunização antes da exposição ao HPV resulta em proteção durável tanto para mulheres quanto para homens. Essa recomendação, porém, não é sempre bem recebida e compreendida em vários países, tanto pelos pais quanto pelos médicos. A vacinação de pessoas adultas também encontra barreiras, como o alto custo para os meninos, adolescentes após os quatorze anos e mulheres até os 26 anos de idade, pois não é provida pelo sistema público de saúde; a necessidade de ser administrada em três doses injetáveis; além de questionamentos sobre sua eficácia, necessidade de serem vacinados os homens e o impacto da vacinação na prevenção do câncer de colo uterino.20 Estes dados demonstram que é primordial uma melhor abordagem do tema para a consolidação do saber e de ações educativas nas universidades, para que os alunos da área de saúde possam desempenhar seu papel de profissionais com conhecimento e humanização na assistência prestada. Além disso, acredita-se que propostas e práticas educacionais devem contemplar o aluno, considerando as experiências e o conhecimento adquiridos, para que as práticas educacionais respeitem as diferenças. É preciso ver o discente como um todo e, com trajetórias de vida diversificadas. Outra forma de suplantar a situação atual da educação nacional é o estabelecimento de programas de formação permanente na expectativa da ação-reflexão-ação e que ponderem o coletivo, o saber experiencial, o ciclo de vida do professor e a universidade como o lócus de formação. Quanto ao exame citopatológico observouse que grande parte das participantes já realizaram o alguma vez na vida, a maioria realizou o último exame há menos de um ano considerando o período da coleta de dados. Dados semelhantes foram encontrados na literatura.8 Corroborando com a literatura e os dados encontrados nesta pesquisa, estudo mostra que a realização do exame citopatológico é significativamente maior entre mulheres com vida sexual ativa, entre aquelas que compareceram a consultas ginecológicas no último ano e com maior nível de escolaridade.19 Esses achados estão associados principalmente ao maior grau de consciência sobre as vantagens e benefícios do exame preventivo, além de maior acesso a informações sobre saúde.6 No presente estudo, as mulheres frequentavam cursos superiores na área de saúde, o que pode ter facilitado o acesso a informações sobre a importância do exame. 3000 ISSN: 1981-8963 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. Cabe salientar que as graduandas que afirmaram nunca ter realizado o exame preventivo são as mesmas estudantes que nunca tiveram relação sexual, estas garantem que não precisam realizar o exame, fato, porém, contraditório com a literatura.6,16 Sobre o local onde realizou a consulta ginecológica, a maior parte dessas discentes disseram ter realizado no sistema privado. Esta descoberta se tornou um tanto relevante, pois ainda que a os cursos da área de saúde tenham uma alocução voltadas para a defesa da consolidação do Sistema Único de Saúde, a maior parte das participantes realiza o exame no setor privado. As questões culturais, acompanhantes as dificuldades de acesso, de funcionamento ruim, como a demora no atendimento e na entrega dos resultados de exames, podem ser uma das explicações para a maioria das acadêmicas escolherem o sistema privado. Identificou-se ainda que a maior parte das mulheres disse que o principal meio para obter informações acerca da colpocitologia oncótica foi a escola/universidade com professores, seguido pela mídia eletrônica (Internet). Estes resultados são diferentes dos encontrados na literatura, talvez pelo número significativo de graduandas pesquisadas que trabalham e estudam, além de morarem em uma cidade grande onde, permanecem por pouco tempo em seus lares em companhia de seus familiares e amigos. DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... por dia e aumenta, sobretudo, quando o ato de fumar é iniciado em idade precoce.6-7 Diante do exposto, ainda existem discussões sobre o assunto, na tentativa de aperfeiçoar o cuidado e a prevenção para o câncer de colo de útero. Para isso, a prática discente deve ser repensada, procurando explorar inovações sobre o tema, precisa-se de transformação na estratégia de exposição por meio de maior aproximação com a estudante e, de maior adaptação da linguagem e/ou adjacência à sua vivência, assim, as discentes irão demonstram mais conhecimentos sobre HPV e câncer de colo de útero, a fim de cuidar da clientela com informações corretas. Considera-se que as limitações do estudo foram às inúmeras variáveis que perpassaram a análise do conhecimento e da prática de prevenção do câncer do colo do útero de graduandos da área de saúde e; os resultados foram coletados em uma única universidade privada. Estas desvantagens restringem a generalização dos resultados para estudantes da área de saúde. Contudo, essas limitações não invalidam o estudo, os resultados estimulam a continuidade desse tipo de avaliação com um grupo maior, por tempo mais prolongado e com a mensuração mais detalhada de critérios para uma possível confirmação dos resultados descritos. CONCLUSÃO Em relação ao conhecimento sobre a colpocitologia oncótica, verificou-se mais da metade das graduandas atribuíram a finalidade da colpocitologia oncótica ao rastreio do câncer do colo uterino, ou seja, conhecem objetivo principal do exame preventivo. Dentre os principais fatores de risco envolvidos na etiologia do câncer de colo uterino, os mais frequentemente citados pelas entrevistadas foram fatores genéticos e hábitos sexuais. Estudo realizado com alunas de pós-graduação no Butão, país localizado no sul da Ásia, também mostrou que os hábitos sexuais e fatores genéticos são citados pela maioria das mulheres como um fator envolvido na etiologia do câncer cervicouterino.19 O conhecimento e a prática de prevenção do câncer do colo do útero de graduandos da área da saúde são insuficientes para a sua atuação junto aos futuros clientes e familiares, também, demonstrou desarticulação entre a teoria e a prática. Ressalta-se que mais de um terço das estudantes afirmaram que o tabagismo não é um fator de risco para a neoplasia de colo de útero. Apoiando com esses dados, outro estudo mostrou que apenas 25% das entrevistadas, mulheres com nível superior, conheciam a relação entre tabagismo e câncer de colo uterino.19 Estudos mostram que o tabagismo eleva o risco de desenvolvimento do câncer do colo do útero. Esse risco é proporcional ao número de cigarros fumados Este estudo permitiu fomentar a discussão sobre a divergência entre o saber das acadêmicas e a aplicação deste conhecimento em sua vida cotidiana. Como futuras profissionais da saúde, as acadêmicas devem conhecer e realizar corretamente as orientações e os procedimentos preconizados. Sem dúvida, a detecção precoce, é indispensável ao sucesso do tratamento e sobrevida das mulheres com câncer uterino e Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 Apesar de realizarem o exame citopatológico com frequência, os conhecimentos demonstrados pelas graduandas não são suficientes para que adquiram atitudes de prevenção e autocuidado, visto que a maioria não adota o uso do preservativo nas relações sexuais, tampouco, consideram a infecção pelo HPV e a ocorrência de outras ISTs como fator de risco para o câncer de colo do útero. 3001 ISSN: 1981-8963 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. o profissional pode e deve fazer a diferença no atendimento à população. Viver no ambiente chamado globalizado significa fazer parte de um desafio intelectual e emocional constante. A ansiedade gerada por este desafio, assim como as constantes pressões da sociedade por profissionais capacitados tanto pela parte técnica como intelectualmente, causa um descompasso entre a necessidade do mercado de trabalho e o processo formal de aprendizagem ocorrido dentro das instituições de ensino superior. A contribuição deste estudo foi mostrar a necessidade de repensar a formação dos profissionais da saúde e o papel do docente enfermeiro e do discente na articulação entre a teoria e as atitudes de autocuidado e promoção da saúde e nas práticas profissionais dos estudantes da área de saúde. REFERÊNCIAS 1. Fonseca AJ, Murari RS, Moraes IS, Rocha RF, Ferreira LC. Validity of cervicovaginal cytology in a Brazilian State with high incidence rate of cervical cancer. Rev Bras Ginecol Obstet [Internet]. 2014 Aug [cited 2015 Jan 23];36(8):347-52. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v36n8/01007203-rbgo-36-08-00347.pdf 2. Ferlay J, Shin HR, Bray F, Forman D, Mathers C, Parkin DM. Estimates of worldwide burden of cancer in 2008: Globocan 2008. Int J Cancer [Internet]. 2010 Dec [cited 2015 Jan 30];127(12):2893-917. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/i jc.25516/epdf Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância [Internet]. Estimativa 2014: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA [Internet]. 2014 [cited 2015 May 10]. Available from: http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/esti mativa-24042014.pdf 3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde [Internet]. Vigitel Brasil 2012: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília (DF): Ministério da Saúde [Internet]. 2013 [cited 2014 June 17]. Available from: http://www.sbpt.org.br/downloads/arquivos/ vigitel_2012.pdf 4. Borges MF, Dotto LM, Koifman RJ, Cunha Mde A, Muniz PT. Prevalence of uterine cervical cancer testing in Rio Branco, Acre State, Brazil, and factors associated with nonparticipation in screening. Cad Saúde Pública [Internet]. 2012 June [cited 2014 May Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... 11];28(6):1156-66. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S0102-311X2012000600014&lng=en. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica [Internet]. Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama. Brasília (DF):Ministério da Saúde [Internet]. 2013 [cited 2014 June 10]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/c ontrole_canceres_colo_utero_2013.pdf 6. Mirzaie-Kashani E, Bouzari M, Talebi A, Arbabzadeh-Zavareh F. Detection of Human Papillomavirus in Chronic Cervicitis, Cervical Adenocarcinoma, Intraepithelial Neoplasia and Squamus Cell Carcinoma. Jundishapur J Microbiol [Internet]. 2014 May [cited 2015 Jan 26];7(5):e9930. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P MC4138640/ 7. Medeiros R, Ramada D. Knowledge differences between male and female university students about human papillomavirus (HPV) and cervical cancer: Implications for health strategies and vaccination. Vaccine [Internet]. 2011 [cited 2015 Jan 28];29:153-60. Available from: http://www.hu.ufsc.br/projeto_hpv/Knowled ge%20differences%20between%20male%20and% 20female%20university%20students%20about.p df 8. Teles CCGD, Alves ED, Ferrari R. Lesões precursoras para o câncer do colo uterino e seus fatores de risco: estudo reflexivo. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2013 [cited 2014 Feb 12];7(spe):5733-41. Available from: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermage m /index.php/revista/article/viewArticle/3259 9. Moraes MN, Jerônimo CGF. Analysis of the results of cytopathological tests of uterine cervix. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2015 Apr [cited 2015 May 10];9(Suppl 3):7510-5. Available from: http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermage m/index.php/revista/article/view/6561/pdf_ 7622 10. Pires CGS, Azevedo SQR, Mussi FC. Fatores de risco cardiovascular em estudantes de enfermagem: elaboração de procedimentos de avaliação. Rev baiana enferm [Internet]. 2014 [cited 2015 May 11];28(3):294-302. Available from: http://www.portalseer.ufba.br/index.php/en fermagem/article/view/10483/8991 11. Murata IMH, Gabrielloni MC; Schirmer J. Cobertura do Papanicolaou em Mulheres de 25 a 59 anos de Maringá - PR, Brasil. Revista Brasileira de Cancerologia [Internet]. 2012 [cited 2013 Oct 20];58(3):409-15. Available 3002 ISSN: 1981-8963 Lima CA de, Amaral JG, Oliveira PP de et al. from: http://www.inca.gov.br/rbc/n_58/v03/pdf/1 0_artigo_cobertura_papanicolaou_mulheres_2 5_59_anos_maringa_pr_brasil.pdf. 12. Alves EF. Características demográficas e ocupacionais do estudante-trabalhador de enfermagem e o risco de acidentes de trabalho. Trabalho e Educação [Internet]. 2011 Sept-Dec [cited 2015 May 18];20(3):4759. Available from: http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.p hp/trabedu/article/viewFile/688/777 13. Santos M, Macêdo A, Leite M. Percepção de Usuárias de uma Unidade de Saúde da Família Acerca da Prevenção do Câncer do Colo do Útero. Revista de APS: América do Norte [Internet] 2010 July-Sep [cited 2014 Oct 18];13(3):310-19. Available from: http://www.aps.ufjf.br/index.php/aps/articl e/view/672/342. 14. Pimentel AV, Panobianco MS, Almeida AM, Oliveira JSB. Percepção da vulnerabilidade entre mulheres com diagnóstico avançado do câncer do colo do útero. Texto context enferm [Internet]. 2011 June [cited 2014 Nov 08];20(2):255-62. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v20n2/a06v20 n2.pdf 15. Panobianco MS, Lima ADF, Oliveira ISB, Gozzo TO. Knowledge concerning HPV among adolescent undergraduate nursing students. Texto context enferm [Internet]. 2013 JanMar [cited 2015 Jan 08];21(1):201-04. Available from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v22n1/24.pdf 16. Cirino FMSB, Nichiata LYI, Borges ALV. Knowledge, attitude and practice in the prevention of cervical cancer and HPV in adolescents. Esc Anna Nery [Internet]. 2010 Jan-Mar [cited 2015 Jan 28];14(1):126-34. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S1414-81452010000100019&lng=en. 17. Silva IT, Griep RH, Rotenberg L. Social support and cervical and breast cancer screening practices among nurses. Rev Latino Am Enfermagem [Internet]. 2009 May [cited 2015 May 24];17(4):514-21. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v17n4/13.pdf 18. Dhendup T, Tshering P. Cervical cancer knowledge and screening behaviors among female university graduates of year 2012 attending national graduate orientation program, Bhutan. BMC Womens Health [Internet]. 2014 Mar [cited 2014 Oct 30];14(1):44. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P MC3975232/ 19. Darus CJ, Mueller JJ. Development and impact of human papillomavirus vaccines. Clin Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(8):2993-3003, ago., 2016 DOI: 10.5205/reuol.9373-82134-1-RV1008201626 Câncer do colo de útero: conhecimento de estudantes... Obstet Gynecol. 2013 Mar [cited 2015 Oct 29];56(1):10-6. Available from: http://dx.doi.org/10.1097/GRF.0b013e31827a f770. Submissão: 22/06/2015 Aceito: 06/07/2016 Publicado: 01/08/2016 Correspondência Patrícia Peres de Oliveira Universidade Federal de São João Rei/UFSJ Rua Sebastião Gonçalves Coelho, 400 Bairro Chanadour CEP 35501-296 Divinópolis (MG), Brasil del- 3003