ARBORIZAÇÃO E OS NÍVEIS DE DESCONFORTO TÉRMICO NO

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ARBORIZAÇÃO E OS NÍVEIS DE DESCONFORTO TÉRMICO NO
MUNÍCIPIO DE VIÇOSA-MG
Patrick Oliveira de Souza
Graduando em Geografia/Bolsista FAPEMIG - Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
Edson Soares Fialho
Professor Adjunto I do Departamento de Geografia da UFV
[email protected]
Rafael de Souza Alves
Graduando em Geografia - Universidade Federal de Viçosa
[email protected]
RESUMO:
A intensificação das atividades antrópicas sobre o ambiente, bem como as
transformações as quais esse é submetido, são em grande parte, fatores contribuintes à
“contaminação ambiental” que resulta na criação de ambientes desagradáveis e desfavoráveis
ao convívio humano. Desta forma a manutenção de áreas arborizadas são pois importantes
componentes de regulação da temperatura urbana e sua retirada - na maioria das vezes feitas
para instalação de grandes empreendimentos imobiliários – acabam por tornassem fatores
condicionantes para o aumento das taxas de desconforto térmico, cada vez mais freqüentes em
grandes áreas artificializadas dentro das cidades.
PALAVRAS-CHAVE: Clima Urbano; Ações Antrópicas; Planejamento Urbano; Vegetação
Urbana.
INTRODUÇÃO:
A intensificação das atividades antrópicas sobre o ambiente, bem como as
transformações as quais esse é submetido, são em grande parte, fatores contribuintes à
contaminação ambiental que resulta na criação de ambientes desagradáveis e desfavoráveis ao
convívio humano (LOMBARDO, 1985).
O homem ao se fixar em um espaço transforma-o para que ele atenda as suas
necessidades, e fazendo isso cria um espaço geográfico, com elementos humanos e naturais se
relacionando (GODOY, 2010).
Com isso, grande parte dos autores que visam esclarecer questões relacionadas ao
clima urbano, ressaltam que a intensificação das atividades humanas sobre o meio o qual
estão residentes, são feitas em grande parte sem estudos planejados maximizando
conseqüentemente as possibilidades de agravamentos ambientais em todos os pontos
(GOMES & AMORIM, 2003).
Desta forma a manutenção de áreas arborizadas são pois importantes componentes de
regulação da temperatura urbana e sua retirada - na maioria das vezes feitas para instalação de
grandes empreendimentos imobiliários – acabam por tornassem fatores condicionantes para o
aumento das taxas de desconforto térmico, cada vez mais freqüentes em grandes áreas
artificializadas dentro das cidades.
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OBJETIVOS:
O presente trabalho vem a contribuir numa discussão cada vez mais freqüente, a
respeito do conceito de desconforto térmico, buscando verificar as possíveis diferenças
térmicas e higrométricas existentes em diversos pontos do município de Viçosa-MG, frutos da
presença ou não de áreas arborizadas sobre esses pontos.
METODOLOGIA:
Para realização deste estudo foram utilizados dados secundários advindos de pesquisas
anteriormente realizadas pelo Departamento de Geografia da Universidade Federal de Viçosa.
Esses dados foram coletados no inverno de 2008, verão e outono de 2009 a fim de dar mais
confiabilidade ao estudo, buscando ao máximo evitar a tendenciosidade dos dados em
questão.
Para a realização da coleta de dados, optou-se inicialmente considerar qualquer
condição sinóptica, desconsiderando o conceito de tempo estável geralmente utilizado para a
promoção de trabalhos relacionados ao clima urbano.
Para a efetiva aferição dos dados, foi percorrido um trajeto de dezessete pontos que
perpassaram tanto a zona rural, quanto a urbana de Viçosa. Tendo pontos característicos e
específicos do modo de ocupação da cidade, buscando condições contrastantes, com maior e
menor (às vezes, até mesmo a inexistência) arborização/vegetação.
Figura 1. Localização dos pontos de mensuração campo-cidade no município de Viçosa-MG.
Organizado por FIALHO (2009)
Empregou-se para a realização do trajeto, o método de transeto móvel, perfazendo um
percurso de 22 km em um tempo aproximado de 50 minutos, numa velocidade média de 50
km/h. Para percorrer esse trajeto foram utilizados veículos automotores de duas ou quatro
rodas - isso devido à disponibilidade momentânea desses veículos - equipado com um
termohigrômetro (Digital Thermo Higrometer – MTH-1380) protegido por um cano de PVC
revestido de material alumínico, acoplado a uma haste também de PVC, para que ficasse a
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uma altura de 1,50m da superfície, na tentativa de padronização das medições. Foram
coletados para a realização dos estudos os dados de temperatura em graus Celsius e os de
umidade relativa do ar em porcentagem.
As medidas foram feitas em três estações distintas sendo no período do inverno de
2008 nos dias 21 e 27 de agosto, no verão de 2009 nos dias 01 e 02 de março e por fim, no
período do outono de 2009 no dia 11 do mês de maio. Os horários de coleta escolhidos foram:
9h00min, 15h00min e 21h00min.
Para a realização dos cálculos dos níveis de conforto e desconforto térmico (ITH) foi
utilizada a formula proposta por NIEUWOLT (1977) e o software Microsoft Office Excel
2007.
Sendo T os valores de temperatura em graus Celsius e HR os valores de umidade
relativa em porcentagem.
Na grande maioria dos estudos relacionados ao conforto térmico são utilizadas as
fórmulas e índices propostos por Thom (1959). Neste estudo, optou-se por utilizar as fórmulas
e índices propostos por Nieuwolt, haja vista que, as modificações realizadas por ele tinham
como objetivo facilitar a aplicação e avaliação dos dados, visto que os valores da umidade
relativa do ar estão, de uma maneira geral, freqüentemente disponíveis ao contrário dos
valores de temperatura aferidos pelo termômetro do bulbo úmido, que abrangem de certa
forma nossas dificuldades na obtenção dos dados.
Para a classificação dos níveis de ITH, o valor de 21ºC corresponde à condição
ambiental mais agradável. Desta forma os valores de ITH estando entre 18,9°C e 24°C
consideramos que esse encontra-se em nível de conforto. Já os valores abaixo de 18,9°C e
acima de 24°C consideramos que esses encontram-se no nível de desconforto térmico. Vale
ressaltar que esses valores pode ter variações de individuo para individuo dependendo do seu
grau de associação e permanência com local de origem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A partir das medições de campo, efetuação dos cálculos de ITH e delimitação dos
níveis de conforto, chegamos aos seguintes resultados abaixo:
Tabela 1: ITH no período da Manhã
Tabela 2: ITH no período da Tarde
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Tabela 3: ITH no período da Noite
Sendo a cor azul
os níveis de desconforto produzidos pelos valores de ITH
abaixo de 18,9°C. Já a cor vermelha
, representado os níveis de desconforto produzido
pelos valores de ITH acima de 24°C. E por fim a cor verde
representando os valores de ITH em níveis de conforto, estando esses entre ≥ 18,9°C e ≤
24,0°C.
No período da manhã, tanto no inverno quanto no verão a predominância dos
resultados de ITH encontram-se na zona de conforto, motivado pela baixa energia solar e
maiores níveis de umidade presentes no fundo do vale.
Já no período da tarde, é possível observar que a maioria dos resultados de ITH
encontram-se em níveis de desconforto térmico, fruto da pequena arborização do município, e
mesmo nos locais onde essa se encontra presente como nos pontos 8 e 12, esta não
desempenha sua função termorreguladora do ambiente. Isso acontece, devido ao pequeno
porte dessas árvores, bem como os locais onde essas estão localizadas, ficando em suma,
rodeados por grandes estabelecimentos imobiliários e alto fluxo de automóveis, alertando-nos
também quanto ao papel social destes pontos, que são locais comum de convivência que
deveriam em certa parte proporcionar condições agradáveis para a realização de práticas de
lazer em geral.
Por fim no momento da noite, os níveis desconforto provocado pelas baixas
temperaturas, bem como a menor porcentagem de umidade presente na atmosfera ficam
evidenciados no período de invernos. Já no verão predomina os valores de ITH dentro dos
níveis aceitáveis de conforto térmico.
CONCLUSÃO:
A importância da arborização no meio urbano está engendrada diretamente aos vários
benefícios ecológicos, sociais e estéticos que ela estão ligados. Desta forma o planejamento
urbano voltado à criação de áreas arborizadas de forma que não venham trazer prejuízos a
população quanto a sua segurança, por exemplo, é de suma importância para regulação da
temperatura, formação de cortinas quebra-vento, controle da erosão dentre outros vários
benefícios que venham a ser empregados em locais hoje tão desprovidos de espaços abertos e
cobertos por vegetação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- FIALHO, E. S. Análise temporoespacial do campo térmico na Ilha do Governador–RJ em
situações sazonais de verão e inverno. 164f. Dissertação (Mestrado em Geografia)–Centro de
Ciências Matemáticas e da Natureza-Instituto de Geociências da UFRJ, Rio de Janeiro, 2002.
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- FIALHO, E. S. Ilha de calor em cidade de pequeno porte: Caso de Viçosa, na Zona da Mata
Mineira.. 248f. Tese (Doutorado em Geografia)–Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências e Artes,
Programa de Pós-graduação em Geografia Física da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2009..
- GOMES, Marcos Antônio Silvestre; AMORIM, Margarete Cristiane de Costa Trindade.
Arborização e conforto térmico no espaço urbano: Estudo de caso nas praças públicas de
Presidente Prudente. Caminhos de Geografia 7(10)94-106, set/2003 - Revista On line,
disponível em www.ig.ufu.br/caminhos_de_geografia.html, acessado em 09 de agosto de
2010.
- MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo, MENDONÇA, Francisco. Clima Urbano. São
Paulo, Contexto, 2003.
- PAGNOSSIN, E.M.; BURIOL, G. A.; GRACIOLLI, M. A. Influência dos elementos
meteorológicos no conforto térmico humano: Bases Biofísicas. Disciplinarum Scientia.
Série: Ciên. Biol. e da Saúde, Santa Maria, v.2, n.1, p.149-161, 2001.
- SANTOS, Milton. A natureza do espaço - Técnica e Tempo. Espaço e Emoção. 2ed. São
Paulo, HUCITEC, 1997.
______________, Metamorfoses do espaço habitado, HUCITEC, São Paulo, 1988.
- TALAIA, Mário A.R. ; SIMÕES, Helena. Ambiente térmico interior avaliação de
conforto / desconforto caso de estudo.
Disponível em http://www.ameweb.org/JORNADAS _SEVILLA/5B_Talaia_bis.pdf
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