XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL ARQUITETURA E BIOMETRIA DE RHIZOPHORA MANGLE EM DOIS TIPOS DE BOSQUES DE MANGUE DO RIO TIJUÍPE, URUÇUCA, BAHIA Malu Araújo Almeida - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA. [email protected] Ana Beatriz Caribé dos Santos Valle - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA. Bruno Ramos Souto – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA. Elcia Clara Gomes Almeida - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA. Isamara Mendes da Silva - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA. Jaqueline Ribeiro Paiva- Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, BA. Raymundo Sá Neto - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Departamento de Ciências naturais, Vitória da Conquista, BA. INTRODUÇÃO O ecossistema manguezal se encontra em transição entre os ambientes terrestre e marinho. A Rizophrora mangle é umas das principais espécies vegetais encontradas no mangue da costa atlântica da América do Sul (VANUCCI, 2001). Em se tratando da vegetação, uma das características mais marcantes é o sistema de sustentação que cresce dos caule em direção ao solo. funcionando como raízes aéreas que se dirigem ao solo, servindo de escora (VANUCCI, 2002). De acordo como Prado et al. (2013), R. mangle apresenta variações morfológicas em sua arquitetura de sustentação em função da zona do manguezal em que se encontra. Segundo Vanucci (2002) as árvores do mangue atingem maior crescimento em locais de águas calmas e ao longo de costas de baixa energia, onde estão protegidas das correntes costeiras e vento, devido a isso partes da mesma formação podem diferir entre si. Desse modo, estudos como o de Prado et al. (2013), Sales et al. (2009) e Soares (1999), que buscam caracterizar estruturalmente e biometricamente a vegetação nos ecossistemas manguezais, são uma importante ferramenta para compreender as respostas deste ecossistema a condições ambientais e auxiliar em questões de conservação do manguezal OBJETIVO Comparar a biometria e arquitetura de Rizophora mangle em dois tipos fisiográficos de manguezais. METODOLOGIA O estudo foi realizado na Fazenda Barra do Tijuípe localizada no município de Uruçuca, Bahia no dia 03 de Maio de 2014. Foram escolhidas duas áreas com diferentes distancias da desembocadura do rio. A primeira área do tipo Franja estava mais próxima a desembocadura sofrendo uma maior influência das marés e do vento, enquanto a 1 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL segunda, denominada ribeirinho, estava localizada mais distante da desembocadura e menos exposta a ação das marés e do vento. Em cada área foram coletados dados de 15 árvores de R. mangle. Sendo que em cada exemplar amostrou-se os seguintes parâmetros biométricos: diâmetro do tronco, altura do rizóforo mais alto, área entre rizoforos (considerando um círculo), altura do 1º fuste, número de rizóforos e altura total. Para verificar a arquitetura das árvores calculou-se variáveis alométricas como: área de rizóforos/altura total, diâmetro do tronco/número de rizóforos e altura do tronco/diâmetro do tronco. Com auxílio do software R, foi realizada uma MANOVA para identificar se há diferenças entre na biometria e na arquitetura das árvores em cada área, seguido de uma análise descriminante para identificar quais parâmetro melhor explicavam as diferenças biométricas e alométricas. Por fim, 10 amostras foram retiradas de uma terceira área, localizada em ambiente ribeirinho, mas em regeneração, para observar se existe alteração na arquitetura ou biometria das árvores em ambiente alterado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados de biometria (Wilks=0,26406; GL=1 e 28; p=1.082e-05) apresentaram diferença para as R. mangle nas duas áreas, sendo que as árvores no ambiente ribeirinho apresentavam valores maiores de a altura do fuste, altura total, área de rizóforos e diâmetro do tronco, enquanto a área de franja apresentava maior valor para número de rizóforos. Também houve diferenças para os parâmetros da arquitetura (Wilks=0,32215; GL=1 e 28; p=6.717e-06), sendo que as árvores do ambiente ribeirinho apresentaram valores maiores para a altura total/diâmetro do tronco e diâmetro de tronco/número de rizóforos. A variável, altura total discrimina as árvores entre as áreas em 83%, unida ao número de rizóforos, discrimina em 93%. O diâmetro do tronco/número de rizóforos discrimina as árvores entre as áreas em 80%, e se acompanhado da altura total/diâmetro do troco discriminam em 90%. Com isso, tanto para parâmetros biométricos quanto de arquitetura, as árvores na área em regeneração foram descriminadas como mais semelhantes ao indivíduos do ambiente ribeirinho. A partir dos dados obtidos entende-se então que R. mangle apresentou variações morfológicas em sua arquitetura de sustentação em função, principalmente, da zona do manguezal em que se encontra, como Prado et al. (2013) e Sales et al. (2009) observaram em seu estudo. As árvores em bosques Ribeirinho tendem a ser mais altas e com menos escoras, corroborando com estudo de Vanucci (2002) e de Silva, Bernini e Carmo (2005), podendo direcionar este investimento de energia para outras estruturas (PRADO et al., 2013). No entanto, os bosques do tipo Franja tendem a investir mais em estruturas de sustentação, como número de escoras, para se manter em um ambiente com fortes tensões de maré, ventos e erosão (SILVA, BERNINI E CARMO, 2005). No estudo de Silva, Bernini e Carmo (2005), estes resultados são associados a maiores valores de salinidade, que não foram medidos neste estudo, e a hidrodinâmica local, atestado por Prado et al. (2013) também, indicando uma plasticidade fenotípica na arquitetura da “raíz”. O desenvolvimento desta espécie em áreas alteradas tende a manter os padrões de arquitetura e biometria de acordo com o tipo do manguezal (SOARES, 1999) isso indica que a alteração ambiental não deve interferir nos padrões biométricos e na arquitetura de R. Mangle, como foi possível observar neste estudo, já que esta área de regeneração se encontrava em área Ribeirinho CONCLUSÃO As diferenças estruturais de arquitetura e biometria das árvores de R. mangle em bosques de franja e ribeirinho mostrando que cada área fisiográfica possui uma arquitetura particular, provavelmente determinada pelos tensores naturais. 2 XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PRADO A.; GOMES C. C.; LIBRÁN F., ORICCHIO F. 2013. Variações na morfologia de sustentação em Rhizophora mangle (Rizophoraceae) em diferentes condições de inundação do solo. Em: Livro do curso de campo “Ecologia da Mata Atlântica” (G. Machado; P.I.K.L. Prado & A.A. Oliveira, eds.). Universidade de São Paulo, São Paulo. SALES, J. B. L.; MEHLIG, U.; NASCIMENTO, J. R.; FILHO, L. F. R.; MENEZES, M. P. M. Análise estrutural de dois bosques de mangue do rio Cajutuba, minucípio de Marapanim, Pará, Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi Ciências Naturais. 4 (1): 27-35. 2009. SILVA, M. A. B.; BERNINI, E.; CARMO, T. M. C. Características estruturais de bosques de mangue do estuário do rio São Mateus, ES, Brasil. Acta Botanica Brasilica. 9: 465-471, 2005. SOARES, M. L. G. Esturtura vegetal e grau de perturbação dos manguezais da Lagoa da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Revista Brasileira de Biologia. 59 (3): 503-515. 1999. VANNUCCI, M. What is special about mangroves?. Brazilian Journal of Biology. 61: 599-603, 2001. VANUCCI, M. Os manguezais e nós: uma síntese de percepções. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 3