Celebração da Vigília Pascal

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SÁBADO SANTO
VIGÍLIA PASCAL – MÃE DE TODAS AS VIGÍLIAS - 04 de abril de 2015
“Ele ressuscitou. Não está
aqui. Vede o lugar onde o
puseram” (Mc 16,6)
Leituras: Primeira Leitura, (Gênesis 1, 1-2,2 ou 1, 1.26-31a) a criação; Salmo Responsorial 104 (103), louvor do
Criador/ Sl 33 (32), a Palavra criadora; Oração (I/II) Criação e Redenção.
Segunda Leitura (Gênesis 22, 1-18 ou 22, 1-2.9a.10-13.15-18) Sacrifício de Isaac; Salmo Responsorial 16 (16),
Confiança em Deus; Oração: A promessa feita a Abraão.
Terceira Leitura (Êxodo 14, 15-15,1); Salmo Responsorial (Cant. Êxodo 15, 1-2.3-45-6.17-18) Cântico de Vitória;
Oração (I) Passagem pelas águas do Batismo/ (II) Água da regeneração
Quarta Leitura (Isaías 54, 5-14) Renovação das núpcias de Javé com Israel; Salmo Responsorial 30 (29), Ação de
graças pela salvação; Oração: Batismo e plenitude da Aliança.
Quinta Leitura (Isaías 55, 1-11) ) O banquete messiânico; Salmo Responsorial Isaías 12, 2-3.4b-6) Beber da fonte da
salvação; Oração: Cumprimento das profecias e progresso no caminho do bem.
Sexta Leitura (Baruc 3,9-15.32-38; 4, 1-4) Israel deve voltar à fonte de sabedoria, Deus; Salmo Responsorial 19
(18), Alegria na Lei do Senhor; Oração: Vocação batismal, permanência junto à fonte da Sabedoria.
Sétima leitura (Ezequiel 36,16-17a.18-28) Dispersão, reunião de Israel; o coração novo; Salmo Responsorial 42
(41), “Como o cervo a procurar a fonte...” / Is 12 (cf acima, 5ª Leitura) / Sl 51 (50) Um coração novo e puro;
Oração: O velho se torne novo (II): Plenificação de nossa vida. Glória; Oração do Dia: Suscitai na Igreja o espírito
da adoção filial, que nos destes no Batismo.
Oitava Leitura (Epístola, Romanos 6, 3-11) Batismo: morrer e corressuscitar com Cristo; o Homem Novo.
Solene Aleluia + Aclamação ao Evangelho: (Sl 118 (117), 1-2.16-17.22-23) “aleluia, a Mão direita do Senhor me
levantou...”; Evangelho (Marcos 16, 1-7 – Ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele irá à vossa frente, na
Galileia.
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
ACOLHIDA: A assembleia se reúne fora da Igreja, junto ao fogo aceso. Enquanto as pessoas vão chegando, a equipe
de canto entoa hinos ou refrãos orantes que falem de luz. A mesa da Palavra, o Círio Pascal, a pia batismal e o altar
devem estar bem ornamentados. O dirigente 1 acolhe a assembleia e dá o sentido da celebração desta noite.
Presidente: Meus irmãos e minhas irmãs, nesta noite santa, em que nosso Senhor Jesus Cristo passou da morte à
vida, a Igreja convida os seus filhos dispersos por toda a terra a se reunirem em vigília e oração. Se comemorarmos a
Páscoa do Senhor ouvindo a sua Palavra e celebrando os seus mistérios, poderemos ter a firme esperança de
participar do seu triunfo sobre a morte e de sua vida em Deus.
Animador: Neste momento o Presidente irá benzer o fogo, que simboliza Cristo, que saindo do sepulcro vai ao
encontro de sua glória. É a luz que ilumina e nos faz ver, sinal de Cristo que disse ser a verdadeira “luz do mundo”.
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BÊNÇÃO DO FOGO
Presidente: Ó Deus, que pelo vosso Filho trouxestes àqueles que crêem o clarão da vossa luz, santificai + este novo
fogo. Concedei que a festa da Páscoa acenda em nós tal desejo do céu, que possamos chegar purificados à festa da
luz eterna. Por Cristo, nosso Senhor!
Todos: Amém.
O presidente da celebração prepara o Círio conforme o costume e o acende, dizendo: "A luz de Cristo ressuscitado
dissipe as trevas de nossos corações e de toda a humanidade".
Animador: Agora será preparado o Círio Pascal. O Círio Pascal representa Cristo vivo e ressuscitado, revestido de luz,
aquele que, na noite do mundo, caminha à frente do seu povo e ilumina a vida do povo e da comunidade.
Presidente: (traça a cruz e os dias do ano em curso - 2015) Cristo ontem e hoje; Princípio e Fim; A e Z; A Ele o tempo
e a eternidade; a glória e o poder; pelos séculos sem fim. Amém. (coloca os grãos de incenso na cruz recordando as
chagas de Cristo) Por suas santas chagas, suas chagas gloriosas; o Cristo Senhor; nos proteja; e nos guarde. Amém.
Animador: Agora o Presidente acende o Círio Pascal no fogo novo que foi abençoado a poucos instantes.
Presente: Irmãos e irmãs, porque nosso Senhor Jesus Cristo é a luz do mundo, nós somos chamados também a ser
luz e a viver na luz do Círio Pascal. Caminhemos iluminados pela luz de Cristo.
Presidente: EIS A LUZ DE CRISTO.
Todos: Demos graças a deus. (bis)
Animador: Vamos seguir a procissão com o Círio Pascal e nele acender as nossas velas. A celebração do Lucernário é
a grande proclamação da Páscoa Cósmica. Envolvidos na noite de um mundo sem luz, a Igreja proclama o brilho da
Luz divina a todo o universo, fruto da ressurreição de Jesus. Luz que significa nascimento na vida nova e plenamente
envolvida no amor divino. Envolvidos e iluminados pela luz divina, caminhamos seguindo a luz de Cristo e, uma vez
iluminados pela ressurreição do Senhor, clareamos o mundo com a luz da vida nova e plena da ressurreição do
Senhor. (A Igreja fica toda apagada e só o Círio Pascal vem aceso do fundo da Igreja)
PROCISSÃO DO CÍRIO
Todos acendem suas velas no Círio e inicia-se a procissão. O dirigente 1 segue à frente levando o Círio e em três
momentos canta o refrão, que todos repetem.
Pres.: EIS A LUZ DE CRISTO.
T. Demos graças a Deus. (bis)
PROCLAMAÇÃO DA PÁSCOA
Animador: (Depois que o Círio Pascal já estiver no presbitério no pedestal e for incensado):
Iremos agora ouvir a Proclamação da Passagem, que é um canto proclamativo que anuncia a ressurreição de Jesus.
Chegando ao local da vigília, estando a Igreja com as luzes apagadas, o Círio é colocado em local preparado e é
incensado. Um cantor e uma cantora entoam a proclamação da Páscoa ("Exulte"). Todos mantêm suas velas acesas.
REFLEXÃO DA VIGÍLIA PASCAL
1. Situando-nos e Recordando a Palavra e a Liturgia
A celebração da Vigília Pascal condensa um rico simbolismo. Ela é o eixo de todo o ano litúrgico. Dela todas
as outras expressões celebrativas da Igreja recebem sua luz. Nesta noite santa, a Igreja celebra exultante,
do modo sacramental mais pleno, a obra da redenção e da perfeita glorificação de Deus, como memória,
presença e esperança.
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“Toda a vigília pascal seja celebrada durante a noite, de modo que não comece antes do anoitecer se
sempre e termine antes da autora de domingo. Esta regra deve ser interpretada estritamente. Qualquer
abuso ou costume contrário, às vezes verificado, de se antecipar a hora da celebração da vigília pascal para
horas em que, habitualmente, se celebram as missas vespertinas antes dos domingos, deve ser reprovado.
A vigília pascal, na qual os judeus esperaram a passagem do Senhor que os libertaria da escravidão do
Faraó, foi por eles observada como memorial a ser celebrado todos os anos; era a figura da futura e
verdadeira Páscoa de Cristo, isto é, da noite da verdadeira libertação, na qual Jesus rompeu o inferno, ao
ressurgir da morte vencedor.
Desde o início a Igreja tem celebrado a Páscoa anual, solenidade das solenidades, com uma vigília noturna.
Com efeito, a Ressurreição de Cristo é o fundamento da nossa fé e da nossa esperança, e por meio do
Batismo e da Confirmação fomos inseridos no mistério pascal de Cristo: mortos, sepultados e ressuscitados
com Ele, com Ele também havemos de reinar. Esta vigília é também espera da segunda vinda do Senhor”
(Paschalis Sallemnitatis, Carta Circular da Congregação para o Culto Divino, 1988, n. 78-80).
A liturgia da luz inicia-se fora da igreja, com a benção do fogo novo e o acendimento do Círio Pascal. O Círio
Pascal é o símbolo de Cristo ressuscitado que vence toda a escuridão. A luz, ao ser introduzida na igreja
pelo ministro, deve ser recebida com o canto: “Eis a Luz de Cristo!” A assembleia aclama: “Demos graças
da Deus”. Os presentes acendem suas velas no Círio Pascal e a nova luz, qual nuvem luminoso vai se
expandindo até iluminar todo o ambiente.
O canto do Exultet é anúncio feliz da alegria da Páscoa. O céu e a terra, a humanidade e a assembleia dos
cristãos rejubilam-se pela vitoria do Cristo, luz que venceu as trevas da morte. É hino que proclama a ação
de graças pelas maravilhas de Deus realizadas ao longo da História da Salvação, agora completadas pela
nova criação. À luz desta noite santa e feliz, tudo se reveste de novo sentido.
Pela liturgia da Palavra, a Igreja refaz a caminhada libertadora pela escuta, canto dos salmos e orações.
Proclamamos nove leituras: sete do Antigo Testamento e duas do Novo Testamento. Elas, por assim dizer,
sintetizam a milenar caminhada pascal, da criação, do Êxodo, do Filho de Deus e do novo Povo. É a aliança
de Deus com seu povo sendo construída, ao longo da história, até ser ratificada no sangue do Cordeiro
imolado. Se, todavia, por razões particulares, as circunstâncias o exigirem, o número das leituras pode ser
diminuído. Entretanto, é importante que nunca se moita a leitura do Êxodo sobre a passagem do Mar
Vermelho.
Concluída a liturgia da Palavra, inicia-se a liturgia batismal composta pelo canto das ladainhas de todos os
santos, a benção da fonte batismal, a renovação das promessas batismais, o Batismo preferencialmente de
adultos. Nesta noite, todos os fiéis renovam o Batismo, com velas acesas nas mãos. Recordamos, assim, o
nascimento para a vida cristã.
A liturgia eucarística, ponto alto da Vigília Pascal, evoca a ceia pascal judaica, durante a qual o Senhor
instituiu a Eucaristia, memorial de sua entrega total que, por seu sangue derramado, selou a nova e eterna
aliança: “Façam isto em memória de mim!”
2. Atualizando a Palavra
Nas celebrações do Tríduo Pascal ouvimos sempre os mesmos textos da Sagrada Escritura, independente
se estamos no ano A, B ou C. A exceção acontece apenas para o Evangelho que elido conforme o
evangelista do ano. Por isso, neste dia, partilhamos três reflexões de nossos Papas Bento XVI (homilias
proferidas na Vigília Pascal de 2009 e 2012) e Francisco (homilia proferida em 2013), São reflexões muito
profundas e que nos levam ao coração do Mistério hoje celebrado.
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Marcos narra no seu Evangelho que os discípulos, ao descer do monte da Transfiguração, discutiam entre
si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos” (cf. Mc 9,10). Antes, o Senhor tinha–lhes anunciado a sua
paixão e a ressurreição três dias depois. Pedro tinha protestado contra o anúncio da morte. Mas agora se
interrogavam acerca do que se poderia entender pelo termo “ressurreição”.
Porventura não acontece o mesmo também a nós? O Natal, o nascimento do Deus Menino de certo modo
é imediatamente compreensível para nós. Podemos amar o Menino, podemos imaginar a noite de Belém,
a alegria de Maria, a alegria de José e dos pastores e o júbilo dos Anjos. Mas, a ressurreição: o que é? Não
entra no âmbito das nossas experiências, e assim a mensagem frequentemente acaba, em qualquer
medida, incompreendida, algo do passado. A Igreja procura levar-nos à sua compreensão, traduzindo este
acontecimento misterioso na linguagem dos símbolos pelos quais nos seja possível de algum modo
contemplar este fato impressionante. Na Vigília Pascal, indica-nos o significado deste dia sobretudo através
de três símbolos: a luz, a água e o cântico novo do aleluia.
Temos, em primeiro lugar, a luz. A criação por obra de Deus – acabamos de ouvir a sua narração bíblica –
começa com as palavras: “Faça-se a luz!” (Gn 1,3). Onde há luz, nasce a vida, o caos pode transformar-se
em cosmos. Na mensagem bíblica, a luz é a imagem mais imediata de Deus: Ele é todo Resplendor, Vida,
Verdade e Luz. Na Vigília Pascal, a Igreja lê a narração da criação como profecia. Na Ressurreição, verificase de modo mais sublime aquilo que este texto descreve como início de todas as coisas. Deus diz de novo:
“Faça-se a luz”.
A Ressurreição de Jesus é uma irrupção de luz. A morte fica superada, o sepulcro escancarado. O próprio
Ressuscitado é Luz, a Luz do mundo. Com a Ressurreição, o dia de Deus entra nas noites da história. A
partir da Ressurreição, a luz de Deus difunde-se pelo mundo e pela história. Faz-se dia. Somente esta Luz Jesus Cristo – é a luz verdadeira, mais verdadeira que o fenômeno físico da luz. Ele é a Luz pura: é o próprio
Deus, que faz nascer uma nova criação no meio da antiga, transforma o caos em cosmos.
Na Vigília Pascal, a Igreja representa o mistério da Luz de Cristo no sinal do Círio Pascal, cuja chama é
simultaneamente luz e calor. O simbolismo da luz está ligado co o do fogo: resplendor e calor, resplendor e
energia de transformação contida no fogo. Verdade e amor andam juntos. O Círio Pascal arde e deste
modo se consuma: cruz e ressurreição são inseparáveis. Da cruz, da autodoação do Filho nasce a luz,
provém o verdadeiro resplendor sobre o mundo.
O Círio Pascal, todos acendemos as nossas velas, sobretudo as dos neobatizados, aos quais, neste
sacramento, a luz de Cristo é colocada no fundo coração. A Igreja Antiga designou o Batismo como
sacramento da iluminação, como uma comunicação de luz e ligou-o inseparavelmente com a Ressurreição
de Cristo. No Batismo, Deus diz ao batizando: “Faça-se a luz”. O Batizado é introduzido dentro da luz de
Cristo. Cristo divide agora as luz das trevas. N’Ele reconhecemos o que é verdadeiro e o que é falso, o que é
o resplendor e o que é a escuridão. Com Ele, surge em nós a luz da verdade e começamos a compreender.
Uma vez quando Cristo viu a gente que se congregara para O escutar d’Ele uma orientação, sentiu
compaixão por ela. Por eram como ovelhas sem pastor (Cf. Mc 6,34). No meio das correntes contrastantes
do seu tempo não sabiam a quem dirigir-se. Quanta compaixão deve Ele sentir também do nosso tempo,
por causa de todos os grandes discursos por trás dos quais, na realidade, se esconde uma grande
desorientação! Para onde devemos ir? Quais são os valores, segundo os quais podemos regular-nos? Os
valores segundo os quais podemos educar os jovens, sem lhes dar nomes que talvez não subsistam nem
exigir coisas que talvez não lhes devam ser impostas? Ele é a Luz.
A vela batismal é o símbolo da iluminação que nos é concedida no Batismo. Assim, nesta hora, também
Paulo nos fala de modo muito mediato. Na Carta aos Filipenses, diz que, no meio de uma geração má e
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perversa, os cristãos deveriam brilhar como astros no mundo (Cf. Fl 2,15). Peçamos ao Senhor que a
pequena chama da vela, que Ele acendeu em nós, a luz delicada da sua palavra e do seu amor no meio as
confusões deste tempo não se apague em nós, mas torne-se cada vez mais forte e mais resplendorosa.
Para que sejamos com Ele pessoas do dia, astros para o nosso tempo.
O segundo símbolo da Vigília Pascal – a noite do Batismo – é a água. Esta aparece, na Sagrada Escritura e
consequentemente também na estrutura íntima do sacramento do Batismo, com dois significados opostos.
De um lado, temos o mar que se apresenta como o poder antagonista da vida sobre a terra, como a sua
continua ameaça, à qual, porém, Deus colocou um limite. Por isso o Apocalipse, ao falar do mundo novo de
Deus, diz que lá o mar já não existirá (cf. 21,1). É o elemento da morte. E assim torna-se a representação
simbólica da morte, como Israel penetrou no Mar Vermelho. Ressuscitado da morte, Ele dá-nos a vida. Isto
significa que o Batismo não é apenas um banho, mas um novo nascimento: com Cristo, como que
descemos ao mar da morte para dele subirmos como criaturas novas.
O outro significado com que encontramos a água é como nascente fresca, que dá a vida, ou também como
o grande rio donde provém a vida. Segundo o ordenamento primitivo da Igreja, o Batismo devia ser
administrado com água fresca de nascente. Sem água, não há vida. Que o digam milhares de pessoas que
enfrentam racionamento de águas em nosso país. Impressiona a grande importância que têm na Sagrada
Escritura os poços. São lugares donde brota a vida. Junto do poço de Jacó, Cristo anuncia à Samaritana o
poço novo, a água da vida verdadeira. Manifesta-Se a ela como o novo e definitivo Jacó, que abre à
humanidade o poço que esta aguarda: aquela água que dá a vida que jamais se esgota (Cf. Jo 4,5-15).
3. Ligando a Palavra com a ação eucarística
João narra que um soldado feriu com uma lança o lado de Jesus e que, do lado aberto – do seu – coração
trespassado – saiu sangue e água (Cf. Jo 19,34). Nisto, a Igreja Antiga viu um símbolo do Batismo e da
Eucaristia, que brotam do coração trespassado de Jesus. Na morte, Jesus mesmo Se tornou a nascente.
Numa visão, o profeta Ezequiel tinha visto o Templo novo, do qual jorra uma nascente que se torna um
grande rio que dá a vida (Cf. Ez 47, 1-12); para uma Terra que sempre sofria com a seca e a falta de água,
esta era uma grande visão de esperança.
Cristo é o Templo verdadeiro, o Templo vivo de Deus. E é também a nascente de água viva. D’Ele brota o
grande rio que, no Batismo, faz frutificar e renova o mundo; o grande rio de água viva é o seu Evangelho
que torna fecunda a terra. Mas Jesus profetizou uma coisa ainda maior, diz Ele: “Do seu interior, correrão
rios de água viva” ( Jo 7,38).
No Batismo o Senhor faz de nós não só pessoas de luz, mas também nascentes das quais brota água viva.
Todos nós conhecemos tais pessoas que nos deixam de algum modo restaurados e renovados; pessoas que
são como que uma fonte de água fresca borbulhante. Não devemos necessariamente pensar a pessoas
grandes côo Agostinho, Francisco de Assis, Teresa de Ávila, Madre Teresa de Calcutá e assim por diante,
pessoas través das quais verdadeiramente rios de água viva penetraram na historia.
Graças a Deus, encontramo-las continuamente mesmo no nosso dia a dia: pessoas que são uma nascente.
Com certeza, conhecemos também o contrario: pessoas das quais emana um odor parecido com o de um
charco com água estagnada ou mesmo envenenada. Peçamos ao Senhor, que nos concedeu a graça do
Batismo, para podermos ser sempre nascentes de água pura, fresca, saltitante da fonte da sua verdade e
do seu amor.
O terceiro grande símbolo da Vigília Pascal é a entoação do cântico novo: o Aleluia. Quando uma pessoa
experimenta uma grande alegria, não pode guardá-la para si. Deve manifestá-la, transmiti-la. Mas que
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sucede quando a pessoa é tocada pela luz da Ressurreição entrando assim em contato com a própria Vida,
com a Verdade e com o Amor? Disto, não pode limita-ser simplesmente a falar; o falar já não basta. Ela
tem de cantar.
Na Bíblia, a primeira menção do ato cantar encontra-se depois da travessia do Mar Vermelho. Israel
libertou-se da escravidão. Subiu das profundezas ameaçadoras do mar. É como se tivesse renascido. Vive e
é livre. A Bíblia descreve a reação do povo a este grande acontecimento da salvação com a frase: “O povo
temeu o Senhor e teve fé no Senhor e em Moisés, seu servo” (Ex 14,31). Segue-se depois a segunda reação
que nasce, por uma espécie de necessidade interior, da primeira: “Então Moisés e os Israelitas cantaram
ao Senhor este cântico” (Ex 15,1).
Na Vigília Pascal, ano após ano, nós, cristãos, depois da terceira leitura entoamos este cântico, cantamo-lo
como o nosso cântico, porque também nós, pelo poder de Deus, fomos tirados para fora da água e libertos
para a vida verdadeira. A mão salvadora do Senhor nos sustenta e assim podemos cantar já agora o cântico
dos redimidos, o cântico novo dos ressuscitados: Aleluia!
Olhando para o Evangelho de hoje, escrito por Marcos, evangelista do ano B, encontramos em primeiro
lugar as mulheres que vão ao sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo d’Ele (cf. Mc 16,1).
Vão cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido
falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas
na sua dignidade e acompanharam-No até o fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da
cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o tumulo: tanta tristeza, tanta
pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou.
Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por
Jesus que as impelira a irem ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo
novo que lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem a pedra removida
do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O caso deixa-as perplexas, hesitantes,
cheias de interrogações. Porventura não se dá o mesmo também conosco, quando acontece qualquer
coisa de verdadeiramente novo na cadencia diária das coisas?
Paramos, não entendemos, nãos abemos como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade,
incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no
Evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o
pensamento num defunto que, no fim das contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras
do passado. Tememos as surpresas de Deus. Queridos irmãos e irmãs, na nossa vida, temos medo das
surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender! O Senhor é assim (Cf. Papa Francisco, Homilia na
Vigília Pascal 2013).
Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que
nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não
conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por
vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se não
abrirmos a Ele.
Nesta Noite de luz, invocando a intercessão da Virgem Maria, que guardava todos os acontecimentos no
seu coração (Cf. Lc 2, 19.51), peçamos ao Senhor que nos torne participantes da sua Ressurreição: que nos
abra à sua novidade que transforma, às surpresas de Deus, que são tão belas; que nos torne homens e
mulheres capazes de fazer memória daquilo que Ele opera na nossa história pessoal e na do mundo; que
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nos torne capazes de O percebermos como o Vivente vivo e operante no meio de nós; que nos ensine,
queridos irmãos e irmãs, cada dia a não procurarmos entre os mortos. Aquele que está vivo. Assim seja.
III. LITURGIA BATISMAL
Animador: A Igreja, desde os primeiros séculos, ligou a noite pascal com a celebração do Batismo. Toda a celebração
é estruturada sobre o tema do Batismo e nossa vida em Cristo Ressuscitado. Baseia-se no pensamento de Paulo que
o Batismo é uma imersão em Cristo, na sua morte e o ressurgimento com Cristo na sua ressurreição.
Ladainha de Todos os Santos
Entrada da Água:
Animador: Vamos agora trazer para a pia batismal a água que será irá representar o nosso batismo.
Mergulhar Círio – benção da água batismal –se houver
Animador: O Presidente, agora, irá mergulhar o Círio Pascal aceso na água, pois ela deve ser sinal da luz que deve
guiar a vida daqueles que professam a sua fé em Cristo e aceitam viver como filhos da Igreja, filhos da Luz.
Presidente: Nós vos pedimos, ó Pai, que por vosso Filho desça sobre toda esta água a força do Espírito Santo (3
vezes) E todos os que, pelo batismo, forem sepultados na morte com Cristo, ressuscitem com ele para a vida. Por
Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém
Renovação das promessas batismais
Animador: Vamos fazer agora a renovação das nossas promessas batismais. O seu principal motivo é voltar a
assumir os compromissos que são inerentes ao Batismo. Não se trata de uma simples lembrança do Batismo, mas
uma promessa, um empenho de viver de acordo com as exigências do Batismo cristão, ou seja, comprometer-se em
centralizar o amor, para que a vida seja plena.
Presidente: Meus irmãos e minhas irmãs, pelo mistério pascal fomos no batismo sepultados com Cristo para
vivermos com ele uma vida nova. Por isso, terminados os exercícios da Quaresma, renovemos as promessas do
nosso batismo, pelas quais já renunciamos a Satanás e suas obras, e prometemos servir a Deus na Santa Igreja
Católica.
Presid.: Para viver a liberdade dos filhos de Deus, renunciais ao pecado, fonte de injustiça e egoísmo?
Todos: Renuncio
Presid.: Para viver como irmãos, renunciais a tudo o que desune a nossa comunidade?
Todos: Renuncio
Presid.: Para seguir a Jesus Cristo, renunciais a tudo o que nos impede de viver como verdadeiros filhos e filhas de
Deus?
Todos: Renuncio
Presid.: Vocês creem em Deus Pai, todo-poderoso, criador do céu e da terra?
Todos: Creio
Presid.: Vocês creem em Jesus Cristo, seu único Filho e nosso Senhor, que nasceu da Virgem Maria, morreu e foi
sepultado, e que ressuscitou dos mortos e subiu para o céu?
Todos: Creio
Presid.: Vocês creem no Espírito Santo, na Santa Igreja Católica, na comunhão dos santos, no perdão dos pecados,
na ressurreição dos mortos e na vida eterna?
Todos: Creio
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Presid.: O Deus todo-poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,que nos fez renascer pela água e pelo Espírito
Santo e nos concedeu o perdão de todo pecado, guarde-nos em sua graça para a vida eterna.
Todos: Amém.
Aspersão
Animador: Agora o Presidente irá aspergir a comunidade. Isso lembra o nosso batismo.
Oração da Assembléia
Presidente: Na noite que Deus demonstra sua força e seu poder com a vitória sobre a morte para nos conceder a
vida plena, elevemos nossas preces aos céus.
1. Senhor do céu e da terra, vós que sois a fonte de toda a vida;
Todos: fortalecei a Igreja para que nunca se canse de promover a vida plena no mundo.
(Silêncio)
2. Vós que ofereceis a vida plena pela ressurreição de vosso Filho Jesus;
Todos: ajudai-nos a dar vida ao nosso planeta, que geme as dores de parto.
(Silêncio)
3. Vós que enviastes vosso Filho para nos trazer o dom da fraternidade e da paz;
Todos: olhai nosso mundo que destrói a vida pelo aborto, pela eutanásia, pelas drogas, pelas guerras e com tantas
formas de violência.
(Silêncio)
4. Vós que nos concedeis a alegria de celebrar mais uma Páscoa;
Todos: iluminai nossa comunidade com a luz da ressurreição de Jesus para que possamos ser fiéis ao vosso projeto
salvador.
(Silêncio)
(Outras intenções)
Presidente: Nós vos agradecemos, ó Pai a alegria de poder participar da vida plena que vós nos ofereceis pela
ressurreição de Jesus. Considerai nossas preces que fazemos com o coração em festa e atendei-nos em nossas
necessidades. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém
IV. LITURGIA EUCARÍSTICA
Animador: Iremos agora iniciar a quarta parte desta vigília pascal, é o momento culminante da celebração. A
comunidade, reunida em torno da Páscoa, renova o mistério da imolação e glorificação de Cristo. Batizados em
Cristo, ungidos por seu Espírito, entramos em comunhão total com Ele, fazendo sua a nossa vida, participando do
seu mistério.
ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS
Presidente: Acolhei, ó Deus, com estas oferendas as preces do vosso povo, para que a nova vida, que brota do
Mistério Pascal, seja por vossa graça penhor da eternidade. Por Cristo, nosso Senhor!
Todos: Amém.
ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO:
Presidente: Ó Deus, derramai em nós o vosso espírito de caridade, para que, saciados pelos sacramentos pascais,
permanecemos unidos no vosso amor. Por Cristo, nosso Senhor!
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Todos: Amém.
BÊNÇÃO
Presente: O Senhor esteja convosco. Aleluia. Aleluia.
Todos: Ele está no meio de nós. Aleluia. Aleluia.
Presidente: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso nesta solenidade da Páscoa, e cheio de misericórdia vos defenda de
todo o perigo do pecado. Aleluia. Aleluia.
Todos: Amém. Aleluia. Aleluia.
Presidente: E Aquele que na ressurreição do seu Unigênito vos restaura para uma vida eterna vos cumule com os
prêmios da imortalidade. Aleluia. Aleluia.
Todos: Amém. Aleluia. Aleluia.
Presidente: E vós, que terminados os dias da Paixão do Senhor, celebrais as festas da Páscoa, possais chegar àquele
festim que se soleniza em gozos eternos, com sua ajuda e as almas exultantes. Aleluia. Aleluia.
Todos: Amém. Aleluia. Aleluia.
Presidente: Abençoe-vos Deus todo-poderoso PAI + E FILHO E ESPÍRITO SANTO.
Todos: Amém.
Presidente: Levai a todos a alegria de Jesus Ressuscitado. Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
Todos: Graças a Deus, aleluia, aleluia!
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