- Professor Cacá

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CAPÍTULO IX - MODO DE PRODUÇÃO SOCIALISTA

Socialismo Utópico
A expressão "socialismo utópico" é atribuída ao
próprio Marx que a utilizou num sentido pejorativo,
procurando demarcar diferenças fundamentais entre as
propostas e princípios característicos dos pensadores
que se enquadram dentro desta denominação e o seu
próprio sistema, denominado de socialismo científico.
Cabe ressaltar que muitas das críticas ao capitalismo e
à exploração do trabalhador, assim como determinadas
concepções do homem e do mundo por ele incorporadas
já estavam, em maior ou menor grau, presentes em
alguns destes pensadores, cuja obra representa um dos
marcos de influência sobre o próprio Marx.
A referência à expressão "utópico", significando,
neste sentido, "lugar nenhum", "sonho inalcançável",
expressa uma abordagem crítica sobre o sistema de
pensamento destes autores, cujo socialismo científico
procura superar. Marx aponta as limitações deste
conjunto de propostas, pois estes autores não teriam
identificado a "espinha dorsal" do modo de produção
capitalista e, portanto, suas propostas não teriam êxito
em superar este modo de produção, limitando-se a
apresentar soluções paliativas, como a melhoria salarial
dos trabalhadores, o moralismo, a melhoria das
condições de trabalho, etc, não apontando mecanismos
satisfatórios de superação do capitalismo.
Ao denominar o seu sistema de científico, Marx
se enquadra dentro de uma visão positivista e
cientificista de sua época que vê na abordagem típica
das ciências naturais a única forma de desvendar a
natureza e o próprio homem. Procura, desta forma,
revestir o seu pensamento de um arcabouço de
aceitabilidade, pois teria, a partir de uma abordagem
científica (materialismo histórico) desvendado a
estrutura do capitalismo que poderia, desta forma, ser
superado através de leis inexoráveis e do processo
revolucionário.
O socialismo utópico se desenvolveu num
contexto histórico de avanço das forças produtivas e do
desenvolvimento do proletariado em função da
Revolução Industrial. As condições de trabalho típicas
desta fase do capitalismo industrial e o surgimento de
movimentos destinados à criação de uma consciência
da classe trabalhadora, suscitaram o desenvolvimento
do socialismo utópico, como denúncia das distorções do
capitalismo e da possibilidade de criação de uma
sociedade mais igualitária.
A seguir, são apresentados alguns dos mais
proeminentes representantes deste movimento e um
resumo de seus fundamentos básicos.


Saint-Simon (1760-1825): cientistas e economistas
deveriam centralizar o poder de uma sociedade
mundial. Propõe uma sociedade industrial
administrada
pelos
produtores
(operários,
banqueiros, empresários, intelectuais e artistas).
Robert Owen
(1771-1858): empresário que
desenvolveu a proposta de criar uma federação de
comunidades com autogestão, associando trabalho
e estudo e excluindo a propriedade privada. Percebe
que o trabalho cria riqueza, mas que o trabalhador é
dela excluído.




Charles Fourier (1772-1837): propunha a formação
de associações cooperativistas, onde o trabalho
deveria ser uma fonte de prazer e praticado de forma
voluntária (Falanstérios). Critica rigorosamente o
capitalismo e a cobiça dos comerciantes.
Proudhon (1809-1865): Preconizava uma doutrina
igualitária, apontando o antagonismo entre
capitalistas e proletários. Criticava a propriedade
privada como espoliação do trabalho. Defendia a
autonomia da classe operária e a sua organização.
Idealiza uma sociedade anárquica em que o poder
estaria nas mãos de livres associações de
trabalhadores.
Louis Blanc (1811-1882): propunha a criação de
associações profissionais de trabalhadores de um
mesmo ramo de produção, as Oficinas Nacionais,
financiadas pelo Estado. O lucro seria dividido entre
o Estado, os associados e para fins assistenciais.
Exigia que o Estado se apoderasse do sistema
econômico para garantir trabalho e justiça para
todos.
Auguste Blanqui (1771-1858): inspirador das
idéias dos revolucionários profissionais e da
ditadura do proletariado. A partir dele surge o
chamado blanquismo, segundo o qual a revolução
faz-se através de uma insurreição violenta,
desencadeada por um pequeno grupo de dirigentes
revolucionários.
Mikhail Bakunin (1814-1876): principal teórico do
anarquismo, critica o individualismo burguês, o
Estado, a propriedade privada e a exploração do
trabalho. Propõe retorno à vida em comunidades
autogovernadas e participação de todos nas
decisões a partir da formação de organizações de
bairro, de fábrica, etc. Propõe, também, a
organização
de
federações
nacionais
e
internacionais para tomada de decisões globais.
Socialismo Científico






Karl Marx (1818-1883): fundamentou a sua análise
no materialismo dialético (filosofia) e no
materialismo histórico (teoria científica).
Marco fundamental: publicação, em conjunto com
Firedrich Engels (1820-1895), do Manifesto
Comunista, em 1848.
Principais obras: Manifesto Comunista e Ideologia
Alemä - junto com Engels; O 18 Brumário de Luís
Bonaparte, Contribuição à crítica da economia
política, O Capital. Obras de Engels: A dialética da
natureza, A origem da família, da propriedade
privada e do Estado.
Desenvolve crítica radical ao modo de produção
capitalista e propõe nova organização políticoeconômica da sociedade.
Críticas de Marx aos socialistas utópicos e
a
Feuerbach.
Base para o desenvolvimento de suas propostas:
realidade sócio-econômica da época: influência dos
socialistas utópicos; dialética de Hegel.
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Concepções fundamentais:





Base teórica: materialismo dialético e materialismo
histórico.
O capitalismo, como produto de um contexto sóciohistórico determinado, apresenta uma origem
definida e uma morte prevista.
O desenvolvimento das forças produtivas, através
de leis históricas, conduzem a transformações nos
modos de produção, que representam a superação
do capitalismo e a instauração da ditadura do
proletariado, através de um processo revolucionário.
Denuncia o processo de exploração do trabalho. A
crescente monopolização do capital conduz ao
empobrecimento do trabalhador.
O capitalismo, em sua maturidade, conduziria a um
grande processo de monopolização da economia e
eliminação da concorrência.
Marx aponta a existência de duas possíveis
fases no processo revolucionário:
SOCIALISMO
 Instaurado imediatamente após o capitalismo
 "A cada um de acordo com seu trabalho"
 Planejamento econômico
 Propriedade estatal e coletiva dos meios de produção
 Ditadura revolucionária do proletariado
 Luta contra valores burgueses
 Trabalhador ainda recebe salário
 Instituição estatal proletária;
 Burocracia
COMUNISMO
 "A cada um de acordo com suas necessidades"
 Internacionalização do novo sistema
 Propriedade social dos meios de produção
 Sociedade igualitária com ausência de classes
sociais
 Desaparecimento do Estado
 Abundância de bens
 Novos valores culturais e sociais
 Remuneração
do
trabalhador
segundo
necessidades.
SOCIALISMO REAL
A tentativa de implementar os princípios
marxistas englobou 30% da superfície terrestre e em
torno de 35% da população mundial. Este modelo
passou a ser identificado como Socialismo Real após as
transformações que ocorreram no Leste Europeu e na
ex- URSS, como uma forma de diferenciar a experiência
realmente levada a efeito das propostas características
da utopia comunista.
Apesar das diferenças que marcaram o
desenvolvimento deste modelo, podem-se levantar
pontos comuns presentes em maior ou menor grau nos
diferentes países, a saber:

Propriedade estatal dos meios de produção



Planejamento econômico (produção e consumo)
Redistribuição de renda
Monopólio político do Partido Comunista
A seguir, apresenta-se um resumo da evolução
política e econômica da ex-União Soviética ao longo dos
diferentes governos e fases. Leiam o texto
complementar e façam as devidas anotações das aulas
expositivas para complementarem as informações
acima relacionadas.
 1917: Revolução e ascensão de Lênin
 1918: Guerra civil → Exército vermelho x exército
branco (apoio dos EUA, Japão, Inglaterra e França.
 1922: URSS (Fed. Russa, Ucrânia, Relarus, Fed.
Transcaucasiana, Azerbaijão, Armênia, Georgia.
 1923: Constituição
 1921: economia de guerra devido às dificuldades da
transição do modelo econômico, guerra civil e das
consequências da Primeira Guerra Mundial
 NEP: leis de mercado, gestão privada da pequena
empresa. Estado: infraestrutura, indústria pesada,
planificação geral
Stalin (1924-1953)
 Centralização política e econômica, coletivização
forçada.
 Industrialização acelerada, com aproveitamento dos
amplos recursos minerais
 Planos Quinquenais
 Modelos agrícolas: Kolhozes e Sovkhozes
 1953: morte de Stalin
NIKITA KRUCHTCHOV (1954-1964)
 "Desestalinização"
 "Coexistência Pacífica"
 Conflito sino-soviético
 1962: Crise dos Mísseis
LEONID BREJNEV (1964-1982)
 Recentralização política e econômica
 Dètente
 "Soberania limitada"
 1968: Primavera de Praga
Andropov (1982-1984)
Chernenko (1984-1985)
GORBATCHEV (1985-1991)
 Perestroika: reestruturação econômica
 Glasnost: significa transparência. Tentativa de
transformações culturais e políticas, com maior
abertura democrática.
OS PROBLEMAS DO SOCIALISMO
 Queda nos índices de crescimento econômico.
 Impossibilidade de isolar a população, devido à
revolução nas comunicações e transportes, do
padrão de consumo do mundo capitalista ocidental,
gerando demanda por mudanças.
 Defasagem tecnológica, principalmente a partir da
Revolução tecnocientífica e
o avanço da
globalização.
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 Grande diversidade étnica e cultural com pressões
por autonomia.
 Excesso de burocracia e Ausência de liberdade.
 Processo industrial fundamentado na indústria de
base, com carência de indústrias de bens-deconsumo, gerando desabastecimento.
 Defasagem entre agricultura e indústria.
 Gastos militares e rigidez dos planos qüinqüenais.
TEXTOS COMPLEMENTARES
URSS, anos 80: crise econômica
No início dos anos 80, a economia soviética,
inteiramente controlada pelo Estado, encontrava-se à
beira do colapso. O parque industrial, em sua maior
parte, estava obsoleto. Os níveis de produção caiam a
cada ano e a qualidade de vida tornava-se insatisfatória
para a maioria da população. Oficialmente não havia
desemprego na União Soviética. O governo não
divulgava informações sobre a verdadeira situação do
Estado. Na verdade, em algumas regiões, como no
Cáucaso, mais de um terço da população
economicamente ativa estava sem trabalho.
A crise chegou a alguns bairros de Moscou. Os
moradores enfrentavam a falta de alimentos e produtos
básicos e a precariedade de serviços, como o
fornecimento de luz, água e telefone. A população
formava grandes filas para comprar pão, leite e outros
produtos essenciais.
Essa realidade contrastava com o dia-a-dia de
um reduzido grupo de cidadãos com acesso a todo tipo
de privilégios. A opulência dos altos funcionários do
Partido Comunista, uma das mais notórias distorções
dos ideais marxistas, ficava ainda mais visível num
momento de crise econômica. Os funcionários da
burocracia estatal, moradores de amplos apartamentos,
faziam suas compras em lojas especiais, longe das filas.
Possuíam carros novos ou andavam em limusines,
viajavam sempre ao exterior e se refugiavam em
confortáveis casas de campo, as famosas datchas. Os
cidadãos comuns, de modo quase oposto, moravam em
pequenos apartamentos, muitas vezes com outras
famílias, viajavam para as colônias de férias
determinadas pelo governo, e aguardavam alguns anos
na lista de espera para adquirir um carro popular.
A KGB e a burocracia soviética
De um modo geral, um quadro como esse, de
desequilíbrio econômico e injustiça social, costuma
estimular o surgimento de grupos de oposição. Mas, na
União Soviética, as tentativas de oposição organizada
eram logo reprimidas com rigor pela KGB, a temida
polícia política que não media esforços para eliminar os
focos de resistência ao regime. De 1964 a 1982, mais do
que nunca, a KGB foi utilizada para preservar os
privilégios dos burocratas de alto escalão do PCUS.
Durante esse período o homem forte da União Soviética
era Leonid Brejnev, que chegou ao poder em outubro de
64, em substituição a Nikita Khruschev.
Considerado nos meios políticos ocidentais um
dirigente de linha dura e pouco afeito às formalidades da
diplomacia, Brejnev marcou seu governo com medidas
graves como a invasão da Tchecoslováquia, em 1968,
para por fim ao período liberal conhecido como
"Primavera de Praga". Onze anos depois, em dezembro
de 79, outra medida dura e de grande repercussão: o
líder ordenou a ocupação militar do Afeganistão, para
preservar o domínio de Moscou na região centro-oeste
da Ásia. Na era Brejnev, a KGB lançou mão de métodos
duros para combater os focos de oposição a este quadro
de privilégios dos burocratas, e aos rumores de
envolvimento do governante e de sua filha Galina com
episódios de corrupção e contrabando. Muitos
oposicionistas foram presos, enclausurados em
hospitais psiquiátricos ou confinados em localidades
determinadas pelo governo. Alguns dissidentes
tornaram-se célebres no Ocidente, como o escritor
Alexander Soljenitsin e o físico Andrei Sakharov, prêmio
Nobel da Paz em 1975.
O fim da era Brejnev
Na época da morte de Brejnev, em 1982, o único
setor em boas condições, além da burocracia do Partido
Comunista, era o militar. A indústria bélica e espacial
manteve a produção de mísseis e foguetes de alto nível
de sofisticação, apesar do elevado custo social.
O novo secretário-geral do Partido Comunista
era Yuri Andropov, uma figura enigmática que assumiu
o poder com fama de linha dura, por ter sido chefe da
KGB durante 15 anos. Essa imagem foi reforçada com a
derrubada, em 83, de um avião de passageiros da
Korean Air Lines, por invasão do espaço aéreo soviético.
Por outro lado, Andropov iniciou um processo de
pequenas mudanças liberalizantes na economia,
estimulou uma campanha contra a corrupção na
máquina administrativa do Estado e reuniu em seu
governo alguns auxiliares que mais tarde estariam
envolvidos nas reformas de Mikhail Gorbatchev.
Andropov ficou no poder até a morte, em fevereiro de
1984.
Para alguns historiadores, Andropov estava
bem informado sobre a precária situação econômica do
país, em virtude de suas ligações com a KGB. Assim,
teria decidido antecipar algumas reformas para evitar a
eclosão de movimentos sociais e trabalhistas que
poderiam abalar a estrutura de poder na União Soviética.
O sucessor de Andropov, Konstantin Tchernenko,
assumiu o poder já em condições precárias de saúde.
Governou por 11 meses, até morrer em março de 1985.
Hoje, sabe-se que sua indicação pelo partido foi um
modo de adiar por algum tempo a questão sucessória,
até que os dois grupos em disputa chegassem a um
acordo. De um lado, os herdeiros políticos de Brejnev
não queriam saber de reformas. De outro lado, a ala
mais jovem do partido pretendia levar adiante as
mudanças políticas e econômicas no país. No final, deu
Gorbatchev.
Mikhail Sergueievitch Gorbatchev assumiu a
secretaria-geral do Partido Comunista em março de 85,
aos 54 anos. Sua ascensão ao cargo foi resultado de
uma trajetória rápida e brilhante dentro da estrutura do
partido. Membro desde 1980 do Politburo, a instância
máxima do Comitê Central do PCUS, Gorbatchev
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demonstrava uma habilidade diplomática incomum, e
quando assumiu o poder já era uma figura conhecida
nos meios políticos ocidentais.
Começa a era Gorbatchev
Em agosto de 85, Gorbatchev surpreendeu o
mundo ao suspender os testes nucleares subterrâneos,
declarando uma moratória nuclear unilateral. A medida,
no entanto, soou como mais uma peçaa de propaganda
soviética. O líder reservava mais surpresas para o 27 o
Congresso do Partido Comunista, em fevereiro de 86,
quando expôs um audacioso programa de reformas
políticas e econômicas. No plano político, Gorbatchev
queria enterrar a corrida armamentista e estabelecer um
projeto de colaboração entre as nações. No plano
econômico, a meta era revitalizar todos os setores de
produção, estagnados desde a época de Leonid Brejnev.
Glasnost e Perestroika
As expressões glasnost e perestroika
começaaram a se popularizar na imprensa ocidental.
Glasnost, em russo, quer dizer transparência. Com esse
conceito, Gorbatchev queria expressar uma nova
relaçao entre o poder e a sociedade. Para ele a censura
deveria ser abolida, para que os problemas pudessem
ser discutidos abertamente pela população. Perestroika
significa reconstrução. Indicava a necessidade de
reformulação da economia soviética, sobre novas bases.
Em 1986, Gorbatchev mostrava-se um defensor do
estatismo socialista e do igualitarismo econômico, mas
afirmava também que seria bem-vinda a iniciativa
empreendedora de cada cidadão. Para ele, o Estado não
deveria ser um obstáculo para o progresso individual. As
propostas eram consideradas muito avançadas dentro
da própria União Soviética. Observadores acreditavam
que Gorbatchev poderia ter o mesmo fim de Nikita
Khruschev, deposto em 64 ao tentar introduzir reformas
vistas com antipatia pelos burocratas do Partido
Comunista.
(...)
Conflitos internos no Partido Comunista
desse processo foi Bóris Ieltsin, que no final de 87 caiu
em desgraça e perdeu todos os cargos de chefia do
Partido Comunista. O ano de 1988 foi decisivo para a
implantação da glasnost e da perestroika. Gorbatchev
autorizou a Igreja Ortodoxa Russa a celebrar seu
milésimo aniversário em todo o país. A medida
contribuiu para criar um clima inédito de festa e de
liberdade espiritual. Além disso, em maio de 88, o
presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, visitou
Moscou numa atmosfera de descontração política que
prenunciava importantes acordos sobre desarmamento.
Costumes soviéticos tornam-se mais liberais
As mudanças chegaram aos costumes, que
tornaram-se mais liberais. Em junho, o primeiro
concurso de Miss Moscou mostrava que a preocupação
com a beleza frívola já não era mais considerada um
sinal de decadência burguesa ou um desvio do
socialismo.
O cinema soviético logo refletiu a liberalização
dos costumes. O filme "A Pequena Vera", por exemplo,
mostrava o comportamento dos jovens na era da
glasnost e as relações sociais e familiares na União
Soviética no fim dos anos 80. Foi nesse clima que se
instalou, em junho e julho de 88, a 19 a Conferência do
Partido Comunista. Gorbatchev anunciou sua
determinação de permitir o pluralismo político no país,
respeitando as particularidades do regime socialista. A
partir dessa data, os membros do partido precisariam
disputar para valer, através do voto, os cargos eletivos
do Estado e as vagas do Soviete Supremo, o órgão
máximo de poder do país. Na mesma conferência,
Gorbatchev condenou abertamente, pela primeira vez, a
natureza do socialismo soviético, classificada por ele de
arbitrária. Defendeu a criação de um sistema de
garantias dos direitos dos cidadãos, o estado de direito.
Com essa postura, o dirigente entrou em confronto direto
com Igor Ligatchov, o líder dos burocratas do partido. Os
ventos da mudança começavam a soprar mais
rapidamente sobre Moscou. A primeira decisão
importante depois da conferência do Partido Comunista
foi tomada em agosto de 88: as tropas do exército
soviético começaram a deixar o Afeganistão depois de
nove anos de ocupação e guerra.
Surgem as frentes populares
Em seu segundo ano de governo, Mikhail
Gorbatchev enfrentava duas correntes formalmente
inconciliáveis. Uma delas, adversária das mudanças,
acreditava que a saída para a crise estava no
aprofundamento dos traços coletivistas da União
Soviética. Liderada por Igor Ligatchov, a ala tinha o
apoio dos burocratas da época de Brejnev. O outro
grupo, ao contrário, queria acelerar as reformas.
Defendia a limitação dos privilégios usufruídos pela
cúpula do poder e maior apoio à iniciativa privada. Essa
corrente, formada pelos setores mais jovens, tinha a
liderança de Bóris Ieltsin, chefe do partido em Moscou.
Gorbatchev tentou o caminho da conciliação. Em vez de
adotar um dos pontos de vista e combater o outro,
escolheu uma política de compromissos e concessões.
Num certo momento, cedia às pressões dos reformistas.
Em outro momento, criticava os excessos e satisfazia a
chamada "ala burocrática". A primeira grande vítima
Outro fato significativo foi o surgimento das
Frentes Populares nas repúblicas que formavam a
União Soviética. Eram organizações não partidárias,
mas com uma plataforma política definida, que reuniam
milhares de membros do Partido Comunista,
especialmente os mais jovens. De um modo geral, essas
frentes lutavam pelo fim da opressão exercida durante
décadas pelo poder central. Faziam denúncias dos
crimes da era stalinista e lutavam contra o descaso do
governo em relação às questões ambientais. Nas
repúblicas de maioria islâmica, as frentes populares
impulsionavam movimentos religiosos, como no
Tadjiquistão. Muitas dessas frentes, desde o início de
suas atividades, enfatizavam a necessidade da
proclamação da independência em relação à União
Soviética.
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No final de 88, a paisagem cultural estava
substancialmente diferente, como se podia observar nas
ruas de Moscou. Mas verificava-se um vácuo no sistema
político soviético. Com tantas mudanças em curso, não
havia ainda um novo sistema definido, em substituição
ao antigo.
A economia do país não ia bem. Sem medo de
punições, funcionários públicos procuravam fortuna fácil
no mercado negro, tirando mercadorias de circulação
para revendê-las a preços mais altos. Além disso, uma
resolução da 19a Conferência do Partido Comunista
permitiu a criação de cooperativas privadas, com
objetivos claros de lucro. Com elas surgiu uma casta de
prósperos negociantes, em geral antigos burocratas do
Estado
ou integrantes de grupos mafiosos
internacionais. Enquanto isso, a maioria da população
sofria os efeitos da desordem administrativa.
"A situação da economia soviética durante o
período da perestroika foi resultado de dois movimentos
contraditórios e assimétricos no tempo. O primeiro foi
aquele que resultou no desmanche dos ministérios e no
desmanche do aparelho de planificação. O outro foi
aquele que pretendia introduzir um novo sistema, de
relações de mercado, descentralizando decisões,
desestatizando as empresas estatais. O primeiro se fez
muito rapidamente. O segundo levou mais tempo. E,
exatamente por tomar mais tempo, está sendo
introduzido na Rússia até hoje. Era inevitável que esses
movimentos gerassem a desorganização econômica
que se refletiu numa série de dificuldades, entre elas o
abastecimento. Cabe acrescentar que esse problema no
abastecimento foi agravado pelo comportamento da
própria população, que, ainda sob o trauma da guerra,
resolveu estocar mantimentos em suas casas."
Lenina Pomeranz, economista
Todos os setores da sociedade foram sacudidos
pelas reformas de Gorbatchev. As pressões políticas e
econômicas sobre Moscou vinham de todos os lados.
Nas repúblicas, movimentos nacionalistas queriam a
independência. Na economia, a população temia a
instabilidade, a inflação e os abusos do mercado negro.
Na política, o Partido Comunista estava cada vez mais
dividido, enquanto as frentes populares cresciam.
Eleições agitam a União Soviética
Nesse cenário de incertezas, Gorbatchev
precisou enfrentar um novo teste, em março de 1989: as
eleições para o Congresso dos Deputados do Povo,
também chamado de Assembléia do Povo, que
escolheria o novo presidente da República. Pela
primeira vez na União Soviética, muitos candidatos
concorriam ao Parlamento. As ruas se encheram de
faixas e cartazes de campanha. Os eleitores
compareciam aos comícios e faziam questão de
manifestar apoio aos seus candidatos.
Embora só o PC estivesse legalizado, qualquer
pessoa podia se candidatar, bastando o aval de
quinhentos moradores do bairro. As eleições, realizadas
em clima de liberdade, marcaram o retorno triunfal de
Bóris Ieltsin, o deputado mais votado do país. E também
liquidaram o monopólio do poder exercido pelo Partido
Comunista.
Inúmeros
candidatos
reformistas
conseguiram se eleger, ampliando a base de apoio de
Gorbatchev.
Nessa época, Mikhail Gorbatchev era
identificado, no Oriente e no Ocidente, como um
estadista empenhado no fim da corrida armamentista,
que levaria o mundo a uma nova era de paz. Em maio
de 89, a visita de Gorbatchev a Pequim acendeu o
estopim do movimento dos jovens pela democratização
da China, que resultaria no massacre da Praça da Paz
Celestial, no começo de junho.
A queda do Muro de Berlim
Em outubro do mesmo ano, na Alemanha
Oriental, o dirigente advertiu o líder comunista Erich
Honecker de que a União Soviética não toleraria uma
repressão violenta ao movimento pela democracia, cada
vez mais forte naquele país. A visita de Gorbatchev à
capital do país fez deslanchar o movimento popular que
resultaria, no mês seguinte, na queda do Muro de
Berlim. A queda do muro representou o fim do
socialismo no mais rico, próspero e politicamente
fechado país da Europa Oriental. Em pouco tempo, o
processo se alastrou por todos os países do bloco
socialista. Os episódios mais violentos foram vividos na
Romênia, em dezembro de 89. A luta popular pelo fim
da ditadura custou a vida de pelo menos 10 mil pessoas,
que tombaram diante das forças da Securitate, a polícia
política do ditador Nicolai Ceaucescu. O processo
terminou quando o Exército, que se voltou contra o
governo, prendeu e realizou o julgamento sumário e a
execução de Ceaucescu e de sua mulher Helena, no
Natal de 89.
Pacto de Varsóvia deixa de existir
Na prática, com esses acontecimentos deixava
de existir o Pacto de Varsóvia, um acordo de cooperação
econômica e militar entre os países do bloco socialista
criado em 1955 e formalmente extinto em julho de 91.
No entanto, o tratado dos países ocidentais, a OTAN,
seguia firme e forte. Foi nesse contexto que Gorbatchev
reuniu-se pela primeira vez com o presidente norteamericano George Bush na ilha de Malta, no finalzinho
de 89. Para muitos historiadores, esse encontro
representa o início do que se convencionou chamar de
Nova Ordem Mundial, uma fase da história
contemporânea marcada pela existência de uma única
superpotência. O bloco socialista estava em ruínas e o
Ocidente dava as cartas. Na volta a Moscou, o líder da
perestroika ainda precisou enfrentar novos obstáculos,
na difícil condução da União Soviética à normalidade
institucional.
No início de 1990, Gorbatchev organizou o 28°
Congresso do Partido Comunista, que viria a ser o último
da história soviética. O encontro tornou-se
especialmente importante por duas razões. Bóris Ieltsin,
recém-eleito presidente da Rússia pelo Congresso do
Povo, rompeu definitivamente com o comunismo. Além
disso, o Partido Comunista aprofundou suas
divergências internas, determinando o fim da política
conciliatória de Gorbatchev.
Tentativa de golpe contra Gorbatchev
Prof.: Carlos Alberto (Cacá)
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O acelerado processo de desmantelamento do
socialismo no leste europeu estimulava as especulações
sobre o futuro da própria União Soviética. Para tentar
evitar o colapso, Gorbatchev concedeu mais autonomia
às repúblicas, procurando mantê-las unidas em um só
país. Ofereceu insumos econômicos a preços mais
baixos e garantias de proteção militar. Num esforço final,
o líder preparou o Tratado da União, para ser assinado
por todas as repúblicas soviéticas em 21 de agosto de
1991. O golpe de Estado do dia 19, no entanto, frustrou
as negociações.
"A data do golpe de agosto não foi escolhida ao
acaso. Dois dias depois que o golpe foi desfechado,
seria assinado o tratado da união que, pela primeira fez,
asseguraria uma certa horizontalidade de poder entre a
Rússia e as demais repúblicas que constituíam a União
Soviética. Pela primeira vez haveria uma certa
democracia, uma certa repartição de poderes, e a
Rússia perderia seu caráter centralizador de um império
solidamente ancorado em Moscou. Por isso o golpe foi
desfechado: porque as pessoas que deram o golpe não
toleravam a possibilidade de que a Rússia deixasse de
ser o grande império, a grande mãe Rússia" .
José Arbex Jr. jornalista
Os golpistas permaneceram menos de 72 horas
no poder. O presidente da Rússia, Bóris Ieltsin, que
havia sido reconduzido ao cargo em maio de 1991 pelo
voto direto, liderou a resistência ao golpe. Gorbatchev
ainda tentou manter a estratégia do Tratado da União,
mas era tarde demais. Em poucos dias, as repúblicas do
Báltico conquistaram a independência. Nos meses
seguintes, todas as repúblicas soviéticas seguiram o
mesmo caminho.
O fim da União Soviética
No dia 8 de dezembro de 91, Bóris Ieltsin
proclamou a independência da Rússia e a formação da
Comunidade dos Estados Independentes, integrada
também pela Bielo-Rússia e pela Ucrânia. As demais
repúblicas foram ratificando a decisão, com exceção das
bálticas - Letônia, Estônia e Lituânia. Na prática, a União
Soviética não existia mais.
Mikhail Gorbatchev renunciou no dia 25 de
dezembro de 1991, por não concordar com a forma
como se concretizou o fim da União Soviética. De
qualquer modo, em 6 anos e nove meses o líder da
perestroika esteve à frente de acontecimentos que
conduziram o planeta a uma nova ordem mundial, às
vésperas do século XXI.
Com o fim do militarismo exacerbado e da
política de amedrontamento da Guerra Fria, o jogo
geopolítico deixou de estar diretamente relacionado ao
poderio nuclear deste ou daquele país. O fator
econômico
passou
para
o
primeiro
plano,
desencadeando a formação de blocos supranacionais
que disputam interesses num cenário cada vez mais
competitivo. As mudanças que resultaram no fim da
União Soviética e do bloco socialista aconteceram com
uma rapidez vertiginosa. Ao mesmo tempo em que o
mundo se reorganiza sem a polarização da Guerra Fria,
os países que abandonaram o socialismo estão
construindo seus próprios modelos políticos e de
relacionamento com as demais nações do planeta. Um
processo que o mundo deve acompanhar ainda nos
primeiros momentos do próximo século.
Fonte: http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria/guerra13/fimdaguerrafriaeragorbatchev3.htm. Acesso em 21/12/2009
QUESTÕES OBJETIVAS
1. (UERJ) Socialista surgiu como descrição filosófica em
princípios do século XIX. Sua raiz linguística era o
sentido desenvolvido de social.
A distinção decisiva entre socialista e comunista, como
em certo sentido esses termos são hoje comumente
utilizados, veio com a mudança de nome, em 1918, do
Partido Operário Socialdemocrata Russo para Partido
Comunista Panrusso. Dessa época em diante, uma
distinção entre socialista e comunista tornou-se
amplamente vigente.
RAYMOND WILLIAMS
Adaptado de “Socialista”. In: Palavras-chave: um vocabulário de cultura e sociedade. São
Paulo: Boitempo, 2007.
Na história europeia, durante o século XX, estabeleceuse uma diferença entre socialismo e comunismo
relacionada ao seguinte aspecto:
a)
b)
c)
d)
crítica dos valores liberais
controle da indústria pelo Estado
defesa da ditadura do proletariado
importância do sentimento patriótico
2. (UERJ) O permanente revolucionar da produção, o
abalar ininterrupto de todas as condições sociais, a
incerteza e o movimento eternos distinguem a época de
todas as outras. Todas as relações fixas e enferrujadas,
com seu cortejo de representações e concepções, são
dissolvidas, todas as relações recém-formadas
envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo o que
era estável se volatiliza, e os homens são por fim
obrigados a encarar com os olhos bem abertos a sua
posição na vida.
MARX e ENGELS
Adaptado do Manifesto do Partido Comunista
Em 1848, na defesa de uma nova sociedade, o
Manifesto Comunista criticou as transformações
advindas da modernização capitalista nos países da
Europa Ocidental.
Dois aspectos dessa modernização, então criticados,
foram:
a) crescimento industrial – garantia de direitos sociais
b) aceleração tecnológica – aumento da divisão do
trabalho
c) mecanização da produção – elevação da renda
salarial média
d) diversificação de mercados – valorização das
corporações sindicais
Prof.: Carlos Alberto (Cacá)
6
GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL
3. (UERJ)
d) apoiando as propostas americanas de "degelo",
organizou um programa político que determinava o
princípio da coexistência política com o Ocidente e uma
aliança com os EUA para troca de tecnologia.
e) apresentou um relatório denunciando as
arbitrariedades e os erros de Stalin e abriu a URSS ao
Ocidente, estabelecendo o princípio da coexistência
pacífica.
6. (UFFRJ) Leia o texto a seguir.
LYGIA TERRA et al.
Adaptado de Conexões. São Paulo: Moderna, 2008.
No gráfico, é possível observar uma alteração na
dinâmica demográfica russa, a partir do final dos anos
1980.
Essa alteração pode ser associada ao seguinte
contexto:
a)
b)
c)
d)
fim da economia planificada
implantação de regime ditatorial
planejamento do controle migratório
eliminação do sistema previdenciário
4. (FUVEST) Qual das seguintes afirmações explica,
sinteticamente, o fim da União Soviética?
a) O regime entrou em colapso porque os dirigentes
estavam desmoralizados, desde as denúncias de
Kruschev no XX Congresso do Partido.
b) O regime deixou de ser sustentado pelo exército,
adversário tradicional do partido comunista.
c) A vitória militar dos Estados Unidos na guerra fria
tornou inviável a manutenção do regime.
d) O colapso do regime deveu-se à crise generalizada
da economia estatal, combinada com o fracasso da
abertura controlada do Gorbachev.
e) Os líderes soviéticos abandonaram a crença no
socialismo e decidiram transformar a União Soviética em
um país capitalista.
5. (CESGRANRIO) Com o desenvolvimento da política
de Glasnost, a história da URSS aparentemente está
dividida entre a era de Gorbachev e a era Stalin.
Entretanto, a desestalinização iniciou-se em 1956, com
o XX° Congresso do Partido Comunista da União
Soviética, no qual Nikita Kruchev:
a) apresentou um relatório que, denunciando as
arbitrariedades dos seguidores de Stalin acabou por
provocar a reação dos setores militares soviéticos e o
fechamento da URSS ao Ocidente.
b) apoiando as realizações econômicas de Stalin,
apresentou um relatório em que as justificava em nome
da manutenção da vitória da revolução.
c) apresentou um relatório em que analisava as relações
de Stalin com o Kuomitang de Chiang Kai Shek e
propunha a união política da URSS com a China para
barrar o avanço do capitalismo americano na Ásia.
Em 1921, o problema nacional central era o da
recuperação econômica - o índice de desespero do país
é eloqüente: naquele ano, 36 milhões de pessoas não
tinham o que comer. Nas novas e ruinosas condições da
paz, o "comunismo de guerra" revelava-se insuficiente:
era preciso estimular mais efetivamente os mecanismos
econômicos da sociedade. Assim, ainda em 1921, no X
Congresso do Partido, Lenin propõe um plano
econômico de emergência: a Nova Política Econômica.
NETO, J. P. "O que é Stalinismo". São Paulo: Brasiliense, 1981.
Sobre a chamada Nova Política Econômica é correto
afirmar que
a) ela reintroduziu práticas de exploração econômica
anteriores à Revolução Russa de 1917 que se
traduziram num abandono temporário de todas as
transformações socialistas já feitas e um retorno ao
capitalismo.
b) ela consistiu na manutenção de elementos
econômicos socialistas, na organização da economia
(como o planejamento) e na permissão para o
estabelecimento de elementos capitalistas por meio da
livre iniciativa em certos setores.
c) ela significou fundamentalmente uma reforma agrária
radical que promoveu a coletivização forçada das
propriedades agrárias e a construção de fazendas
coletiva, os Kolkhozes.
d) seu resultado foi catastrófico, mesmo permitindo a
volta controlada de relações capitalistas na economia, já
que ela ampliou ainda mais o nível de desemprego e
produziu fome em grande escala.
e) ela significou, com a abertura para o capitalismo, um
aumento substancial da produção industrial, mas, ao
mesmo tempo, por ter retirado todos os incentivos
anteriormente concedidos à produção agrícola, foi a
razão da ruína do campo.
7. (UFFRJ)
"A sociedade burguesa moderna, que
brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os
antagonismos de classes. Não fez senão substituir
novas classes, novas condições de opressão, novas
formas de lutas às que existiam no passado."
(MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista "Obras Escolhidas". São Paulo,
Alfa-Omega,1953. p.22. v.1.)
O elemento presente na Revolução Russa de 1917 que
caracteriza a luta de classes, apontada no Manifesto
Comunista, publicado em 1848, é
a) a transformação profunda e permanente, conduzida
pela burguesia através dos avanços tecnológicos.
b) o apoio do czar russo à luta contra a exploração
burguesa, promovido pelo proletariado, exemplificando
a solidariedade entre as classes sociais.
Prof.: Carlos Alberto (Cacá)
7
GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL
c) a liderança revolucionária, assumida pelos
camponeses, confirmando a força de mobilização dos
mais espoliados.
d) o caráter transnacional do capitalismo, que permitiu a
unidade do proletariado nos países vizinhos à Rússia e
a posterior invasão e tomada do País.
e) o confronto entre o proletariado e as forças
dominantes (czar, exército e burguesia), indicando que
a luta de classes está no centro da história de qualquer
sociedade.
8. (UFMG) A Perestroika é entendida como um processo
de transformação global do sistema socialista da antiga
URSS.
Considerando-se esse processo de transformação, é
CORRETO afirmar que:
a) a opção pela interdependência entre o aparelho do
Estado e o aparelho partidário foi importante para o fim
do autoritarismo vigente na esfera das instituições
sociais e políticas.
b) o incremento da indústria de armamentos, em razão
da posição hegemônica da URSS na Guerra Fria, gerou
recursos importantes para a implementação de novas
estratégias econômicas.
c) a Glasnost, como abertura democrática, abriu
caminho para a reforma do Estado e para discussões
ideológicas e assegurou transformações básicas na
economia soviética.
d) o crescimento da economia soviética nos anos 80
deste século, a taxas bastante elevadas, impulsionou o
processo de transformação do sistema socialista na
URSS.
9. (UFRS) DISCURSO DE DESPEDIDA
Queridos compatriotas, concidadãos:
Tendo em vista a situação criada com a
formação da Comunidade de Estados Independentes
(CEI), concluo minha atividade como presidente da
União Soviética. Tomo esta decisão por questões de
princípio. (...) Impôs-se a linha de fragmentação do país
e desunião do Estado, o que não posso aceitar..
(...) O destino quis que, ao me encontrar à frente do
Estado, já estivesse claro que nosso país estava doente.
(...) Tudo devia mudar. (...) Hoje estou convencido da
razão histórica das mudanças iniciadas em 1985. (...)
Acabamos com a Guerra Fria, deteve-se a corrida
armamentista e a demente militarização do país que
havia deformado nossa economia, nossa consciência
social e nossa moral. Acabou-se a ameaça de uma
guerra nuclear. (...) Abrimo-nos ao mundo, e
responderam-nos com confiança, solidariedade e
respeito. Mas o antigo sistema desmoronou antes que o
novo começasse a funcionar. (...)
(...) Deixo meu cargo com preocupação mas
também com esperança, com fé em todos vocês, na sua
sabedoria e na sua força de espírito. (...) Meus melhores
votos a todos.
Mikhail Gorbatchov.
Discurso de despedida
Moscou, 25 de dezembro de 1991
(Fonte: GARCIA, F., ESPINOSA, J.M. HISTÓRIA DEL MUNDO ACTUAL 1945-1995. Madrid:
Alianza Editorial, 1996.)
Em relação ao texto e aos fatos mencionados
anteriormente, são feitas as seguintes afirmativas:
I - A tentativa de golpe, em agosto de 1991, e o
fortalecimento de leltsin, a seguir, minaram
definitivamente o que restava do Estado soviético.
II - O texto reafirma a valorização histórica das
mudanças propostas, nos anos 80, através da
Perestróika e da Glasnost.
III - Na sua despedida, Gorbatchov mostra-se satisfeito
com a fórmula política da CEI e com o processo de
pacificação mundial.
Quais estão corretas?
a) Apenas I
c) Apenas III
b) Apenas II
d) Apenas I e II
e) I, II e III
10. (UFMG) O ano de 1989 representou o ápice da crise
do socialismo real.
Considerando-se
os
desdobramentos
dos
acontecimentos desse ano, é CORRETO afirmar que,
a) na Alemanha, apesar da queda do Muro de Berlim, a
reunificação foi adiada, em razão do enorme
desequilíbrio econômico e social entre as regiões
oriental e ocidental.
b) na China, se iniciou um processo de reforma do
Estado que possibilitou a democratização das estruturas
de poder pela adoção do pluripartidarismo, de eleições
livres e da abertura da imprensa.
c) na Polônia, na Hungria, na Tchecoslováquia e na
Romênia, os governos foram derrubados e reformas
políticas e econômicas liberalizantes começaram a ser
adotadas.
d) na Tchecoslováquia, na Hungria e na Romênia, se
iniciaram movimentos de reforma do Estado em direção
à construção de um novo socialismo, mais humanista e
pluralista.
11. (UERJ)
CHECHÊNIA
TROPAS
RUSSAS
AVANÇAM
NA
Tropas terrestres da Rússia começaram ontem a
avançar sobre a Chechênia e ocuparam cinco pequenas
cidades do Norte da república separatista. (...)
Além da ofensiva militar, a Rússia ataca a Chechênia no
terreno político. O primeiro ministro russo, Vladimir
Putín, anunciou que não reconhecia mais a legitimidade
do presidente checheno.
("O Globo", 02/10/99)
Os conflitos de caráter nacionalista que hoje se verificam
no
antiga
URSS
estão
relacionados
ao
desmantelamento do antigo mundo comunista soviético.
Um dos fatores que contribuiu para acelerar a crise da
URSS foi:
a) falta de apoio do Ocidente às mudanças de Mikhail
Gorbachev
b) implementação do indústria de bens de consumo por
Boris Yeltsin
c) tentativa do golpe militar conservador de 1991 contra
Boris Yeltsin
d) o processo de reformas políticas e econômicas de
Mikhail Gorbachev
Prof.: Carlos Alberto (Cacá)
8
GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL
12. (UFPE) Sobre as várias propostas de reformas na
economia e na política, na antiga União Soviética, uma
foi fundamental para mudanças radicais nessa
sociedade. Quanto a isso, assinale a resposta correta.
a) Gorbatchev, através do seu projeto de reformas para
a União Soviética, a glasnost, conseguiu estabilizar a
economia russa e democratizar as instituições.
b) As reformas introduzidas na antiga União Soviética,
por Boris Ieltsin, depois de eleito presidente da recémcriada Federação Russa em 1991, aceleram a transição
do socialismo para o capitalismo.
c) A crise social e econômica que atingiu a URSS, no
final da década de 1980, é atribuída à competição militar
com a China, sua arqui-rival, e à corrida espacial com a
Europa.
d)
O
principal
fator
que
desencadeou
o
desmoronamento do Império Soviético foi o relaxamento
do controle do Estado sobre a imprensa.
e) É inegável que a falta de relacionamento político com
o ocidente e a perestroika proposta por Gorbatchev
foram fundamentais para que a Rússia mergulhasse na
crise atual.
13. (PUCRJ) As reformas políticas e econômicas
iniciadas por Mikhail Gorbatchov, em fins da década de
1980, na União Soviética, se fizeram acompanhar de
muitas transformações nos países do Leste europeu,
aprofundando a crise do socialismo na região. Sobre
essas mudanças, estão corretas as seguintes
afirmações, com EXCEÇÃO de uma. Qual?
a) As lideranças que assumiram, na Polônia, a partir de
1989, a condução do processo de reforma política já
vinham fazendo firme oposição ao governo socialista
desde o início dos anos 80, quando estiveram
representadas pela articulação entre a Igreja Católica e
o sindicato Solidariedade.
b)
À frente da reorganização política da
Tchecoslováquia, as antigas lideranças do movimento
civil de 1968 não conseguiram impedir a ação de
movimentos separatistas.
c) Os movimentos nacionalistas e populares, de
inspiração liberal, levaram os Partidos Comunistas, na
Hungria e na Iugoslávia, ao colapso, lançando esses
países numa guerra civil prolongada, em que o
extermínio étnico e religioso foi intenso. x
d) Fechando-se, desde o fim da guerra, aos contatos
regulares com os países europeus e governada a partir
de uma concepção ortodoxa de socialismo, a Albânia foi
o último país da região a passar pelas transformações
que marcaram o período.
e) A emigração para a Alemanha Ocidental e a
conseqüente abertura das fronteiras representou, na
Alemanha Oriental, um fator importante para o colapso
da autoridade do governo comunista.
14. (UFFRJ) Leia o texto a seguir.
As Revoluções que transformaram a Europa nos três
últimos meses de 1989 foram aquele tipo de evento
muito raro, de evento que realmente abala o mundo. Os
esforços para captar a escala desses acontecimentos há
muito se transformaram em lugares-comuns. O
terremoto ocorrido no leste, porém, representa mais do
que o colapso de seis regimes (Polônia, Hungria,
Alemanha Oriental, Bulgária, Tchecoslováquia e
Romênia) ou a conseqüente reorganização do sistema
estatal internacional.
CALLINICOS, A. "A Vingança da História: O Marxismo e as Revoluções do Leste Europeu."
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.
Em relação ao processo de desconstituição da União
Soviética e do Bloco Socialista, é correto afirmar que
a) o Golpe de Estado que dissolveu a União Soviética
em 1987, comandado pelo então presidente da Rússia,
Boris Yeltsin, desencadeou uma reação em cadeia na
qual foram caindo, um a um, os regimes socialistas da
Europa do Leste, encerrando-se o processo com a
famosa queda do Muro de Berlim.
b) o colapso do Bloco Socialista foi um processo
originado nas reformas levadas a cabo na própria União
Soviética, através das políticas conhecidas como
Glasnost e Perestroika, adotadas a partir de meados dos
anos de 1980.
c) a desintegração das assim chamadas "democracias
populares" foi um processo iniciado em novembro de
1985 com uma revolta popular em Berlim Oriental,
responsável por derrubar o muro de Berlim, e espalhouse posteriormente para os outros países do Bloco dentre
os quais a própria URSS.
d) as reformas realizados em países, como Polônia e
Hungria, foram responsáveis, em função da íntima
vinculação entre os países do Bloco Socialista, por uma
reação em cadeia na qual a URSS foi obrigada a adotar
as políticas reformistas, conhecidas como Glasnost e
Perestroika, que levaram a sua desintegração.
e) as políticas de reformas conhecidas como Glasnost e
Perestroika, desenvolvidas em países do Leste Europeu
que queriam se libertar do jugo da URSS, tiveram um
incansável adversário em Gorbatschov, o então líder da
União Soviética, que queria impedir a dissolução do
Bloco Socialista.
15. (CESGRANRIO)
TEXTO I
No embalo da queda do Muro de Berlim e da
desmoralização dos regimes comunistas da União
Soviética e do Leste Europeu, em 1989, (Francis )
Fukuyama comemorava a suposta vitória final da ordem
liberal do Ocidente e o conseqüente encerramento do
conflito ideológico que, desde a Revolução Russa de
1917, parecia condicionar a hostilidade entre as
potências.
(MAGNOLI, Demetrio. "Globalização: Estado Nacional e Espaço Mundial." São Paulo:
Moderna, 1997)
TEXTO II
Em "O Choque das Civilizações", publicado em meados
dos anos 90, (Samuel) Huntington previa que os
conflitos globais do século XXI não mais seriam
motivados por desavenças entre países, mas entre
civilizações, caracterizadas estas por valores,
instituições e, sobretudo, religiões. O choque mais
iminente, escreveu, era aquele que contraporia o
Ocidente ao mundo muçulmano.
(Revista "VEJA" - 14 de novembro de 2001, p. 56)
Comparando os textos I e II, nos quais são emitidas
opiniões acerca da geopolítica mundial pós-Guerra Fria,
pode-se concluir que o(s):
Prof.: Carlos Alberto (Cacá)
9
GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL
a) pós-Guerra Fria, segundo Fukuyama, estaria isento
de disputas geopolíticas, enquanto para Huntington o
fim da Guerra Fria agravaria os conflitos norte-sul.
b) papel do Estado Nacional, para Huntington, superaria
as questões étnico-religiosas, enquanto Fukuyama
acreditava que o liberalismo vitorioso após a queda do
Muro de Berlim deixaria o Estado Nacional fragilizado.
c) mundo pós-Guerra Fria, para os dois autores, prioriza
o interesse nacional, em detrimento de rivalidades
étnicas ou religiosas.
d) separatismos nacionalistas que marcam o mundo
contemporâneo vêm demonstrar a fraqueza da tese de
ambos os autores, já que permanecem, nestes casos,
as questões ideológicas.
e) dois autores privilegiam as questões de política
internacional e não consideram relevantes os interesses
nacionais no mundo do século XXI.
16. (UNIRIO) RUÍNAS DO IMPÉRIO:
"Transição" ao capitalismo na verdade é uma "grande
depressão".
("Folha de S. Paulo" 19/09/99.)
3. (UFF) Escrito em 1880, o livro de Friederich Engels,
Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, buscou
discutir os limites do chamado Socialismo Utópico. Os
filósofos do Socialismo Utópico acreditavam que a partir
da compreensão e da boa vontade da burguesia se
poderia transformar a sociedade capitalista, eliminando
o individualismo, a competição, a propriedade individual
e os lucros excessivos, todos responsáveis pela miséria
dos trabalhadores. Como alternativa àquela corrente,
Engels e Marx propunham o Socialismo Científico.
Com base nessa informação:
a) caracterize a alternativa proposta por Engels e Marx o Socialismo Científico - em relação ao papel dos
trabalhadores na transformação da sociedade.
b) mencione uma proposta levada a efeito pelos
socialistas utópicos.
4. (FUVEST) "A propriedade é um roubo".
Um estudo realizado pela ONU mostra o declínio da exURSS. Dentre as razões para esta situação podemos
citar o(a):
"Proletários de todos os países, uni-vos".
I - desmantelamento do aparato estatal que propiciou o
aumento da contravenção e da economia informal;
II - colapso do sistema de saúde e de educação que
levou ao empobrecimento da população.
III - liberalização imediata e indiscriminada dos preços
que gerou uma economia hiperinflacionária.
5. (UNESP) Por que o setor industrial na Rússia e nas
demais Repúblicas da ex-URSS apresenta problemas
como a baixa qualidade de seus produtos e uma
produção insuficiente para o seu mercado de consumo?
Que correntes políticas representavam e que significam
estes lemas, difundidos a partir do século XIX?
6. (uerj)
É (São) verdadeira(s) a(s) afirmativa(s):
a) I, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
QUESTÕES ANALÍTICAS
1. (FUVEST) Quando o Muro de Berlim foi construído,
em 1961, a União Soviética estava no auge de sua força
- havia até mesmo se adiantado aos Estados Unidos na
exploração espacial. Quando o Muro de Berlim foi
derrubado, em 1989, a União Soviética estava em plena
crise e desapareceria dois anos depois.
Explique essa reviravolta e a relação entre o Muro de
Berlim e a União Soviética.
"É evidente que a Rússia se aproxima de seu segundo
colapso, desta vez sob os auspícios da economia de
mercado. Sob as atuais circunstâncias, a fuga de capital
monetário internacional é irreversível. Assim, os
'mercados emergentes' se transformam definitivamente
em 'mercados de emergência', pois a declaração da
insolvência russa se irradia sobre as demais regiões em
crise. Agora não se trata mais de casos regionais, porém
de um processo de escalada global."
(Adaptado de KURZ, Robert. "FOLHA DE SÃO PAULO", 06/09/98).
2. (UFG) Eric Hobsbawm, em seu livro "A era dos
extremos", 1995 afirma: "Os últimos anos da URSS
foram uma catástrofe em câmara lenta" que, ao nosso
ver, parece não ter chegado ao fim.
No final desta década de 90, a ex-potência socialista não
encontrou "um lugar ao sol" no mundo capitalista; seus
problemas atuais são também oriundos dessa opção de
inserção numa economia globalizada. Cite e explique
dois problemas enfrentados pela ex-URSS, ao adotar
princípios econômicos e políticos do sistema capitalista.
a) Explique, tendo em vista o processo de globalização,
a razão pela qual uma crise em determinado país pode
afetar áreas relativamente distantes.
b) Caracterize dois aspectos da crise russa neste
momento de transição rumo ao capitalismo.
Prof.: Carlos Alberto (Cacá)
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