CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA LUZ E FORÇA SANTA MARIA SA PARA A CONSULTA PÚBLICA Nº 009/2011 I. PADRONIZAÇÃO DAS TENSÕES DAS REDES DE BAIXA TENSÃO As redes de distribuição secundária (BT) da Empresa Luz e Força Santa Maria SA utilizam apenas tensões padronizadasde 220/127 volts, para redes trifásicas e 254/127 volts, para redes monofásicas. Pelos estudos até então realizados e considerações apresentadasna Nota Técnica n° 0075/2011 – SRD/ANEEL, de 21/12/2011 e seus anexos, propomos que os níveis de tensão dasredesdistribuição secundária que devem serpadronizadossejam os mesmos estabelecidos pelo art. 1º do Decreto n° 97.280, de 16 de dezembro de 1988, ou seja, 380/220 e 220/127 volts, para redes trifásicas e 440/220 e 254/127 volts, para redes monofásicas. Estas tensões de distribuição atendem também a certificação compulsória de aparelhos eletrodomésticos e similares instituída pela Portaria INMETRO nº371, que estabelece a necessidade de atendimento aos requisitos da norma ABNT NBR NM 60335-1 ou IEC 60335-1 – Requisitos Gerais e das normas de requisitos particulares da série ABNT NBR NM 60335-2-X ou IEC 60335-2-X. Em locais atendidos por redes secundárias 254/127 volts somente cargas monofásicas 127 volts devem ligadas, garantindo a orientação dos dispositivos citados de que a tensão nominal para aparelhos monofásicos não deve ser superior a 250 volts. Nasredes secundárias monofásicas 254/127 volts da Empresa Luz e Força Santa Maria SA a maioria das cargas ligadas são em 127 volts, exceção apenas para as cargas de iluminação pública e motores que são ligados na tensão 254 volts. Mas a grande incerteza e insegurança sobre qual o valor adequado de repasse dos custos de padronização nas tarifas de energia elétrica de cada distribuidora indica que estudos complementares devem ser realizados de preferência em cada concessionária envolvida, utilizando recursos de P&D, quantificando os impactos nos indicadores de continuidade e qualidade de fornecimento, os custos com as adequações das instalações da distribuidora e com as instalações dos consumidores e informações mais precisas sobre a vida útil e a performance de aparelhos eletroeletrônicos e os benefícios com postergação de investimentos, caso existam. Na área de concessão da Empresa Luz e Força Santa Maria SA as tensões secundárias monofásicas 254/127 volts predominamna área rural em transformadores instalados nas propriedades, cujos consumidores se beneficiam principalmente da tensão 254 volts para atender motores de bombas e maquinários. Estudos mais criteriosos e a realização de projeto piloto de padronização das tensões poderão auxiliar a tomada de decisão para indicar quais os valores de tensão padronizada (BT) apresentariam maiores ganhos. II. PADRONIZAÇÃO DAS TENSÕES DAS REDES DE MÉDIA TENSÃO Na década de 1960, para atender ao aumento do consumo da área atendida, a Empresa Luz e Força Santa Maria S.A. passou a contratar a compra de energia elétrica gerada pela Usina de Rio Bonito, no Rio Santa Maria de Vitória, município de Santa Leopoldina, ES, pertencente à Espírito Santo Centrais Elétricas S/AESCELSA. Essa interligação significou abundância de eletricidade, permitindo ampliar os serviços da Empresa e levar energia aos distritos de Colatina que eram: Marilândia; Alto Rio Novo; São Gabriel da Palha; Vila Valério; Graça Aranha; Novo Brasil; Governador Lindenberg; São Domingos; Pancas. Em seguida, um grande programa de eletrificação rural foi realizado, tornando a Empresa Luz e Força Santa Maria S/A pioneira da eletrificação rural no Brasil e que, com o apoio do Programa Luz no Campo e, posteriormente, Luz para Todos, se tornou uma das primeiras distribuidoras a atingir a universalização total dos seus consumidores urbanos e rurais, tendo, atualmente, mais de 30% do seu mercado no atendimento de unidades consumidoras rurais. A tensão primária da Santa Maria era 11,4 kV e nesta tensão chegou-se a conclusão que seria econômica e tecnicamente inviável atender a todos estes distritos, com os recursos limitados na época. A alternativa mais viável se mostrou adotara tensão de 25 kV que já vinha sendo adotada por algumas empresas no país com sucesso, sem a elevação significativa no custo das redes de distribuição primária e centros de transformação, razão pela qual adotamos esta tensão. O Decreto n° 97.280, de 16 de dezembro de 1988, não padronizou as tensões das redes de distribuição primária monofásicas, logo as redes monofásicas que derivam da tensão padronizada de 13,8 kV, ou seja,7.967 volts, não têm a sua tensão padronizada como considerou o estudo contratado pela ANEEL. No Anexo I da Nota Técnica n° 0075/2011 – SRD/ANEEL, de 21/12/2011, foram listadas tensões tais como 13.970, 13.337, 12.702, 7.621, 6.600, 6.582 e 6.300 volts, que identificamos como tensõesde redes monofásicas que derivam de redes trifásicas de tensões nominais de 24,2, 23,1, 22,0, 13,2, 11,4 e 11,0 kV. Estudos mais criteriosos poderão indicar que os impactos com a padronização das tensões de distribuição primária (MT) em redes públicas requerida pelo Decreto n° 97.280 não trarão nenhumbenefíciopara os consumidores. Exemplificamos a seguiros principais impactos, para o caso das redes de distribuição em MT da Empresa Luz e Força Santa Maria SA que utilizam as tensões não padronizadas 24,2 e 11,4 kV. II.1. Padronização da tensão 13,8 kV nas redes de 24,2 kV Principais Impactos: Em subestações: - Substituição de 4transformadores de força, todos com primário na tensão nominal de 69 kV e equipados com comutador sob carga, secundários em 24,2 e 11,4 kV, ventilação forçada e proteção própria : 01 potência 25/33MVA na SE Colatina, 01 potência 25/33MVA na SE São Silvano, 01 potência 25/33MVA na SE AngeloFrechiani e 01 potência 10/12,5MVA na SE São Roque; - Substituição de 2 transformadores de força, todos com primário na tensão nominal de 138 kV e equipados com comutador sob carga, ventilação forçada e proteção própria : 01 potência 15/20MVA e 01 potência 12/18MVA ambos na SE São Gabriel; - Substituição de 54 pára-raios 21 kV, 10 kA instalados na barras; - Substituição de 51 TP’srelação 13800/115 volts, classe 25 kV, com secundários paramedição e proteção, uso interno; - Substituição de todos os barramentos rígidos nus na tensão de 24,2 kV das subestações de Colatina, São Silvano, São Gabriel, AngeloFrechiani e São Roque; - Substituição de 18 chaves seccionadoras unipolares, classe 25 kV, uso externo, de saída dos transformadores de força, devido o aumento da corrente nominal; - Substituição de 9TC’s dos cubículos de proteção geral das barras, classe 25 kV, com secundários para medição e proteção, uso interno, devido o aumento da corrente nominal; - Substituição de todos dos cabos monopolares isolados para 25 kV de saída dos transformadores de força devido o aumento da corrente nominal; - Realização de novos estudos de proteção com a alteração dos níveis de curto circuito e correntes de carga para nova parametrização de relés; Nas redes de distribuição: - Substituição de7.295 transformadores de distribuiçãomonofásicos e 548 trifásicos ligados na tensão de 24,2kV; -Substituição de 9.182pára-raios 21 kV; - Substituição de17 bancos de capacitores, - Substituição de 13 bancos de reguladores de tensão, - Substituição de 32 TP’s uso externo 13.800/115V responsáveis pela tensão auxiliar dos religadores tripolares; - Desativação das 5 subestações rebaixadorasde 24,2 para 11,4 kV existentes, nas potências 10 MVA (2), 7,5 MVA (1), 5 MVA (1) e 4 MVA (1); - Redimensionamento de elos fusíveis; - Recondutoramento de vários trechos das redes primárias. Nas instalações de propriedade do consumidor : - Substituição de 3.385 transformadores de distribuição monofásicos e 1.660 trifásicos ligados na tensão de 24,2kV; - Substituição de 8.365pára-raios 21 kV; - Substituição dosTC’s e TP’s de medição em média tensão das unidades consumidoras; - Substituição de capacitores instalados na MT nas instalações internas do consumidor; -Redimensionamento de elos fusíveis e novos estudos de proteção para ajuste de relés das unidades consumidoras; - Projeto e construção de novos alimentadores de distribuição, com novos bays de saída de subestações para atender ao crescimento imediato de 75% na corrente dos alimentadores existentes pelo simples fato da redução da tensão nominal de fornecimento, com o objetivo de redistribuir as cargas para manter os níveis de regulação de tensão e de perdas atuais; - Comprometimento dos cronogramas das obras de expansão e melhoria já previstas para os sistemas de distribuição primária que devem ser reformuladas em função da necessidade de rearranjo dos circuitos e de criação de novos pela redução da tensão nominal de distribuição; - Elevação e transgressão dos indicadores de continuidade de fornecimento com reflexos naspesquisas de avaliação da qualidade percebida pelo consumidor; - Aumento de tarifas; - Consequente aumento dos custos dos equipamentos, materiais e também de mão-de-obra pela obrigatoriedade de padronização de tensão para todos os sistemas elétricos existentes das distribuidoras em curto prazo. II.2. Padronização da tensão 13,8 kV nas redes de 11,4 kV Principais Impactos: Em subestações: - No caso de ser efetivada após a padronização da tensão de 24,2 kV para 13,8 kV somente 1 transformador de força deve ser substituído, com primário na tensão nominal de 69 kV e equipado com comutador sob carga, secundário em 11,4 kV, ventilação forçada e proteção própria, potência 10/12,5MVA na SE São Roque; - Substituição de 48pára-raios9kV, 10 kA instalados na barras; - Substituição de 48TP’s relação 6900/115 volts, classe 15 kV, com secundários para medição e proteção, uso interno; - Realização de novos estudos de proteção com a alteração dos níveis de curto circuito e correntes de carga para nova parametrização de relés; - Substituição dos transformadores de força de 5 subestações rebaixadoras de 24,2 para 11,4 kV existentes, caso não se efetive a padronização da tensão de 24,2 kV, com potências 10 MVA (2), 7,5 MVA (1), 5 MVA (1) e 4 MVA (1); Nas redes de distribuição: - Substituição de parte dos transformadores de distribuição trifásicos instalados e que não possuem o tape 13,8 kV e dos monofásicos que não dispõe do tape de 7,97 kV a ser identificado em um estoque de 2.179 transformadores monofásicos e 745 trifásicos; - Substituição de 4.546pára-raios9kV; - Substituição de 14 bancos de capacitores, - Redimensionamento de elos fusíveis e novos estudos de proteção para ajuste de relés das unidades consumidoras; Nas instalações de propriedade do consumidor : - Substituição de parte dos transformadores de distribuição trifásicos instalados e que não possuem o tape 13,8 kV e dos monofásicos que não dispõe do tape de 7,97 kV a ser identificado em um estoque de 1.464 transformadores monofásicos e 1.102 trifásicos; - Substituição de 8.365 pára-raios9kV; - Substituição dos TP’s de medição relação 6900/115 volts, classe 15 kV, das unidades consumidoras; - Substituição de capacitores instalados na MT nas instalações internas do consumidor; - Redimensionamento de elos fusíveis e novos estudos de proteção para ajuste de relés das unidades consumidoras; - Elevação e transgressão dos indicadores de continuidade de fornecimento com reflexos nas pesquisas de avaliação da qualidade percebida pelo consumidor; - Aumento de tarifas; - Consequente aumento dos custos dos equipamentos, materiais e também de mão-de-obra pela obrigatoriedade de padronização de tensão para todos os sistemas elétricos existentes das distribuidoras em curto prazo. III. Conclusões Pela análise dos impactos apresentados na Nota Técnica n° 0075/2011 – SRD/ANEEL e dos seus Relatórios (Anexos),a padronização das tensões das redes de distribuição de energia elétrica deve ser realizada somente na baixa tensão, com a manutenção dos níveis de tensão das redes de distribuição secundária padronizados pelo art. 1º do Decreto n° 97.280, após estudos mais aprofundados e criteriosos sobrea matéria. Entendemos que a padronização das tensões das redes de MT conforme estabelecido no Decreto n° 97.280 trará prejuízos enormes à sociedade e ao sistema elétrico. Neste caso, visando reduzir os impactos técnicos, sociais e econômicos,sugerimos a padronização dos seguintes níveis de tensão de distribuição primária em redes públicas: 34,5, 23,1, 13,8 e 11,4 kV em redes trifásicas e 19,919, 13,337, 7,967 e 6,582 kV em redes monofásicas. ARTHUR ARPINI COUTINHO Diretor Presidente