A MAGIA DA LITERATURA NO UNIVERSO DA EDUCAÇÃO

Propaganda
A MAGIA DA LITERATURA NO UNIVERSO DA
EDUCAÇÃO INFANTIL¹
Vanessa Flores de Lima²
Schana Castilho Cercato³
Resumo
A pesquisa realizada sobre Literatura Infantil proporcionou aos pesquisadores o objetivo de estimular o
gosto por ouvir histórias da Literatura Infantil, através da contação das mesmas, ampliando a imaginação, a
criatividade, a oralidade e, principalmente, - o estímulo para construir novos valores de socialização. A
metodologia aplicada nesta pesquisa foi o NEPSO pesquisa de opinião, sendo a pergunta problema: Qual o
significado da Literatura no universo infantil? Este trabalho foi realizado na Escola de Educação Infantil
Bem-me-quer que tem uma população de aproximadamente 56 pessoas e amostra de 15 pessoas, divididas
entre pais, alunos e funcionários da escola. O estudo da literatura no universo infantil relaciona-se com
questões presentes no nosso cotidiano estabelecendo relações entre as aprendizagens, curiosidades e as
interações das crianças com o tema. Neste projeto aprendemos a conhecer e valorizar a Literatura, através
da contação das histórias infantis. Neste processo ampliamos os conhecimentos a cerca das histórias
infantis e de tudo que elas proporcionam ao universo infantil. Este estudo mais detalhado sobre a Literatura
proporcionou aos sujeitos dividirem os seus conhecimentos sobre o mesmo, expondo conceitos e ideias de
seu contexto e de seu próprio universo. Através da socialização e interação as crianças estabeleceram
relações com o próprio universo, contribuindo com informações importantes para o andamento do projeto.
Além, é claro, do momento de abertura a novas opiniões durante o momento da pesquisa. Assim,
trabalhando com as crianças partindo de suas necessidades, de suas curiosidades surgem questões, ideias e
pensamentos significativos para eles construírem seus conhecimentos.
Palavras-chave: Literatura, educação, pesquisa, aprendizagens, universo infantil.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A experiência do meu projeto de pesquisa foi realizada em uma turma do
Maternal II, com treze crianças na EMEI Bem-me-quer, localizada no município de São
Sebastião do Caí, bairro Conceição, RS. Em um primeiro momento, realizei as
_____________________________
¹ Artigo elaborado para o Curso NEPSO, Universidade de Caxias do Sul (UCS).
² Estudante de Pedagogia da Universidade de Caxias do Sul. Auxiliar de Educação Infantil turma Maternal
II, na instituição EMEI Bem-me-quer.
³ Orientadora do curso Nossa Escola Pesquisa sua Opinião-NEPSO
observações do dia-a-dia da turma coletando e analisando dados relativos às suas
curiosidades e gostos relacionados às suas aprendizagens envolvendo o professor e os
alunos da turma em questão. Desta maneira ressalvo a importância de conhecer a
realidade e valorizar os saberes dos alunos adquiridos ao longo de suas experiências
diárias e únicas. Assim o presente trabalho analisou um tema abrangente no eixo da
Educação Infantil: a Literatura Infantil no universo dos educandos. O tema sobre
Literatura surgiu da curiosidade dos alunos e este então, foi analisado e delimitado,
resultando no projeto: “Qual o significado da Literatura no universo infantil?”,
enfatizando a importância e benefícios da Literatura na realidade escolar do educando.
Como as crianças são pequenas, auxiliei na elaboração de um objetivo que fosse ao
encontro de suas curiosidades, sendo estimular o gosto por ouvir histórias da Literatura
Infantil, através da contação de histórias, ampliando a imaginação, a criatividade, a
oralidade e, principalmente, - o estímulo para construir novos valores de socialização.
Deste modo, ao iniciar-se o trabalho coma proposta NEPSO de pesquisa de
opinião fez-se a observação da turma escolhida Maternal II na EMEI Bem-me-quer
situada no bairro Conceição, na cidade de São Sebastião do Caí, com idade entre 3 a 4
anos. Desta forma, oportunizei espaço para a socialização de ideias e conversações sobre
o assunto e neste primeiro momento, os alunos falavam de tudo aleatoriamente queriam
falar todos ao mesmo tempo, expor as histórias que já conheciam ou quais livros que
mais gostavam e quais livros tinham em casa. Mostraram-se satisfeitos com o assunto de
pesquisa, já que adoram o momento de escolher um livro para a “hora de leitura em sala
de aula” e na rodinha iam expondo claramente sua admiração e satisfação pelos livros à
sua volta. Acredito que as histórias infantis oportunizam atividades que objetivam a
interdisciplinaridade na alfabetização tornando esta menos cansativa e repetitiva para as
crianças. Ao trazer para a sala de aula o mundo da imaginação dos contos literários é
possível abordar algumas temáticas que podem ser trabalhadas dentro dos objetivos da
educação infantil. Além disso, destaco a importância da Literatura que colabora com a
educação na vivência e aprendizagem escolar das crianças. Ressalto ainda, a postura dos
educandos frente ao projeto proposto.
A população abrangida neste trabalho foram as crianças e seus familiares e
alguns professores, sendo em torno de 60 pessoas.
A prática educativa foi orientada pela metodologia de projetos, unida a
proposta NEPSO, considerando uma abordagem reflexiva de modo a respeitar o contexto
e as ideias dos educandos. Dando ênfase no contínuo aperfeiçoamento do educador na
prática pedagógica, enquanto incentivador de pesquisas e das aprendizagens dos seus
alunos.
O presente artigo está formado por quatro subtítulos. O primeiro trata da
escolha da proposta, o segundo relata a importância de considerar a opinião das crianças
durante a escolha do tema a ser trabalhado na sala de aula. O terceiro aborda a relevância
do brincar como ferramenta de aprendizagem. E o último apresenta os dados da pesquisa
realizada no projeto: “Qual o significado da Literatura no universo infantil”? A partir
destes aspectos colhidos dá-se início então, ao relato de meu artigo acadêmico.
PASSOS PARA ALGO NOVO...
A realidade do aluno, utilizada dentro do contexto escolar, ajuda a criança a
compreender melhor o tema abordado em aula, por isso é importante levá-la em
consideração. Tanto alunos quanto professores trazem consigo uma bagagem de tudo que
já vivenciaram. Não há como separar o que se conhece de quem o conhece, porque não
há como apagar um conhecimento, tão pouco a realidade. Não se pode esperar que os
alunos não fixassem relações dos conteúdos com as coisas que vivem, pelo contrário, é
isso que vai ajudá-los no aprendizado.
O conhecimento será mais bem desenvolvido se, além de relacionado com a
realidade, estiverem relacionando as disciplinas entre si. Uma relação entre elas fará com
que os alunos aprendam por uma visão mais ampla. A educação deve “obter uma
integração de campos de conhecimento e experiência que facilitem uma compreensão
mais reflexiva e crítica da realidade” (SANTOMÉ, 1998, p.27). Os alunos transformarão
em conhecimento o que for significativo para eles. Se os alunos conseguirem se apropriar
das informações que lhe são descobertas e apresentadas, essas serão significativas.
O papel do professor é ser o mediador do conhecimento. Queira ou não, ele é
um modelo na sua forma de expressar valores, resolver conflitos, comunicar-se, na forma
de ouvir, falar e de relacionar-se com os outros professores e com os alunos. E a forma
como o professor se relaciona com o aluno se reflete nas relações do aluno com o
conhecimento e na relação aluno-aluno. É através dessas trocas e durante essas
caminhadas que o professor ouve, reflete e repensam suas atitudes, seus métodos.
Tentando o melhor e o diferente a cada dia, em busca do diferencial que levará a
aprendizagem de qualidade.
E foi em busca deste diferencial que se buscou a proposta NEPSO. Uma
proposta inovadora onde professores e alunos descobrem juntos as respostas para suas
dúvidas através da pesquisa que, por sua vez, gera o conhecimento, construído
coletivamente em um processo dinâmico e proveitoso de trocas. Assim, em meio a tantos
professores e pluralidades de ideias e pensamentos encontradas nas instituições escolares
em geral, o educador necessita ser bem mais do que observador ele precisa ser
experimentador daquilo que ele oferecerá a seus alunos. Experimentador de ideias,
buscando novas formas de romper com as barreiras do ensino e cativar a aprendizagem
dos alunos em sala de aula. E segundo Freire (1996), ensinar exige respeito à realidade
dos educandos. E é dentro dessa tão rica realidade de nossos educandos que se encontra
muitas vezes a chave para alguns problemas solucionáveis. É fundamental que os
educadores conheçam o contexto social de seus alunos e a partir dele desenvolvam suas
práticas pedagógicas e assumam a postura que a realidade exige. Mas para que o
conhecimento seja realmente significativo, o professor precisa buscar aportes teóricos
capazes der subsidiar a prática escolhida e garantir um trabalho de qualidade.
E o ensinar a partir da pesquisa NEPSO traz exatamente esse tipo de
perspectiva, um método construtivo, baseado em referenciais sólidos e ideais
contextualizados, sendo então, o educador consciente de seu papel no meio educativo e
exercendo-o de forma mediadora e horizontal, considerando de maneira criteriosa as
necessidades significativas do contexto ao qual pertencem seus educandos o que levará os
pesquisadores a então prováveis bons resultados. Para (Horn, 2008, p.85) a Pedagogia de
projetos oferece aos professores a possibilidade de reinventar o seu profissionalismo, de
sair da queixa, da sobrecarga de trabalho, de isolamento, da fragmentação de esforços
para criar um espaço de trabalho cooperativo, criativo e participativo. Acredito que
trabalhando desta forma,é possível realizar um trabalho em que se podem perceber falhas
e corrigi-las, assim, como também,visualizar os acertos na atuação docente. Neste
sentido, é necessário propiciar às crianças ambientes desafiadores, nos quais possam
mobilizar e potencializar a discussão, a curiosidade e problematizações acerca de
inúmeros assuntos, que podem ser levantados pelo grupo de crianças de maneira natural a
sua respectiva idade.
Por isso, tudo que é proporcionado de maneira zelosa e com amor levando em
conta os alunos, será benéfico para ambas às partes. O pesquisador que valoriza sua
prática pedagógica com carinho, com atenção e com amor, estes critérios existentes em
sala de aula, segundo Freire, não existe educação sem amor. “Ama-se na medida em que
se busca comunicação, integração a partir da comunicação com os demais” (FREIRE,
1983, pg. 29), isto reforça o quanto é necessário o laço afetivo para que haja uma
produção cognitiva e uma relação interpessoal na turma.
ESCOLHENDO O TEMA
O assunto escolhido e aplicado à presente pesquisa surgiu a partir da
observação da professora quanto à curiosidade dos alunos. Durante uma conversação na
rodinha em sala de aula é que fomos definindo o assunto a ser trabalhado no projeto, de
acordo com as curiosidades e gostos dos educandos pela Literatura. E foi a partir dessa
conversa, integrada às observações feitas pela educadora no ambiente escolar e novas
possibilidade de aprendizagens em sala de aula que surgiu a ideia de colocar esse assunto
em questão e pesquisar as dúvidas e curiosidades dos discentes.
Após a escolha do tema, chegou o momento de delimitá-lo, afinal literatura é
um assunto bem abrangente, então durante as conversas com o grupo discente, optei por
aprofundar um pouco mais sobre a Literatura Infantil e os significados da mesma no diaa-dia escolar e nos lares de cada criança. Através deste assunto a Literatura Infantil
ganhará um sentido maior na vida das crianças, a escuta de histórias estimula a
imaginação, educa, instrui, desenvolve habilidades cognitivas, dinamiza o processo de
leitura e escrita, além de ser uma atividade interativa que potencializa a linguagem
infantil.
Na interação com as histórias a criança desperta emoções como se a
vivenciasse, estes sentimentos permite que esta pela imaginação exercite a capacidade de
resolução de problemas que enfrenta no seu dia a dia, além disso, esta interação estimula
o desenho, a música, o pensar, o teatro, o brincar, o manuseio de livros, o ato de escrever
e a vontade de ouvir novamente a história. A repetição da história contada é sempre
positiva, a criança sempre observa algo novo após a contação da mesma, como se
enxergasse um detalhe perdido anteriormente. De acordo com o RCNEI 1998,
Quem convive com crianças sabe o quanto elas gostam de escutar a mesma
história várias vezes, pelo prazer de reconhecê-la, de apreendê-la em seus
detalhes, de cobrar a mesma sequência e de antecipar as emoções que teve da
primeira vez. Isso evidencia que a criança que escuta muitas histórias pode
construir um saber sobre a linguagem escrita (RCNEI, VOL. 3 1998, p.143).
Ler, ouvir e contar histórias desperta o pensamento narrativo. Uma forma de
pensar coexistente com o pensamento lógico cientifica, vinculado à subjetividade e ao
emotivo, surge em situações onde o sujeito busca compreender através de simbolismos a
realidade. A criança que desde muito cedo entra em contato com a obra literária escrita
para ela terá uma compreensão maior de si e do outro. Terá a oportunidade de
desenvolver seu potencial criativo e ampliar os horizontes da cultura e do conhecimento,
percebendo o mundo e a realidade que a cerca. Para Bettelheim (1996), enquanto diverte
a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de
sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a
existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça à multidão e
diversidade de contribuições que esses contos dão à vida da criança (p.20). Uma história
traz consigo inúmeras possibilidades de aprendizagem. Entre elas estão os valores
apontados no texto, os quais poderão ser objeto de diálogo com as crianças,
possibilitando a troca de opiniões e o desenvolvimento de sua capacidade de expressão.
Enfim ao optar por realizar o projeto através do tema: Literatura Infantil com
o Maternal II compreende-se que através da ludicidade com jogos, danças, brincadeiras e
contação de histórias no processo de ensino e aprendizagem desenvolvem a
responsabilidade e a auto expressão, assim a criança sente-se estimulada e, sem perceber
desenvolve e constrói seu conhecimento sobre o mundo desde a Educação Infantil,
contribuindo assim para a personalidade dos novos cidadãos. Em meio ao prazer, à
maravilha e ao divertimento que as narrativas criam, vários tipos de aprendizagens
acontecem.
PASSOS LENTOS NA PESQUISA, PORÉM FIRMES
Realizamos uma conversação com a turma sobre o assunto pertinente a fim de
coletar dados conhecidos pelos alunos daquilo que já sabiam sobre o tema proposto.
Dessa conversação resultou o plano cooperativo. Com as ideias dos alunos respondemos
as questões: O que queremos saber? Como vamos saber? O que sabemos? O que
descobrimos?
Os alunos demonstraram interesse sobre o tema colocando suas ideias.
Durante o momento da rodinha em sala a educadora perguntou primeiramente o que
sabiam sobre o assunto proposto Literatura. Todos queriam falar ao mesmo tempo e neste
momento necessitou-se da intervenção da educadora para poder organizar a conversação
de modo que respeitassem o tempo e a opinião de todos os colegas. Após perguntar o que
desejavam saber sobre esse tema, alguns alunos responderam: “Porque o livro tem tantas
letras?” “Conta a historinha pra mim” “Quero ouvir outra história prô?” “E esses da
historinha aí existem mesmo?” “Eu posso contar a historinha para o colega?” Alguns
alunos no momento de manuseio dos livros pediram para mim: _ Prô conta esta
historinha pra mim? O que tem neste livrinho?
E assim prossegui com a conversação em sala de aula. Optei por considerar
como pergunta problema para a pesquisa, os questionamentos feitos pelos alunos durante
a “hora da leitura” e na rodinha de conversação assim como nome do projeto proposto
para a turma. Para aprofundar os conhecimentos acerca do tema proposto, realizamos
algumas atividades de modo a registrar aquilo que haviam colocado durante a
conversação. Entre as atividades realizadas, destacam-se o cartaz ilustrativo do projeto,
dinâmica do baú literário, maleta literária, livro da turma do Maternal II, contações e
recontos (recontar as histórias de maneiras diferentes com outros finais, outros inícios ou
personagens inusitados) das histórias literárias. Acredito que a educação seja um espaço
para descobertas obtidas através da participação e colaboração ativa de cada criança com
seus parceiros em todos os momentos, possibilitando, assim, a construção de sujeitos
autônomos e cooperativos.
Na Educação Infantil, desde muito pequenas, as crianças aperfeiçoam as
experiências que já existem e adquirem novas estratégias. Nesse sentido, ao agir sobre o
mundo, desenvolvem-se e constroem aprendizagens. Construir uma proposta pedagógica,
contemplando educar, cuidar e brincar significa planejar ações pedagógicas, que auxiliem
as crianças. Nessa faixa etária, os alunos encontram-se na fase pré-operatória segundo a
concepção de Piaget (1971), onde se dá a emergência da linguagem. É através da
explanação de ideias interagindo com outros sujeitos que se aprimora a oralidade,
causando modificações importantes em aspectos cognitivos, afetivos e sociais da criança.
Pois, através de suas vivências e expressões ela compreende aquilo que lhe é transmitido,
desenvolvendo o seu raciocínio.
Desse modo, vimos que mesmo com os alunos da Educação Infantil é
possível sim realizar a pesquisa. Principalmente nessa fase da explosão da fala onde
conseguimos entender e absorver seus pensamentos e curiosidades.
É BRINCANDO QUE SE APRENDE
No decorrer deste projeto, além da ênfase à pesquisa de opinião procuramos
desenvolver diversas atividades lúdicas de forma prazerosa e coletiva. Conforme Barbosa
(2010, p. 1), é necessário também “Um espaço social que valorize a sensibilidade, a
criatividade, a ludicidade e a liberdade de expressão nas diferentes manifestações
artísticas e culturais”. Assim, a ludicidade na realidade da criança é necessária para
envolvê-la em um universo de descobertas, através do lúdico no ambiente escolar.
Visualizo que o papel da Literatura dentro da escola é essencial, ainda mais
quando esta vem acompanhada do lúdico. Entre todos os livros oferecidos ao leitor
somente na Literatura ele vai encontrar, por exemplo, uma personagem paradoxal, heróis,
bruxas, rainhas, princesas, animais falantes, etc. As crianças gostaram muito do tema do
projeto, envolto em um universo de magia, curiosidades, contações e leituras. Destaco em
minha prática pedagógica durante a realização do projeto de pesquisa algumas atividades
lúdicas desenvolvidas com as crianças. Destacam-se entre elas: jogos de memória,
quebra-cabeças, trilhas, máscaras, músicas, maleta literária, brincadeiras...
Acredito que através de atividades de ludicidade as crianças são estimuladas
em potencial, despertando a criatividade, a imaginação e o prazer em realizar as
atividades propostas, interagindo espontaneamente uns com os outros. O lúdico é toda
atividade que provoca movimentos, espontaneidades, divertimentos, alegria e prazer,
proporcionando desenvolvimento integral na criança. Tais atividades podem desenvolver
na criança os principais aspectos que guiarão sua vida adulta. Desta forma, sinto-me
satisfeita em ter podido proporcionar tais atividades podendo relacionar e interagir com
outras disciplinas ao longo do projeto da pesquisa. Percebe-se que, por meio das
brincadeiras, a criança pode obter uma visão de mundo mais ampla, pois a mesma
estimula a descoberta e a criatividade, que, por sua vez, associada ao pensamento de
busca, leva o indivíduo a se expressar, refletir e a transformar o mundo que a rodeia.
Durante a realização de tais atividades foi possível notar o grande
envolvimento dos alunos com a proposta em questão. Foi uma forma de aprofundar os
conhecimentos prévios e apresentar características importantes sobre o tema que não
eram muito conhecidas pela clientela. E destacam-se entre as iniciativas realizadas:
contos e recontos de histórias, jogos de memória, quebra-cabeça, máscaras, fantoches,
músicas, pinturas, brincadeiras...
E daí em diante, continuamos as aprendizagens através da Literatura Infantil
trabalhando Linguagem, Matemática, Atividades Psicomotoras, Oralidade, Artes, Música,
etc., levando as crianças a interagirem com o assunto proposto em salade aula de forma
lúdica. Através da interação com o outro e por meio das brincadeiras e situações
simbólicas, a criança cria e recria situações capazes de fazer com que ela aprenda. A
Literatura, através da ficção e da linguagem poética, pode ser um instrumento
determinante para esse encontro e para essa troca.
Ao trazer a Literatura Infantil para a sala de aula, se estabelece uma relação
dialógica com o aluno, o livro, sua cultura e a própria realidade. Além de contar ou ler a
história, cria-se condições em que a criança trabalhe com a história a partir de seu ponto
de vista, trocando opiniões sobre ela, assumindo posições frente aos fatos narrados,
defendendo atitudes e personagens, criando novas situações através das quais as próprias
crianças vão construindo uma nova história. Uma história que retratará alguma vivência
da criança, ou seja, sua própria história.
Outro fator imprescindível são as interações que surgem durante as
brincadeiras. Nestes momentos, a criança reproduz, na maioria dos casos, situações que
vivencia em seu contexto, por exemplo, em casa, na escola, em seu ambiente real, e soma
isto com outras crianças, talvez de culturas diferentes transformando interação em
aprendizagem. Então surgiram as situações em que se defrontaram e precisam resolver da
melhor forma respeitando os dois lados. Isso é uma forma de aprender.
Além disso, existem as situações dos “jogos ou brincadeiras dirigidos”, que
tem um objetivo e um fim. Situações essas que foram bastante utilizadas no decorrer
deste projeto, para que o assunto fosse aprofundado de forma lúdica e agradável aos
alunos, considerando os aspectos contextuais, bem como a cidade e o nível de
desenvolvimento de cada um.
Dessa forma, os objetivos dos educadores poderiam ser facilmente atingidos
de modo prazeroso e dinâmico envolvendo todo o grupo, despertando-lhe interesse e
gosto pelo assunto Literatura Infantil da forma que eles mais gostam: brincando e se
divertindo.
QUAL É A SUA OPINIÃO QUANTO A MAGIA DA LITERATURA NO
UNIVERSO INFANTIL?
A culminância deste projeto em questão seria o momento da pesquisa de
opinião propriamente dita. No decorrer do projeto, foramelaborados objetivos, discutidas
hipóteses, aprofundado o tema, além de ser elaborado o questionário para a entrevista e
coleta de dados com os participantes.A construção das questões para as entrevistas partiu
de um dos questionamentos do plano cooperativo- O que queremos saber?- sendo
adaptada pela educadora para uma linguagem mais abrangente de forma a contemplar o
público alvo.
Quanto às entrevistas, algumas foram enviadas para casa para que os
familiares respondessem e outras foram realizadas juntamente com os alunos em sala de
aula e das outras turmas (Pré I) e também com as educadoras da escola. Para a realização
das questões com as crianças trabalhei separadamente com pequenos grupos e auxiliandoos na resolução das questões. O questionário infantil foi construído de maneira diferente,
utilizei no mesmo, carinhas com duas emoções para definir SIM e NÃO. Assim cada
criança pintava a carinha com a qual se identificava para a resposta da pergunta. Em cada
questão ou dúvida eu lia a questão ajudando-os na leitura, já que necessitam do auxílio na
mesma, pois sua linguagem está se desenvolvendo, tendo dificuldades em pronunciar
algumas palavras.
Após a coleta de informações, foi realizado um levantamento com as
respostas das questões da entrevista, analisando o que a maioria dos entrevistados
respondeu. Com base nessas respostas elaboramos os gráficos, à fim de saber a opinião
que prevalecia. Alguns gráficos foram feitos com o uso de materiais concretos e outros
foram elaborados com o objetivo dos alunos visualizarem a quantidade de respostas de
cada questão.
Alguns resultados obtidos a considerar nas respostas obtidas seriam o que a
Literatura despertava nas crianças e ao acesso a todo tipo de Literatura Infantil, o
conhecimento sobre a Literatura na vida escolar e fora dela coleta e a importância da
Literatura na Educação Infantil.
A opinião que prevaleceu referente à pergunta problema deste projeto foi que
o significado da Literatura no universo infantil dos pequenos é o “faz de conta”, a
criatividade, despertando nas crianças variadas emoções e estímulos, preparando-as para
as vivências reais e amadurecendo sua afetividade e relações através de um mundo
mágico e dinâmico. Conforme Almeida, 1999,
A afetividade, assim como a inteligência, não aparecem pronta nem permanece
imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento: são construídas e se
modificam de um período a outro, pois, à medida que o indivíduo se
desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas. (ALMEIDA, 1999,
p.50).
Contudo, a afetividade e a ludicidade têm papéis imprescindíveis no processo
de desenvolvimento da personalidade da criança, através das influências do meio, o que
permite que se desenvolvam de forma saudável, aprendendo a enfrentar as situações
cotidianas, pois a inteligência não se desenvolve sem a afetividade e a ludicidade. Além
de que a Literatura no universo infantil transforma e forma leitores competentes, capazes
de “ler” o mundo que os cerca.
Na pesquisa realizada também tiveram respostas que devem ser levadas em
conta quanto ao acesso à Literatura para fim pessoal ou para partilhar com seus filhos, ao
hábito da Literatura diária e as boas ou más experiências com o tema citado. E a maioria
das respostas quanto a estas questões foi elevada, como quanto ao pouco acesso a
Literatura, o pouco hábito de leitura de obras literárias e muitas experiências
desestimulantes quanto ao assunto Literatura. Por isso, acredito ser desafiador e
estimulante criar condições, hábitos, novas propostas quanto a Literatura desde a
Educação Infantil. Desde a tenra idade proporcionar aos mesmos este mundo literário de
magia, imaginação, afetividade, criatividade, amadurecimento e de novos leitores.
Experiências felizes com a Literatura Infantil em sala de aula são aquelas em
que a criança interage com os diversos textos trabalhados de tal forma que possibilite o
entendimento do mundo em que vivem e que construam, aos poucos, seu próprio
conhecimento. Para alcançar um ensino de qualidade, é necessário que o professor
descubra critérios e que saiba selecionar as obras literárias a serem trabalhadas com as
crianças. Ele precisa desenvolver recursos pedagógicos capazes de intensificar a relação
da criança com o livro e com seus próprios colegas. Segundo Bettelheim (1996),
Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e
despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a
imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas
emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações; reconhecer
plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os
problemas que a perturbam... (BETTELHEIM, 1996, p.13).
Portanto, com os alunos motivados e engajados em projetos de aprendizagens
significativas, nos quais são respeitados seus níveis de desenvolvimento que favorecem o
avanço cognitivo, haverá um significativo desenvolvimento da consciência crítica e do
exercício e de vivência de lições de cidadania. Logo, podemos perceber através do
projeto em questão que ainda há muito a ser realizado e desenvolvido na Educação
Infantil através da Literatura, assim como foi desenvolvido na proposta NEPSO, ser
iniciado ainda na infância, desenvolvido na família e na escola.
CONSIDERAÇÕES PARA FUTUROS DEBATES
De acordo com os objetivos definidos para o desenvolvimento do projeto
acredito que a grande maioria foi alcançada com êxito, durante a realização das
atividades propostas em sala de aula.
Observando as hipóteses colocadas no projeto, percebe-se que algumas foram
confirmadas e no decorrer da pesquisa, as crianças descobriram outros aspectos
relevantes sobre a importância da Literatura em seu universo infantil e tudo que isto
representava em seu mundo, despertando sensações, emoções, estímulos, significados e
valores.
Durante as atividades desenvolvidas podemos aprofundar essas ideias,
buscando no material concreto uma melhor familiaridade com o assunto.
A proposta NEPSO a princípio gera certa preocupação, por ser algo novo e
um tanto criterioso, serve como um desafio de ser trabalhado na Educação Infantil, sendo
que com a colaboração geral da turma e satisfação dos mesmos na realização das
atividades, essa proposta se torna significativa e estimulante e a metodologia então foi
colocada em andamento. A proposta é desafiadora, mas, entretanto, apesar das
dificuldades para a realização concreta do projeto aos poucos ele vai se tornando natural e
espontâneo.
Cheguei a conclusão de que a maioria dos entrevistados possuía
conhecimentos sobre a importância e significação da Literatura no universo infantil, além
de saberem o papel importante que tem em serem os próprios divulgadores do mundo
literário na naturalidade e espontaneidade dos pequenos.
Depois de muita pesquisa e aprofundamento do tema, além de reflexões sobre
as respostas recebidas, o grupo passou a conhecer diferentes obras literárias, através das
mais variadas atividades e dinâmicas colaborando para a construção de suas próprias
aprendizagens. Trabalhei de forma a propor a eles um ambiente agradável de
aprendizagens e de trocas, participando, interagindo e criando. Neste sentido foi
necessário propiciar às crianças ambientes desafiadores, nos quais poderiam mobilizar e
potencializar a discussão, a curiosidade e problematizações acerca das inúmeras
curiosidades que foram levantadas pelo grupo relacionadas ao universo literário.
Com a colaboração da proposta NEPSO em sala de aula e fora dela as
crianças passaram a se expressar com mais naturalidade, instigadas por suas curiosidades
e enquanto educadora passei a dar mais atenção a elas e às suas limitações e dúvidas. O
projeto proposto serviu para a visualização do encantamento e estímulo que a Literatura
Infantil desperta na grande maioria dos pequenos, já que adoram hora do conto e histórias
em geral, é uma das atividades e exercícios de concentração que mais gostam de praticar
em sala de aula. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (1998, p.23), “na linguagem faz-de-conta, as crianças enriquecem sua identidade,
porque podem experimentar outras formas de ser e pensar, ampliando suas concepções
sobre as coisas e pessoas ao desempenhar vários papéis sociais ou personagens”.
E o NEPSO na turma de Educação Infantil me proporcionou uma experiência
de ludicidade, espontaneidade, alegria e vivências trabalhando a partir do tema Literatura
Infantil. Assim, reforço que o livro de Literatura Infantil deve se tornar um meio
pedagógico fundamental para a formação da criança leitora que é capaz de ouvir,
fantasiar, interpretar e, com a mediação do professor leitor, registrar o que entendeu em
processo de alfabetização e letramento. Praticar atividades com a Literatura Infantil é
qualificar o conhecimento escolarizado e buscar o prazer em aprender eatravés de um
ensino proposto por meio de um projeto pedagógico é que a Literatura Infantil ganhará
um sentido maior na vida das crianças. A pesquisa desperta e permite o confronto de
opiniões, a motivação, as interações sociais e o trabalho cooperativo, possibilitando à
criança condições que asseguram o caráter formativo das atividades. Deste modo, a
metodologia de trabalho adotada tem como referência os projetos pedagógicos na
Educação Infantil, os quais indicam, segundo Barbosa e Horn, 2008,
[...] uma ação intencional, planejada coletivamente, que tenha alto valor
educativo, com uma estratégia concreta e consciente, visando à obtenção de
determinado alvo. Através dos projetos de trabalho, pretende-se fazer as
crianças pensarem em temas importantes do seu ambiente, refletirem sobre a
atualidade e considerarem a vida fora da escola. Eles [os projetos] são
elaborados e executados para as crianças aprenderem a estudar, pesquisar, a
procurar informações, a exercer a crítica, a duvidar, a argumentar, a opinar, a
pensar, a gerir as aprendizagens, a refletir coletivamente, e o mais importante,
são elaborados e executados com não para as crianças (BARBOSA; HORN,
2008, p. 34,).
É importante aproveitar a experiência proporcionada pela proposta do
NEPSO e refletir sobre as nossas práticas pedagógicas e metodológicas em sala de aula,
como estas práticas pedagógicas estão sendo aplicadas em nosso ambiente escolar. Desta
forma, as práticas pedagógicas bem sucedidas devem visar e serem pautadas em
propostas lúdicas e diversificadas de trabalho, ou contextualizadas às realidades dos
alunos, priorizando a participação ativa dos mesmos em seu próprio e desafiador processo
de construção de conhecimentos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A, R .S. Emoção na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1999.
BARBOSA, Maria Carmen Silveira e HORN, Maria da Graça Souza. Projetos
Pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed. 2008.
BARBOSA, Maria Carmen. As Especificidades da Ação Pedagógica Com os Bebês.
2010.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. 11. ed. Rio de Janeiro : Paz e
Terra, 1996.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para
a Educação Infantil: Brasília, MEC/SEF, 1998.
FREIRE,Paulo.Pedagogia
da
Autonomia:saberes
educativa.29ed.São Paulo:Paz e Terra,1996.
necessários
à
prática
PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética. Trad. Nathanael C. Caixeira. Petrópolis:
Vozes, 1971. 110p.
SANTOMÉ, J. T. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1998.
Download