Viver melhor não é necessariamente ter Capital Econômico, mas ter

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Viver
melhor
não
é
necessariamente ter Capital
Econômico, mas ter Capital
Social
é
necessariamente
viver melhor*
Por Cristiano Bodart
É comum as pessoas traçarem planos para acumular Capital
Econômico sem, contudo, se preocuparem em acumular o que
chamamos, na Sociologia, de “Capital Social”. Mas afinal, o
que é Capital Social e por que devemos acumulá-lo?
Desde Karl Marx, grande economista e filósofo do século XIX,
entendemos o termo “capital” como riqueza que gera riqueza. Ao
contrário do que se pensa, dinheiro, por exemplo, nem sempre é
capital. Se o dinheiro é usado para produzir mais riqueza sim,
pelo contrário não será enquadrado como tal. Um apartamento,
um carro, uma máquina, entre outras coisas pode ser ou não
Capital Econômico.
Hoje, porém, entendemos que riqueza não se limita à bens
econômicos. A educação é uma riqueza e pode ser enquadrada,
quando
gera
mais
educação,
como
Capital,
mais
especificadamente “Capital Cultural”.
O conceito de “capital Social” embora não seja novo, tomou
notoriedade apenas a partir da obra de Robert Putnam,
publicado em 1993: Making Democracy Work: Civic Tradition in
Modern Italy. Putnam buscou entender como o Capital Social
poderia influenciar no desenvolvimento econômico das duas
partes da Itália (norte e sul). Identificou que no sul da
Itália, onde o estoque de Capital Social era maior, houve
maior desenvolvimento econômico, político e social.
O conceito de Capital Social pode ser definido, a partir de
alguns autores, como “o conjunto de recursos atuais e
potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de
relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e inter-reconhecimento entre os indivíduos” ou
ainda “a características da organização social, como
confiança, normas e sistemas, que contribuam para aumentar a
eficiência da sociedade, facilitando as ações coordenadas”.
O Capital Social é uma herança histórica, ou seja, é produzida
e ampliada conforme as experiências dos grupos e dos
indivíduos. Trata-se de um Capital que quanto mais utilizado,
mais possuiremos. Ele nos possibilita mantermos laços
comunitários fortes com outras pessoas, em um relacionamento
de confiança; o que é de muita valia em várias circunstâncias,
seja elas ligadas ao mercado ou a vida cotidiana.
Retomando a pergunta: por que acumular Capital Social? Ampliar
as redes de relacionamentos apenas com contatos não te
garantirá um relacionamento de ajuda mútua, de confiança, de
ter a certeza de que seus relacionamentos são estreitos a
ponto de confiar nas pessoas que o cerca. De nada adianta ter
milhares de contatos se não existir entre você e estes uma
rede de confiança que gera, em cada interação, mais confiança
e reciprocidade. Acumular Capital Social é adquirir uma rede
de relacionamento baseada na confiança e na reciprocidade,
elementos fundamentais para, por exemplo, encontrar auxílio
quando necessário, assim como ser indicado a uma vaga de
emprego, ou ainda, para o desenvolvimento de um trabalho em
equipe, ou ter com que ir ao cinema. A reciprocidade, a
certeza de que “uma mão lava a outra”, é fundamental para
maximizar os laços de confiança. Acumular confiança é
fundamental em muitos momentos, até para aqueles cujo foco é
acumular, à posteriori, Capital Econômico.
Comece agora a transformar seus contatos em Capital Social.
Produza condições de confiança e reciprocidade. O bom é que
trata-se de algo que quanto mais usar, de forma recíproca, mas
estará adquirindo. Em outras palavras, faça com que confiem em
você; esse é o primeiro investimento a fazer para acumular
esse tipo de Capital e ganhar em qualidade de vida.
O benefício do Capital Social não se limita apenas à você,
antes cria uma rede de confiança e reciprocidade na comunidade
a qual estamos inseridos, unindo as pessoas de forma mais
duradoura. Viver melhor não é necessariamente ter mais Capital
Econômico, mas ter Capital Social é necessariamente viver
melhor.
* Texto publicado originalmente no Portal 27.
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