VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 A INSERÇÃO DA VACINA NA PREVENÇÃO DA DOENÇA MENINGOCÓCICA PARA REDUÇÃO DA MORBI-MORTALIDADE Dominique Costa Sakagami1 Ana Flávia Grigoletti Brotto1 Letícia Suzuki1 Graciele de Matia1 RESUMO O objetivo deste estudo é analisar a dinâmica da incidência da meningite meningocócica em Curitiba – PR, levantar o custo-benefício da vacinação contra meningite meningocócica e comparar o custo-benefício da vacinação relacionado ao gasto no internamento do paciente. Pesquisa quantitativa com os resultados apresentados através de relatórios e gráficos estatísticos e analíticos. Dos resultados observou-se que o impacto econômico gerado pela doença meningocócica na cidade de Curitiba – PR é de grande importância. Impacto este que começou a ser evitado com a vacinação das crianças menores de 5 anos na prevenção da doença meningocócica. Comparando-se o custo da vacinação com o custo do internamento, encontramos diferenças de grande relevância. Estima-se que no Brasil, a doença meningocócica seja responsável por 2.000 hospitalizações a cada ano. Palavras – Chave: Vacinação; Meningite meningocócica; Programas de imunização. INTRODUÇÃO Durante muitos anos a população mundial foi vítima de diversas doenças que causaram grande número de mortes, chegando-se a exterminar populações inteiras. Com o avanço tecnológico na área da saúde, pesquisadores conseguiram criar medicamentos para combater diversas patologias já instaladas, produzir também as vacinas que atuam na prevenção e seus diversos tipos (SILVA, 2009). A doença meningocócica é uma infecção bacteriana aguda, rapidamente fatal, causada pela Neisseria meningitidis. Esta bactéria pode causar inflamação nas membranas que revestem o sistema nervoso central (meningite) e infecção generalizada (meningococcemia) (CASTIÑEIRA, PEDRO E MARTINS, 2004). O ser humano é o único hospedeiro natural da N. meningitidis (CASTIÑEIRA, PEDRO E MARTINS, 2004). A doença meningocócica é de maior importância para a saúde pública, por se apresentar sob a forma de ondas epidêmicas que podem durar de 2 a 5 anos. Tem distribuição 1 Universidade Positivo Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 universal e casos ocorrem durante todo o ano (forma endêmica). O Brasil viveu uma grande epidemia de doença meningocócica na primeira metade da década de 70. Nos anos 80 e 90, elevação da incidência tem sido localizada, atingindo várias cidades brasileiras (Ministério da Saúde, 2004). Vacinar as crianças no primeiro ano de vida é fundamental para a prevenção de várias doenças transmissíveis e é um dos fatores associados com a redução da taxa de mortalidade infantil (SILVA ET AL, 1999). No Brasil o combate as endemias através de campanhas sanitárias marcou a atuação pública na área de saúde durante todo o século XX, desde as campanhas realizadas por Oswaldo Cruz contra a peste, a febre amarela e a varíola, que através da vacinação compulsória que tanta resistência provocou, até as campanhas de vacinação atuais que atingem a população sem despertar rejeições ou desaprovações (BENCHIMOL, 2001). A lei 5026 de 1966, denominada Lei Orgânica das Campanhas Sanitárias, tinha como objetivo coordenar nacionalmente as atividades públicas e particulares de prevenção e combate de doenças de alcance coletivo. O texto da lei já reforçava a idéia de campanhas conjunturais para enfrentar epidemias com a colaboração de instituições privadas, sem dar ênfase à permanência das atividades de prevenção (BENCHIMOL, 2001). Entre os instrumentos de política de saúde pública, a vacina ocupa, por certo, um lugar de destaque. No Brasil, as estratégias de vacinação têm alcançado altos índices de eficiência e servido de parâmetro para iniciativas semelhantes em outros países (PORTO & PONTE, 2003). De acordo com PORTARIA Nº 1.602 DE 17 de julho de 2006, o ministério da saúde instituiu em todo o território nacional, os calendários de Vacinação da Criança, do Adolescente, do Adulto e do Idoso. No Brasil, a introdução da vacina contra o Hib somente ocorreu em meados de 1999. No entanto, duas cidades brasileiras, Curitiba e Londrina, no estado do Paraná, implantaram-na na rede pública de serviços de saúde antes desse ano: em setembro e dezembro de 1996, respectivamente (TAKEMURA & ANDRADE, 2001). Observou-se que a queda do coeficiente de incidência da meningite por Hib em Curitiba, embora com uma estabilização entre 1998 e 1999. No terceiro ano completo de vacinação (1999), o valor do coeficiente apresentou uma redução de 84,0% em relação ao observado em 1996 (TAKEMURA e ANDRADE, 2001). Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 Este estudo tem como objetivos: Analisar a dinâmica da incidência da meningite meningocócica em Curitiba – PR; levantar o custo-benefício da vacinação contra meningite meningocócica e comparar o custo-benefício da vacinação relacionado ao gasto no internamento do paciente. METODOLOGIA O método de abordagem escolhido é o quantitativo. A pesquisa quantitativa permite a quantificação e dimensionamento do universo pesquisado. Os resultados de uma pesquisa de caráter quantitativo são apresentados através de relatórios estatísticos. Esta pesquisa quantitativa possui as seguintes características técnicas: definição de amostras representativas do universo; tratamento estatístico e analítico dos dados coletados. Os sujeitos participantes desta pesquisa foram crianças hospitalizadas com doença meningocócica confirmada por exames laboratoriais e/ou diagnóstico médico, no período de 2009 na cidade de Curitiba – PR. Esta pesquisa foi realizada no setor de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar de um hospital de grande porte, especializado em atendimento infantil na cidade de Curitiba – PR, onde foi realizada a análise de dados contidos em fichas de notificação compulsória dos pacientes com diagnóstico médico de meningite meningocócica. Foi realizada análise retrospectiva de todas as fichas de investigação e notificação por doença infecto-contagiosa relacionadas à Meningite. Selecionados apenas as fichas com agravo de Doença Meningocócica no ano de 2009. Foi utilizada a base de dados do DATASUS/MS (2009) para análise de valores repassados ao prestador, referentes ao internamento por doença infecto-contagiosa da patologia adotada neste estudo. Os dados relativos a custo foram verificados no serviço de arquivo médio e estatística (SAME). Apesar dos dados coletados serem somente do SUS, foi possível obter alguns referentes a pagamentos efetuados tanto pelo SUS como planos de saúde suplementar, de acordo com os esquemas terapêuticos adotados. Para coleta de dados das fichas de notificação foi elaborado um instrumento/formulário próprio e todos os dados fornecidos foram apurados e organizados na forma de gráficos e tabelas e os resultados da pesquisa estão organizados através de relatórios estatísticos. O projeto de pesquisa intitulado foi aprovado com registro no CEP da instituição nº 0772-09. Foi avaliado em reunião plenária em 30 de Novembro de 2009, sendo aprovado por Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 estar de acordo com as normas técnicas estabelecidas pela Resolução 196/96 do Ministério da Saúde. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Os resultados nesta pesquisa estão divididos em duas partes: dados epidemiológicos de Meningite e Doença Meningocócica no Paraná e em Curitiba- PR; custos de internamento por Doença Meningocócica. O Paraná é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na região sul do país e tem como limites São Paulo (a norte e leste), oceano Atlântico (leste), Santa Catarina (sul), Argentina (sudoeste), Paraguai (oeste) e Mato Grosso do Sul (noroeste). Ocupa uma área de 199.314 km². Sua população segundo o IBGE, é de 10.686.228 habitantes, sendo destes 413.425 crianças de 0 a 5 anos. A capital é Curitiba e outros importantes municípios são Londrina, Maringá, Cascavel, Toledo, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, São José dos Pinhais, Guarapuava, Paranaguá, Apucarana, Umuarama, Campo Mourão, Paranavaí, além de outras cidades da Região Metropolitana de Curitiba como Araucária, que possui o segundo PIB do estado. As condições sanitárias do estado são consideradas boas, o que reflete a elevação do nível econômico da população. Em 2009 existiam em funcionamento 4.780 estabelecimentos hospitalares, que dispunham de 28.340 leitos e eram assistidos, em 2009, por 40.187 médicos, 5.832 enfermeiros e 19.229 auxiliares de enfermagem. Da população, 86,1% dos paranaenses têm acesso à rede de água, enquanto 68,5% se beneficiam da rede de esgoto sanitário. No ano de 2009, conforme mostra a Tabela 5, foram notificados ao SINAN (Sistema de informações de agravos de notificações) 1327 casos de Meningite no Paraná. Até o momento da finalização desta pesquisa, não haviam sido encerrados 48 casos, em um total de 3,6% dos casos. Dos casos de Meningite no Paraná foram levantados os seguintes dados referentes à doença meningocócica conforme mostra o Gráfico 1: Observou-se que ocorreram 39 casos de meningococcemia, 40 casos de meningite meningocócica e 23 casos de meningite meningocócica com meningococcemia, totalizando 102 casos de doença meningocócica no estado do Paraná. Foram excluídos os casos não residentes no Paraná. O período disponível corresponde ao ano de notificação dos casos. Os dados de 2009 foram atualizados no DATASUS em 10 de Fevereiro de 2010. Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 GRÁFICO 1 - CASOS CONFIRMADOS DE DOENÇA MENINGOCÓCICA – PR FONTE: DATASUS, 2009 O município de Curitiba apresenta 75 bairros que estão distribuídos em nove Distritos de Saúde (DS). Para os atendimentos médicos, este município conta com 102 Unidades Básicas de Saúde, 8 Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs) e 5 hospitais vinculados ao SUS com atendimento pediátrico em sua área de abrangência. (ARIAS, 2009). Segundo o DATASUS, a população de Curitiba esta estimada em 1.851.213 pessoas. Sendo destes 90.932 crianças de 0 a 5 anos, sendo esta a faixa etária de maior suscetibilidade de desenvolver a doença meningocócica. Durante o ano de 2009, foram notificados 244 casos de meningite em crianças de 0 a 18 anos, na Cidade de Curitiba – PR, sendo 2 deles não encerrados até o momento da finalização desta pesquisa. Em Curitiba foram obtidos os seguintes números em relação à Doença Meningocócica conforme mostra o Gráfico 2: GRÁFICO 2 - CASOS CONFIRMADOS DE DOENÇA MENINGOCÓCICA EM CURITIBA - PR FONTE: DATASUS, 2009 Em Curitiba foram notificados 9 casos de Meningite meningocócica, 20 casos de meningococcemia e 8 casos de meningite meningocócica com meningococcemia, totalizando Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 um número de 37 casos de doença meningocócica em Curitiba – PR. O custo do internamento por Doença Meningocócica varia de SUS para particular. O tempo mínimo de internamento é de 1 dia e o tempo máximo é de 6 meses. A idade mínima para o financiamento do tratamento é de 0 meses e a idade máxima é de 110 anos. Os valores do SUS seguem uma tabela publicada no DATASUS/MS, e é pago o valor referente à diária incluindo procedimentos clínicos e tratamentos de média e alta complexidade. O valor referente ao que é repassado ao prestador de serviço hospitalar é de R$ 865,91. Foram analisados 10 tipos de convênios particulares, dentre os quais foi estabelecida uma média do valor de internamento por dia para o tratamento de doença meningocócica. Há importância em ressaltar que existem alguns fatores no convênio que mudam os valores de acordo com o procedimento realizado, o que difere do SUS onde o valor pago por dia é por tratamento, incluindo exames, medicamentos, atendimento profissional especializado, entre outros. Estes valores não foram contabilizados sendo compreendidos como variáveis a serem consideradas em um estudo mais profundo sobre o tema. Junto a esse valor também foi incluído o valor do paciente particular que se iguala ao valor pago pelos convênios. O hospital onde foi realizada esta pesquisa atende 80 convênios e desta foram escolhidos 10 para realizar a análise da média de custo do atendimento profissional para planos de saúde suplementar. Como é realizado pelo SIGTAP, foi somado ao valor total de tratamento especializado para doença meningocócica o valor de R$ 45,00, valor este deve ser interpretado como média de custo pago ao serviço profissional para o plano de saúde suplementar. A média de custo estimado para o paciente com diagnóstico de Doença Meningocócica em internamento para tratamento especializado pagos pelos planos de saúde suplementar foi de R$ 1.130/Dia + R$ 45,00 (custo médio de atendimento profissional), conforme consulta ao Setor de Faturamento/SAME e DATASUS. Neste valor/dia está somente incluso serviço de hotelaria, não sendo incluso o serviço de alimentação que é pago a parte. Numa abordagem de custo médio diário de tratamento em internamento hospitalar, a pesquisa demonstrou que para os planos de saúde complementar o custo médio diário de internamento por paciente é de R$ 1.175, 00 e o de R$ 865,91 para os pacientes do SUS, conforme mostra o Gráfico 3: Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 GRÁFICO 3 - CUSTO PARA TRATAMENTO POR DOENÇA MENINGOCÓCICA FONTE: DATASUS, 2009 Foram analisados os custos dos pacientes internados por Meningite Meningocócica no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2009. Para o cálculo foi somente analisado os dias de internamento X valor/dia de internamento SUS. O valor do internamento foi baseado no SUS, devido a esta coleta não ter encontrado resultados de pacientes internados por Doença Meningocócica que sejam provenientes de convênios ou particulares. Foram analisados junto ao SAME/Faturamento cada número de prontuário que se encontravam nas fichas de notificação compulsória. Foi coletado informações de 13 fichas de notificação compulsória do SINAN, conforme mostra o Gráfico 4, foram encontrados 3 casos de Meningite Meningocócica, 1 caso de Meningococcemia e 9 casos de Meningite Meningocócica com Meningococcemia, totalizando 13 casos de Doença Meningocócica. GRÁFICO 4 - CASOS CONFIRMADOS DE DOENÇA MENINGOCÓCICA NOTIFICADOS DADOS DA PESQUISA FONTE: DADOS DA PESQUISA, 2009. Analisando os dados coletados chegou-se a média de internamento hospitalar que foi de 16,5 dias. Porém, em caso de óbito, como o caso que foi encontrado nesta pesquisa, o Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 internamento é geralmente de poucos dias, já que a doença desencadeia a forma grave rapidamente. O óbito desta pesquisa ocorreu em somente 2 dias de internamento. O número de pacientes atendidos por Doença Meningocócica com idade de 0 a 5 anos é de 8 pacientes, confirmando o que a alguns autores relatam que a Doença Meningocócica atinge mais crianças de 0 a 5 anos devido a maior vulnerabilidade. A susceptibilidade é geral, mas o risco de adoecer declina com a idade. Com esta pesquisa foi possível observar que em casos graves os dias em internamento é consideravelmente alto, como o do caso desta pesquisa em que um dos pacientes esteve internado por 43 dias. Foi realizada uma média de internamento no software Microsoft Office Excel 2007, e para realizar o cálculo da média utilizou-se a seguinte fórmula: = média (numero1; numero2; numero3), tendo como base os dados coletados no hospital de pesquisa. A média de internamento por doença meningocócica ficou estabelecida em 16,5 dias. Levando-se em conta o número de casos notificados na cidade de Curitiba – PR no ano de 2009 e o fato de que a Doença Meningocócica exige internamento em sua fase mais branda, calcula-se que o custo de internamento gasto pelo governo do Paraná, mais especificamente pela cidade de Curitiba – PR, ficaria estimado em R$ 528.638,55. A inclusão da vacina contra doença meningocócica representa um marco fundamental na melhoria do sistema público de saúde. Segundo os dados mais atuais do Ministério da Saúde, em 2009 foram diagnosticados 102 casos de Doença Meningocócica no estado do Paraná. Estudos indicam que esse número pode ser maior, já que aproximadamente 50% dos casos não têm seu agente causador identificado. O custo do internamento no Paraná no ano de 2009 foi de R$ 1.457.326,53, considerando a média de internamento calculada para este estudo. Um impacto econômico que poderia ser evitado se a prevenção estivesse sendo feita. O resultado de inúmeros estudos já comprovaram que a inclusão de uma vacina traz um ganho econômico considerável para o país. A Doença meningocócica pode ser causada por bactérias, fungos e vírus, atingindo principalmente crianças e adolescentes, podendo levar à morte. O tipo C é bacteriana, e pode levar a seqüelas permanentes como surdez, retardo mental e paralisia. A transmissão ocorre pela tosse, espirro ou por meio de gotículas eliminadas. A vacina é comprada dos laboratórios estrangeiros por um preço médio que pode variar de R$ 73 a R$ 100 por dose. Na rede particular, o custo médio da vacina pode chegar a R$ 150,00. A vacina produzida no Brasil terá custo bem inferior, entre R$ 30 e R$ 40 a dose. Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 No Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, o governador Aécio Neves; o CEO Mundial de Vacinas da Novartis, Andrin Oswald; o presidente da Novartis Brasil, Alex Triebnigg; Gláucia Vespa, diretora da Novartis Vacinas e Diagnósticos no Brasil; Carlos Alberto Pereira Gomes, presidente da Funed (Laboratório Ezequiel Dias de Minas Gerais); e Marcus Pestana, secretário de Saúde de Minas Gerais, assinaram em 2008, um acordo de transferência de tecnologia que possibilitou ao Brasil produzir a vacina Menjugate, que já vem sendo usada na campanha inicial no estado de Minas Gerais desde 2009. A assinatura do documento representou o marco inicial das operações da Novartis no Brasil, com vantagens claras para a farmacêutica, o governo e a população. Dessa forma a vacina tem um preço mais acessível e a Novartis acabará por se incorporar ao mercado brasileiro. Em 2009, 90.932 crianças menores de 5 anos que poderiam receber a vacina em Curitiba – PR, portanto observa-se que a um valor médio de R$ 35 reais o custo da vacina, podemos obter o total de R$ 3.182.620,00, que seriam gastos para vacinar toda a população de 0 a 5 anos em Curitiba – PR. Porém este valor seria drasticamente diminuído, levando em conta que a partir do ano de 2009, apenas os nascidos vivos receberiam a vacina. O número de nascidos vivos em Curitiba – PR no ano de 2009 é de 25.329 segundo DATASUS/MS (2009), portanto o valor gasto anual para vacinação contra Doença Meningocócica para os nascidos vivos seria de R$ 886.515,00, levando-se em consideração o valor médio da vacina. Concluímos, portanto, que o custo em vacinar os nascidos vivos é maior do que o custo da doença. Porém, não foi levado em conta os custos indiretos ou custos sociais que são imensuráveis e de valor extremamente alto. GRÁFICO 5 - SEQUELAS X LETALIDADE X CURA SEM SEQÜELAS FONTE: NOVAES, 2005 Novaes (2005), relata em seu estudo que a letalidade da Doença Meningocócica é de 55% para crianças de 0 a 5 anos, e também que a seqüela está presente em pelo menos 34% Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 dos casos. Portanto na sua análise sobre doença meningocócica, constatou-se também que apenas 11% dos casos da doença há cura sem seqüela. Pode-se entender como custos indiretos os seguintes itens: • Número de dias de trabalho perdidos pelo cuidador; • Renda Diária média Diminuída; • Renda Média Anual Diminuída; • Custos de Tratamento em casos em que há seqüelas graves (55% dos casos); • Custo de Produtividade, tanto para o cuidador quanto para o sequelado; • Transporte; • Moradia externa; • Alimentação; • Tratamento hospitalar (viagens); • Tratamento ambulatorial (psicológico, psiquiátrico, clinico, e outros.); • Anos de vida perdidos para os casos em que há óbito (34% dos casos); • Anos de vida ajustados para incapacidade para os casos em que há seqüelas. De acordo com a análise feita no item 4.3, o valor total do internamento não supera o valor do custo para vacinar os nascidos vivos, conforme mostra o gráfico 6. GRÁFICO 6 – COMPARAÇÃO CUSTO DA VACINAÇÃO X CUSTO INTERNAMENTO FONTE: DADOS DA PESQUISA, 2009 Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 CONSIDERAÇÕES FINAIS Entre as intervenções para a prevenção de doenças a utilização de vacinas tem um lugar de destaque. Nos últimos 200 anos, após os primeiros estudos de Edward Jenner (2000), pioneiro na vacinação, que levaram ao desenvolvimento da vacina contra a varíola, perto do ano 1800, diversas doenças tiveram a sua importância para a saúde pública modificada por vacinas. Podemos citar o tétano, a difteria, o sarampo, a febre amarela e poliomielite como exemplos de doenças infecciosas que foram parcialmente controladas por vacinas. O conceito de capacitar o organismo para produzir mecanismos de defesa contra agentes infecciosos através de imunizações, com os mesmos agentes atenuados, mortos ou mesmo com seus fragmentos, inoculados previamente, esta exposição é extremamente útil como intervenção para prevenção das doenças. A vacinação é considerada pelos especialistas um dos principais avanços na saúde pública mundial, em especial a brasileira. Considerada como um importante meio de prevenção de doenças infecciosas, vacinar é uma das formas de garantir saúde para crianças, adultos e idosos, além de reduzir os riscos de epidemias em toda a população. Não podemos esquecer que o indivíduo vacinado, uma vez que entre em contato com determinado agente infeccioso, o eliminará rapidamente cessando o ciclo de transmissão. O indivíduo não vacinado, além de adoecer, será mais um elo na cadeia de transmissão da doença. O desenvolvimento de novas vacinas não depende unicamente das pesquisas científicas, mas também de vontade política e econômica. Se no Brasil a rede pública conseguisse financiar vacinas consideradas prioritárias pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a principal causa de óbito em crianças menores de cinco anos poderia ser evitada ou até mesmo erradicada do país por meio da vacinação. Naturalmente, devido aos custos, a vacinação nas instituições particulares são as mais variadas com versões mais modernas e confortáveis. A vacinação além de prevenir doenças pode diminuir os custos financeiros com remédios, evitar situações desagradáveis, sofrimentos, além de evitar internações e prevenir dias de trabalho perdidos. Acreditamos que a indústria farmacêutica, o governo e as entidades nãogovernamentais precisam se unir para que o financiamento de diversos projetos e tornem-se realidade. Um fator muito importante é a pressão que a própria sociedade exerce em todo este processo, quando há uma cobrança por parte da população, todas as entidades se aplicam para promover resultados. Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 O controle da doença é um objetivo mais realista para a maioria dos programas de imunização, sendo possível reduzir significantemente o número de casos para menos de 1% do nível anterior, assim como prevenir ou controlar rapidamente qualquer surto epidêmico. No controle de uma doença, é preciso manter elevados níveis de imunização, pois os vírus ou as bactérias continuam presentes, embora em quantidade reduzida. Se abandonarmos a vigilância, a enfermidade poderá reaparecer de forma maciça e descontrolada. Por isso, a vacinação é muito importante e salva milhões de vidas em todo o mundo, por isso ela constitui uma obrigação dos governos que devem se esforçam para ampliar as coberturas vacinais a medida de sua importância e relevância na saúde pública. REFERÊNCIAS ARIAS, Alexandre Gonzalo Malaver. Varicela em crianças: análise das complicações e dos custos da doença em um hospital pediátrico terciário e no município de Curitiba – PR. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/premio2010/mestrado/trabalho_alexandregmarias _mh_m.pdf >. [Acesso em 17.out. 2009] BENCHIMOL, J. L. Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. Editora Fiocruz. Rio de Janeiro, 2001. CASTIÑEIRA, T.M.P.P; PEDRO, L.G.F; MARTINS, F.S.V. Doença meningocócica. Disponível em:< http://www.cives.ufrj.br/informacao/dm/dm-iv.html>. [Acesso em 17.out. 2009]. DATASUS - Departamento de Informática do SUS. Disponível em <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php> [Acesso em 15 abr. 2010]. 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Curitiba –08 de novembro de 2013 VII JORNADA DE SOCIOLOGIA DA SAÚDE Saúde como objeto do conhecimento: história e cultura ISSN: 1982-5544 SILVA, A.A.M. et ao. Cobertura vacinal e fatores de risco associados à não-vacinação em localidade urbana do Nordeste brasileiro, 1994. Rev. Saúde Pública, v.33, n.2 São Paulo, abril 1999. SIGTAP - Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos Medicamentos e OPM do SUS. Disponível Em: <Http://Sigtap.Datasus.Gov.Br/TabelaUnificada/App/Sec/Inicio.Jsp>. [Acesso em 15 abr. 2010]. TAKEMURA, N.S; ANDRADE, S.M.. Meningite por haemophilus influenzae tipo b em cidades do estado do Paraná, Jornal de pediatria. Brasil, Porto Alegre, vol.77 n.5, 2001. Curitiba –08 de novembro de 2013