fatores determinantes da escolha do local e do modo

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SAMPAIO, MARIA CLARA DA GAMA
Fatores determinantes da escolha do
local e de modo de transporte para o
consumo de bens e serviços [Rio de Janeiro]
2006.
VIII, 209p. 29,7cm (COPPE/UFRJ, M. Sc.,
Engenharia de Transportes, 2006)
Dissertação – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Atributos de escolha das localidades das
atividades de consumo
2. Atributos de escolha do modo de transporte
nos deslocamentos para as atividades de
consumo
I. COPPE/ UFRJ II. Título (série)
ii
Resumo de Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).
FATORES DETERMINANTES DA ESCOLHA DO LOCAL E DO MODO DE TRANSPORTE
PARA O CONSUMO DE BENS E SERVIÇOS
Maria Clara da Gama Sampaio
Março/2006
Orientador: Milena Bodmer
Jorge Antonio Martins
Programa: Engenharia de Transporte
O presente trabalho trata das preferências em relação ao local escolhido e ao modo
de transporte utilizado nos deslocamentos a consumo. Inicialmente, é apresentada uma
revisão bibliográfica sobre a conceituação da atividade de consumo, definida como uma
importante atividade econômica para a cidade, sobre os consumidores e seu
comportamento, sobre as alternativas de acesso aos locais de consumo e atributos de
sua escolha. Em seguida são realizadas as análises sobre cinco atividades de consumo:
compra de alimentos e material de limpeza e higiene pessoal, compra de roupas e
calçados, cursos e serviços de estética. Finalmente, as diferenças de preferências
condicionadas a variáveis socioeconômicas são identificadas.
iii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.S.c)
DECISIVE FACTORS OF THE CHOICE OF THE PLACE AND IN THE WAY OF
TRANSPORT FOR THE CONSUMPTION OF GOODS AND SERVICES
Maria Clara da Gama Sampaio
March/2006
Advisor: Milena Bodmer
Jorge Antonio Martins
Department: Transport Engineering
The present work deals with the preferences in relation to the choice of place and of
transport mode used by consumers in shopping trips. Initially, a state-of-the-art is
presented related to the concept of the consumption, defined as an important economic
activity for the city, to the consumers and their behavior, and to the access alternatives of
the consume places. Afterwards the analyses are accomplished regarding to the five
consumption activities: purchase of foods and material of cleaning and personal hygiene,
purchase of clothes and shoes, courses and aesthetics services. Finally, there are
identified differences conditioned by social and economic variables.
iv
A minha avó PRINCESA (Cléia Marcondes da Gama), pessoa que tive a sorte e a honra de
conviver com intensidade e amor durante toda a vida, dedico mais um passo dos meus
estudos (acompanhados por você com tanto carinho desde que aprendi a escrever).
Quem me ensinou, através de seus atos, a sempre buscar com alegria fazer a coisa certa.
Muito obrigada vozinha.
A Milena Bodmer, quem gosto de chamar de MILA, dedico este trabalho e este momento da
minha vida.
Uma das pessoas mais incríveis que conheço por conseguir ter em si própria beleza e
verdade em muitas dimensões.
Por conseguir se manter firme, mesmo com o coração apertado, pois é assim que se educa,
que se ensina, que não se despreza o potencial do outro por acreditar que ele é capaz de
fazer sozinho.
Isso é muito nobre e trabalhoso.
Sua confiança me deu muita força.
Tenho a impressão que você conseguiu libertar meu pensamento. É assim que me sinto...
Mais livre...
Muito obrigada.
A JORGE Antônio Martins que mudou meu jeito de perceber a vida... Isso não tem preço.
Mesmo assim, esse trabalho foi, de certa forma, uma das maneiras que encontrei para
tentar retribuir. Fiquei muito feliz quando você disse que estava orgulhoso, porque se não
fosse assim minha alegria não estaria completa. Isso, também, pelo significado que tem
para mim um trabalho reconhecido por você, mas é muito mais pelo significado que você
tem na minha vida. Muito obrigada por tudo.
v
Agradeço a todos com quem tenho a oportunidade de conviver, independente da intensidade
e do tempo que passamos juntos porque, de alguma forma, suas palavras e gestos
contribuíram para a minha formação e sendo assim, estão de certa maneira, presentes em
tudo o que faço. Em especial:
A minha irmã e grande amiga Maria Isabel da Gama Sampaio, a quem chamo
carinhosamente, desde cedo, de ZÉ, por cultivar com tanto zelo o elo tão estreito de amor que
mantemos e que acaba por me tornar mais forte e também me incentivar nas coisas que faço.
Sou muito orgulhosa da sua bondade e muito grata por todo seu companheirismo.
A minha MÃE Maria Angélica da Gama Sampaio, por todo seu amor que a torna incansável
para fazer da melhor forma possível tudo que possa me deixar mais feliz.
Sem seu apoio, ajuda e a certeza de poder contar a qualquer momento, todo esse processo
teria sido bem mais difícil.
Obrigada por me permitir fazer do seu colo um local de literalmente recarga de baterias.
Muito obrigada por tudo.
Ao meu PAI Marcio Luiz Salema Lontra Sampaio, por torcer muito por mim em todos os
momentos da minha vida. Por me ajudar, sempre que precisei, nas questões relativas aos
meus estudos e ao meu crescimento. Agradeço muito por todo seu apoio em mais essa
conquista.
Ao meu amor Carlos Fernando Oliveira Maia Jr., a quem costumo chamar de PRÍNCIPE, por
estar ao meu lado da maneira mais doce e incansavelmente prestativa desde o primeiro
momento e que, sendo assim, em muito contribuiu para que esse trajeto fosse assimilado por
mim da melhor maneira possível. Muito obrigada pelo incentivo, respeito e apoio e por me
fazer mais feliz!
A minha DINDA Paulina Celi Gama de Carvalho, por toda cumplicidade e torcida, aos meus tios
CAUBI e ÂNGELA por todo apoio, alegria e presença também nos momentos difíceis.
A MÔNICA Macedo Viera, minha psicóloga, que há algum tempo me ajuda a descobrir os
suportes necessários para que me torne cada vez mais consciente de meus atos e
responsável por minhas atitudes. Muito obrigada por ser firme e ao mesmo tempo me permitir
ter seu colo.
vi
A IZINHA Kraichete Lentino que esteve esse tempo todo muito próxima a mim. Viagens,
passeios, praias, atelier, conversas. Foram tempos muito legais, aprendi muito com você e
torço para que nossa amizade se permita renovar absorvendo as mudanças de cada uma e
independente dos caminhos que possamos traçar. Gosto muito de você. Guardo os momentos
que passamos juntas com muito carinho. Muito obrigada por tudo.
A SHEILÔKA (Sheila dos Santos) pela amizade e companheirismo nos momentos em que mais
precisei. Por todos os sorrisos e conversas, por ser muito minha amiga. Ainda bem que tinha
você pra me fazer companhia nos dias de Fundão!!! Valeu amigona!!!
A FLAVINHA Souza amiga que guardo com carinho e que esteve sempre próxima a mim,
mesmo quando longe. Pela amizade, pelas brincadeiras, pela complementaridade do nosso
trabalho. Muito obrigada!
A Maria Aparecida Martins a PIPOCA, pela amizade de todas as horas, pelas conversas, pelo
apoio e companheirismo e principalmente pelo sorriso que se encontra estampado em seu
rosto tão naturalmente que parece a ele pertencer! Muito obrigada Pipoquinha!
A MARY PAT Nascimento, pelos momentos de alegria que dividiu comigo durante a elaboração
da base de dados deste trabalho e que acabou por se tornar uma amiga à qual tenho muito
carinho! Muito obrigada!
Aos meus amigos ou aos irmãos MARCELO Akersztejn, CARLITO Vasconcellos, MARCULINO
Rodrigues Fabrino Jr., BIA dos Santos Fabrino e TAÍS Pereira Borges.
A Sheila MENINE, GUSTAVO Lopes, GUSTAVO Zanettine, ALEX Reis, ELAINE Kuriyama, RUI
Marcos, SIMONE Costa, AFFONSO Savignon, RAMONZITO Fortunato, LICA Romero, ISA Teixeira,
RODRIGO Crisostomo, Pedro LENTINO, REGINA Lentino, VERÔNICA e GIU Lentino, TATI
Kraichete, GI Stehling, TÚLIO Mota, JORGE Baptista, ELIANE Bessa, HEBER Rabelo, WAGNER
Vils, SAMATHA Magalhães, WELI Lins, KÁTIA Loureiro, WALTER Gamboni, HILANA Mendes, e
LEO Lagoeiro.
Aos professores WALTER Porto, RÔMULO Orrico e HENRIQUE Fonseca Netto e aos funcionários
do PET.
vii
ÍNDICE
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
APRESENTAÇÃO
OBJETO DA INVESTIGAÇÃO
PROBLEMA
ABORDAGEM PROPOSTA POR MOBILE
OBJETIVO
METODOLOGIA
ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
PARTE 1 – REVISÃO TEÓRICA
1
1
3
4
6
10
10
18
21
CAPÍTULO 2
CONCEITUAÇÃO DE CONSUMO E SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA MODERNA
21
2.1
2.2
2.3
2.4
21
22
28
34
APRESENTAÇÃO
HISTÓRICO SOBRE CONSUMO E SUA RELEVÂNCIA NA VIDA MODERNA
LOCAIS TÍPICOS DE CONSUMO E SUA ACESSIBILIDADE
BUSCA DE RENOVAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
CAPÍTULO 3
CONSUMIDORES E SEU COMPORTAMENTO
44
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
44
45
55
71
74
APRESENTAÇÃO
CONHECENDO O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
TIPOLOGIA DE CONSUMIDORES - SEGMENTAÇÃO
ALGUMAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS
CONTRIBUIÇÃO PARA ANÁLISE
CAPÍTULO 4
ALTERNATIVAS DE ACESSO ÀS ATIVIDADES DE CONSUMO
76
4.1
4.2
4.3
4.4
76
77
79
84
APRESENTAÇÃO
IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE NO ACESSO ÀS ATIVIDADES DE CONSUMO
USO DE MODOS DE TRANSPORTE NAS VIAGENS URBANAS
ESCOLHA DOS CONSUMIDORES E SUAS RESTRIÇÕES
PARTE 2 – ANÁLISES E CONCLUSÕES
93
CAPÍTULO 5
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ESCOLHA DOS CONSUMIDORES
RELACIONADO ÀS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO PRIMÁRIA
93
5.1
5.2
93
93
APRESENTAÇÃO
COMPRA DE ALIMENTOS
viii
5.2.1
5.2.2
5.2.3
5.2.4
5.3
93
96
98
107
111
CARACTERIZAÇÃO
PERFIL DOS CONSUMIDORES
PREFERÊNCIAS
COMENTÁRIOS FINAIS
COMPRA DE MATERIAL DE LIMPEZA E HIGIÊNE PESSOAL
CAPÍTULO 6
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ESCOLHA DOS CONSUMIDORES
RELACIONADO ÀS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO SECUNDÁRIA
114
6.1
6.2
6.2.1
6.2.2
6.2.3
6.2.4
6.3
6.3.1
6.3.2
6.3.3
6.3.4
6.4
6.4.1
6.4.2
6.4.3
6.4.4
114
114
114
117
119
133
137
137
140
142
154
158
158
160
162
170
APRESENTAÇÃO
COMPRA DE ROUPAS E CALÇADOS
CARACTERIZAÇÃO
PERFIL DOS CONSUMIDORES
PREFERÊNCIAS
COMENTÁRIOS FINAIS
CURSOS
CARACTERIZAÇÃO
PERFIL DOS CONSUMIDORES
PREFERÊNCIAS
COMENTÁRIOS FINAIS
SERVIÇOS DE ESTÉTICA
CARACTERIZAÇÃO
PERFIL DOS CONSUMIDORES
PREFERÊNCIAS
COMENTÁRIOS FINAIS
CAPÍTULO 7
SÍNTESE DOS RESULTADOS
174
CAPÍTULO 8
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
186
7.1
7.2
CONCLUSÕES
RECOMENDAÇÕES
186
188
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
189
ANEXOS
ANEXO A
EVOLUÇÃO DOS SHOPPINGS CENTERS FILIDADOS À ABRASCE
193
ANEXO B1
CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO SPILLER ET AL. (2004)
195
ANEXO B2
CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO GORDON (2000)
198
ANEXO B3
CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO KOTLER (1999)
200
ANEXO B4
CLASSIFICAÇÃO
204
DOS CONSUMIDORES SEGUNDO
RUIZ, CHEBAT
E
HANSEN
(2004)
ANEXO B5
CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO PINHEIRO ET AL. (2004)
205
ix
ANEXO B6
O
207
CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO MARINS FILHO
208
CLASSIFICAÇÃO
DOS
CONSUMIDORES
SEGUNDO
PESQUISA
“QUEM
É
CONSUMIDOR CONSCIÊNTE” (2004)
ANEXO B7
(2004)
ANEXO B8
CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO TAI (2004)
209
x
ÍNDICE DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
FIGURA 1
FIGURA 2
FIGURA 3
FIGURA 4
INTERAÇÃO DOS AGENTES ECONÔMICOS EM TORNO DO CIDADÃO-CLIENTE
ESTRUTURA DE DADOS PREPARADA PARA ANÁLISE
METODOLOGIA DA ANÁLISE
DIMENSÕES RELACIONADAS AOS ATRIBUTOS
8
12
15
17
METODOLOGIA UTILIZADA PARA ANÁLISE – COMPRA DE ALIMENTOS
95
CAPÍTULO 5
FIGURA 5.1
CAPÍTULO 6
FIGURA 6.2.1
FIGURA 6.3.1
FIGURA 6.4.1
METODOLOGIA UTILIZADA PARA ANÁLISE – COMPRA DE ROUPAS E CALÇADOS
METODOLOGIA UTILIZADA PARA ANÁLISE - CURSOS
METODOLOGIA UTILIZADA PARA ANÁLISE – SERVIÇOS DE ESTÉTICA
116
139
159
xi
ÍNDICE DE TABELAS
CAPÍTULO 2
TABELA 2.1
AS AÇÕES DE MARKETING AO LONGO DO TEMPO
41
ESCALA ATIVIDADES, INTERESSES E OPINIÕES
TIPOLOGIAS DE CONSUMIDORES SEGUNDO DIFERENTES CRITÉRIOS
61
65
CAPÍTULO 3
TABELA 3.1
TABELA 3.2
PARTE 2 – ANÁLISES E CONCLUSÕES
CAPÍTULO 5
TABELA 5.1
TABELA 5.1a
TABELA 5.2
FREQÜÊNCIA
FREQÜÊNCIA AGRUPADA
ATRIBUTOS DE ESCOLHA LOCAL E MODAL - COMPRA DE ALIMENTOS
94
94
110
FREQÜÊNCIA
FREQÜÊNCIA AGRUPADA
115
115
136
137
137
158
158
158
173
CAPÍTULO 6
TABELA 6.2.1
TABELA 6.2.1a
TABELA 6.2.1
TABELA 6.3.1
TABELA 6.3.1a
TABELA 6.3.2
TABELA 6.4.1
TABELA 6.4.1a
TABELA 6.4.2
ATRIBUTOS DE ESCOLHA LOCAL E MODAL - COMPRA DE ROUPAS E CALÇADOS
FREQÜÊNCIA
FREQÜÊNCIA AGRUPADA
ATRIBUTOS DE ESCOLHA LOCAL E MODAL - CURSOS
FREQÜÊNCIA
FREQÜÊNCIA AGRUPADA
ATRIBUTOS DE ESCOLHA LOCAL E MODAL – SERVIÇOS DE ESTÉTICA
xii
ÍNDICE DE GRÁFICOS
CAPÍTULO 3
GRÁFICO 3.1
ESCALA DE VÍNCULO NO PROCESSO DE COMPRA E INTENSIDADE DE
RELACIONAMENTO COM O CLIENTE
57
CAPÍTULO 5
GRÁFICO 5.1
GRÁFICO 5.2
GRÁFICO 5.3
GRÁFICO 5.4
GRÁFICO 5.5
GRÁFICO 5.6
GRÁFICO 5.7
GRÁFICO 5.8
GRÁFICO 5.9
GRÁFICO 5.10
GRÁFICO 5.11
GRÁFICO 5.12
GRÁFICO 5.13
GRÁFICO 5.14
GRÁFICO 5.15
GRÁFICO 5.16
GRÁFICO 5.17
GRÁFICO 5.18
GRÁFICO 5.19
GRÁFICO 5.20
GRÁFICO 5.21
GRÁFICO 5.22
GRÁFICO 5.23
GRÁFICO 5.24
GRÁFICO 5.25
GRÁFICO 5.26
GRÁFICO 5.27
GRÁFICO 5.28
GRÁFICO 5.29
GRÁFICO 5.30
GRÁFICO 5.31
FAIXA ETÁRIA
SEXO
ESTADO CIVIL
FILHOS
TRABALHA
OCUPAÇÃO
RENDA
POSSE
ATRIBUTOS LOCAIS
OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS LOCAIS
RENDA X ATRIBUTOS LOCAIS
ATRIBUTOS MODAIS
ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS MODAIS
OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS MODAIS
RENDA X ATRIBUTOS MODAIS
ATRIBUTOS MODAIS X MODO
MODO UTILIZADO
RENDA X MODO
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO
FAIXA ETÁRIA
SEXO
ESTADO CIVIL
FILHOS
TRABALHA
OCUPAÇÃO
RENDA
POSSE
ATRIBUTOS LOCAIS
ATRIBUTOS MODAIS
ATRIBUTOS MODAIS X MODO UTILIZADO
96
96
96
96
97
97
97
97
98
99
100
100
101
102
103
104
104
105
106
107
110
110
110
110
111
111
111
111
112
112
112
FAIXA ETÁRIA
SEXO
ESTADO CIVIL
FILHOS
TRABALHA
OCUPAÇÃO
RENDA
POSSE
ATRIBUTOS LOCAIS
FAIXA ETÁRIA X ATRIBUTOS LOCAIS
116
116
116
116
117
117
117
117
118
119
CAPÍTULO 6
GRÁFICO 6.2.1
GRÁFICO 6.2.2
GRÁFICO 6.2.3
GRÁFICO 6.2.4
GRÁFICO 6.2.5
GRÁFICO 6.2.6
GRÁFICO 6.2.7
GRÁFICO 6.2.8
GRÁFICO 6.2.9
GRÁFICO 6.2.10
xiii
GRÁFICO 6.2.11
GRÁFICO 6.2.12
GRÁFICO 6.2.13
GRÁFICO 6.2.14
GRÁFICO 6.2.15
GRÁFICO 6.2.16
GRÁFICO 6.2.17
GRÁFICO 6.2.18
GRÁFICO 6.2.19
GRÁFICO 6.2.20
GRÁFICO 6.2.21
GRÁFICO 6.2.22
GRÁFICO 6.2.23
GRÁFICO 6.2.24
GRÁFICO 6.2.25
GRÁFICO 6.2.26
GRÁFICO 6.3.1
GRÁFICO 6.3.2
GRÁFICO 6.3.3
GRÁFICO 6.3.4
GRÁFICO 6.3.5
GRÁFICO 6.3.6
GRÁFICO 6.3.7
GRÁFICO 6.3.8
GRÁFICO 6.3.9
GRÁFICO 6.3.10
GRÁFICO 6.3.11
GRÁFICO 6.3.12
GRÁFICO 6.3.13
GRÁFICO 6.3.14
GRÁFICO 6.3.15
GRÁFICO 6.3.16
GRÁFICO 6.3.17
GRÁFICO 6.3.18
GRÁFICO 6.3.19
GRÁFICO 6.3.20
GRÁFICO 6.3.21
GRÁFICO 6.3.22
GRÁFICO 6.3.23
GRÁFICO 6.4.1
GRÁFICO 6.4.2
GRÁFICO 6.4.3
GRÁFICO 6.4.4
GRÁFICO 6.4.5
GRÁFICO 6.4.6
GRÁFICO 6.4.7
GRÁFICO 6.4.8
GRÁFICO 6.4.9
GRÁFICO 6.4.10
GRÁFICO 6.4.11
GRÁFICO 6.4.12
ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS LOCAIS
OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS LOCAIS
RENDA X ATRIBUTOS LOCAIS
POSSE X ATRIBUTOS LOCAIS
ATRIBUTOS MODAIS
IDADE X ATRIBUTOS MODAIS
ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS MODAIS
OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS MODAIS
RENDA X ATRIBUTOS MODAIS
POSSE X ATRIBUTOS MODAIS
ATRIBUTOS MODAIS X MODO
MODO UTILIZADO
RENDA X MODO
POSSE X MODO
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO
FAIXA ETÁRIA
SEXO
ESTADO CIVIL
FILHOS
TRABALHA
OCUPAÇÃO
RENDA
POSSE
ATRIBUTOS LOCAIS
FAIXA ETÁRIA X ATRIBUTOS LOCAIS
ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS LOCAIS
OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS LOCAIS
RENDA X ATRIBUTOS LOCAIS
ATRIBUTOS MODAIS
FAIXA ETÁRIA X ATRIBUTOS MODAIS
ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS MODAIS
RENDA X ATRIBUTOS MODAIS
ATRIBUTOS MODAIS X MODO UTILIZADO
MODO UTILIZADO
FILHOS X MODO
RENDA X MODO
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO
FAIXA ETÁRIA
SEXO
ESTADO CIVIL
FILHOS
TRABALHA
OCUPAÇÃO
RENDA
POSSE
ATRIBUTOS LOCAIS
FAIXA ETÁRIA X ATRIBUTOS LOCAIS
ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS LOCAIS
RENDA X ATRIBUTOS LOCAIS
120
121
122
123
124
125
126
127
128
129
130
130
131
132
133
133
139
139
139
139
140
140
140
140
141
142
143
144
145
146
147
148
150
151
152
152
153
154
154
159
159
159
159
160
160
160
160
161
162
162
163
xiv
GRÁFICO 6.4.13
GRÁFICO 6.4.14
GRÁFICO 6.4.15
GRÁFICO 6.4.16
GRÁFICO 6.4.17
GRÁFICO 6.4.18
GRÁFICO 6.4.19
GRÁFICO 6.4.20
ATRIBUTOS MODAIS
OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS MODAIS
RENDA X ATRIBUTOS MODAIS
ATRIBUTOS MODAIS X MODO UTILIZADO
MODO UTILIZADO
OCUPAÇÃO X MODO
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO
164
165
166
167
168
169
170
170
ATRIBUTOS LOCACIONAIS COMPRA ALIMENTOS
ATRIBUTOS MODAIS COMPRA ALIMENTOS
ATRIBUTOS LOCACIONAIS COMPRA ROUPAS E CALÇADOS
ATRIBUTOS MODAIS COMPRA ROUPAS E CALÇADOS
ATRIBUTOS LOCACIONAIS CURSOS
ATRIBUTOS MODAIS CURSOS
ATRIBUTOS LOCACIONAIS SERVIÇOS DE ESTÉTICA
ATRIBUTOS MODAIS SERVIÇOS ESTÉTICA
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL COMPRA ALIMENTOS
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO COMPRA ALIMENTOS
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCALCOMPRA ROUPAS E CALÇADOS
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO COMPRA ROUPAS E CALÇADOS
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL CURSOS
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO CURSOS
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL SERVIÇOS DE ESTÉTICA
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO SERVIÇOS DE ESTÉTICA
174
175
177
177
179
179
181
181
182
182
182
182
183
183
183
183
CAPÍTULO 7
GRÁFICO 7.1
GRÁFICO 7.2
GRÁFICO 7.3
GRÁFICO 7.4
GRÁFICO 7.5
GRÁFICO 7.6
GRÁFICO 7.7
GRÁFICO 7.8
GRÁFICO 7.9
GRÁFICO 7.10
GRÁFICO 7.11
GRÁFICO 7.12
GRÁFICO 7.13
GRÁFICO 7.14
GRÁFICO 7.15
GRÁFICO 7.16
xv
FATORES CONDICIONANTES DA ESCOLHA DO LOCAL E DO MODO DE
TRANSPORTE PARA O CONSUMO DE BENS E SERVIÇOS
1
INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
Esta dissertação refere-se à investigação sobre hábitos de consumo e de
viagens das pessoas (habitantes urbanos de nove regiões metropolitanas brasileiras) de
diferentes perfis sócio-econômicos, preenchendo assim um espaço investigativo criado
pelo Grupo de Pesquisa Móbile, certificado pela UFRJ, apoiado pelo CNPq e dedicado
ao estudo de Desenvolvimento e Mobilidade.
A abordagem adotada pelo Grupo Móbile é direcionada por três eixos temáticos:
Planejamento Integrado de Transporte e Uso do solo; Gestão Inter-setorial (Transporte /
Atividades Urbanas) e Gerenciamento de Transporte e Tráfego.
O Planejamento Integrado de Transporte e Uso do Solo visa integrar
efetivamente políticas de transporte e de uso e ocupação do solo para redefinir a
logística urbana (articulação da cadeia de atividades do cidadão – trabalho, estudo,
consumo e lazer) assim como apresentado por MARTINS E BODMER (2002). Vários
trabalhos nessa dimensão foram desenvolvidos, destacando-se aqui MARTINS E
BODMER (2000, 2001, 2002) sobre planejamento e gestão integrada da mobilidade,
SANJAD (2003) sobre importância da acessibilidade como importante atributo
locacional, SILVA (2005) sobre responsabilidade social e ético ambiental dos
incorporadores imobiliários e LENTINO (2005) sobre a avaliação do setor de construção
civil em relação a uma alternativa (oferta de transporte coletivo) ao modelo atual de
oferta de vagas de garagem promovendo acessibilidade a pólos geradores de tráfego,
com objetivo de maximizar os interesses sociais, públicos e privados.
A gestão inter-setorial é voltada, entre outros, para investigar as possibilidades
de parcerias1 estratégicas entre diferentes sujeitos sociais. Nesse modelo de gestão, as
atividades que as pessoas realizam são consideradas vinculadas ao transporte e, sendo
assim, acabam por definir uma articulação entre setores resultante em oferta ampliada
de produtos-serviços de diferentes naturezas e que oferecem valor adicional aos
1
A parceria permite, acima de tudo, flexibilidade na implementação de novas idéias que dificilmente poderiam ser
realizadas pelas organizações isoladamente e que, numa ação conjunta, representam custos menores, impactos na
sociedade mais significativos e manutenção da posição ou liderança no mercado. MARTINS E BODMER (2001).
1
cidadãos-clientes2. Do ponto de vista gerencial isto significa criação de organizações
configuradas em redes de parceria, não só voltadas para oferecer produtos-serviços
atraentes, mas, também, para exercer responsabilidade social ético ambiental o que,
em última análise, significa produzir qualidade de vida para a população.
Na concepção desse tipo de gestão destaca-se a aplicação do conceito de
marketing de relacionamento, apresentado nos trabalhos de BODMER E MARTINS
(2000, 2001) e consolidado no trabalho sobre responsabilidade social através de
marketing de relacionamento em BODMER E MARTINS (2005). Com a finalidade de
definir uma combinação de produtos e serviços a serem adotados nesse tipo de gestão
vários outros trabalhos foram desenvolvidos, a exemplo de MARTINS E BODMER
(2000), PORTO (2001) com sua revisão do estado da arte de gestão da mobilidade e
estudo de caso que propõe gestão da mobilidade de um pólo gerador de tráfego,
FORTE (2004) sobre fatores importantes para a qualidade de serviço de transporte
demonstrando as lacunas identificadas entre percepção dos usuários de transporte e
percepção dos especialistas relativas aos atributos de qualidade de serviço de
transporte público. Por outro lado, BASTOS (2004) traz uma reflexão sobre as
necessidades de mudança na gestão dos pólos geradores de tráfego e contribui para a
caracterização da clientela freqüentadora de um estabelecimento comercial no Rio de
Janeiro. Já VILLAVICÊNCIO (2004) procura definir o papel do marketing, identifica os
aspectos relevantes na formulação de estratégias de marketing na gestão de transporte
coletivo e identifica as diferenças entre as preferências reveladas dos usuários de
automóvel e de transporte coletivo nas viagens a trabalho, através de análise de dados
no âmbito nacional de nove áreas metropolitanas.
O Gerenciamento de Transporte e Tráfego é voltado para o tratamento local com
vistas a desestimular/reduzir o uso do transporte individual motorizado e tornar a
circulação dos cidadãos-clientes mais segura e menos impactante em termos de
poluição ambiental.
O trabalho aqui desenvolvido estabelece o vínculo principal com a gestão intersetorial objetivando o gerenciamento estratégico de hábitos de viagens dos cidadãos2
A noção de cidadão-cliente norteia-se pela tese do “Direito à Cidade” de Lefebvre, ao defender que, “de hoje para o
futuro, ser cidadão implica no direito de consumir um espaço com qualidade” LENTINO (2005) e acaba por integrar as
preocupações dos cidadãos e as necessidades dos clientes no consumo de diferentes atividades.
Vale observar que ao revisar sua proposta, o grupo de pesquisa Móbile inverteu a ordem do termo cliente-cidadão,
presente nos trabalhos realizados até 2005, para cidadão-cliente por reconhecer que antes de ser cliente de qualquer
serviço prestado o indivíduo é um habitante da cidade no gozo dos direitos civis e políticos, o que caracteriza um
cidadão. Para maiores detalhes vide MARTINS, BODMER e COSTA (2005).
2
clientes, visando não apenas a transferência modal do automóvel para o transporte
coletivo e ecologicamente sustentável, como também o gerenciamento da mobilidade
objetivando a integração das alternativas de transporte e das atividades urbanas
(BODMER, 2004).
Destaca-se aqui uma das diretrizes estratégicas a adotar na gestão integrada de
transporte e desenvolvimento, relatada por BODMER (2004), ou seja: “Fortalecer o
vínculo com o cidadão-cliente - seus valores e satisfação comandam o negócio”.
Do ponto de vista da investigação definida neste projeto surge uma questão que
exige respostas sobre as tendências de estilo de vida, hábitos de viagens, de consumo
e de preferências dos cidadãos-clientes pertencentes a diferentes contextos sócioculturais e econômicos.
Sendo assim, determinados aspectos que os envolvem e os atributos que
norteiam suas escolhas precisam ser abordados de modo a ofertar o que os cidadãosclientes realmente desejam e necessitam, seja no âmbito de gestão dos negócios de
empreendimentos, seja no âmbito de planejamento de transporte e de desenvolvimento
urbano.
1.2 OBJETO DA INVESTIGAÇÃO
Os cidadãos contemporâneos realizam diversas atividades que, atualmente,
definem e são definidas pelos seus estilos de vida. Considerando BHAT e
KOPPELMAN apud CEDEÑO (1998), as atividades humanas podem ser divididas em
subsistência (trabalho, estudo), manutenção (consumo de bens e serviços destinados à
satisfação de necessidades biológicas e psicológicas tanto individuais quanto da
família) e lazer.
Na busca de conhecimento sobre os hábitos de consumo de bens e serviços dos
cidadãos-clientes, por perceber que para a preservação do negócio, em uma sociedade
globalizada, eles passam a ser o principal foco gerencial, este trabalho pretende
identificar quais são os atributos de escolha do modo de transporte e do local de
compras e/ou oferta de serviços. Esta investigação é complementar a outras duas que
tratam das preferências de escolha das pessoas quando estudam ou quando se
dedicam às atividades de lazer.
3
As mudanças organizacionais ocorridas nas sociedades ao longo da história
ocasionaram alterações na realização das atividades de consumo e, em cada uma
delas, sua realização teve e tem um significado. Desde as sociedades primitivas, com o
consumo voltado para subsistência, até os dias atuais, algumas transformações podem
ser percebidas.
Atualmente, o consumo tem importância social e econômica relevante nas
sociedades. A utilização ou aquisição de determinado bem ou serviço, além de revelar o
estilo de vida de um indivíduo, pode caracterizar sua inserção em determinado grupo
social, que por sua vez, torna-se referência quanto à definição de suas preferências e
escolhas e que costuma ser chamado, entre homens de marketing, de segmento de
consumidores.
Torna-se imprescindível então conhecer esses segmentos, o que os motiva em
suas escolhas, não apenas para entender o seu comportamento e propiciar a
concepção de opções alternativas ao consumo, mas também de acesso. Assim, é
possível subsidiar um planejamento coerente de uso do solo e da circulação, tendo em
vista que a cidade representa um conjunto de atividades sócio-econômicas distribuídas
no espaço e no tempo.
Nesse sentido, para planejar as cidades e definir a localização das atividades
sócio-econômicas é necessário vincular o planejamento de transportes ao planejamento
urbano com o objetivo de prover acesso de maneira sustentável a todas as atividades
que compõem o estilo de vida de cada segmento de consumidor. Nesse contexto mais
amplo, observa-se que, de hoje para o futuro, os provedores das atividades de consumo
precisam considerar a acessibilidade em suas estratégias gerenciais.
1.3 PROBLEMA
Os cidadãos-clientes têm necessidades a serem atendidas. Para realizar suas
atividades fins, eles precisam se deslocar. O deslocamento é uma atividade meio e,
portanto, pode-se concluir que sua demanda é derivada pela demanda das várias
atividades. Mesmo sendo as atividades humanas de natureza heterogênea, nas cidades
brasileiras, as alternativas de transporte público ofertadas são homogêneas, tornando-o
pouco efetivo e assim sem competitividade.
4
O problema ainda é agravado porque o planejamento urbano, que trata da
distribuição espacial das atividades e o planejamento de transportes, que trata dos
deslocamentos, não são realizados de maneira integrada e, portanto não atendem aos
cidadãos com responsabilidade social e ético-ambiental.
LENTINO (2005) baseada em MARTINS E BODMER (2001, 2002) relata que,
atualmente, a legislação de uso e ocupação do solo contribui para o cenário de caos da
circulação urbana ao vincular a obrigatoriedade da construção de vagas de
estacionamento para todo e qualquer empreendimento (onde são desenvolvidas as
atividades do dia-a-dia dos cidadãos). Ou seja, atribui-se maior valor de uso ao
automóvel particular, vinculando a acessibilidade daquele empreendimento ao modo de
transporte que mais ameaça a qualidade e a sustentabilidade ambientais.
Além disso, ainda argumenta que tal procedimento é contraditório com um
princípio de planejamento de transporte (divisão modal) que, a cada dia, assume maior
importância, dada a orientação atual da política de transporte pela multimodalidade.
Afinal, em sendo a cidade adaptada ao uso do automóvel, as modalidades coletivas
acabam por não poderem cumprir seu potencial papel de indutoras de desenvolvimento
urbano sustentável.
Para grandes empreendimentos urbanos, voltados para o consumo de bens e
serviços como shopping centers, o problema é que o estímulo ao uso do automóvel
juntamente com a falta de prioridade em investimentos em transporte coletivo, torna-se
prejudicial para os negócios, uma vez que o modelo de oferta de acesso, contemplado
pela legislação urbanística, contribui para os congestionamentos em seu entorno e,
conseqüentemente, para a perda de demanda3 . A lógica do acesso via automóvel,
necessária à realização das atividades dos cidadãos, precisa ser interrompida.
Nesse contexto, para MEYER e MILLER apud LENTINO (2005) “o grande
desafio para os planejadores é, portanto, entender as dinâmicas do sistema de
atividades urbanas e sua relação com o sistema de transporte, além da compreensão
da definição e dos padrões das atividades urbanas, em sua relação com a geração de
viagens”.
MARTINS E BODMER (2001) alertam para a necessidade de se vincular outras
formas de acesso aos empreendimentos urbanos, principalmente aos chamados Pólos
3
Sanjad (2003) identificou que, do ponto de vista dos incorporadores imobiliários, para imóveis comerciais, a
acessibilidade é o principal atributo locacional.
5
Geradores de Tráfego, que por seu porte e tipo de uso atraem um grande número de
viagens motorizadas e, portanto, geram impactos negativos na circulação de seu
entorno.
Vincular a oferta de benefícios extras ao produto-serviço central (de qualquer
atividade econômica) caracteriza, segundo KOTLER apud MARTINS E BODMER
(2001), o produto-serviço ampliado.
1.4 ABORDAGEM PROPOSTA POR MOBILE
Atualmente, com a instabilidade econômica e as organizações suscetíveis às
mudanças no mercado e às exigências sociais, olhar além das meras linhas de
Produtos-Serviços definidas em função das competências (ou atividades) centrais
garante um foco estratégico sustentável e, em longo prazo, uma adaptabilidade às
condições modificadas (BODMER, 2004).
A relevância deste trabalho encontra-se na investigação para subsidiar
estratégias de marketing na busca pelo desenvolvimento sustentável das cidades,
através da adoção do produto-serviço ampliado como medida de ação integradora de
políticas de transporte e uso e ocupação do solo.
Neste caso, o produto-serviço ampliado pode ser definido a partir do produtoserviço central definido pela atividade econômica específica (compras de algum tipo de
bem) tendo em transporte seu complemento, ou seja, o transporte é interpretado como
produto-serviço complementar - a acessibilidade representa o valor adicional.
Do ponto de vista gerencial do operador de transporte, quando o objetivo
principal é tornar o transporte coletivo mais atraente, essa relação pode ser inversa, ou
seja, o transporte é interpretado como produto-serviço central que passa a receber valor
adicional fornecido pela outra atividade econômica (outro modo de transporte ou
compras, por exemplo), que assume o papel de produto-serviço complementar – as
razões pelas quais as pessoas se deslocam representam o valor adicional e facilitador
de consumo.
A proposta de gestão baseada em parcerias estratégicas, na abordagem do
Grupo Móbile, define as principais funções produtivas (comércio e serviços), de
6
acessibilidade (transporte) e de gestão (direção e desenvolvimento), todas elas voltadas
para as necessidades do cidadão-cliente.
Considerando a estrutura tripartite (gestão, consumo e produção) busca-se,
através do marketing de relacionamento, um equilíbrio de interesses e negociação de
conflitos.
O shopping center, por exemplo, assumiria um papel integrador de atividades,
até então não cogitadas, para aumentar a qualidade de vida da população e,
conseqüentemente, aumentar sua própria atratividade para os clientes. MARTINS E
BODMER (2001) ressaltam que na administração contemporânea, os empreendimentos
de melhor desempenho são aqueles que mostram a capacidade de coordenar
atividades de serviços, redes de fornecedores e relações inter-setoriais.
Assim, como mostra a figura 1 abaixo, vários agentes econômicos colaboram, no
sentido de atender às necessidades dos cidadãos-clientes.
7
NÚCLEO DE PESQUISA E
FORNECEDORES DE
DESENVOLVIMENTO
TECNOLOGIA
MATERIAL
INCORPORADOR/
CONSTRUTOR
LOJISTAS,
COMERCIANTES E
PRESTADORES DE
EMPRESAS OU
COOPERATIVAS DE
SERVIÇOS
TRANSPORTE
OUTRAS EMPRESAS
ENTIDADES
PODER PÚBLICO
Figura 1 - Interação dos agentes econômicos em torno do cidadão-cliente
O incorporador/construtor beneficia os cidadãos-clientes ao vincular à atividade
central do seu negócio, modalidades de transporte coletivo efetivas (porque baseadas
nos seus atributos preferenciais) e necessárias à realização das suas atividades.
Também é beneficiado ao fidelizar, através desse modelo de gestão, cada vez mais
cidadãos-clientes associados.
Os lojistas, comerciantes e prestadores de serviços privilegiam os cidadãosclientes ao ofertarem descontos e promoções em contrapartida ao uso do transporte
coletivo vinculado, ao mesmo tempo em que estão atraindo demanda para seu negócio
8
ao perceberem a oportunidade de fidelizar seus próprios clientes ampliando sua área de
influência e tornando-se mais competitivo.
As empresas ou cooperativas de transporte oferecem aos cidadãos-clientes
serviços diferenciados de acordo com suas preferências possibilitando a troca do
transporte individual pelo transporte coletivo ambientalmente sustentável ou oferecendo
um serviço coletivo superior ao atualmente utilizado. Este sempre é vinculado à
realização da cadeia de atividades dos cidadãos-clientes, e por isso com potencial de
consolidar e aumentar sua demanda.
A qualidade do serviço de transporte depende também dos seus fornecedores
(material rodante, energia, bilhetagem eletrônica, etc) e por estar associada aos seus
custos, a atuação desses agentes influencia em muito o resultado final assim como
demonstrado no trabalho de MARTINS et al. (2001).
Além dos “produtores” ora mencionados precisa-se levar em consideração a
atuação do poder público que por ser responsável pela regulação (seja do uso e
ocupação do solo, seja da estrutura e operação de transporte) exerce papel catalisador
na formação de redes da gestão da mobilidade integrada.
Outras empresas e entidades (Ministério Público, Associações Comunitárias e
ONGs) possibilitam à população a defesa dos seus direitos quanto aos cidadãosclientes.
Finalmente, cabe ao Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento acompanhamento
e aprimoramento da gestão da mobilidade, através desse modelo de gestão intersetorial. Este busca conhecer, através de pesquisas junto aos cidadãos-clientes, seus
hábitos e preferências de escolha em atitudes envolvidas na realização de suas
atividades, de modo a dar subsídios ao planejamento integrado de uso e ocupação do
solo e transporte. É a partir dessas pesquisas que se desenvolve a presente
investigação.
9
1.5 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é conhecer, através da exploração de um banco de
dados4, os hábitos de viagens associados aos hábitos de consumo de bens e serviços,
os atributos de escolha modal e os atributos de escolha do local para a realização
dessas atividades. Assumindo a hipótese de que o comportamento dos cidadãosclientes não é homogêneo, quando levado em consideração o seu engajamento em
diferentes atividades, dependendo de uma série de condicionantes, procura-se
identificar os diferentes padrões de comportamento (tipo de atividade e freqüência de
sua ocorrência) e as preferências individuais (atributos de escolha do local e de
transportes) em função das características sócio-econômicas da população investigada.
Isso significa verificar quais são os atributos de escolha considerados pelos cidadãosclientes que poderiam ser relevantes para determinados padrões de comportamento,
representados pelo tipo e pela freqüência de envolvimento em diferentes atividades de
consumo.
O conhecimento destes padrões e preferências pode contribuir para a
consolidação da proposta do Grupo Móbile que desenvolve instrumentos para o
gerenciamento estratégico de hábitos de viagens, visando integração das alternativas
de transporte e das atividades urbanas (BODMER, 2004). Nesta abordagem procura-se
aumentar a atratividade de transporte coletivo para diferentes segmentos da população,
sejam eles seus usuários habituais ou não, e acaba sendo útil para promover uma
divisão modal e um desenvolvimento urbano ambientalmente, economicamente e
socialmente mais sustentável.
1.6 METODOLOGIA
A metodologia utilizada para realização desse trabalho baseia-se em duas
etapas: revisão bibliográfica e análise de dados com objetivo de identificação das
diferenças e das semelhanças relacionadas às preferências de escolha das diferentes
categorias dos cidadãos-clientes.
A revisão bibliográfica foi realizada para situar o tema e fundamentar a análise
de dados. Nesse sentido, abordam-se o conceito da atividade de consumo de bens e
serviços e sua relevância quase que determinante do estilo de vida dos cidadãos
4
Construído originalmente para estudo realizado sob encomenda do BNDES (MARTINS E BODMER, 2002)
10
contemporâneos e as variáveis mais utilizadas na segmentação de mercado para
abordar o comportamento dos consumidores, considerando os aspectos sociais,
culturais e econômicos.
Nesta etapa são também abordados os locais mais expressivos para a prática
da atividade de consumo com a política de acesso privilegiando o uso de automóvel.
Procede-se também a revisão dos estudos dedicados ao processo de escolha
dos usuários de transporte e aos atributos modais com a finalidade de definir os
atributos que de fato possam ter aproveitamento analítico no presente estudo.
A partir da compreensão da importância das atividades de consumo nas
sociedades contemporâneas, prossegue-se com análise de dados. A base de dados
utilizada nesse trabalho representa uma amostra da pesquisa realizada em 2001 em
nove Regiões Metropolitanas brasileiras (Belém, Natal, Maceió, Aracajú, Salvador,
Vitória, Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre) e coordenada e relatada por
MARTINS E BODMER (2002). A população foi investigada visando cumprir os objetivos
da pesquisa encomendada, na época, pelo BNDES, que visava revitalizar o transporte
aquaviário nestas localidades. Esta base é, portanto, composta por uma população
mais abrangente do que o necessário para cumprir os objetivos da dissertação aqui
apresentada.
Cabe ressaltar que, embora a base de dados contenha as informações sobre
6.158 residentes de nove regiões metropolitanas, os resultados gerados não pretendem
retratar a realidade brasileira como um todo ou de alguma região específica. Entretanto,
busca-se identificar algumas tendências de preferências dos cidadãos-clientes típicas
às atividades de consumo.
Nesse sentido, a partir de um trabalho de organização de dados, essa base foi
agregada, única e exclusivamente, para buscar correlação entre as razões de escolha
modal e local na realização de atividades de consumo e as diferentes características
socioeconômicas dos consumidores e contém, entre outras informações, os
critérios/razões de escolha dos cidadãos-clientes, no que tange às localidades de
diferentes tipos de consumo e as modalidades de deslocamento utilizadas para
consumir, levando-se em consideração a freqüência com que cada atividade é
realizada.
11
O esquema apresentado na figura 2 mostra a estrutura de dados utilizada na
análise.
BASE INICIAL
(BNDES)
LOCALIDADES
ÁREAS BANHADAS POR RIO OU
MAR PERTENCENTES ÀS
SEGUINTES REGIÕES
METROPOLITANAS:
RM (no de casos)
BELÉM (760)
NATAL (449)
MACEIÓ (459)
ARACAJU (518)
SALVADOR (444)
VITÓRIA (521)
RIO DE JANEIRO (1756)
FLORIANÓPOLIS (540)
PORTO ALEGRE (711)
VARIÁVEIS
(Consideradas na análise)
CARACTERÍSTICAS SÓCIO-ECONÔMICAS
Faixa etária
Sexo
Estado civil
Presença de filhos
Trabalha (=economicamente ativo)
Ocupação
Faixa de renda
Posse de automóvel
ATIVIDADES DE CONSUMO
Compra de alimentos
Compra de material de limpeza
Compra de roupas e calçados
Cursos
Serviços de estética
FREQÚÊNCIA
Diária
Semanal
Mensal
Rara
ATRIBUTOS ESCOLHA DO LOCAL DAS ATIVIDADES
ATRIBUTOS ESCOLHA MODAL
Proximidade de casa
Marca ou nome
Preço
Facilidades
Diversidade
Proximidade à atividade principal
Tempo de espera
Tempo de viagem
Preço
Segurança
Conforto
Freqüência
Proximidade à origem e ao destino
Proximidade ao ponto
Único meio
MODOS UTILIZADOS (AGREGADOS)
Ônibus, van, metrô ou trem e barca – coletivo
Bicicleta ou a pé – não motorizado
Carro ou táxi – individual motorizado
Figura 2 – Estrutura de dados preparada para análise
12
A estrutura adotada na metodologia de análise é dividida em duas partes:
ƒ
ANÁLISE DESCRITIVA: descreve-se a população investigada através de suas
características sócio-econômicas;
ƒ
ANÁLISE EXPLICATIVA: pretende-se contribuir para explicação do comportamento
das pessoas quando essas escolhem o local de compras, através das razões de
escolha declaradas, identificando algumas diferenças comportamentais dos
consumidores no que diz respeito a atributos mais relevantes relativos às
atividades específicas e aos modos de transporte por eles utilizados. Verificamse aqui algumas hipóteses investigativas (específicas para cada tipo de
atividade em função da sua natureza) que podem indicar uma correlação entre
as razões de escolha e determinadas categorias sócio-econômicas.
A principal questão levantada nesse trabalho relaciona-se aos atributos que
norteiam as razões de escolha do modo e do local para as atividades de consumo
buscando detectar tendências comportamentais de diferentes indivíduos, segundo suas
características sócio-econômicas, considerando a natureza da atividade e a freqüência
com que ela é realizada.
As atividades de consumo em tela, contidas na base de dados, referem-se à
compra de alimentos, de material de limpeza e de roupas e calçados, cursos, atividades
físicas e sociais, serviços de estética e gastronomia. Neste trabalho não serão tratadas
as atividades físicas, sociais e gastronomia que são objeto de investigação da
dissertação de SOUZA (2006). Cabe ressaltar que NASCIMENTO (2006), também, se
utiliza desse material para buscar a identificação das preferências relacionadas aos
estudantes.
O perfil da população estudada é definido através de suas características sócioeconômicas e demográficas que se referem à faixa etária, sexo, estado civil, presença
de filhos na família, condição de atividade econômica (status de trabalho), ocupação,
faixa de renda e posse de automóvel.
Os atributos preferenciais relacionados à escolha do local referem-se à
proximidade de casa, marca ou nome, preço, facilidades, diversidade e proximidade à
atividade principal.
13
Os atributos utilizados para a investigação acerca da escolha modal referem-se
ao tempo de espera, tempo de viagem, preço ou tarifa, segurança, conforto, freqüência,
proximidade à origem e ao destino, proximidade ao ponto, único meio.
Optou-se por agregar os modos de transporte utilizados nos deslocamentos,
uma vez que pouco interessa desagregação específica inerente a cada localidade ou
cidade (principalmente nos modos coletivos), além de obtenção de maior significância
estatística. Os deslocamentos realizados através de ônibus, van, metro ou trem e barca
foram agrupados e classificados como transporte coletivo, os realizados de bicicleta ou
a pé como não motorizados e os realizados através de carro ou táxi, como individual
motorizado.
O procedimento da análise é respaldado por CURRIM e ANDREWS (2003) e
leva à duas possibilidades de segmentação. Na primeira, definem-se, a priori, os
segmentos
sócio-econômicos
de
consumidores
para,
depois,
verificar
se
o
comportamento em relação à escolha preferencial dos conjuntos de atributos é
semelhante. Na outra, definem-se, a priori, os atributos de escolha representativos que
são confrontados com as diferentes características sócio-econômicas para identificar se
há semelhanças ou diferenças comportamentais. São essas diferenças que determinam
perfis comportamentais dos segmentos de consumidores.
Neste trabalho, optou-se pela segunda opção, ou seja, por relacionar a atividade
de consumo aos atributos de escolha local e de escolha modal, tendo em vista modos
de transporte adotados para, posteriormente, associá-los às diferentes características
socioeconômicas e buscar assim uma tipologia de consumidores.
A metodologia utilizada para o procedimento da análise pode ser vista na figura
3, sendo cada atividade tratada separadamente, o que pode ser visto nos capítulos de
análises específicas. Como cada atividade tem natureza e especificidades distintas,
estas têm que ser levadas em consideração. Uma das características importantes é a
freqüência com a qual os indivíduos se envolvem em cada atividade. É por isso que
esta acaba sendo utilizada como um critério para primeira segmentação na análise,
criando-se assim tipologias específicas de freqüências inerentes às atividades
estudadas.
Para a análise das preferências, algum tipo de freqüência (diária, semanal,
mensal ou rara) pode ser descartado em função do comportamento específico
14
decorrente da natureza da própria atividade. As tipologias adotadas em cada atividade
podem ser vistas nos procedimentos específicos apresentados antes da análise
propriamente dita.
ATIVIDADE
ALIMENTOS
LIMPEZA
ROUPAS / CALÇADOS
CURSOS
ESTÉTICA
FREQUÊNCIA
DIARIAMENTE
SEMANALMENTE
MENSALMENTE
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DA
LOCALIDADE
MODO
UTILIZADO
RARAMENTE
VARIÁVEIS
SOCIOECONÔMICAS
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
FAIXA ETÁRIA
SEXO
ESTADO CIVIL
FILHOS
TRABALHA
OCUPAÇÃO
RENDA
POSSE
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DE MODO
Figura 3 Metodologia utilizada para análise
15
Os atributos de escolha do local e do modo utilizado são relacionados com as
características sócio-econômicas dos entrevistados, permitindo identificar diferentes
segmentos sócio-econômicos de consumidores através do seu comportamento de
escolha.
Finalmente, há uma preocupação em chegar a uma síntese dos resultados que
consiste em caracterização do(s) segmento(s) mais relevante(s) que acabam sendo
definidos pelo perfil socioeconômico e pelas preferências reveladas através dos
atributos. Tendo em vista que os atributos apresentam complementaridade, surge
necessidade de agrupá-los, aproveitando trabalho de SOUZA (2006), inspirada em
VILLAVICÊNCIO (2004), que agrupou os atributos locacionais e modais definindo
dimensões que serão adotadas também no presente trabalho (vide a figura 4).
16
ATRIBUTOS
LOCACIONAIS
Proximidade de
casa
Proximidade da
atividade principal
DIMENSÕES
ESPACIAL
Preço
ECONÔMICA
Diversidade
Facilidades
Marca/nome
QUALIDADE
ATRIBUTOS
MODAIS
DIMENSÕES
Tempo de viagem
Tempo de espera
Freqüência
TEMPORAL
Proximidade do
ponto
Proximidade
origem/destino
ESPACIAL
Preço
ECONÔMICA
Conforto
Segurança
QUALIDADE
Único meio
DEPENDÊNCIA
Figura 4 Dimensões relacionadas aos atributos
17
1.7 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Pretende-se aqui apresentar, com intuito de proporcionar melhor entendimento,
a estrutura de organização do presente trabalho. Optou-se assim por estruturá-lo em
duas partes explicadas a seguir:
CAPÍTULO 1 - APRESENTAÇÃO
Neste capítulo é feita a apresentação do tema e do objeto de investigação,
revelando sua inserção na proposta do Grupo de Pesquisa Móbile. São aqui também
apresentados o problema e os objetivos pertinentes à investigação, bem como a
metodologia utilizada para alcançá-los.
PARTE I – REVISÃO TEÓRICA
CAPÍTULO 2 - CONCEITUAÇÃO DE CONSUMO E SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA MODERNA
Este capítulo tem o objetivo de proporcionar melhor compreensão e
entendimento sobre a atividade de consumo, sua importância, abrangência e
conseqüências na vida moderna. Trata, também, dos locais típicos onde essa atividade
é realizada e de como o acesso à elas é ofertado. Em seguida são esclarecidas a
natureza dos bens e serviços e como, através de estratégias de marketing, seria
possível prolongar seu ciclo de vida.
CAPÍTULO 3 - CONSUMIDORES E SEU COMPORTAMENTO
O presente capítulo faz uma revisão das teorias relacionadas ao comportamento
dos consumidores, o que representa parte essencial da análise de mercado.
Apresentam-se aqui as possibilidades de segmentação com intuito de mostrar algumas
tipologias de consumidores obtidas através de variadas técnicas de segmentação de
mercado e, comentam-se, também, algumas práticas empresariais. Destacam-se
algumas considerações relevantes para análise.
18
CAPÍTULO 4 - ALTERNATIVAS DE ACESSO ÀS ATIVIDADES DE CONSUMO
Este capítulo trata da importância do transporte no acesso às atividades de
consumo, o uso atual dos modos de transporte nas viagens urbanas e suas
conseqüências para a cidade e seus habitantes. Reconhece-se, também, aqui a lacuna
existente entre as necessidades e expectativas dos consumidores em relação aos
serviços de transporte ofertados. Ressalta-se, ainda, a importância do conhecimento de
seus hábitos e necessidades, estas reveladas através de valoração de um elenco de
atributos de escolha, cujo conhecimento deve representar subsídios para elaboração de
estratégias de marketing que viabilizem oferta de serviço efetivo.
PARTE 2 – ANÁLISE E CONCLUSÕES
CAPÍTULO 5 - ANÁLISE DE COMPORTAMENTO DE ESCOLHA DOS CONSUMIDORES
RELACIONADO ÀS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO PRIMÁRIA
Neste capítulo apresentam-se os principais atributos de escolha local e dos
modos de transporte relacionados à compra de alimentos e material de limpeza e
higiene pessoal, associando-os às características socioeconômicas dos consumidores
com intuito de identificar semelhanças e diferenças comportamentais.
CAPÍTULO 6 - ANÁLISE DE COMPORTAMENTO DE ESCOLHA DOS CONSUMIDORES
RELACIONADO ÀS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO SECUNDÁRIA
Aqui são também apresentados os principais atributos de escolha do local e dos
modos de transporte relacionados à compra de roupas e calçados, cursos e serviços de
estética,
relacionando-os
também
às
características
socioeconômicas
dos
consumidores, buscando identificar semelhanças e diferenças no comportamento.
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este capítulo apresenta uma síntese de cada atividade abordada, possibilitando
análise comparativa entre perfis de consumidores e suas preferências relacionadas ao
local e ao modo de transporte utilizado, quando realizam suas atividades de consumo.
19
Finalmente, em decorrência dos resultados das análises realizadas, recomendam-se
alguns temas que possam nortear estudos futuros.
20
PARTE 1 – REVISÃO TEÓRICA
2
CONCEITUAÇÃO DE CONSUMO E SUA IMPORTÂNCIA NA VIDA MODERNA
2.1 APRESENTAÇÃO
Este capítulo tem o objetivo de proporcionar melhor compreensão e
entendimento sobre a atividade de consumo, sua importância, abrangência e
conseqüências na vida moderna, bem como revelar como tem sido abordada a
acessibilidade aos locais onde ocorrem essas atividades de maneira expressiva no
atual contexto social.
Ao longo da história a realização da atividade do consumo veio se alterando e,
em cada sociedade, teve e tem um significado. Essas variações advêm de mutações da
organização social.
Atualmente, a produção em massa, agregada a intensivos campanhas de
marketing e à busca de diferenciação individual em uma sociedade globalizada, faz com
que os hábitos de consumo representem uma maneira de diferenciação individual e de
grupos.
Porém, quando os hábitos de consumo não só dos bens e serviços, mas
também do espaço coletivo que viabiliza a sua realização (porque propicia
deslocamentos), passam a afetar a sociedade como um todo, surge a necessidade de
reavaliar a gestão da produção, da distribuição e do próprio consumo.
A “evolução” ou mudança em como se busca soluções para efetivar o consumo
nas sociedades contemporâneas deve considerar que, para responder às questões
colocadas por essa sociedade (sustentabilidade ambiental, social e econômica), é
preciso considerar não apenas a atividade quando da sua realização (consumo
individual de bens e serviços), mas também, o seu acesso que se dá através da
utilização do espaço/meio coletivo (necessário para sua realização), de modo a garantir
(e não restringir) a mobilidade para todos de forma mais efetiva e sustentável.
É por isso que, no século XXI, as pesquisas relacionadas ao consumo devem
abordar, além do processo de realização dessa atividade, os aspectos ligados ao seu
acesso.
Como a cidade representa um conjunto de atividades sócio-econômicas
distribuídas no espaço e no tempo, para planejar a localização das suas atividades
21
deve-se buscar um vínculo com o planejamento de transportes, provedor de acesso às
mesmas. Assim o consumo precisa ser efetivamente atrelado à acessibilidade.
2.2 HISTÓRICO SOBRE O CONSUMO E SUA RELEVÂNCIA DA VIDA MODERNA
Pretende-se aqui caracterizar, em linhas gerais, o processo evolutivo da
atividade de consumo bem como demonstrar a sua relevância para os indivíduos
integrantes das sociedades contemporâneas.
Para SOARES (2000) o mito de origem do processo histórico-cultural da
construção da sociedade capitalista é a Revolução Industrial, onde, a partir dela, passou
a fazer sentido trabalhar e acumular e, conseqüentemente, naturalizar essas duas
atitudes como sendo as diretrizes básicas da vida humana.
Já ROCHA et al. (1999) apud FERREIRA (2002) relata que podemos localizar
três momentos importantes na discussão sobre o consumo. Para o autor, o primeiro
momento se dá no início do século XX, com os trabalhos de VEBLEN (1965) e MAUSS
(1988). O segundo, nas décadas de 60 e 70 com as publicações de BAUDRILLARD
(1991 e 1987) e SAHLINS (1972 e 1979) e de DOUGLAS E ISHERWOOD (1978). O
terceiro, por fim, na década de 80, com os trabalhos de CAMPBELL (1987),
McCRACKEN (1998) e ROCHA (1995 e 2001).
FERREIRA (2002) relata que VEBLEN (1965) foi o primeiro a investigar, com
maior profundidade, o ato do consumo, procurando seu significado sócio cultural, e não
se limitando à sua visão utilitarista. Segundo relata o autor, remontando à cultura
bárbara, Veblen destaca o papel da ocupação como definidora da divisão de classes: as
mais abastadas dedicavam-se às ocupações que lhes conferiam honra e estima como
atividades governamentais, guerreiras, religiosas e esportivas. Já às inferiores,
restavam as ocupações produtivas ou industriais.
“... a desnecessidade conspícua de trabalhar se torna a marca convencional de
uma superior realização pecuniária e do índice aceito de respeitabilidade: de outro lado,
torna-se o trabalho inconsistente com uma posição respeitável na comunidade, já que o
trabalho produtivo é a marca de pobreza e de sujeição.” VEBLEN (1965).
22
Neste cenário, o ócio era relacionado ao dispêndio de tempo em atividade não
produtiva, tanto pela indignidade atribuída à sua realização como para mostrar a
capacidade pecuniária de viver uma vida inativa.
FERREIRA (2002) argumenta que o ócio conspícuo é uma das exigências da
emulação (competição, rivalidade), que por sua vez é a base para o surgimento da
propriedade e, através dos estudos de VEBLEN (1965), relata que a forma mais
primitiva de propriedade foi aquela que tinha os homens capazes sobre as mulheres e
que a partir daí, também sobre os bens produzidos por ela.
Conforme é relatado, à medida que a sociedade passa à fase da organização
industrial, a posse perde o caráter de prova de sucesso guerreiro para servir de
instrumento de comparação. Com o progresso, as oportunidades de distinção pela força
decaem em prol da diferenciação pela acumulação de riquezas. Estas passam a ser,
por elas mesmas, significado de honra ao seu possuidor, não sendo mais significativo
seu caráter de prova de eficiência pessoal.
Neste contexto, o fator determinante do consumo não está ligado à subsistência
e sim à acumulação garantidora de destaque e prestígio na comparação entre os
indivíduos. Para FERREIRA (2002), o ócio e o consumo conspícuos são os meios dos
indivíduos demonstrarem sua força pecuniária e, baseado nos estudos de VEBLEN
(1965), relata que o fator determinante do comportamento de consumo das culturas
mais primitivas – a emulação social – permanece atuante na sociedade de sua época,
resguardadas, obviamente, as alterações que o passar do tempo lhe impingiu.
De forma semelhante, segundo é relatado por FERREIRA (2002), MAUSS
(1988) vê uma permanência de significados nas situações de troca realizadas tanto por
sociedades primitivas como pela sociedade atual. Através de seus estudos, revela que
nas culturas primitivas os processos de troca são manifestações do coletivo, associadas
aos rituais que atribuem significados muito mais complexos à circulação de riquezas.
O autor relata que nas culturas em que focou sua pesquisa as transações
embutem uma noção de honra, segundo a qual, o recebimento de um presente gera
uma dívida de honra para com o donatário e seu prestígio vai ser medido de acordo
com os gastos e a qualidade envolvidos nessa retribuição, onde, muitas vezes o valor
do presente poderia ser tão alto que não seria passível de retribuição, elevando assim a
classe social do ofertante e de seu grupo.
23
Comenta ainda sobre a semelhança dessas práticas com alguns processos de
troca realizados na sociedade atual, onde se observam famílias modestas realizando
grandes festas, mesmo que os gastos envolvidos pareçam completamente irracionais e
incompatíveis com a sua realidade econômica. Assim, para o autor, as trocas vão muito
além da razão utilitária, trocam-se bens intangíveis, que a lógica econômica não explica.
O autor relata que SAHLINS (1972) também não restringiu a natureza do
problema apenas ao campo econômico e o trouxe para um contexto mais amplo ao
realizar estudos acerca das economias primitivas (baseadas na caça e na colheita) e
revelar a diferença entre os povos e sua forma de organização. Seu argumento principal
é a refutação da idéia de que as economias das sociedades primitivas eram economias
de subsistência.
Segundo consta, para SAHLINS (1972), na verdade as economias primitivas
eram originalmente ricas (affluent society), uma vez que todos os desejos materiais
eram atendidos. A diferença entre as interpretações reside em analisar o padrão de vida
dessas sociedades, tomando como parâmetro o modo de vida burguês, como se
indivíduos dotados de técnicas produtivas rudimentares fossem capazes de reproduzir
padrões de produção, consumo e acumulação de riquezas comparáveis aos da era pósRevolução Industrial.
Como argumenta o autor, no caso das sociedades primitivas, restringidas por
condições naturais e técnicas limitadas, a mobilidade torna-se o fator preponderante na
decisão de consumo, a escolha do próximo local de extração ou de consumo era
fortemente pautada também pelos atributos do trajeto (segurança, menor percurso,
menor esforço, etc.). O local era escolhido pelo trajeto que fornecesse melhores
atributos relacionados à mobilidade.
Entretanto, esse fato passa despercebido nas interpretações economicistas,
embebidas na visão evolucionista de que tais sociedades representam uma versão
atrasada da nossa própria sociedade.
Nas sociedades contemporâneas, apesar da mobilidade continuar a ser um fator
preponderante na decisão de consumo (em outro contexto, obviamente) e também na
escolha do local e do modo de transporte a ser utilizado na sua realização, o
planejamento urbano não é concebido agregado ao planejamento de transportes, por
24
causa também, de uma visão economicista que reduz a complexidade da atividade de
consumo à relação oferta e demanda de produtos e serviços.
No segundo momento, FERREIRA (2002) adota a descrição realizada por
ROCHA (1999) onde SAHLINS (1979) discute se as culturas humanas são formadas a
partir de suas atividades práticas, ou seja, derivam-se da atividade racional dos
indivíduos na perseguição dos seus melhores interesses.
Para os autores os seres humanos não produzem apenas para atender suas
necessidades físicas, mas através da atividade produtiva eles reciprocamente definem
os objetos em termos de si mesmos e definem a si próprios em termos de objetos. Ou
seja, a produção é mais do que uma atividade material, para SAHLINS (1979) ela é um
momento funcional de uma estrutura cultural, refletindo o esquema classificatório da
sociedade e atuando como uma instância de atribuição de significado aos bens, relata o
autor.
DOUGLAS E ISHERWOOD (1978) apud FERREIRA (2002), por sua vez,
percebem que na teoria econômica o consumidor é considerado um ser racional, cuja
decisão de consumir bens se dá em função do nível de preços e da renda.
Porém, sob a ótica desses autores, os bens têm uma função dupla: a de prover
subsistência e a de promover relações sociais. O consumo é a produção conjunta de
um universo de valores e se utiliza dos bens e serviços para tornar firme e visível um
conjunto específico de julgamentos no processo de classificar pessoas e eventos,
representa uma indicação na hierarquia de valores dos consumidores, e nas sociedades
atuais, é utilizado também para auto-representação de um indivíduo para com o grupo
que pertence ou deseja pertencer.
Para FERREIRA (2002), CAMPBELL (1987) é mais radical em sua crítica
quando diz que os estudos sobre a atividade do consumo, a partir de VEBLEN (1965),
não se detiveram na questão central do consumo moderno, a insaciabilidade do
consumidor, ou o contínuo desenvolvimento de novos desejos, refletindo-se em uma
demanda constante por novos bens e serviços.
Seu objetivo é entender a lógica do consumo contemporâneo, que segundo ele,
origina-se na segunda metade do século XVIII, com a mudança dos hábitos de
consumo da classe média em direção a uma propensão em consumir mais elevado, a
partir da criação contínua de novos desejos. O autor denomina esse movimento, de
25
grande alteração dos padrões de consumo, de revolução do consumo, e afirma que
este representou uma contrapartida necessária à sustentação das novas escalas de
produção estabelecidas pela Revolução Industrial.
Essa revolução do consumo, ou o desejo de consumir cada vez mais, presente
nas sociedades contemporâneas, tem em muito colaborado para a insustentabilidade
das cidades, uma vez que os recursos são esgotáveis e determinadas formas de
produção e utilização desses recursos e do espaço criado para isso, contribuem para
queda de níveis de qualidade necessários ao meio ambiente.
CAMPBELL (1987) apud FERREIRA (2002) ainda revela que o desejo de
consumo, espelhado na forte demanda por bens de luxo, está associado ao surgimento
de novos valores que permitiram a ocorrência de um novo padrão de consumo e está,
intimamente, relacionado ao hábito de criar situações fantasiosas, de se imaginar
vivendo momentos irreais de prazer. Para o autor isto é o que caracteriza o hedonismo
moderno e o consumo real é pura conseqüência desse hedonismo, da busca pela
reprodução na vida real do prazer obtido com a situação criada pela imaginação. Cada
novo produto é visto como oferecendo a possibilidade de realizar essa ambição.
O autor relata que, associando o padrão de comportamento moderno de
consumo ao hedonismo imaginativo, CAMPBELL (1987) acredita ter alcançado a lógica
pela qual os consumidores elaboram seus desejos. Para ele o desejo de consumir é
originado na liberdade de imaginação e da busca pelo prazer, que agregado à
insatisfação com o mundo real e a voracidade pelos momentos irreais de prazer vão
resultar na insaciabilidade do consumidor.
McCRAKEN (1988) identifica três momentos de grande importância para a
história do consumo, seja pelo grande boom de consumo verificado em cada um deles,
seja pelo novo caráter que essa atividade passa a apresentar a partir desses episódios.
O primeiro momento ocorre no final do século XVI quando se estabelece entre a
nobreza da Inglaterra elizabetana uma disputa social pelo reconhecimento inerente a
sua posição de classe, o que levava a um alto padrão de consumo conspícuo, utilizado
também como instrumento de políticas governamentais para expressar a legitimidade
da monarquia e para fortalecer a lealdade e devoção à rainha através da necessidade
de gastos destinados a esse fim.
26
O segundo momento ocorre no século XVIII com o nascimento da sociedade de
consumo e o início da cultura de consumo contemporâneo. Os principais motivadores
desta expansão estão na emulação e busca pela ascensão vertical na sociedade.
“O consumo passou a ser realizado mais freqüentemente, em mais lugares, sob
novas influências, por novos grupos, na busca de novos objetos, novas necessidades
culturais e sociais. Ele estava deixando de ter um pequeno papel na vida doméstica
para tornar-se uma grande atividade. O ocidente engajava-se em um grande
experimento, no qual cultura e consumo tornavam-se intrinsecamente ligados”.
McCRACKEN (1998).
O terceiro momento se dá no século XIX. Segundo relata o autor, este século
não merece destaque por ter apresentado um boom do consumo, e sim por ter assistido
à consolidação do consumo como fenômeno social permanente; após as profundas
transformações dos séculos XVI e XVIII, o consumo assume definitivamente uma
posição central na vida da sociedade moderna.
Os hábitos do consumo, nas sociedades contemporâneas, determinam e são
determinados pelo estilo de vida que as pessoas resolvam ter. Dentre a ampla
bibliografia acerca das definições do significado do estilo de vida, serão reveladas aqui
as que, de maneira mais efetiva, contribuem para a elucidação do tema no contexto
deste estudo.
FINOTTI (2004) apud MAIA (2002) traz uma ampla definição, considerando o
estilo de vida um conceito chave:
“... Os estilos de vida prendem-se com práticas quotidianas e formas de
consumo que envolvem escolhas particulares e identitárias em domínios tão díspares
como a habitação, a alimentação, os usos do corpo, o vestuário, a aparência, os hábitos
de trabalho, o lazer, a religião, a arte, a organização do espaço e do tempo ou o
convívio com outros atores sociais. Distintos e distintivos, com homologias ou
correspondências significativas a ligar as suas diversas componentes, os estilos de vida
tendem a configurar-se de forma coerente (Bourdieu) e a exprimir as identidades
pessoais e coletivas (Giddens)”.
O mesmo autor revela que GEORGE SIMMEL (1858-1918) foi um dos primeiros
sociólogos a empregar explicitamente a noção de estilo de vida. Segundo sua obra, a
modernização fomentou a impessoalidade das grandes metrópoles. Simultaneamente,
27
graças à expansão dos mercados, à complexidade da divisão do trabalho e à
diferenciação urbana, as possibilidades de escolha oferecidas aos atores sociais
multiplicaram-se. E é este incremento de opções que permite a esses atores adotar e
construir seus próprios estilos de vida e estes os individualizam e resguardam a sua
subjetividade, funcionando como uma espécie de proteção e de resistência face às
tendências retificadoras da sociedade de massas.
Segundo relata FINOTTI (2004), MAX WEBER (1864-1920) liga os estilos de
vida aos grupos de status e enquadra-os principalmente ao nível do consumo. Ele
propõe que as classes se organizam segundo as relações de produção e de aquisição
de bens, e o status segundo os princípios do consumo de bens específicos de cada
estilo de vida.
Embora condicionados pela classe social e pelas respectivas “possibilidades de
vida”, os estilos de vida resultam das “escolhas”, subsistindo num espaço considerável
de liberdade. Clarifica-se então, através do processo evolutivo da atividade de
consumo, a estreita ligação existente entre o estilo de vida dos cidadãos das
sociedades contemporâneas e as razões das escolhas que motivam seus hábitos de
consumo.
2.3 LOCAIS TÍPICOS DE CONSUMO E SUA ACESSIBILIDADE
Tendo em vista a relevância do consumo na vida dos cidadãos contemporâneos,
faz-se necessário abordar, neste trabalho, os locais típicos onde ocorrem essas
atividades bem como ressaltar a importância do acesso para sua realização.
Da revisão teórica acerca desses locais revelam-se os shopping centers e o
comércio aglomerado a céu aberto nos centros comerciais como principais destaques.
Segundo KOTLER E ARMSTRONG (1999) apud RICHE (2003) até a década de 1950,
os centros comerciais eram considerados a principal forma de agrupamento de
varejistas.
Esses autores ainda relatam que as grandes cidades possuíam um centro
comercial composto por lojas de departamentos, lojas de especialidades, bancos, e
outros e que determinados fatores sócio-econômicos refletidos na dinâmica espacial
das cidades acabaram por provocar uma queda nas vendas, fazendo com que alguns
varejistas optassem por shopping centers - um agrupamento planejado desenvolvido,
possuído e administrado com uma unidade, na tentativa de suprir essas deficiências.
28
Porém, devido aos altos índices de consumo e das variações das classes econômicas e
sociais, ambos os modelos convivem nas cidades, cada um com as suas
especificidades.
O conjunto de lojas que forma o aglomerado de varejo a céu aberto oferece os
mais variados bens e serviços e encontra-se espacialmente organizado de modo a
aproveitar as vantagens mercadológicas advindas da economia de aglomeração ou da
economia de escala, quando esse comércio se faz especializado. Exemplos claros
desse tipo de organização estão presentes no Saara, centro do Rio de Janeiro, na Rua
25 de Março, Rua Santa Ifigênia e Brás em São Paulo, Savassi em Belo Horizonte,
entre outros. Os aglomerados comerciais a céu aberto atraem grande número de
pessoas, como revela o estudo realizado por RICHE (2003).
Entretanto os grandes shoppings centers, desde seu surgimento até os tempos
atuais, continuam proliferando de uma maneira acelerada.
SANJAD (2003) revela que foi nos Estados Unidos que surgiram os primeiros
empreendimentos comerciais denominados shopping centers e que estes começaram a
ser construídos na década de 30, sendo seu modelo tão bem aceito pela população
local que se espalharam com grande velocidade pelo país, chegando, em pouco mais
de 60 anos, a mais de 45.000 empreendimentos.
Para SOARES (2000) as características mercadológicas que definem os
shopping centers estão em consonância com a tradicional noção norte-americana de
templos do consumo: espaços monopolizados pela necessidade de reprodução do
capital, e são nesses moldes que, segundo o autor, vão surgindo historicamente os
shoppings brasileiros.
Segundo SANJAD (2003), aqui no Brasil, os shoppings desembarcaram a pouco
mais de 40 anos através do shopping center do Méier (1965 - Rio de Janeiro) e do
Iguatemi (1966 - São Paulo), mas que foi a partir de meados da década de 70 que
começaram a se proliferar, principalmente no eixo Rio - São Paulo. Porém, o grande
boom destes empreendimentos só foi verificado nas décadas de 80/90, com tendência
atual ainda de crescimento acelerado, com o lançamento de dezenas de unidades em
todo o país.
Algumas definições acerca dos shopping centers serão aqui contempladas, entre
as quais a da Associação Brasileira de Shopping centers (ABRASCE):
29
“Empreendimentos constituídos por um conjunto planejado de lojas, operando de
forma integrada, sob a administração única e centralizada; compostos de lojas
destinadas à exploração de ramos diversificados ou especializados de comércio e
prestação de serviços; estejam os locatários lojistas sujeitos às normas contratuais
padronizadas, além de ficar estabelecido nos contratos de locação da maioria das lojas,
cláusula prevendo aluguel variável de acordo com o faturamento mensal dos
lojistas; possuam lojas-âncora (de forte atração de consumidores), ou características
estruturais e mercadológicas especiais, que funcionem como força de atração e
assegurem ao shopping center a permanente afluência e trânsito de consumidores
essenciais ao desempenho do empreendimento; ofereçam estacionamento compatível
com a área de lojas e correspondente afluência de veículos ao shopping center e por
último que estejam sob controle acionário e administrativo de pessoas ou grupo de
comprovada idoneidade e reconhecida capacidade empresarial”.
A Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping centers (ABRALSHOP) possui
definição semelhante à da ABRASCE, onde a principal diferença encontrada está no
fato de que a última considera um shopping aquele empreendimento em que o lojista é
o proprietário da loja, e não apenas locatário.
A ABRASCE também classifica os shopping centers brasileiros de acordo com o
tipo. Em primeiro lugar, norteado por esta definição, está o shopping regional ou aquele
que fornece mercadorias em geral e serviços completos e variados e que tem como
atrações principais os estabelecimentos âncoras tradicionais, lojas de departamentos de
descontos ou hipermercados. Um shopping regional típico é, geralmente, voltado para o
mall interno.
O shopping comunitário oferece um sortimento amplo de vestuário e outras
mercadorias. Entre as âncoras mais comuns estão supermercados e lojas de
departamentos de descontos. Entre os lojistas, algumas vezes, encontram-se varejistas
de “off-price”. Já o shopping de vizinhança é projetado para fornecer conveniência na
compra das necessidades do dia-a-dia dos consumidores.
Há também o shopping especializado, voltado para um mix específico de lojas
de um determinado ramo de atividades. Por último, o outlet center é composto por lojas
de fabricantes que vendem suas marcas com desconto, além de varejistas “off-price”,
enquanto que o festival center é aquele localizado em áreas turísticas e basicamente
voltados para atividades de lazer.
30
SOARES (2000) em seu trabalho relata mais duas definições: a da Gazeta
Mercantil, em sua publicação Panorama Setorial da Gazeta Mercantil – Análise Setorial:
Shopping centers (2000) em consonância com a ABRASCE:
“Empreendimentos do setor de serviços, com planos de mix que agrupam
conjuntos de lojas de ramos variados ou especializados de comércio e algumas lojas
com características mercadológicas especiais, que exercem um forte poder de atração
sobre o público”.
E a de ROCHA e CHRISTENSEN (1999): “Shopping centers (literalmente,
centros comerciais) são uma aglomeração de lojas, planejada de forma a atender amplo
conjunto
de
necessidades
do
comprador.
Contrapõem-se
às
aglomerações
espontâneas de lojistas. No shopping center, o número, o tamanho e os tipos de lojas
que irão compor o complexo são cuidadosamente planejados, e não deixados ao acaso
como no centro comercial espontâneo. Da mesma forma, planejam-se as áreas para
tráfego de clientes e de serviço e as áreas para estacionamento”.
SANJAD (2003) expõe em seu trabalho as definições do International Council of
Shopping centers (ICSC), entidade que reúne mais de 20 associações de shopping
centers ao redor do mundo: “são um grupo de estabelecimentos comerciais unificados
arquitetonicamente e construídos em terreno previamente planejado e desenvolvido, e
que deverá ser administrado como uma unidade operacional, sendo o tamanho e o tipo
de lojas existentes diretamente relacionados com a área de influência comercial...
devendo também oferecer estacionamento compatível com o conjunto de lojas
existentes no projeto”.
E do Urban Land Institute (ULI), órgão do governo americano que cuida das
políticas e de uso e ocupação do solo: shopping center é “um grupo de
estabelecimentos arquitetonicamente unificados em edifício construído sobre terreno
planejado... que provê estacionamento local em estreita conformidade com os tipos e
tamanhos das lojas que o integram”.
Segundo relata a Associação Brasileira dos Shopping centers (ABRASCE) o
conjunto dos shopping centers brasileiros apresenta um nível de qualidade que se
equipara ao dos países desenvolvidos e o Brasil é o décimo país do mundo em
quantidade de shoppings construídos. Desde a inauguração da primeira unidade, em
1966, o setor brasileiro de shopping centers apresenta um notável crescimento: o
31
número de unidades tem dobrado a cada cinco anos. A Indústria de Shopping centers
conta hoje com 258 shoppings, sendo 237 em operação e 21 em construção. Em 1983,
somente 15% dos empreendimentos estavam no interior do país. Hoje, este percentual
é de 46%.
Os 258 shoppings totalizam ABL (Área Bruta Locável) superior a 6.2 milhões de
m2, compreendendo mais de 40.365 lojas-satélite e 895 lojas-âncora. O conjunto dos
shoppings em operação apresentou a seguinte evolução de vendas nos últimos dois
anos: R$ 31,6 bilhões em 2003 e alcançando R$ 36,6 bilhões em 2004. As vendas dos
shoppings em 2003 representaram 18% do faturamento de todo o varejo nacional,
excluídos os setores automotivo e de derivados de petróleo.
Para a ABRACE, “a indústria de shopping centers vem demonstrando grande
vitalidade, contribuindo para o progresso da qualidade de vida (em muitos aspectos
duvidoso – observação nossa) no Brasil e desempenhando importante papel na
economia, como geradora de cerca de 480 mil empregos diretos e com expressiva
integração com a comunidade”. Os dados relativos à evolução dos shoppings filiados a
ABRASCE encontram-se no anexo A.
Segundo relata SOARES (2000) a partir dos anos 80 os shoppings centers se
chocaram com novas tendências no comportamento dos consumidores mais
conscientes de seus direitos e preocupados com a qualidade de vida e segurança nas
grandes cidades. Para ele, os principais aspectos que passaram a ser levados em
consideração nos shoppings foram o conforto, o lazer e a sociabilidade, o que levou a
uma divisão de tarefa de ancoragem: se antes isso era um atributo exclusivo das lojas
de departamento, atualmente empresas e marcas de lazer e diversão vem ocupando
esse espaço, vide presença de salas de cinemas, teatros, parques de diversão e as
próprias praças de alimentação. O autor revela que essa foi uma questão negligenciada
por algum tempo pelos empreendedores do ramo.
Em pesquisa realizada pelo instituto Research International, citada por SOARES
(2000), foi constatado que 91% dos shopping centers brasileiros possuem lojas de
entretenimento e lazer, desdobradas da seguinte maneira: 84% possuem salas de
cinema, dos quais 56% com salas convencionais, 21% com multiplex e 7% com ambos;
45% dos shoppings possuem parques internos e 4% possuem parques externos, os
jogos eletrônicos estão presentes em 38% dos shopping centers, enquanto apenas 6%
possuem uma sala de teatro.
32
Um outro ponto importante citado por SOARES (2000) foi encontrado em
publicação da revista Veja em 1998, que revela uma tendência em muitos shoppings
brasileiros onde novos serviços nunca imaginados em um shopping passam a ser
reconhecidos como atividades cotidianas importantes: prática de esportes, consertos
em geral, serviços médicos, cursos de idiomas, universidades, entre outras.
Já o trabalho de GOSS (1993), apresentado por SOARES (2000), discute o
shopping center como um espaço cívico, o que significa ressaltar a vitalidade dos
shoppings enquanto espaços públicos com a capacidade de gerar serviços à
população. Não se trata de apenas serviços ligados à finalidade dos shoppings, mas
aqueles que não são em última instância, promoção do consumo: correios, bibliotecas e
outros serviços governamentais são exemplos dessa possibilidade.
Tendo em vista a variedade de serviços e produtos oferecidos por um shopping
center, a relação existente entre eles pode ser expressa através do reconhecimento de
pertencer a um lugar onde há segurança, ou pelo menos se busca a contraposição à
violência e à criminalidade acentuadas nas ruas.
Mediante as definições encontradas acerca dos shopping centers, pode-se
perceber que esses locais típicos de consumo são abordados e definidos de maneira
endógena considerando-se sua configuração baseada apenas nas atividades fins.
É também necessário notar que, tendo em vista a dinâmica a as alterações na
oferta de bens e serviços, pautadas pelas mudanças sociais e, pelo incremento de
atividades de lazer, sociabilidade e convívio e respaldadas pela falta de segurança
urbana, cresce a cada dia a demanda pelo uso desses empreendimentos.
É preciso ter em mente que a dinâmica necessária para o funcionamento de
uma sociedade capitalista é a reprodução do capital (de preferência gerando lucro) e
que uma das formas de giro do capital é o consumo, como constatado anteriormente.
Foi comentado também que o consumo “representa” o estilo de vida do cidadão
moderno / contemporâneo e que os shopping centers representam os templos desse
consumo e se definem, entre os empreendimentos, como possuidores de poder e força
de atração de grandes massas populacionais em diversas escalas.
Assim, a proliferação dos shopping centers têm contribuído para a concentração
das atividades nos seus interiores e conseqüentemente para produção de viagens em
seus entornos, causando impactos (congestionamentos, poluição atmosférica e ruídos).
33
Surge, então, um problema de acessibilidade aos shoppings que é atualmente tratado
apenas através de provisão de vagas de garagem determinada pela legislação
municipal.
Segundo SANJAD (2003), esta situação evidencia como a lógica do shopping
center baseia-se no automóvel. Essa lógica precisa ser interrompida através de
medidas que garantam acessibilidade através de transporte sustentável.
Como a sociedade contemporânea é pautada pela reprodução de capital por um
lado e pela recente preocupação de responsabilidade social e ético-ambiental por outro,
duas questões básicas, e contraditórias, têm que ser ressaltadas:
Como renovar os bens e serviços que tendem à saturação de consumo?
Como garantir, ao mesmo tempo, a responsabilidade social e ético-ambiental
nos processos de consumo que se consolidam?
Torna-se necessário considerar a possibilidade de agregar valor aos produtos
ofertados por grandes empreendimentos urbanos, através da incorporação de serviços
de transporte, de modo a prolongar, com responsabilidade social e ético-ambiental, o
ciclo de vida desses empreendimentos, uma vez que supre parte dos deslocamentos
necessários à realização das atividades que oferece, e, conseqüentemente, mitiga os
impactos ambientais causados no entorno.
2.4 BUSCA DE RENOVAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS
Faz-se necessário, para melhor compreensão e entendimento, averiguar as
diferenças existentes entre o consumo de bens e de serviços, norteadoras de práticas
empresariais voltadas para as necessidades dos consumidores.
VILLAVICÊNCIO (2004), em seus estudos, relata que os bens podem ser
definidos como o resultado de um produto tangível realizado através de uma atividade
econômica. Segundo as análises desse autor, agregadas às de LOVELOCK (2001) e
SPILLER et al. (2004), as características que definem um bem são:
•
Os bens precisam ser fabricados para serem vendidos, o valor principal é
produzido em fábricas.
34
•
São produzidos anteriormente à aquisição e de possível análise antes da
compra.
•
A produção dos bens pode obter elevados níveis de padronização uma vez
que são realizadas mecanicamente e em série.
•
São adquiridos, ou seja, geram propriedade.
•
Os clientes não participam da produção dos bens;
•
São homogêneos.
•
Podem ser estocados e perdas repostas;
•
Podem ser protegidos por patentes. É preciso ter uma boa imagem de marca
para se diferenciarem, estrategicamente, dos similares;
•
São de mais fácil estabelecimento de preços.
A produção e consumo dos bens são sujeitos a um processo estruturador de
marketing de produtos que SPILLER et al. (2004) dividem em cinco fases distintas: Préprodução, Pós-produção, Venda, Consumo e Pós-consumo.
Pré-produção
•
Identificam-se as necessidades dos clientes, através de pesquisas e observação
a fim de que o produto seja capaz de atendê-las. O objetivo é oferecer ao cliente
o que ele quer ou nem sabe que quer, mas que é tudo o que ele sonha;
•
Desenvolver o produto definindo o conceito, a engenharia, a embalagem, o
preço e a forma de distribuição e divulgação;
•
Estimular a demanda através do composto de comunicação – propaganda,
promoção,
assessoria
de
imprensa,
marketing
direto,
marketing
de
relacionamento, merchandising de ponto-de-venda e outros;
•
Divulgar e fortalecer a marca.
Pós-produção
•
Possibilitar experimentação e demonstrar benefícios;
35
•
Pesquisar e avaliar a preferência pela marca usando o composto de
comunicação e marketing para construir o nome da empresa e a imagem do
produto.
Venda
•
Ao decidir-se pela compra ou desenvolver preferência por alguma marca, o
consumidor leva em conta os riscos envolvidos, as informações transmitidas por
amigos (boca-a-boca) ou pela mídia, o manuseio do produto no posto de venda
(sentidos) e a relação custo-benefício para estabelecer a preferência por uma
marca ou outra, ou tomar a decisão de comprar ou não comprar.
Consumo
•
O cliente vivenciará por si mesmo o uso do produto e poderá arrepender-se da
compra, devolvendo o produto ou solicitando a troca ou reparo.
Pós-venda
•
Nessa última etapa do processo de venda, o vendedor acompanha o
desempenho do produto após a venda para assegurar a satisfação do cliente e a
continuidade dos negócios.
Já os serviços, segundo VILLAVICÊNCIO (2004), podem ser definidos como
uma atividade econômica da qual não resulta um produto tangível, mas sim de
característica intangível, o contrário do que ocorre com os bens.
FITZSIMMONS e FITZSIMMONS (2000) constatam em seu trabalho que os
serviços estão no centro da atividade econômica de qualquer sociedade e os divide em
cinco categorias: serviços empresariais (consultoria, finanças, banco), comerciais
(varejo, manutenção, concertos), de infra-estrutura (comunicação, transportes), sociais
(restaurante, saúde) e pessoais e de administração pública (educação, governo).
Segundo os autores, os serviços de infra-estrutura, tais como transportes e
comunicação, são as ligações essenciais entre todos os setores da economia, incluindo
o consumidor final, uma vez que é através delas que ocorrem as trocas que regem o
mercado.
LOVELOCK (2001), SPILLER et al. (2004) E VILLAVICÊNCIO (2004)
apresentam as características que definem os serviços quais sejam:
36
•
Serviço é um ato ou desempenho realizado entre duas partes. Nem sempre o
processo do mesmo está ligado a um produto físico ou palpável, o seu
desempenho será sua essência intangível não resultando sua propriedade a
nenhum fator da produção, ou seja, são comprados, mas não geram
propriedade;
•
Serviços são atividades econômicas que criam valor e fornecem benefícios a
terceiros no lugar e tempo predefinidos pelo, ou em nome do destinatário do
mesmo;
•
Serviços são simultaneamente produzidos, entregues e consumidos;
•
Nos serviços os clientes participam da produção;
•
Não podem ser estocados uma vez que o consumo é simultâneo à produção;
•
São mais difíceis de padronizar, pois se baseiam em pessoas e equipamentos e
é o componente humano que prevalece. A cada repetição corresponde um
desempenho diferente e por isso é difícil uniformizá-lo e padronizá-lo. Os
serviços são heterogêneos;
•
São facilmente copiados e não podem ser protegidos por patentes,
diferentemente dos produtos. É preciso ter uma boa imagem de marca para se
diferenciarem estrategicamente dos similares;
•
É mais difícil estabelecer o preço dos serviços, pois este varia mais amplamente
que o das mercadorias e sofre maior influência de fatores estipulados
subjetivamente. Os serviços são de mais difícil avaliação que os bens.
•
No caso da venda de bens, a oferta de serviços facilitadores agrega valor ao
produto. No caso dos serviços, o valor principal é produzido nas interações entre
comprador e vendedor o que ocorre de maneira diferente com os bens onde o
valor principal é produzido em fábricas.
No marketing de serviços, segundo relata SPILLER (2004), as fases são
basicamente as mesmas seguindo apenas uma ordem diferente.
37
Pré-produção
•
Identificar as necessidades dos clientes através de pesquisas de mercado e
estudos de tendências para aperfeiçoar o serviço de modo a atender essas
necessidades;
•
Desenvolver o “produto” através da elaboração de um processo que resulte em
benefício ao cliente, mapeando todos os momentos envolvidos, desde a
encomenda do serviço até a entrega, bem como os insumos, equipamentos e
pessoal necessário à sua execução em um prazo adequado;
•
Estimular a demanda através do composto de comunicação e marketing;
•
Divulgar e fortalecer a marca, aqui a reputação da empresa torna-se muito
relevante para o consumidor porque serve como garantia de qualidade e
procedência.
Venda
•
A decisão da compra assemelha-se a uma aposta uma vez que o consumidor só
pode imaginar o serviço, pois este só será executado quando da efetivação da
compra.
Produção e consumo
•
Ocorrem simultaneamente (inseparabilidade);
•
Possibilitar experimentações e demonstrar benefícios – viável durante ou após a
prestação de serviço;
•
Pesquisar e avaliar a preferência pela marca, tomando por base a percepção de
qualidade do serviço, satisfação com a atitude e a aparência dos funcionários,
com a facilidade de acesso, flexibilidade de horários de atendimento, entre
outros.
Pós-venda
As empresas podem oferecer serviços pós-venda (entrega, instalação,
assistência técnica, venda de peças e SAC) de quatro maneiras:
•
Departamento de serviço próprio – as vezes o lucro aí pode ser maior do que
com o próprio serviço;
38
•
Credenciamento de autorizadas – multiplicar os pontos de atendimento e ganhar
rapidez;
•
Credenciamento de empresas especializadas que operam em grande escala,
atendendo vários clientes;
•
Transferência para o cliente – os clientes grandes acham mais vantajoso ter seu
próprio especialista operacional e financeiro (principalmente no setor de
informática).
Na pós-venda de um serviço a intangibilidade presente na primeira compra não
mais existe quando o cliente, consciente do real valor que o serviço tem para si, toma a
decisão de adquiri-lo novamente ou não. SPILLER et al. (2004) recomenda que entre
esses momentos, deve-se realizar um verdadeiro marketing pós-venda, obedecendo as
seguintes etapas:
•
Averiguar o grau de satisfação do cliente.
•
Pesquisar sua opinião sobre todo o ciclo de prestação do serviço, seus erros e
acertos;
•
Pedir-lhe sugestões sobre como melhorar o serviço para assegurar sua total
satisfação;
•
Demonstrar a intenção de atingir e manter a excelência na prestação do serviço;
•
Afirmar o interesse em tornar a servi-lo mais e melhor.
Faz-se necessária a busca por uma continuidade da permanência do produto-
serviço no mercado através de estratégias de conquista dos clientes.
Cabe aqui ressaltar que os produtos-serviços possuem, muitas vezes, utilidade
limitada e precisam de alguma maneira, ser renovados, o que pode ser retratado
através do seu ciclo de vida. BODMER E PORTO (2000), em seu trabalho orientado
para serviços de transporte, revelam que o ciclo do produto-serviço é entendido como o
tempo de permanência do produto no mercado e abrange os seguintes estágios:
•
Introdução: momento de lançamento do produto-serviço marca o início da sua
vida comercial onde o período de crescimento de vendas é lento;
•
Crescimento: fase de aumento significativo das vendas;
39
•
Maturidade: período de redução da taxa de crescimento das vendas, com
tendência à estabilização e possível queda;
•
Declínio: forte queda nas vendas. Cresce o desinteresse pelo produto-serviço
levando ao prejuízo para todos.
Os administradores e, principalmente, os mercadólogos observam os ciclos de
vida dos produtos-serviços, com vistas a definir estratégias que possibilitem seu
prolongamento.
A tabela 2.1 pretende mostrar a evolução temporal sobre os conceitos e esferas
de ação, abordados a partir do marketing moderno, objetivando subsidiar as efetivas
práticas e arranjos de marketing, previamente mencionadas, para o consumo
sustentável de produtos e serviços compatíveis com o paradigma de sustentabilidade
das sociedades contemporâneas.
Como pode ser observado na tabela 2.1, é o marketing de relacionamento que
se destaca na abordagem gerencial de marketing contemporâneo.
Segundo MARTINS e BODMER (2000) o marketing de relacionamento surge
com a passagem da sociedade de características industriais para sociedade
informacional e de serviços, mas guarda os princípios de marketing tradicional,
fundamentados no conhecimento do mercado e a sua premissa básica é a satisfação
das necessidades e desejos dos clientes, garantindo ainda as condições de lucro dos
seus produtores.
40
ANO
FOCO
1954
Conceito
PROPOSIÇÕES
Com a Prática de Administração de Empresas, Drucker lança o marketing moderno: “o
marketing é a função distinta e singular da atividade comercial”.
O caráter do conceito de marketing começa a ser delineado com Levitt em Marketing
1960
Conceito
Myopia: “as atividades comercias devem se desenvolver de trás para frente, partindo das
necessidades dos clientes”.
Com Levitt e Kotler, começa a se esboçar a esfera de ação do marketing: “é uma atividade
1969
Esfera de ação
abrangente, aplicada tanto a políticos, instituições beneficentes e universidade quanto a
produtos”. Para Luck, “o marketing deve ser limitado às ações de mercado”.
1971
Conceito
1972
Esfera de ação
1976
Esfera de ação
1978
Conceito
Bel, Emory e Kotler afirmam: “o marketing deve ir além do foco no cliente e cuidar de
assuntos sociais mais amplos”.
Kotler diz que o marketing é mais uma categoria da atividade humana como “votar, amar,
consumir e lutar”.
Hunt declara a vitória dos partidários da ampliação da esfera de ação do marketing.
Segundo Sachs e Benson, o êxito do marketing não ocorre só ao se satisfazer as
necessidades dos clientes, mas ao lhes proporcionar satisfação maior do que a oferecida
pelos concorrentes.
Começam a surgir dúvidas quanto à aplicabilidade do marketing em certos setores.
1983
Esfera de ação
Workman diz que o marketing é irrelevante em empresas de alta tecnologia e pode até inibir
a inovação.
1986
Conceito
1989
Conceito
1990
Esfera de ação
Dickinson e colaboradores afirmam que marketing é basicamente uma disciplina
manipuladora.
Para Baker, o marketing trata de trocas que satisfazem tanto consumidores quanto
fornecedores – não apenas consumidores.
Naver e Slater dizem que o marketing não se aplica ao mercado de commodities; para
Wensley, o conceito é falho nos setores de serviços, atividades não lucrativas e
administração pública.
Análise de Kheir-El-Din comprova que há relação entre sucesso empresarial e orientação
1991
Conceito
pelo marketing. Christopher e outros lançam a idéia de que o marketing deve se concentrar
em relacionamentos de longo prazo.
Hooley e Saunders decretam que o marketing chegou à maioridade e com alta popularidade.
1993
Esfera de ação
Marion, Cova e Svanfeldts, ao contrário, sustentam que o marketing está à beira de uma
e Conceito
crise intelectual. Para Thomas, o conceito apenas não funciona em alguns países, como os
do Leste Europeu.
1994
Hoje (1997)
Conceito
Vários autores, como Lynch, Brownline e colaboradores, insistem que o marketing chegou
ao seu fim.
Esfera de ação
A crise continua em debate, mas o marketing de relacionamento começa a ganhar força
e Conceito
como possível solução.
Fonte: Brown (1997) apud Riche (2003)
Tabela 2.1 – As ações de marketing ao longo do tempo
41
O marketing de relacionamento busca convidar o cliente para dentro da cadeia
de produção, desvendando suas necessidades e desejos, de modo a criar valor ao
produto-serviço ofertado, atingindo então a meta, anteriormente, proposta de
prolongamento do tempo de permanência do produto-serviço no mercado através de
práticas com responsabilidade sócio-ambiental de modo a reduzir o ciclo de degradação
que se encontram as cidades. Isso significa incorporar na gestão dos negócios a
acessibilidade física dos clientes buscando formas de deslocamento mais saudáveis e
coletivas.
GRÖNROOS (1995) apud MARTINS E BODMER (2000) apóiam essa idéia ao
constatar que o marketing gira em torno dos relacionamentos com os clientes e das
trocas que representam o objetivo das partes envolvidas. Para ele, o marketing deve
estabelecer, manter e ressaltar os relacionamentos com clientes e outros parceiros de
forma que os objetivos das partes envolvidas sejam atendidos através das trocas e do
cumprimento de promessas.
Segundo GORDON (2000) apud MARTINS e BODMER (2000) o marketing de
relacionamento apresenta algumas especificidades:
•
Busca criar novo valor para os clientes e compartilhar esse valor entre o
produtor e consumidor.
•
Reconhece o papel fundamental dos clientes individuais na definição de valor
que desejam – o cliente ajuda a empresa definir os benefícios que ele mesmo
procura.
•
Exige que a empresa planeje e alinhe seus processos de negócios, suas
comunicações, sua tecnologia e seu pessoal para manter o valor que o cliente
individual deseja.
•
É um esforço contínuo e colaborativo entre as empresas e clientes que funciona
em tempo real.
•
Procura unir, progressivamente, a empresa aos clientes por um período de vida
de consumo e não apenas ocasionalmente.
•
Procura construir uma cadeia de relacionamentos dentro da organização e entre
as organizações (outros produtores fornecedores parceiros) para criar o valor
desejado pelos clientes.
42
•
MARTINS e BODMER (2000) apresentam diversos modelos de marketing de
relacionamento dentre os quais de recompensas, educacional, contratual, de
afinidade, do serviço de valor agregado e de aliança.
Cada modelo tem suas especificidades que podem proporcionar, de maneira
diferenciada, um relacionamento mais duradouro entre empresa e cliente.
Para MARTINS e BODMER (2000), com a instabilidade econômica dos dias
atuais e as organizações suscetíveis às mudanças no mercado e às exigências sociais,
é necessário avançar no que tange as meras linhas de produtos-serviços definidas em
função das competências (ou atividades) centrais, para garantir um foco sustentável e
uma flexibilidade em longo prazo. Assim, os autores trazem à tona a proposta de
incorporar às atividades econômicas, principalmente ao comércio, os serviços de
transporte coletivo ou facilidades de circulação, ampliando os simples negócios em
parcerias múltiplas e explorando complementaridade de produtos e serviços e
possibilitando gestão da mobilidade dos cidadãos-clientes
Nesse sentido, KOTLER (2000) apud MARTINS e BODMER (2000) ressaltam
que atualmente os profissionais de marketing não preparam apenas produtos, e sim
pacotes de benefícios que devem ter não somente valor de compra, mas valor de uso.
Assim, pode-se perceber uma transformação do Produto-serviço Central em um
Produto-serviço Ampliado, que incorpora uma série de serviços relevantes objetivando
atender às preferências mais acentuadas e às expectativas positivas dos consumidores.
O produto-serviço ampliado apresenta-se então, segundo relata BODMER e
PORTO (2000), como estratégia de marketing capaz de subsidiar a extensão do ciclo
de vida do produto-serviço no mercado uma vez que possibilita além da fidelização,
uma participação ampliada através da criação de novos mercados e da oferta de novos
serviços.
Levando em consideração a proposta do Grupo Móbile, calcada na articulação
entre os diferentes agentes de produção e consumo, no sentido de promover uma
sinergia que resulte em responsabilidade social e ético-ambiental de todos, faz-se
necessário identificar, não apenas as mudanças conceituais no que diz respeito a esses
sujeitos sociais, mas também do seu comportamento. Assim, as suas escolhas reais
têm que ser explicadas pelas razões de escolha, ou seja, atributos dos produtosserviços que acabam dando idéia sobre as preferências dos consumidores.
43
3
CONSUMIDORES E SEU COMPORTAMENTO
3.1 APRESENTAÇÃO
Tendo em vista o que foi dito sobre o consumo, sua importância, abrangência e
conseqüências na vida moderna, faz-se necessário conhecer o perfil dos consumidores
e seu comportamento, o que representa parte essencial da análise de mercado. Para
KOTLER E BLOOM (1990) a análise de mercado é a pedra angular para o sucesso de
um programa de marketing e é a informação sobre as necessidades e os desejos dos
clientes que vão orientar um planejamento estratégico.
O comportamento dos consumidores depende de uma série de condicionantes
sócio-econômicas, demográficas e psicológicas. A partir delas podem ser identificadas
necessidades, desejos e motivações que os levam a consumir determinado bem ou
serviço.
Para BOCK e UNCLES (2002) as diferenças existentes entre essas
condicionantes são de fundamental interesse para o marketing e sugerem uma
necessidade de segmentação estratégica. Segundo os autores, acredita-se ser mais
lucrativo tratar certos tipos de consumidores de maneira diferenciada do que tratar
todos da mesma forma.
ANDREWS e CURRIM (2003) fortalecem a afirmação acima quando dizem que,
desde o artigo pioneiro de SMITH (1965), a segmentação tornou-se um conceito
dominante na teoria e na prática do marketing.
Segundo AAQUER (1995) apud BOCK e UNCLES (2002) a tarefa de identificar
segmentos é complexa porque, em qualquer contexto, existem inúmeras possibilidades
de se dividir e classificar o mercado. Elas podem ser norteadas por características
sócio-econômicas, demográficas, hábitos de consumo, entre outras.
Os estudos sobre os hábitos de consumo, geralmente, restringem-se à
identificação de perfis e segmentos de população que vão fornecer ao marketing
subsídios para diferentes estratégias, considerando diferentes alvos referentes ao
consumo. Porém, há carência de estudos sobre como esses alvos de consumidores
acessam os locais de consumo, o que vai implicar em uma análise de acessibilidade, ou
seja, de como os consumidores se deslocam para esses locais.
44
Para melhor entendimento sobre o comportamento do consumidor, serão
abordadas neste capítulo as teorias pertinentes e as tipologias de consumidores, a fim
de identificar suporte teórico para estrutura da análise e detalhar o procedimento de
segmentação para a análise propriamente dita.
3.2 CONHECENDO O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Ao revisar vasta bibliografia sobre o comportamento dos consumidores,
pretende-se aqui destacar algumas conceituações bem como identificar tipologias
comportamentais.
Para SOLOMON (2002) apud PINHEIRO et al. (2004) o comportamento do
consumidor é o estudo dos processos envolvidos quando indivíduos ou grupos
selecionam, compram, usam ou dispõem de produtos, serviços, idéias ou experiências
para satisfazer as necessidades e desejos. Seu âmbito gira em torno dos processos
cognitivos, motivacionais e emocionais que antecedem e sucedem a obtenção, o
consumo e a disposição de bens tangíveis e intangíveis, ou seja, produtos e serviços.
Diferente do que aponta a maioria dos estudos, para entender as raízes do
consumo moderno, é preciso ir mais além da atividade de seleção, compra e uso de
certo bem ou serviço. DOUGLAS e ISHERWOOD (1978) apud BELLIA (2000)
argumentam que quando consideramos um conjunto de produtos e serviços, dispomos
de um universo inteligível capaz de expressar, através da composição desses
elementos, uma hierarquia de valores, a individualidade de um ser humano, as relações
sociais das quais participa e, principalmente, a cultura na qual está inserido. Para os
autores fica claro que, os bens fazem parte de um sistema de informação vivo, uma vez
que denotam as características relacionadas a quem os consome.
É importante então saber quem é o consumidor e o que ele procura.
SCHIFFMAN e KANUK (2000) apud PINHEIRO et al. (2004) descrevem dois tipos
básicos de consumidor: o consumidor final e o organizacional. O consumidor
organizacional inclui organizações de todos os tipos, com ou sem fins lucrativos, são os
órgãos de governo, instituições civis entre outras que precisam comprar produtos,
equipamentos e serviços. O consumidor final, abordado nesse estudo, é representado
pelas pessoas físicas que compram bens e serviços para o seu uso, para o uso do lar
ou para outras pessoas.
45
Para o melhor conhecimento e compreensão do comportamento do consumidor,
é preciso entender como se deu seu processo de análise e como, ao longo do tempo,
esse processo foi sendo abordado pelos profissionais da área. Serão apresentadas
abaixo algumas teorias relativas ao tema. Para PINHEIRO et al. (2004), essas teorias
tiveram inicio com a teoria da racionalidade econômica, passando pela comportamental,
psicanalítica, sociais e antropológicas evoluindo até a cognitivista, como será mostrado
a seguir.
TEORIA DA RACIONALIDADE ECONÔMICA
Segundo PINHEIRO et al. (2004) o eixo central dessa teoria baseia-se em uma
visão do consumidor apoiada na racionalidade econômica, isto é, seu comportamento
obedece a um padrão egoísta e maximizador, cujas escolhas de consumo são pautadas
por uma busca do maior benefício (prazer ou satisfação) ao menor custo possível
(desconforto ou sofrimento). O comportamento do consumo tem por objetivo a
maximização da satisfação psicológica e prazer, obtidos com o uso dos produtos e
serviços adquiridos.
Porém, o uso contínuo de determinado produto ou serviço leva a um decréscimo
da percepção de utilidade e o grau de satisfação psicológica é reduzido à medida que
quantidades adicionais deste bem vão sendo consumidas. Segundo PINHEIRO et al.
(2004) esse decréscimo é denominado taxa de utilidade marginal ou a sensação de
retorno decrescente advinda da experiência de consumo prolongada.
Por enfocar apenas os efeitos de um produto ou serviço no consumidor, a teoria
da racionalidade econômica não permite melhor conhecimento nos processos
psicológicos envolvidos no comportamento de consumo, tendo em vista a dificuldade
em mensurar a percepção de utilidade e de satisfação do consumidor. É necessário
levar em conta não apenas o maior benefício custo, mas, também, as diferenças
individuais, sociais e culturais que constroem o comportamento de consumo.
Apesar disso, PINHEIRO et al. (2004) dizem que a teoria da racionalidade
econômica aponta uma série de questões importantes para auxiliar o entendimento do
fenômeno de compra, especialmente no que diz respeito ao uso de estímulos de
marketing que objetivem influenciar o comportamento de compra dos consumidores.
46
TEORIA COMPORTAMENTAL
Devido à lacuna deixada pela teoria racional no que diz respeito ao processo do
consumidor, a psicologia vem na teoria comportamental que abriu o horizonte para o
surgimento de outras teorias, auxiliou a compreensão dos fatores cognitivos,
motivacionais e emocionais envolvidos no processo de escolha e decisão de compra.
Segundo PINHEIRO et al. (2004) a teoria comportamental enfatiza o
comportamento do indivíduo e suas relações com o meio ambiente, onde o consumo é
um conjunto de reações fisiológicas e comportamentais, geradas por estímulos
localizados nesse meio ambiente. Então, são os estímulos que irão produzir reações
positivas ou negativas em relação aos produtos e serviços consumidos.
Assim como na teoria da racionalidade econômica, que não foca no processo de
compra e sim nos efeitos causados pelo consumo, essa tem seu enfoque no ambiente e
deixa de abordar o processo que ocorre na mente do consumidor. É preciso analisar
também o que acontece com o indivíduo no intervalo que se dá entre a apresentação do
estímulo de marketing e a consecução ou não do comportamento de compra. A
supervalorização do entendimento do ambiente e dos estímulos acabou por deixar
espaço para outras teorias que procuraram entender o que se passa “dentro” na mente
do consumidor no processo do consumo, relata o autor.
TEORIA PSICANALÍTICA
Criada pelo neurologista Sigmund Freud (1856-1939) no final do século XIX e
início do século XX, considerada uma abordagem importante para o estudo dos
processos psicológicos inerentes ao consumo.
Segundo relatam PINHEIRO et al. (2004), para Freud, a mente humana é
dividida em duas esferas (consciente e inconsciente) e os comportamentos expressos
na consciência são uma expressão distorcida de desejos reprimidos situados no
inconsciente e neste inconsciente é que se deve buscar o significado de um
comportamento ou de uma atitude.
Nessa abordagem, o consumo é visto como a expressão de desejos
inconscientes, uma tentativa de dar vazão a esses desejos que encontram uma
satisfação parcial e por isso necessárias de constante renovação, ao se vincularem a
produtos e a serviços que têm uma relação de similaridade com estes. PINHEIRO et al.
(2004).
47
Esta teoria atenta para os motivos inconscientes de compra e para seu caráter
expressivo, uma vez, que aqui, o consumo é a projeção dos desejos nos produtos e
serviços ofertados e sua escolha se dá com a capacidade que eles têm de
satisfazerem, mesmo que parcial e temporariamente, os impulsos inconscientes.
TEORIAS SOCIAIS E ANTROPOLÓGICAS
Segundo PINHEIRO et al. (2004) este grupo de teorias enfoca o consumo como
um processo social, seus condicionantes revelam-se além de sociais, históricos e
culturais. As teorias sociais e antropológicas sugerem que são esses aspectos que
apontam as variações no consumo.
Essas abordagens oferecem uma compreensão mais aprofundada sobre a
dinâmica social e cultural que rege os processos de consumo. PINHEIRO et al. (2004)
apud CAMPBELL (2001) relatam que o consumidor contemporâneo, crescentemente
exigente e consciente de seus direitos, seria o resultado de um longo processo histórico
de convergência entre os valores, outrora antagônicos, utilitários e hedonísticos.
O que representa um avanço também nos estudos de Campbell, que em 1987
revelaram que o consumo surgia como a realização de objetivos hedonísticos ou de
sonhos e que ao adquirir um bem, o consumidor poderia estar visando a
experimentação de sensações previamente imaginadas, sendo cada novo produto a
possibilidade de transformar sonho em realidade.
Para PINHEIRO et al. (2004) apud (Bourdieu, 1984, Featherstone, 1995 e
Campbell, 2001) o consumo é um processo cuja significação social está em
proporcionar uma referência para a construção da identidade social dos indivíduos,
posto que a posse dos produtos define a posição social do consumidor, em relação a
seus pares e à sociedade como um todo. É um processo essencialmente social,
possibilitando o posicionamento do indivíduo em relação ao seu contexto social e
cultural.
TEORIA COGNITIVISTA
Segundo relatam (ENGEL, BLACKWELL E MINIARD, 2000; KARSAKILIAN,
2000; SHIFFMAN E KANUK, 2000; SOLOMON, 2002) apud PINHEIRO et al. (2004),
atualmente, essa é a teoria mais utilizada pelos pesquisadores do comportamento do
consumidor por integrar produto, consumidor e ambiente. O consumo é visto como um
48
processo de tomada de decisão e resultante de um processamento de informações
oriundas do indivíduo, da cultura e do meio ambiente.
Para eles, pensar o comportamento de consumo como um processo de tomada
de decisão implica ver o consumidor como aquele que opta por diferentes produtos,
tendo como pano de fundo a influência de fatores cognitivos como percepção,
motivação, aprendizagem, memória, atitudes, valores e personalidade, assim como os
socioculturais, isto é, influência de grupo, família, cultura e classe social e ainda os
situacionais, tais como influências localizadas no meio ambiente por ocasião da compra.
Nesta teoria, as decisões de compras são variadas e podem ser classificadas
pelo tipo de produto ou serviço consumido, pela motivação do consumidor, pela
freqüência da compra, busca e processamento da informação, percepção das
alternativas por parte do consumidor e influências situacionais.
FATORES INFLUENTES NO COMPORTAMENTO DE CONSUMO
Considerando as teorias apresentadas, faz-se necessário entender, com mais
clareza, os fatores psicológicos, socioculturais e situacionais de influência de compra no
comportamento do consumidor para proporcionar estratégias de marketing que possam
efetivar o consumo ao levar em conta as características individuais, sociais e culturais,
além das influências situacionais que ocorrem no momento da compra. PINHEIRO et al.
(2004) classificam os fatores psicológicos através da percepção, motivação,
aprendizagem e memória, atitudes e personalidade, auto-conceito e estilo de vida; os
fatores socioculturais através da influência do grupo, família, cultura e classe social; e
os fatores situacionais através de influências momentâneas como será relatado a
seguir.
FATORES PSICOLÓGICOS
Segundo PINHEIRO et al. (2004), esses fatores dizem respeito ao conjunto das
funções cognitivas (pensamentos), conativas (comportamento) e afetivas (sentimentos)
no processo da compra, envolvendo o estudo da percepção, da aprendizagem, da
memória, das atitudes, dos valores, das crenças, da motivação, da personalidade e dos
estilos de vida dos consumidores. Neste primeiro nível o consumidor é visto de maneira
isolada, tomando decisões de acordo com suas características psicológicas.
49
PERCEPÇÃO
Para STERNBERG (2000) apud PINHEIRO et al. (2004) a percepção é definida
como o conjunto de processos psicológicos pelos quais as pessoas reconhecem,
organizam, sintetizam e conferem significação às sensações recebidas por meio
dos estímulos ambientais captados pelos órgãos dos sentidos (visão, olfato, tato,
gustação e audição). Para esses autores a percepção pode ser entendida como
um processo psicológico de atribuição de significação aos estímulos sensoriais,
direcionado tanto pelo sistema de crenças e valores do indivíduo, quanto por sua
codificação dada pela cultura e pelo contexto situacional.
A percepção é um fator de extrema relevância para o marketing, pois é através
dela, ou seja, do acionamento dos sentidos, que os consumidores vão se sentir
atraídos ou se despertar ou perceber determinado produto ou serviço.
MOTIVAÇÃO
PINHEIRO et al. (2004) definem a motivação como um estado de tensão
psicológica que atende e prepara o indivíduo para a ação e diz ainda que ela
ocorre quando uma necessidade é despertada, seja por um impulso interno ou
por uma estimulação externa. Tendo em vista a necessidade, o indivíduo
empreende uma ação (comportamento) para reduzir a tensão, orientando-a para
um objetivo vinculado à necessidade inicial. Pode-se perceber a importância que
os estímulos do marketing têm quando despertam as necessidades e desejos
dos consumidores.
A pesquisa de RUIZ, CHEBAT, E HANSEN (2003) apud BABIN et al. (1994)
considera a motivação uma variável relevante.
APRENDIZAGEM E MEMÓRIA
MYERS (2000) apud PINHEIRO et al. (2004) definem a aprendizagem como
uma mudança relativamente permanente no comportamento decorrente da
experiência por intermédio da reorganização de conceitos e representações
mentais. Para eles, o comportamento de compra é fruto da aprendizagem social,
devendo-se destacar as teorias comportamentais e cognitivas.
Argumentam que as teorias cognitivas de aprendizagem enfatizam o papel dos
processos mentais na produção de condutas adquiridas com o correr da
50
experiência. A interferência da memória, definida com o armazenamento das
informações apreendidas pelo indivíduo, é de fundamental importância na
consolidação dos conteúdos apreendidos.
A atuação conjunta da aprendizagem e da memória leva à consolidação de
hábitos de consumo, sendo fundamental na compreensão dos processos de
lealdade e envolvimento dos consumidores com os produtos e serviços.
PINHEIRO et al. (2004).
ATITUDES
Para CEDEÑO (1998) as atitudes são construídas a partir das percepções e
restrições. São resultado da combinação de vários elementos. Elas são
individuais e, portanto, particulares a cada pessoa. Para AAKER e DAY (1990)
apud CEDEÑO (1998) as atitudes são estados mentais usados pelos indivíduos
para estruturar a forma como eles percebem o meio ambiente e como
responderão a ele.
Segundo a autora, as atitudes compõem-se de três elementos: o conhecimento,
os sentimentos (feelings) e as intenções ou ações. O conhecimento refere-se à
informação que o indivíduo possui sobre um assunto ou problema. Os
sentimentos (feelings) refletem o fato de as pessoas gostarem ou desgostarem
de determinadas coisas, as ações mostram as preferências das pessoas.
PINHEIRO et al. (2004) reforça o que diz CEDEÑO (1998) quando relata que as
atitudes
são
predisposições,
sentimentos
e
tendências
relativamente
consistentes de um indivíduo em relação a uma determinada situação ou a um
objeto e serve como referência para um consumidor avaliar um produto ou um
serviço de maneira positiva ou negativa, proporcionando a proximidade ou
afastamento (uma atitude) em relação a este.
Os autores relatam que para os psicólogos cognitivos, as atitudes são
compostas por três elementos: crenças (pensamentos), afetos (sentimentos) e
intenções de comportamento (intenções de ação) e que depois de instaladas,
suas mudanças requerem uma reestruturação ampla do sistema de crenças e
valores, podendo ser um processo árduo, dependendo das atitudes em questão.
Essa mudança pode ser iniciada quando o indivíduo percebe algumas distorções
entre seus pensamentos e julgamentos e o tipo de bem ou serviço que está
51
sendo ofertado. A mudança de atitude é uma importante ferramenta a ser
considerada pelo marketing em prol não só da conquista de novos clientes, mas
da formação de opinião segundo preceitos que busquem um consumo de
produtos e serviços mais racionais.
PERSONALIDADE, AUTOCONCEITO E ESTILO DE VIDA
Para PINHEIRO et al (2004):
A personalidade pode ser entendida como um padrão característico de
pensamentos, sentimentos e ações de um determinado indivíduo. Por estar
ligado diretamente à questão da identidade, este conceito diz respeito à
singularidade de uma pessoa, bem como seu padrão sistemático de reação às
situações presentes no meio ambiente que a cerca.
O consumo de produtos e serviços não só permite a satisfação de necessidades
de cunho utilitário e hedônico, mas também possibilita a construção do
autoconceito do consumidor, isto é, a definição de sua imagem social para si
mesmo e para seus pares.
O estilo de vida diz respeito às formas como os consumidores escolhem gastar
seus recursos disponíveis (tempo e dinheiro), incluindo seus valores, gostos e
preferências, refletidas em suas escolhas de consumo. SOLOMON (2002).
FATORES SOCIOCULTURAIS
Segundo PINHEIRO et al. (2004) os fatores socioculturais envolvem influência
do grupo e da família, da classe social e dos efeitos da cultura e das subculturas no comportamento de compra. Neste segundo nível, o consumidor não
é mais visto como um indivíduo isolado, mas um ser social que reage e é
transformado pelo contexto no qual está inserido.
INFLUÊNCIA DO GRUPO
Os autores relatam que por ser um processo social, o comportamento de
consumo sofre a influência da ação de grupos humanos sobre os indivíduos e
estes, por pertencerem a diversos grupos e, também, por almejarem
participação em outros, a influência das situações de interação social é de
extrema importância na aquisição e estabilização das ações de compra dos
52
indivíduos. Os consumidores agem, na sua grande maioria, com regras
compartilhadas entre grupos, a fim de buscar a inserção social.
Através dos estudos de CAMPBELL (1987) citados por BELLIA (2000), podemos
detectar, entre as três tradições utilizadas na tentativa de explicar o consumo
moderno, a tradição emulativa que reforça o que PINHEIRO et al. (2004) relatam
sobre a influência do grupo. Para a tradição emulativa o desejo da vontade de
consumir artigos não essenciais é originado na imitação ou emulação do
comportamento de outros consumidores ou na criação passiva do querer.
A autora ainda argumenta que essa tradição considera que o ser humano tem
função ativa na criação das suas necessidades e que os desejos e os atos de
consumo têm uma profunda significância sociocultural, e não devem ser vistos
apenas em termos econômicos.
MOTTA (1997) reforça essa idéia quando diz que a suavização da economia de
escala – marca da modernidade – e o surgimento da economia de estilo, além
de provocarem uma busca desenfreada por novas tecnologias para produzir
variedade com eficiência, alteram estilos de vida na busca de uma maneira
especial de ser, através de bens de consumo. Diz ainda que a sociedade passe
a se orientar ao consumo onde todas as áreas da vida humana tornam-se
condicionadas pelo materialismo e que o novo consumismo não é mais o
adequado às necessidades de bens e serviços, mas ao estilo de vida guiado por
aquisição e posse.
FAMÍLIA
Para PINHEIRO et al. (2004) um dos mais influenciadores grupos no processo
de tomada de decisão da compra é a família, pois ela é a base do processo de
socialização do consumo, repercutindo posteriormente na construção da
identidade dos integrantes, bem como das suas opções de vida e escolhas de
consumo posteriores. Segundo esses autores, a dinâmica da família e as
transformações observadas nas formas de relacionamento e de convivência
tornam cada vez mais complexa a análise do seu papel no comportamento de
compra.
53
CULTURA
A cultura é um dos fatores mais importantes a ser levado em consideração no
planejamento de produtos e na definição de estratégias de marketing. É um
elemento fundamental na vida do indivíduo em sociedade e, pode ser entendida
como o conjunto de crenças, normas, valores e atitudes que regulam e
normatizam suas condutas. Por ser organizadora da atividade social a cultura é
uma grande instância de constituição da identidade dos indivíduos. Para maiores
informações vide PINHEIRO et al. (2004).
Esses autores ainda relatam que é comum a divisão da cultura nacional em
segmentos denominados sub-culturas e que essas são especificidades culturais
definidas por critérios étnicos, religiosos, geográficos e de estilos de vida.
Argumentam, também, que, em países como o Brasil, é preciso levar em
consideração as variações regionais de valores, crenças e hábitos de consumo.
Diferenças climáticas, composição racial e hábitos locais, também, são
importantes quando se avalia a introdução de novos produtos nesses mercados.
CLASSE SOCIAL
Para PINHEIRO et al. (2004) a classe social é um dos fatores mais utilizados na
segmentação de mercados, justamente por ser um indicador da posição social
de um indivíduo.
FATORES SITUACIONAIS
Segundo PINHEIRO et al. (2004) são os fatores que dizem respeito a uma gama
de influências momentâneas e circunstanciais por ocasião da compra, tais como
ambientação da loja, displays nos pontos de venda, disposição de prateleiras, posição
dos produtos nas vitrines, entre outros. Os mesmos autores relatam, através dos
estudos de ENGEL, BLACKWEEL E MINIARD (2000), que as influências situacionais
no comportamento de compra podem ser divididas da seguinte forma: nas situações de
compra (estratégias que envolvem a ambiência da loja), de comunicação (uso de
diferentes mídias de acordo com estratégias segmentadas, direcionadas e interativas) e
de uso (diferentes usos em diferentes circunstâncias).
Tendo em vista o que foi dito sobre as teorias, na busca de um melhor
entendimento do processo de compra, é necessário um aprofundamento no
conhecimento do consumidor em si, ou seja, quais são as tipologias de consumidores
54
detectadas nos estudos da área, para uma melhor compreensão desse processo na
orientação de um marketing efetivo.
3.3 TIPOLOGIA DE CONSUMIDORES – SEGMENTAÇÃO
Os consumidores não devem ser tratados de maneira homogênea porque cada
indivíduo tem características diferenciadas segundo influências externas e internas
também diferenciadas. Características distintas levam à escolhas e comportamentos
distintos e conhece-los é primordial para desvendar os motivos e características de
viagens a consumo.
Para aumentar a lucratividade, garantindo a permanência do negócio no
mercado,
faz-se
necessário
agrupar
esses
consumidores
através
das
suas
características, para detectar tipologias e, através de estratégias de marketing atender,
efetivamente, suas necessidades e desejos, garantindo assim não apenas a fidelização,
como também a atração de possíveis novos consumidores, levando à expansão da
receita.
O valor da manutenção de um cliente no negócio é primordial. KOTLER (1999)
diz que a única fonte de lucro é o cliente e cita Drucker: “se você não serve o cliente,
sua tarefa é servir alguém que o faça” e Bob Wayland (executivo da Ford): “se não
formos dirigidos pelo cliente, nossos carros tampouco o serão”.
Para atingir esse alvo, ou seja, conquistar e fidelizar o cliente, é necessário
conhecê-lo, seus anseios, desejos e motivações. É preciso também considerar qual
tipologia de consumidor se quer alcançar. Assim, pode-se não somente satisfazer as
necessidades, como prever possíveis necessidades futuras e acioná-las previamente,
antecipando o desejo e o consumo.
Uma das técnicas adotadas pelo marketing é a segmentação do mercado. Para
ANDREWS e CURRIM (2003) a segmentação consiste no processo de dividir o
mercado
em
grupos
de
consumidores
com
características,
preferências
e
comportamentos similares para o desenvolvimento de bens e serviços que possam
agregar valor a cada grupo.
55
PINHEIRO et al. (2004) relatam que, atualmente, as empresas devem utilizar
estratégias diferenciadas de marketing e que a meta de qualquer plano deve ser gerar
valor para os consumidores, almejando fidelizá-lo.
Para WEINSTEIN (1995) apud PINHEIRO et al. (2004) o objetivo geral da
segmentação é buscar um melhor posicionamento competitivo da empresa no mercado
e gerar valor para seus consumidores, atendendo de maneira diferenciada suas
necessidades e desejos. Os objetivos específicos são buscar, constantemente, o
aumento de vendas da empresa, proporcionar um aumento do market share
(participação no mercado) e possibilitar uma valorização da imagem da empresa,
almejando respeitabilidade por parte da sociedade e reputação por partes dos
consumidores.
A revisão bibliográfica evidenciou a existência de diferentes possibilidades de
segmentação de mercado que vão indicar tipologias de consumidores também
diferenciadas. Neste item serão apresentados alguns exemplos de segmentação.
SPILLER et al. (2004) destacam doze tipologias de clientes e ainda relatam
estratégias, segundo o comportamento de cada tipologia, para convencê-los da compra.
Os tipos de clientes relatados pelos autores são: decidido, indeciso, confuso,
apressado, sem pressa, comunicativo, não comunicativo, atento, desatento, que só diz
sim, estrela e negociador, (vide anexo B1).
Já para GORDON (2000) os clientes diferem em grau de importância para a
empresa e este, geralmente, depende do vínculo mantido entre ambos. A maneira que
uma empresa escolhe para criar um vínculo com seus clientes pode afetar muito suas
estratégias e capacidades. Diz ainda que palavra cliente pode assumir qualquer relação
existente entre o indivíduo (consumidor) e uma empresa, mas que é importante
classificar cada categoria de clientes que retratem as diferenças em valor que cada uma
representa.
Nos estudos desse autor os consumidores são agrupados de acordo com os
comportamentos
demonstrados,
em
seis
categorias
diferenciadas
tanto
pela
participação crescente nos negócios como pelo share of mind (vínculo mais elevado de
relacionamento empresa x cliente). As seis categorias descritas por Gordon são clientes
potenciais ou prospects, experimentadores, compradores, eventuais, regulares e
defensores e serão descritos no anexo B2.
56
O gráfico a seguir mostra a escala de vínculo no processo de compra e
intensidade de relacionamento com o cliente.
Regulares
Eventuais
Compradores
Experimentadores
▲
▲
▲
Compromisso
▲
Adoção
▲
Experiência
▲
Avaliação
►
Interesse
Prospects
Consciência
Clientes e o grau de intensidade do relacionamento
Defensores
Processo de compra
Gráfico 3.1 - Escala de vínculo no processo de compra e intensidade de relacionamento com o cliente.
GORDON (2002) argumenta que a progressão ao longo do continuum de
relacionamento pode ocorrer em ambas as direções e que os avanços ao longo desse
continuum devem ser conquistados passo a passo. Diz ainda que a confiança, como a
antipatia, é acumulativa, porém é mais difícil de construir e mais fácil de deteriorar.
Para ele o processo de compra e o estado final da categoria do cliente estão
intimamente ligados. Os prospects, por exemplo, que têm consciência limitada da
empresa e de sua relevância, provavelmente não se tornarão compradores até que sua
consciência aumente com relação à empresa.
Para a formação do perfil do cliente GORDON (2002) sugere que na escala que
leva ao vínculo, apresentada no gráfico anterior, seja considerado o número de clientes
57
que a organização tem em cada nível e o valor vitalício5 obtido a cada nível da escala, e
em conjunto.
A formação desse perfil dará subsídios não apenas para descrever a base de
relacionamentos da empresa, mas também será determinante para ações relevantes.
O que se deve buscar é a migração dos clientes para cima na escala de valor.
GORDON (2002) relata que isso requer que as empresas avaliem quais as dimensões
essenciais pelas quais elas se unem aos seus clientes e intensifiquem os elementos
que levam a essa união. É preciso saber quais são as abordagens alternativas que
devem ser adotadas para a união com o cliente e dentre elas saber qual o tipo de
vínculo é preciso intensificar. Este pode ser, segundo o autor, estrutural, de valor de
marca, comportamental, pessoal, de informação e controle ou de valor.
VINCULO ESTRUTURAL
O cliente e a empresa estão operacional e estruturalmente ligados ou
interligados ao empregar freqüentemente tecnologia para facilitar a interação.
Isso ocorre, por exemplo, quando o cliente pode fazer compras on-line ou
quando a empresa sugere alguma inovação ao cliente que vá maximizar seu
lucro, ou seu tempo.
VINCULO DE VALOR DE MARCA
Inclui um valor que o cliente obtém ao se relacionar diretamente com o produto,
tanto com os atributos funcionais da marca quanto com outros atributos
emocionais e não funcionais adquiridos com ela. Por exemplo, ter o carro do ano
pode significar estar consumindo um produto com tecnologia moderna, maior
conforto para um segmento e/ou apenas status para outro.
VÍNCULO COMPORTAMENTAL
Ocorre quando os clientes se unem a uma empresa devido ao seu
profissionalismo, técnica, dedicação ao cliente, valores, cultura e receptividade.
Esse vínculo, geralmente, ocorre entre clientes e empresas que podem se
concentrar mais nos clientes.
5
Caso os cálculos de valor vitalício não possam ser realizados com as informações, atualmente, disponíveis, utilize o
rendimento ou uma avaliação de contribuição sem o componente relacionamento.
58
VÍNCULO PESSOAL
Acontece quando os clientes gostam de trabalhar com pessoas específicas e
fazem isso independente da empresa com a qual trabalham. É quando o cliente
se sente tão bem tratado por quem está à frente da venda que o vínculo vai se
formar muito mais por essa relação do que pela empresa representada.
VÍNCULO DE INFORMAÇÃO E CONTROLE
Os clientes se beneficiam dos relatórios e outros sistemas de informação que
possam ajudá-los fornecendo melhor visibilidade do orçamento do mês. Por
exemplo, as empresas operadoras de telefonia celular que oferecem planos
mais adequados financeiramente para cada perfil. É também o caso de
empresas que garantem o rastreamento, por exemplo, de entregas de bens,
através de sistemas de pistas de rastreamento, e relatórios detalhados aos
clientes.
VINCULO DE VALOR
Os clientes obtêm repetidamente o valor que procuram em seus fornecedores e
têm motivos para acreditar que continuarão a receber este valor durante um
longo período. É o caso dos programas de fidelidade ou quando a empresa é
obcecada por qualidade ou levada a ajustar os preços conforme aquilo que o
cliente quer obter.
Pode ocorrer também de acordo com o potencial que a
empresa tem ao criar valor único para clientes individuais e indisponíveis em
outros lugares.
Para KOTLER (1999) tornar um cliente mais forte e fiel requer levá-lo através de
vários estágios de desenvolvimento de sua fidelidade. Em cada estágio o autor
caracteriza um tipo de consumidor: comprador, eventual, regular, defensor, associado,
parceiro e co-proprietário (vide anexo B3).
Segundo relatam BELLENGER et al. (1997); BELLENGER e KORGAONKAR
(1980) apud RUIZ, CHEBAT, E HANSEN (2004) existem dois segmentos de
consumidores: o do grupo funcional (que está procurando bens e serviços) e grupo
recreacional (que está procurando diversão, lazer e interação social).
59
RUIZ, CHEBAT, E HANSEN (2004) segmentaram o mercado de consumidores
segundo variáveis base (que serviram de critério para segmentação) e variáveis
descritivas (definindo quem, o que e porque compram), são elas as variáveis
geográficas, sócio-demográficas e de benefício alcançado - efetividade. O resultado da
segmentação foi a identificação de quatro tipologias de consumidores: recreacionais,
plenos, tradicionais e com objetivos pré-determinados (vide anexo B4).
Os autores relatam que a delimitação de grupos só foi possível devido à técnica
da segmentação de demanda e que esta metodologia pode ser utilizada para identificar
padrões distintos e consistentes de atividades entre os consumidores.
Segundo argumentam PINHEIRO et al. (2004) o estilo de vida e os valores dos
indivíduos também são conceitos bastante utilizados no que se refere à formulação de
estratégias de segmentação dos mercados consumidores. Apontam em seu trabalho
dois exemplos distintos de segmentação segundo esses critérios: o AIO - atividades,
interesses e opiniões e sistema de valores e estilos de vida.
ATIVIDADES, INTERESSES E OPINIÕES
A segmentação proposta por ENGEL, BLECKWELL e MINIARD (2000)
considera que os estilos de vida podem ser compreendidos por técnicas
psicográficas que subsidiam os esforços de segmentação das empresas. As
técnicas conhecidas como Atividades, Interesse e Opiniões (AIO) procuram
agrupar consumidores por critérios envolvendo atividades, interesses e opiniões.
Essa segmentação pode ser descrita através da tabela 3.1.
60
ATIVIDADES
INTERESSES
OPINIÕES
DADOS DEMOGRÁFICOS
TRABALHO
FAMÍLIA
ELES PRÓPRIOS
IDADE
HOBBIES
LAR
QUESTÕES SOCIAIS
INSTRUÇÃO
EVENTOS SOCIAIS
EMPREGO
POLÍTICA
RENDA
FÉRIAS
COMUNIDADE
NEGÓCIOS
OCUPAÇÃO
DIVERSÃO
RECREAÇÃO
ECONOMIA
TAMANHO DA FAMÍLIA
AFILIAÇÃO A UM CLUBE
MODA
EDUCAÇÃO
HABITAÇÃO
COMUNIDADE
ALIMENTAÇÃO
PRODUTOS
GEOGRAFIA
FAZER COMPRAS
MÍDIA
FUTURO
TAMANHO DA CIDADE
ESPORTES
REALIZAÇÕES
CULTURA
ESTÁGIOS NO CICLO DE VIDA
Tabela 3.1 - Escala (AIO)
SISTEMA DE VALORES E ESTILOS DE VIDA
Consiste em uma segmentação de mercado, referenciada por PINHEIRO et al.
(2004), utilizada nos Estados Unidos (mas não validadas no Brasil) e baseada
no Sistema de Valores e Estilos de Vida (Escala VALS2), que classifica os
consumidores em diferentes estilos de vida de acordo com a forma como gastam
seu tempo e dinheiro disponíveis. Os estilos de vida foram agrupados em oito
segmentos:
modernizadores
experimentadores,
crédulos,
ou
efetivadores,
batalhadores
ou
realizadores,
esforçados,
satisfeitos,
criadores
ou
“fazedores” e lutadores (vide anexo B5).
Em pesquisa intitulada “Pesquisa revela quem é o Consumidor Consciente”, a
segmentação foi realizada de acordo com grau de adesão aos comportamentos que
pressupõem a consciência no ato do consumo de produtos, recursos naturais ou
serviços.
Segundo relata, o consumidor consciente busca o equilíbrio entre sua satisfação
pessoal e o impacto do seu consumo na preservação do meio ambiente e do bem-estar
social.
61
Assim, ao listarem-se treze comportamentos, foi possível relatar a segmentação
de mercado segundo o grau de consciência de consumo – de acordo com o que as
pessoas realmente fazem. Quatro grupos distintos foram declarados: Conscientes,
Comprometidos, Iniciantes, Indiferentes (vide anexo B6).
Essa pesquisa revela que uma das principais descobertas da investigação foi a
identificação dos valores e comportamentos que possivelmente representam tendências
"em gestação" no grupo dos mais conscientes e que, presume-se, serão em breve
assimiladas pelos demais consumidores.
Segundo a pesquisa, a identificação de grupos também permitirá às instituições
como ONGs, por exemplo, direcionar de forma mais eficaz seus esforços de
sensibilização e mobilização para suas causas. Permitirá também que empresas
compreendam melhor as expectativas deste público e direcionem assim suas políticas
de comunicação e responsabilidade social, bem como seus processos comerciais e
produtivos.
Em reportagem, intitulada “Só para mulheres” podemos também claramente
perceber como a segmentação influencia na elaboração de novos produtos. Ela relata
que a Volvo Automóveis apresentou no salão de Genebra, na Suíça, o modelo YCC que
tem como alvo um dos clientes mais exigentes da empresa: a mulher independente e
profissional. Esse público apresenta 54% de todos os compradores da Volvo Car nos
Estados Unidos e na Europa o segmento também não para de crescer.
A segmentação é também focalizada por MARINS FILHO (2004) onde se pode
claramente perceber como o processo de segmentação de mercado, de acordo com a
tipologia do consumidor, pode auxiliá-los e também aos negócios.
Segundo consta, as taxas de juros praticadas por bancos e financeiras não são
iguais para todos os clientes, e essa informação deve ser utilizada ao negociar um
empréstimo. É relatado que assim como os países têm uma taxa de riscos medidas por
empresas estrangeiras, os clientes que pedem empréstimos também são avaliados
pelos financiadores. Cada instituição faz seu próprio quadro de avaliação. Quanto mais
o perfil do cliente indicar que ele será bom pagador, menor será a taxa de juros e maior
o prazo de pagamento. Pode-se perceber aqui a utilização do marketing na fidelização
do cliente, oferecendo a ele vantagens pela contrapartida de estar em dia com os
pagamentos.
62
Além da idade de 30 anos, considerada por MARINS FILHO (2004) como a
idade onde a vida tende a ser mais estável, foram também considerados o histórico do
cliente em outros financiamentos, o nível de comprometimento de sua renda, as
aplicações financeiras de que dispõe e o tipo de emprego. Esse tipo de segmentação
baseia-se no caráter, capital, condições, garantia, capacidade, conglomerado (vide
anexo B7).
Já na pesquisa realizada por TAI (2004) foram identificados quatro segmentos
de consumidoras em Shangai (25-29 anos de idade) e em Hong Kong (30-34 anos de
idade) descritos em anexo B8.
Desta classificação podem ser deduzidos quais são os apelos mais importantes
para a venda de produtos e também para influenciar o modo de acessibilidade.
Esse mesmo assunto foi abordado na Revista O Globo do dia 1º de agosto de
2004 que diz que o chamado consumo ético atualmente conquista muitos adeptos na
Europa. É relatado, baseado em pesquisa do Instituto Mori, que na Grã Bretanha o
mercado politicamente correto movimentou o equivalente a R$ 120 bilhões em 2002 e
que pelo menos 52% dos britânicos boicotaram alguma marca ou grande corporação
nesse ano, resultando, em algumas empresas, num prejuízo de R$ 18 bilhões.
Será apresentada a seguir um resumo das possibilidades de segmentação aqui
comentadas (tabela 3.2). É importante frisar que para cada propósito, ou alvo de
negócio, as possibilidades de investigação abrem um leque de oportunidades de
variáveis a serem exploradas, ou seja, para cada finalidade de pesquisa podem-se
utilizar critérios variados que indicarão tipologias distintas.
O critério de segmentação realizado através dos estágios de fidelidade utilizado
por KOTLER permitiu a formação de tipologias de clientes segundo seu gradativo
comprometimento com a empresa. Esse tipo de segmentação tem como principal
objetivo fidelizar, pois para o autor, um cliente perdido representa mais do que a perda
da próxima venda; a empresa perde o lucro de todas as compras futuras daquele cliente
e ainda adquire o custo de sua reposição, que é cinco vezes maior.
A estratégia de segmentar para melhor atender a cada segmento é um
instrumento de marketing que beneficia ao consumidor, pois, o tipo de bem oferecido
e/ou de serviço prestado vão sempre estar sendo avaliados pelo cliente regulando seu
nível de satisfação e conseqüentemente, de retorno (uma vez que tem suas
63
expectativas e necessidades atendidas) e à empresa, que tem como possível garantia,
além do retorno do cliente, a propaganda boca-a-boca, que como já foi visto, pode ser
uma ferramenta útil para satisfazer determinadas tipologias de consumidores. Ambos
saem ganhando.
64
ANO
KOTLER
(1999)
CRITÉRIO
ESTÁGIOS
TIPOLOGIA
DE
COMPRADOR,
EVENTUAL,
REGULAR,
DEFENSOR,
ASSOCIADO, PARCEIRO, CO-PROPRIETÁRIO.
FIDELIDADE
MODERNIZADORES,
PERFIL
REALIZADORES,
EXPERIMENTADORES,
CRÉDULOS,
SATISFEITOS,
BATALHADORES,
CRIADORES, LUTADORES.
TRABALHO,
HOBBIES,
SOCIAIS,
EVENTOS
FÉRIAS,
DIVERSÃO, AFILIAÇÃO COM UM CLUBE, COMUNIDADE,
ATIVIDADE
FAZER COMPRAS,
ENGEL,
BLECKWELL
E
ESPORTES.
(2000)
MINIARD
FAMÍLIA,
INTERESSES
LAR, EMPREGO, COMUNIDADE, RECREAÇÃO,
MODA, ALIMENTAÇÃO, MÍDIA, REALIZAÇÕES
ELES
OPINIÕES
PRÓPRIOS,
QUESTÕES
SOCIAIS,
POLÍTICA,
NEGÓCIOS, ECONOMIA, EDUCAÇÃO, PRODUTOS, FUTURO,
CULTURA.
IDADE,
DADOS
FAMÍLIA, HABITAÇÃO, GEOGRAFIA, TAMANHO DA CIDADE,
DEMOGRÁFICOS
GORDON
(2002)
INSTRUÇÃO, RENDA, OCUPAÇÃO, TAMANHO DA
ESTÁGIOS NO CICLO DE VIDA.
PROSPECTS, COMPRADORES,
VÍNCULO
EVENTUAIS, REGULARES,
DEFENSORES.
DECIDIDO, INDECISO, CONFUSO, APRESSADO, SEM
SPILLER ET AL
(2004)
PRESSA,
TIPO DE AÇÃO
COMUNICATIVO, NÃO COMUNICATIVO, ATENTO,
DESATENTO, QUE SÓ DIZ SIM, ESTRELA, NEGOCIADOR.
RUIZ, CHEBAT,
E HANSEN
INSTITUTO
AKATU
TIPO DE ATIVIDADE
RECREACIONAIS, PLENOS, TRADICIONAIS,
(2004)
COM OBJETIVOS PRÉ-DETERMINADOS
(2004)
GRAU
DE
CONSCIÊNCIA
DE
CONSCIENTES,
COMPROMETIDOS,
INICIANTES,
INDIFERENTES
CONSUMO
FILHO
(2004)
HISTÓRICO
CAPITAL,
FINANCEIRO
CAPACIDADE, CONGLOMERADO.
DADOS
TAI
(2004)
DEMOGRÁFICOS
CAÇADORAS
E
CARÁTER,
DE MODA,
CONDIÇÕES,
COMPRADORAS
GARANTIA,
RACIONAIS,
COMPRADORAS DE VALOR, DEPENDENTES DE OPINIÃO.
PREFERÊNCIAS
Tabela 3.2 - Tipologias de consumidores segundo diferentes critérios.
65
Já ENGEL, BLECKWELL E MINIARD segmentam os clientes de acordo com seu
perfil. Avaliam quais são suas atividades, interesses e opiniões como também seus
dados demográficos.
Esse tipo de segmentação é uma espécie de “raio x” do
consumidor, e permite a formação de tipologias que retratam as especificidades de
cada segmento. Essa abordagem vai permitir que o bem e/ou serviço a ser oferecido
possa atender a cada perfil específico, possibilitando a permanência do cliente com a
empresa, uma vez que suas necessidades são minimamente atendidas.
A principal diferença entre a segmentação proposta por KOTLER (1999) e a
proposta por ENGEL, BLECKWELL E MINIARD (2000) é que a primeira busca uma
forma de fidelizar através de estágios de evolução, como se a garantia de fidelização
fosse se fortificando gradativamente a cada tipologia, chegando ao extremo de se ter
um cliente co-proprietário e a segunda, busca fidelizar atendendo aos interesses de
acordo com as tipologias identificadas através de perfis detalhados (atividades,
interesses, opiniões e dados demográficos) dos consumidores.
A segmentação proposta por GORDON (2002) utiliza como critério o vínculo que
o cliente mantém com a empresa através do processo de compra. Assim como para
KOTLER, para esse autor, o nível de envolvimento do cliente com a empresa deve ser
gradativo e isso fica claro, pois utiliza este nível de envolvimento para segmentar e
classificar tipologias.
A principal diferença entre a segmentação proposta por KOTLER e a proposta
por GORDON é que a primeira avalia o ato do consumo desde o comportamento dos
atendentes até a satisfação com que o cliente sai da loja, buscando uma evolução na
relação no ato da compra, enquanto GORDON (2002) prioriza o vínculo estabelecido
entre cliente e loja, o que permite diferentes relações entre cliente e empresa, como já
foi visto. Gordon acredita que é fortificando esse vínculo, através da evolução da
relação cliente x empresa, que um consumidor do tipo “prospects” pode vir a ser um
consumidor do tipo defensor, garantindo a fidelização e abrindo espaços para novos
“prospects”.
Ambas buscam possibilitar um envolvimento gradativo entre empresa e cliente
de modo a fidelizá-lo.
SPILLER et al. (2004) utilizam como critério de classificação o tipo de ação do
consumidor em relação à compra. Essa ação vai fornecer ao marketing subsídios para
66
atrair o cliente através das atitudes da empresa em relação a ele segundo sua forma de
agir no processo de compra.
Esse processo de segmentação difere dos anteriormente apresentados por não
buscar nenhuma gradação na relação com o cliente. Há também aqui uma busca pela
fidelização, porém ela é pretendida através da conquista da confiança de cada grupo.
Quando ocorre a satisfação das necessidades e a expectativa é atendida é possível
dizer que o cliente vai voltar.
A segmentação proposta por RUIZ, CHEBAT E HANSEN (2004) foi elaborada
de acordo com a finalidade das atividades realizadas pelos clientes no shopping. Estas
podem ser previamente planejadas ou não, podem ter caráter social ou apenas de
manutenção.
Esse tipo de segmentação fornece subsídios para uma análise de segmentos
que trata da relação cliente x shopping, ou seja, o horizonte de pesquisa extrapola a
relação que o cliente cria quando do consumo de determinado bem ou serviço
específico.
Aqui se busca a segmentação através da atividade desenvolvida podendo
fornecer ao marketing subsídios para fidelização através, por exemplo, de investimentos
em atividades de lazer ou manutenção, se esse for o segmento mais consistente em
determinado universo de pesquisa.
Assim como na proposta de Spiller et al. este modelo de segmentação não
busca a fidelização através de um processo gradativo e sim através do atendimento
satisfatório das necessidades de cada nicho.
A pesquisa realizada pelo Instituto Akatu utilizou o processo de segmentação
segundo o critério de grau de consciência de consumo e contribui com um avanço nas
pesquisas relacionadas ao tema uma vez que busca identificar alvos de consumidores
conscientes. Um processo como este surge da conscientização do mercado da
necessidade óbvia de agir de forma sustentável. Quando se busca conhecimento de
segmentos que priorizam posturas sustentáveis em seus atos de consumo é porque se
pretende fidelizar esses segmentos através da oferta de bens e serviços sustentáveis, o
que aponta para um importante passo na evolução das relações de mercado
socialmente responsáveis.
67
A semelhança encontrada entre as pesquisas de Kotler, Gordon e Instituto Akatu
é que buscam possibilitar uma evolução gradativa entre os segmentos. A diferença é
que na pesquisa do Instituto Akatu o processo de compra baseou-se em atitudes dos
consumidores que extrapolam o limite físico da loja. Seu comportamento é avaliado de
acordo com as atitudes que toma no âmbito individual, mas que na realidade atingem o
coletivo, pois as questões se referem, por exemplo, a se o consumidor apaga a luz ao
sair do ambiente, separa o lixo para reciclagem, lê o rótulo de um produto antes de
comprá-lo, entre outras.
O processo de segmentação proposto por Marins Filho é bastante específico da
área financeira e demonstra que o histórico e o comprometimento financeiro de um
cliente podem ocasionar a ele determinadas garantias ou restrições na sua relação com
o banco, por exemplo, quando se tratam de empréstimos.
Para esse estudo, as
tipologias reveladas através da segmentação têm caráter ilustrativo, dispensando uma
análise mais elaborada.
A segmentação proposta por Tai prioriza os dados demográficos e as
preferências dos clientes. Assim como no processo utilizado por Filho, essa
segmentação é específica de determinado universo de pesquisa e tem caráter
ilustrativo.
A questão a ser colocada é que para cada tipo de negócio deve existir um
critério de segmentação que a ele melhor se adapte. Cabe a quem oferece o
produto/serviço definir o tipo de segmentação para que seu negócio possa ser mais
efetivo.
Para PINHEIRO et al. (2004) a pesquisa de marketing e o estudo do
comportamento do consumidor fornecem as informações necessárias à seleção dos
critérios de segmentação de mercado adotados pelas empresas. Para WEINSTEIN
(1995) os benefícios principais da adoção de estratégias de segmentação são:
•
Permitir a pesquisa e produção de produtos que atendam de maneira eficaz às
necessidades do mercado e dos consumidores;
•
Auxiliar na redução dos custos envolvidos na elaboração de estratégias
promocionais eficazes, posto que tais esforços são dirigidos para os canais
adequados;
68
•
Possibilitar uma avaliação do estado do mercado, ao gerar uma imagem da
posição da empresa no mercado e de seus concorrentes e;
•
Oferecer subsídios para a revisão constante das estratégias de marketing da
empresa devendo ser levada em consideração na projeção de cenários
competitivos de curto, médio e longo prazos.
Porém, como já foi visto através dos exemplos, a segmentação de mercados
não pode ser realizada da mesma forma em todos os casos porque tanto a estrutura do
mercado quanto o perfil dos consumidores vão variar em função do bem ou serviço e do
segmento que se deseja atingir.
Para PINHEIRO et al. (2004) a empresa, ao adotar a segmentação, deve
considerar as orientações de marketing de três maneiras:
•
MARKETING DIFERENCIADO OU DIFERENCIAÇÃO
A segmentação por diferenciação busca atender dois ou mais segmentos
de mercado. Diferentes públicos-alvo necessitam de produtos com
especificações diversas;
•
MARKETING CONCENTRADO OU CONCENTRAÇÃO
Ao contrário da anterior, sua estratégia é de focalizar os esforços de
marketing em apenas um segmento. Sua vantagem está no custo mais
baixo em relação ao anterior;
•
MARKETING INDIVIDUALIZADO
Conhecido também como micro-marketing e implica no atendimento
individualizado e especializado a cada consumidor por parte da empresa.
Sua principal desvantagem e o alto custo em relação aos anteriores.
Por outro lado é importante ressaltar que não existe uma fórmula de
segmentação estática, ela deve variar de maneira a subsidiar estratégias eficazes de
participação no mercado. PINHEIRO et al. (2004) relata em sua pesquisa que os
critérios mais adotados pelas empresas na segmentação de mercado são os seguintes:
69
•
GEO-DEMOGRÁFICOS
Baseados em fatores como região geográfica, tamanho do município,
tamanho da cidade, concentração populacional, clima faixa etária, gênero
e número de integrantes da família;
•
SOCIOECONÔMICOS
Estágio de vida familiar, renda, classe social ou econômica, ocupação,
nível de instrução, religião, raça, nacionalidade;
•
PSICOGRÁFICOS
Estilo de vida, características de personalidade, valores, gostos,
preferências e tendências de consumo dos indivíduos;
•
COMPORTAMENTAIS
Taxa de uso do produto (freqüência e variedade de uso), benefícios
procurados (qualidade, serviço, economia), grau de lealdade para com o
produto (nenhum, leve, forte, absoluto), envolvimento emocional do
consumidor (entusiasta, positivo, indiferente, negativo, hostil).
Os autores recomendam que, para que os estudos de segmentação sejam
completos, as empresas utilizem pesquisas que combinem todos esses critérios
enfocando os psicográficos e os comportamentais, pois eles revelam não apenas o
comportamento de compra, mas também o estilo de vida através dos valores, gostos e
preferências.
No entanto, para os objetivos desta dissertação, os critérios de segmentação
enfatizados serão socioeconômicos e de freqüência de consumo, uma vez que a
principal hipótese levantada para esta investigação acabou por condicionar tal
procedimento.
70
3.4 ALGUMAS PRÁTICAS EMPRESARIAIS
Tendo em vista o que foi exposto acerca do conhecimento do comportamento
dos consumidores e sua importância na elaboração de estratégias efetivas de marketing
para a fidelização e atração de novos clientes, serão apresentadas, nesse sentido,
algumas práticas empresariais.
Para VOLPI (2004), os detalhes que fazem a diferença (segmentação,
fidelização, retenção e responsabilidade social) entram na cartilha de preocupação das
empresas que anseiam por um bom relacionamento com o consumidor. Enxergá-lo por
todos os ângulos e observar o seu comportamento é o que todas as organizações
sensatas buscam fazer, relata o autor.
Mas encantar o cliente custa caro? Essa é a pergunta colocada por LOPES
(2002), quando relata que talvez fosse melhor invertê-la: Quanto custa não encantar o
cliente? Para ele, a economia obtida em termos numéricos, com a não-realização de
iniciativas ou programas com foco direto no cliente, pode ser desastrosa para qualquer
organização.
Ainda relata que dispor de um produto de qualidade e bom preço não é mais
suficiente para se estabelecer. Mesmo porque, hoje, com as mesmas tecnologias
acessíveis a praticamente todas as empresas, os produtos criados não saem assim tão
diferente um dos outros. Como então ter a garantia de mercado?
ZENONE (2004) relata que as empresas devem conduzir seus negócios da
seguinte maneira:
•
GESTÃO DA LUCRATIVIDADE
A empresa deve entender o valor (lucro) que um cliente traz atualmente,
e pode trazer, para a empresa.
•
GESTÃO DO CLIENTE
Entender como melhorar o relacionamento com clientes, que não se
restringe apenas na visão comercial.
•
GESTÃO DO VALOR AGREGADO
Criar benefícios importantes e que sejam atraentes para o cliente, que
agreguem valor tanto para o cliente como para a empresa.
71
•
GESTÃO DO PROCESSO
Desenvolver um processo apropriado para interações de gerenciamento
de clientes durante o curso do tempo de vida de suas compras.
•
GESTÃO DA INFORMAÇÃO
Gerenciar dados e informações de forma custo eficaz para gerar
informações importantes sobre os clientes - informações que servirão
como base para ações futuras.
•
GESTÃO DA INFRA-ESTRUTURA
As pessoas, a estrutura, os processos internos, os sistemas de TI
(tecnologia da informação) e a cultura necessária para conseguir uma
estratégia eficaz de gerenciamento de clientes que todos na empresa
possam entender, relatar e usar.
Assim, o autor acredita através da prática relatada acima, que a empresa estará
preparada e qualificada para gerenciar o processo com foco no cliente.
Tendo em vista a análise feita sobre as possíveis tipologias de consumidores,
segmentadas através do conhecimento dos hábitos de consumo dos clientes (a
demanda),
serão
apresentadas
a
seguir
como
as
principais
empresas
do Brasil (a oferta) segundo a revista Consumidor Moderno, consideram os detalhes
que podem ampliar ou acabar com uma relação de consumo através da experiência do
cliente e o que essa experiência significa para a manutenção do seu negócio no
mercado assim como o esforço que determinadas empresas têm feito nesse sentido.
Em reportagem intitulada “O cliente está nos detalhes” publicada pela revista
Consumidor Moderno, número 79, em março de 2004, os presidentes das principais
empresas do Brasil relatam como é a relação de sua empresa com a experiência do
cliente e como o seu pleno conhecimento é importante para ser efetivo e fidelizar em
mercados competitivos.
Segundo descreve a reportagem, a experiência do cliente pode ser facilmente
entendida através de um simples exemplo: ao ir a um restaurante será que o cliente
está comprando apenas a comida? Claro que não. Compra-se uma refeição, o que é
diferente. Também se quer facilidade para chegar ao local, um ambiente agradável e
limpo, um serviço decente e um preço compatível. Esse é o cardápio básico a ser
72
oferecido ao cliente. Segundo o autor, se esse check-list for completado, a garantia de
retorno é praticamente certeira.
Se o estabelecimento quiser ampliar a boa impressão pode fazer uma
propaganda que não incomode e na qual seu público se identifique. Pode, também,
mandar um cartão com desconto nos aniversários de seus fregueses. Se o cliente tiver
algo para se queixar, que seja bem atendido e que os serviços relacionados, como
manobrista, charutaria, chapelaria etc. sejam igualmente excelentes. E que o
restaurante atenda aos filhos de seus clientes tão bem que eles possam voltar e sugerir
o local como referência de encontros em família.
Segundo a publicação são muitas as empresas que estão perto de chegar a
essa excelência. Assumem que a tarefa de atender a satisfação do consumidor é árdua
porque móvel e em constante evolução, mas também intuem que sendo pioneiras hoje
nesse sentido, terão um futuro garantido amanhã. Para melhor conhecimento de alguns
exemplos dessas empresas que atuam no mercado de consumo brasileiro e que
buscam melhorar a experiência do consumidor indo além do produto que oferecem, vide
entrevistas no anexo C.
Pode perceber-se, através de análise desses depoimentos, que não apenas a
academia indica que o alvo das empresas deve ser o conhecimento dos atributos
preferenciais dos clientes para melhor atendê-los de modo a fidelizá-los. Além disso,
faz-se necessário lembrar que ao entender atividade empresarial dentro do contexto
contemporâneo moderno, ou seja, configurada em rede de parceria, assim como
proposto pelo Grupo de Pesquisa Móbile na sua abordagem original, não é suficiente
identificar apenas os atributos preferenciais dos produtos e serviços, mas, também,
prestar atenção em atributos locacionais das atividades e em atributos de escolha de
modo de transporte utilizado para acessar as atividades de consumo de bens e
serviços.
73
3.5 CONTRIBUIÇÃO PARA ANÁLISE
Apresentam-se aqui alguns comentários sobre as possibilidades de apreensão
de conteúdo deste capítulo, baseado em vasta revisão bibliográfica, com fins de
consubstanciar o procedimento de análise propriamente dita desta dissertação.
Seguindo o raciocínio da teoria de racionalidade econômica, indivíduo quanto o
consumidor, quando escolhe um local de consumo ou uma alternativa de transporte,
ele, para suas condições específicas e únicas, escolhe o melhor possível, maximizando
a sua satisfação. Os atributos/razões de escolha por ele revelados podem representar
os critérios avaliados para atingir a sua satisfação. Logo, quando o consumidor mais
satisfeito, ele tornará a escolher novamente as mesmas opções (de lugar e de
transporte), até que apareçam outras, segundo critérios dele, melhores, podendo então
essas ser escolhidas.
Entretanto, a segunda teoria vem ressaltar que as decisões individuais se
formam, baseadas em uma série de estímulos do seu ambiente, implicam em algum
processo de avaliação e reação do consumidor que pode ser positiva (reforçando a
escolha de lugar e de alternativa de transporte) ou negativa (enfraquecendo ou
refutando as alternativas da escolha anterior). Sem dúvida, levando em consideração
essa teoria, tem que se observar com maior atenção não só as características inerentes
ao indivíduo-consumidor, mas também dos produtos e serviços e estímulos externos
usados para a sua venda.
Cabe aqui lembrar também a teoria cognitivista que interpreta o comportamento
do consumidor como um processo de decisão resultante de processamento de
informações do indivíduo-consumidor, da cultura e do meio ambiente, onde vários
fatores cognitivos foram relatados (psicológicos, socioculturais e situacionais).
Em função da proposta de investigação anteriormente formulada neste trabalho
(vide capítulo 1), parece que poderá haver respaldo teórico, através da combinação das
três teorias aqui referidas (embora levando em consideração seus preceitos apenas
parcialmente), para análise dos dados a ser apresentada posteriormente, na Parte II
desta dissertação (nos capítulos 5 e 6).
Entretanto, examinando outras teorias (psicanalítica e antropológica), estas
convidam para uma análise mais refinada e que extrapola os objetivos delimitados para
presente trabalho.
74
A partir de uma ampla revisão sintetizada neste capítulo, os diferentes autores
trazem uma contribuição, no sentido de oferecer classificações de uma série de fatores
influentes sobre os comportamentos de compra e tipologias de consumidores. Por outro
lado, para análise encaminhada na presente dissertação há disponibilidade de
informações limitada de tal modo que venha a restringir a sua abrangência, mas sem
comprometer seus resultados, uma vez que se procura responder a hipótese préestabelecida já no início da investigação.
Dessa maneira, com a finalidade de segmentar os cidadãos-clientes analisados
neste estudo, optou-se por uma segmentação que acabou considerando, parcialmente,
as classificações de KOTLER (1999), tentando diferenciar os consumidores regulares e
eventuais, de ENGEL, BLECKWELL E MINIARD (2000), segmentando pelos critérios de
atividades, interesses e dados demográficos e de RUIZ, CHEBAT E HANSEN (2004),
classificando pelo tipo de atividade. Sendo assim, os critérios de segmentação
consideram, seqüencialmente, o tipo de compra, freqüência de consumo e
características individuais dos cidadãos-clientes pesquisados (vide capítulo 1 –
metodologia e capítulo 5 e 6 – análise).
75
4
ALTERNATIVAS DE ACESSO ÀS ATIVIDADES DE CONSUMO
4.1 APRESENTAÇÃO
Para consumir a cidade e a gama atividades que ela oferece, (habitar, trabalhar,
divertir, consumir, circular, conviver, entre outras), ou seja, para que as necessidades e
desejos dos cidadãos possam ser viabilizados e suas relações sociais reproduzidas
efetivamente, é necessário que as cidades sejam planejadas de modo a oferecer
acessibilidade condizente com as atividades da população.
Se vencer distâncias é o objetivo dos transportes e abrigar atividades o das
edificações, e se ainda, a acessibilidade é condição necessária para que os cidadãos
contemporâneos possam realizar sua cadeia de atividades, não é possível desvincular a
realização destas de seu acesso.
Porém o que se percebe é que o planejamento e de transportes não considera
sua demanda derivada da demanda de atividades, resultando em um serviço
homogêneo que não atende de forma adequada as reais necessidades da população
apresentando, segundo FORTE (2004), lacunas entre o desejo desta e a oferta de
transportes.
A utilização do transporte público ocorre fortemente pela catividade, ou seja, por
falta de opção dos usuários. As lacunas mencionadas levam os indivíduos, que não
possuem restrições financeiras, a adotar o modo individual motorizado na realização de
suas atividades, e os que possuem, a optar pelo transporte não regulamentado (=
informal).
As conseqüências são visíveis, pois, o transporte individual motorizado é o modo
que
mais
impactos
negativos
causa
ao
meio
ambiente,
resultando
em
congestionamentos e em patamares de imobilização que atingem a todos os segmentos
sócio-econômicos da população. Por outro lado o transporte não regulamentado oferece
vantagens, julgadas favoráveis pelos seus usuários (dada a sua maior flexibilidade e
oferta quase porta-à-porta), porém, não há nenhuma garantia com relação à segurança,
preço, entre outros, além de contribuírem para queda de qualidade do transporte
público de uma maneira geral. O transporte público regulamentado apresenta, assim,
uma queda acentuada, demonstrada pelas estatísticas da NTU (2005).
Sendo assim, é imprescindível conhecer o que deseja o cliente, as razões de
escolha modal e de escolha local para realização das atividades, em foco aqui de
76
consumo. Isso se faz quando se investiga os atributos de preferência entre os clientescidadãos, de modo a oferecer instrumentos ao marketing para que as lacunas
previamente
mencionadas
possam
ser
reduzidas,
na
busca pela
oferta de
acessibilidade condizente com as atividades e com o paradigma de sustentabilidade
presente nas sociedades contemporâneas.
4.2 IMPORTÂNCIA DE TRANSPORTE NO ACESSO ÀS ATIVIDADES DE CONSUMO
Para realizar suas atividades de subsistência, manutenção e lazer, os indivíduos
precisam se deslocar conferindo-se assim à acessibilidade, papel importante na escolha
dos locais das atividades. O ato de transportar-se (deslocar-se) é uma atividade meio
de todo cidadão, independente do modo que utiliza, sendo a demanda por transportes,
então, derivada da demanda pelas atividades.
As atividades econômicas não ocorrem de forma efetiva se o acesso a elas não
for também efetivo. Estas atividades se diferenciam por suas características e vão
gerar, no entanto, necessidades por deslocamentos também diferenciados que
deveriam ser abordados e ofertados de maneira condizente com o tipo de atividade a
qual está vinculado.
Segundo NOVAES (1986) as atividades de subsistência, por exemplo, envolvem
movimentos pendulares e freqüências pré-determinadas e são capazes até mesmo de
nortear decisões de longo prazo, como a escolha do local de moradia pela localização
do trabalho e pelas alternativas de transporte existentes. As atividades de lazer são
mais flexíveis, ficando em aberto os locais de destino, a freqüência e o transporte a ser
adotado. Já nas atividades de manutenção ou de consumo, a necessidade de se
realizar a viagem é pré-estabelecida, ficando a critério da pessoa a freqüência, o local e
o modo adotado.
No entanto, o que se pode perceber é que independente da natureza
heterogênea das atividades, o transporte ofertado é homogêneo, ou seja, o mesmo
serviço é utilizado para viabilizar a realização de atividades de subsistência, lazer e
consumo. Nos pólos geradores de tráfego (aglomeram muitas atividades de consumo e
lazer) surgem já algumas exceções, no sentido de certas administrações de shopping
centers oferecerem transporte gratuito por fretamento com destino aos seus
77
empreendimentos, muito embora sem aproveitar o potencial que o sistema de
transporte como meio de integrar vários empreendimentos em rede poderia oferecer.
O problema de acessibilidade aos locais de consumo é percebido, diariamente,
pelos indivíduos na medida em que estes se defrontam com congestionamentos e/ou
filas de acesso. Essa situação se agrava nos períodos de pico e nas épocas sazonais
de consumo a exemplo de uma reportagem intitulada: Estacionar em shoppings, tortura
de Natal. (Folha de São Paulo, 2004). Então vejamos:
“O que acontece com os shopping centers na época das festas de fim de ano é
uma tortura. As vagas são insuficientes para atender a demanda dos que deixam as
compras para última hora. ‘Garagem lotada. Por favor, aguarde’. O aviso da cancela
automática, na entrada de um dos 40 shoppings da capital paulista, prenuncia uma
situação que é velha conhecida de seus freqüentadores: a procura de uma vaga no
estacionamento a R$ 4 por cada três ou quatro horas”.
Esta reportagem, ainda, relata que o fluxo de visitantes dos shoppings da cidade
aumenta, em média, 20% nesse período. A cada dia da segunda quinzena de
dezembro, complexos de lojas como o Center Norte (zona norte) contam mais de 150
mil visitantes e têm 12 mil vagas no estacionamento. O Metrô Santa Cruz (zona sul)
atrai 85 mil visitantes por dia, mas tem 1.200 vagas. O West Plaza (zona oeste), atrai 55
mil visitantes por dia para 1.890 vagas no estacionamento. O Iguatemi, o shopping das
lojas mais cobiçadas da cidade, recebe 48 mil consumidores a cada dia da contagem
regressiva pré-Natal para 1.824 vagas.
Vale ressaltar que a situação acima descrita acontece não apenas no fim de
ano, mas também em diferentes momentos, quando o consumo ou outra atividade
social ou econômica aumenta por alguma razão.
Tendo em vista a gama de empreendimentos relacionados à atividade de
consumo,
ao
apresentar
restrições
com
relação
ao
acesso,
determinado
empreendimento pode estar perdendo clientes, uma vez que o mesmo é também
determinante da escolha pelo local da compra.
É preciso esclarecer também que ao priorizar o acesso através do modo de
transporte individual motorizado, cumprindo o que diz a legislação, os empreendimentos
urbanos relacionados ao consumo acabam contribuindo com externalidades negativas
para o seu entorno e para comunidade no que tange à circulação e à qualidade de vida
78
do ambiente urbano local. Isto porque, ao ofertar uma grande variedade de atividades,
não apenas relacionadas ao consumo, mas também a serviços, manutenção e lazer, os
shopping centers atraem grande número de viagens aumentando os deslocamentos nas
suas imediações onde a infra-estrutura viária, muitas vezes, não foi estabelecida para
recebê-los.
Como nas sociedades contemporâneas as oportunidades de atividades são
múltiplas, principalmente em empreendimentos que as aglomeram, passa a ser a
provisão de acesso uma estratégia diferencial de marketing na administração desses
empreendimentos, inclusive para fidelização de clientes.
MARTINS e BODMER (2002) alertam que “as conseqüências dos transtornos
provocados no ambiente da circulação pública das imediações, em curto prazo, voltamse contra os próprios interesses daquele pólo gerador de tráfego”, uma vez que, ao ter
dificuldades com relação ao acesso, o cliente-cidadão escolhe outro local para
consumir.
Assim,
fica
evidenciado
que
soluções
para
o
acesso
a
esses
empreendimentos devem contemplar o “desenvolvimento de novas formas de
acessibilidade e de gestão da mobilidade dos consumidores”.
Nesse sentido, o planejamento urbano e de transportes deve ser realizado de
acordo com as necessidades dos clientes-cidadãos e condizentes com a realização das
suas atividades, pois afinal são eles os que tomam a decisão no processo de escolha
modal e local.
4.3 USO DE MODOS DE TRANSPORTE NAS VIAGENS URBANAS
A partir do esclarecimento de que o acesso é primordial para a realização das
atividades de consumo, inclusive podendo determinar a escolha do local a se consumir,
é necessário entender as características relacionadas aos modos de transporte e as
conseqüências sociais dos investimentos relacionados às infra-estruturas adotadas para
viabilizá-los.
Segundo a ANTP (1997), “determinadas cidades brasileiras e de países em
desenvolvimento foram ajustadas para o uso eficiente do automóvel. O sistema viário foi
adaptado e ampliado, e órgãos governamentais responsáveis pela garantia de boas
condições de fluidez foram criados. Este processo ocorreu paralelamente à ampliação
79
da frota de automóveis, formando-se, assim, uma cultura que drenou muitos recursos
para o atendimento de suas necessidades”.
MARTINS e BODMER (2002) argumentam que “como a lógica que justifica o
rodoviarismo é a autonomia da viagem (o automóvel e o ônibus permitem maior
mobilidade — deslocamento porta-à-porta), o uso do modo rodoviário acabou por
tornar-se hegemônico no planejamento urbano” .
Ainda relatam que a “partir do momento em que o poder público investe na via, o
capital imobiliário arca com o custo de estacionamento para o transporte privado, e as
empresas de transporte de passageiros, com o custo da frota de transporte coletivo” e
que “a participação desses agentes nessa política rodoviarista acabou também por
imprimir desintegração entre as políticas de uso do solo e de transporte”.
Ou seja, o vínculo entre políticas de uso do solo e de transporte reduz-se apenas
à obrigatoriedade na oferta de vagas de garagem impostas pela lei de uso e ocupação
do solo, aumentando o valor de uso para o automóvel, apesar de uma das etapas
previstas no Modelo de Quatro Etapas, utilizado no planejamento de transportes, ser a
divisão modal. (Notas de aula, MARTINS, 2003).
Para MARTINS e BODMER (2002) nem mesmo as propostas de hierarquização
viária em planos diretores municipais são coerentes com a política de localização de
atividades urbanas.
A ANTP (1997) classifica alguns problemas verificados com este modelo de
desenvolvimento onde o planejamento urbano é concebido desagregado do
planejamento de transportes em benefício dos transportes individuais motorizados:
•
A produção de situações crônicas de congestionamento, com elevação dos
tempos de viagem e redução da produtividade das atividades urbanas. No caso
das duas maiores cidades brasileiras, estima-se que o congestionamento severo
(quando a capacidade da via é atingida) esteja causando perdas anuais de 316
milhões de horas (São Paulo) e 113 milhões de horas (Rio de Janeiro). O
impacto desta restrição de mobilidade e acessibilidade sobre a economia é
enorme. Nas dez cidades pesquisadas no estudo IPEA/ANTP (1998), estima-se
que as deseconomias resultantes do congestionamento severo (quando a
capacidade das vias está esgotada) atingem a cifra de R$ 450 milhões por ano.
Caso as demais cidades médias e grandes brasileiras sejam incluídas, este
80
valor sobe para a casa de vários bilhões de reais por ano, sem contar as perdas
devidas aos acidentes de trânsito (que também se estima em vários bilhões de
reais por ano);
•
O prejuízo crescente ao desempenho dos ônibus urbanos, principalmente, na
forma de redução da sua velocidade causada pelo uso inadequado do espaço
viário pelos automóveis, com impactos diretos nos custos da operação, na
confiabilidade e na atratividade do sistema, e nas tarifas cobradas dos usuários.
Em muitas cidades grandes do país, a velocidade dos ônibus está muito abaixo
de 25km/h, valor possível de se alcançar com tratamento adequado. Em
grandes cidades, um número elevado de pessoas gasta muito tempo nos seus
deslocamentos por transporte coletivo, chegando em muitos casos a mais de 3
horas por dia no caso extremo de São Paulo. Adicionalmente, o tempo de
acesso físico ao sistema é dificultado pelos problemas de oferta física e
espacial, tornando o transporte público muito mais desvantajoso que o
transporte particular. A necessidade de realizar transferências causa desconforto
e aumento de custos e tempo de viagem. Finalmente, o congestionamento
provocado pelos automóveis aumenta os custos operacionais dos ônibus, em
valores que chegam a 16% no caso da cidade de São Paulo (IPEA/ANTP,
1998);
•
O decréscimo no uso do transporte público: a redução dos investimentos
necessários ao transporte público, a paralisação de obras iniciadas e, em alguns
casos, o abandono de sistemas já constituídos, ocasionam a queda no nível de
serviço e na atratividade do transporte público. Paralelamente, a manutenção de
grandes diferenças de qualidade estimula o uso do transporte individual para os
setores de classe média. Deve-se lembrar, também, que a tarifa do transporte
público tornou-se relativamente mais cara com o passar do tempo;
•
O aumento e a generalização dos acidentes de trânsito: O Brasil apresenta
índices (dentre os maiores do mundo) de acidentes de trânsito tendo em vista a
incompatibilidade entre o ambiente construído das cidades, o demasiado uso
dos automóveis, a falta de desenho urbano favorável ao movimento de
pedestres, e a precariedade da educação e da fiscalização do trânsito. O custo
global pode ser estimado em vários bilhões de reais por ano, sem contar os
prejuízos aos que adquirem deficiências físicas permanentes;
81
•
Necessidade de crescentes investimentos no sistema viário para atender à
demanda também crescente do uso do automóvel, onde ocorrem contínuas
adaptações e ampliações do sistema viário, freqüentemente, com custos
elevados. Considerando que o consumo do espaço viário é altamente
diferenciado pela renda - sendo muito maior no caso de quem usa o automóvel,
esta política desvia recursos que poderiam ser utilizados para melhorar as
condições do transporte público;
•
A violação das áreas residenciais e de uso coletivo, bem como a destruição do
patrimônio histórico e arquitetônico, devido à abertura de novas vias, ao
remanejamento do tráfego para melhorar as condições de fluidez e ao uso
indiscriminado das vias para o tráfego de passagem. Os congestionamentos e a
falta de segurança no trânsito repelem os moradores das ruas, que passam
cada vez mais a perder o convívio e as relações de vizinhança próprias do bairro
ou de sua localidade;
•
A produção de deseconomias urbanas, que se revela pela especialização do uso
do solo, espraiamento das cidades e aumento da segregação da população
urbana.
A preocupação com problemas de transporte, advindos do modelo de
planejamento atualmente adotado, podem ser percebidos também no âmbito mundial.
A International Union of Public Transport - UITP (2001) relata que é comum a
perda de valor econômico da terra em algumas áreas destinadas às moradias que
acabam sendo marginalizadas pela infra-estrutura baseada em automóveis, situação
claramente percebida em bairros da cidade do Rio de Janeiro, como Tijuca,
Copacabana, Botafogo, entre outros.
Ainda sobre a infra-estrutura de veículos a UITP (2001) relata que a mesma
ocupa o espaço urbano de uma maneira ineficiente. Cada meio de transporte utiliza
espaço para movimentar-se e estacionar em um período determinado de tempo. No
entanto, o utilitário privado é o meio que mais espaço ocupa, uma vez que passa 90%
(ou 22 horas ao dia) de sua vida estacionado, diferente do que ocorre com transportes
coletivos.
A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP - 1997) relata que para
cada 70 pessoas que poderiam ser transportadas dentro de um único ônibus no Brasil,
82
são utilizados 50 carros particulares. Complementando o que já havia sido mencionado,
o desperdício não é só de espaço. O uso do carro despende 10 vezes mais energia do
que o do transporte por ônibus e 20 vezes mais do que por metrô ou trem. “Os níveis de
poluição são incrivelmente maiores e a utopia da eqüidade social fica, evidentemente,
muito mais distante”. O uso do automóvel acaba sendo estimulado e utilizado pelo fato
da cidade não oferecer melhores opções de transporte.
Sendo assim, os sistemas de transportes coletivos, apesar de alguns
investimentos importantes em locais específicos, permaneceram insuficientes para
atender
à
demanda,
e
têm
passado
por
crises
ligadas
principalmente
à
incompatibilidade entre custos, tarifas e receitas, bem como às deficiências na gestão e
na operação de um transporte homogêneo apesar do caráter de sua demanda ser
derivado de atividades heterogêneas.
Adicionalmente, o transporte público experimenta um declínio na importância e
eficiência junto aos cidadãos, tornando-se um "mal necessário" para aqueles que não
podem dispor do automóvel.
Pode-se concluir, então, que quando as diretrizes de planejamento urbano são
estabelecidas com foco nos deslocamentos individuais motorizados (ofertando vagas de
garagem), a prioridade de investimentos é, em demasiado, voltada para o incremento
da infra-estrutura do sistema viário que, no entanto, não consegue resolver o problema
da acessibilidade, sobretudo no que diz respeito ao impacto de pólos geradores de
tráfego na circulação.
Para MARTINS e BODMER (2002) “há indícios de que o capital imobiliário já
começa a perceber que não pode ser financeiramente auto-sustentável a expansão da
infra-estrutura para o automóvel na velocidade que impõe o crescimento da demanda,
devido aos elevados custos para mitigação das externalidades crescentes (custos
sociais, de imobilização e ambientais)”.
Quando se desloca o foco do transporte individual motorizado para o coletivo, as
prioridades de investimento devem ser definidas de modo a aumentar sua atratividade.
Como já visto, através de taxas de ocupação, eficiência energética, entre outros, a
adoção dos transportes coletivos pode gerar melhorias significativas no que tange ao
meio ambiente e à qualidade de vida.
83
Quando, além do foco no transporte coletivo, é priorizado também o transporte
não motorizado, é possível almejar a qualidade de vida na micro escala – zona
ambiental.6
Dado que a escolha de transportes é feita individualmente pelas pessoas, no
caso em tela pelos consumidores, o conhecimento dos critérios de escolha por eles
utilizados
torna-se
imprescindível
para
prever
as
suas
preferências
e
conseqüentemente as escolhas.
4.4 ESCOLHAS DOS CONSUMIDORES E SUAS RESTRIÇÕES
Foi identificado que o provimento de acesso aos clientes-cidadãos não condiz
com as suas necessidades de viagens devido à desconsideração, pelos planejadores,
do caráter da demanda de transportes derivado da natureza e da intensidade das
atividades sócio-econômicas. Então, para um planejamento urbano efetivo, e
objetivando estabelecer estratégias de marketing de gestão empresarial para os pólos
geradores de tráfego relacionados ao consumo, faz-se primordial identificar quais as
razões de preferência na escolha dos atributos relativos ao modo e à localização para a
realização das atividades, mais especificamente aqui, das atividades de consumo.
Segundo VILLAVICENCIO (2004), na busca pelo foco do cliente (e não pelo foco
da empresa ou do poder público), é necessário realizar pesquisa de mercado em
marketing para realmente saber quais são suas necessidades de acesso e o que
prioriza nos modos adotados. A partir daí “deve-se oferecer o que eles querem ou o
mais próximo disso, procurando efetividade de forma eficiente e eficaz, trazendo
benefícios para todos, para que ao planejar a oferta, a mesma tenha um valor agregado
e se possível irrecusável por parte do usuário”.
CANÇADO (1995) e FORTE (2004) reforçam o que diz o autor quando afirmam
que a satisfação dos desejos dos clientes vai depender da clara compreensão de suas
necessidades e atitudes em relação ao serviço/produto. As autoras partem do princípio
que os usuários têm diversas atitudes condicionadas por suas características pessoais,
experiências prévias e necessidade imediata no ato de se deslocar, e observam que o
6
Zona ambiental - definida por MARTINS e BODMER (2002) como uma unidade territorial na escala urbana com
identidade funcional, paisagística e social.
84
conhecimento desses aspectos pode permitir a adequação do sistema de transporte às
necessidades da demanda.
FORTE (2004) ainda argumenta que, nesse sentido, o primeiro passo para
formulação das estratégias de marketing que contemplem o acesso deve ser identificar
os atributos mais relevantes para os clientes na escolha das alternativas de transporte.
Ressalta a importância de diferenciar a expectativa e percepção dos mesmos em
relação à qualidade prestada e aquilo que os operadores, mercadólogos ou
planejadores consideram mais importante oferecerem, de modo a evitar discrepâncias
(lacunas).
Segundo o modelo apresentado por essa autora, as lacunas da qualidade de
serviço podem ser percebidas em cinco momentos.
O primeiro refere-se à lacuna entre a expectativa do consumidor e a percepção
gerencial onde “identificar erroneamente as prioridades do cliente pode denotar a sua
insatisfação com o serviço”.
O segundo refere-se à lacuna entre a percepção gerencial e as especificações
de qualidade no serviço onde “as condições de mercado, recursos materiais e humanos
podem impedir que a gerência/administração ofereça o que o consumidor espera, ou
pode haver uma ausência de compromisso por parte da alta gerência para fornecer um
serviço de qualidade”.
A terceira lacuna identificada é relativa às especificações da qualidade de
serviço e à prestação de serviço e ocorre “quando o serviço prestado não preenche as
especificações de qualidade”.
A quarta lacuna relaciona-se à comunicações externas e prestação de serviços e
“é o resultado da diferença entre o serviço prestado e a comunicação externa feita pelos
que provêm os serviços ao cliente”. São as promessas que não podem ser cumpridas.
Finalmente a quinta lacuna é relativa ao serviço esperado e à qualidade do
serviço percebida pelo cliente onde “o serviço percebido ou experimentado não é
coerente
com
o
serviço
esperado,
não
condiz
com
as
expectativas
do
cliente/consumidor”.
85
Da comparação do serviço esperado e do serviço percebido resulta a qualidade
de serviços percebida pelo cliente que pode ser determinada através da avaliação e
priorização de determinados atributos, comenta a autora.
Dessa forma, torna-se necessário não apenas lançar mão de estratégias de
marketing, mas também de pesquisas com o público alvo, para que se possa
estabelecer um melhor relacionamento ao desvendar, medir e priorizar os desejos e
necessidades dos clientes extraindo os atributos mais relevantes na sua percepção e
conhecer suas principais razões relativas à escolha modal, ressalta a autora.
Ela
esclarece
que
se
torna
necessário
distinguir
os
atributos,
suas
características/variáveis e indicadores onde conceitua os primeiros como uma ou mais
variáveis mensuráveis (variáveis quantitativas) ou não (variáveis qualitativas) e o
segundo como tudo o que caracteriza ou distingue. Por exemplo, as características do
atributo conforto podem variar desde o número de passageiros até à aceleração,
temperatura do veículo e até mesmo o seu design, ou o conforto pode ser analisado
segundo indicadores de nível de ruído no interior do veículo, área disponível nos pontos
de embarque e desembarque, facilidade de embarque /desembarque.
LIMA (1995) apud FORTE (2004) relata que a busca deve se dar no sentido de
“favorecer a organização de transporte de efetividade (atender à sociedade, verificar se
o produto atende às necessidades e aos desejos da população, à adaptação da
organização ao mercado consumidor), eficiência (a empresa busca a otimização de uso
dos insumos e recursos necessários), e eficácia (capacidade da empresa atingir os
objetivos, pré-estabelecidos pela organização, através da precisão e dos requisitos de
qualidade exigidos)”, pois “a adoção desses princípios resulta em produção de serviço
de transporte caracterizado por um elenco de atributos (tempo de viagem, freqüência,
tarifa, dentre muitos outros) a serem definidos, parametrizados e monitorados no
processo de planejamento que se torna imprescindível também pelo fato de que a
produção e o consumo de um serviço de transporte ocorrem simultaneamente”.
Alguns autores como MANHEIM (1979), BODMER (1984), NOVAES (1986),
ALVES (1988), CEDEÑO (1998), FORTE (2004) e VILLAVICENCIO (2004), buscaram
caracterizar o processo de escolha do usuário de transporte, resultando em modelos
comportamentais.
86
Segundo relatam MARTINS e BODMER (8th Thredbo, 2003) não é tarefa fácil
escolher uma alternativa dentre as várias oferecidas ao considerar os vários critérios de
decisão. Exemplificam essa situação ao indagarem, por exemplo, qual seria a melhor
alternativa para o consumidor: a mais rápida e menos acessível ou a mais econômica e
insegura?
Baseados na análise da literatura acerca da teoria da decisão e dos métodos de
análise multicriterial, esses autores apresentam três tipos de decisão distintos
estatisticamente: “em face da certeza (decisões em que se dispõe das informações
necessárias e pode-se avaliar com precisão o resultado da escolha que o tomador de
decisão faz); em face da incerteza (decisões em que se leva em consideração a
probabilidade de ocorrência de um evento sem a preocupação com a decisão de um
outro tomador de decisão concorrente) e sob confronto (decisões em que se leva em
consideração a probabilidade de ocorrência de um evento juntamente com a decisão de
outro tomador de decisão)”.
E ainda revelam que o caso onde a população urbana, que precisa decidir entre
algumas opções de transporte de modo a maximizar sua função utilidade, se enquadra
nas decisões em face da incerteza onde, a decisão é realizada subjetivamente e
independe da decisão de outro.
O que reforça a necessidade de conhecer o que o cliente prioriza para poder
proporcionar-lhe determinado grau de certeza através da oferta de um serviço de
transporte efetivo e, portanto condizente com suas necessidades. É preciso entender os
motivos que levam às escolhas relacionadas aos transportes, assumindo o caráter
derivado de sua demanda em relação às atividades a realizar.
NOVAES (1986) define estrutura suas abordagens a partir de MANHEIM (1979)
que traz a classificação de principais vetores de variáveis acerca das teorias de
escolha, objetivando identificar a função utilidade das alternativas a serem escolhidas
pelos consumidores.
Esse autor considera o consumo de serviços de transportes como “composto por
uma série de decisões em cascata que não pode ser encarado de forma concentrada
em um único momento” enquanto “o ato de adquirir um produto físico pode ser
considerado instantâneo”.
87
O mesmo expõe que as decisões adotadas pelos indivíduos em relação ao
consumo envolvem uma parcela de subjetivismo, mas incorporam, também, fatores
racionais e econômicos financeiros expressos por restrições orçamentárias que acabam
por definir subjetiva ou objetivamente uma hierarquização pessoal de gastos.
Uma das premissas pontuadas no enfoque comportamental é a de que o
indivíduo estabelece um elenco de opções e alternativas na ordem de preferência, e
escolherá sempre a mais desejável, dado o conjunto de inclinações (gostos) e
condicionantes
de
ordem
econômico-financeira
bem
como
de
oportunidades
disponíveis, onde se supõe que os padrões comportamentais, mesmo subjetivos em
parte, não são erráticos ou totalmente aleatórios, mas se conservam dentro de
determinadas condições.
Outra premissa ressaltada pelo autor e utilizada nos modelos comportamentais
de demanda em transportes é a de que o produto adquirido é um pacote de opções
tendo em vista as possibilidades de transporte que envolvem número de
deslocamentos, locais alternativos de destino, modos de transporte a serem utilizados,
hora do dia e dia da semana, freqüência, entre outros.
Esse autor ressalta que a própria escolha dos locais onde fará os levantamentos
em relação à aquisição do bem fica condicionada às opções de transporte. Por
exemplo, o fato de o indivíduo possuir ou não automóvel vai direcioná-lo para locais de
consumo com características específicas (farta rede de transporte público ou local de
melhor acessibilidade e de estacionamento fácil, evitando o centro da cidade). O que
confirma que as razões de escolha do local para a realização do consumo são também
pautadas por decisões que envolvem acessibilidade.
Também relata que a hora e/ou o dia em que decide fazer suas atividades
poderá ficar condicionado à maior ou menor facilidade de deslocamento. O que reforça
a idéia de que as condições do tráfego, ou seja, que a escolha do local ou modo de
transporte pode estar pautada pelo nível de serviço que se encontra o entorno de onde
está localizado determinado empreendimento urbano de consumo.
Em seu trabalho BODMER (1984) formula um modelo conceitual simbólico do
comportamento dos usuários de transporte e identifica as primeiras determinantes que
regem este comportamento. Como esboço inicial, ela representa um tentativa de
identificar os elementos básicos atuantes no processo de decisão de escolha.
88
A partir das teorias de comportamento do consumidor, de uma maneira geral,
essa autora identifica três modelos a partir dos quais formula o comportamento de
escolha do consumidor, considerando como estímulo as características das alternativas
do sistema de transporte (modo, nível de serviço, preço e disponibilidade) e
características pessoais (domicílio, grupos de preferência, classe social e atividades).
Nesse modelo, o processo de decisão de escolha de alternativas de transporte
no processo mental, onde se insere a percepção e avaliação, para formular-se a
intenção de escolha de determinada alternativa depois de consideradas as restrições
pessoais e ambientais, ocorre determinada escolha que se revela através do próprio ato
de transportar-se. Após repetidas escolhas acumula-se uma experiência que faz com
que certos comportamentos se transformem em hábitos.
Para ALVES (1989), dando continuidade a essa investigação, o comportamento do
usuário expressa, em alguns momentos, a ótica dos mesmos sobre a qualidade de
serviço ofertado pelo sistema. O autor observa que há dois campos a serem
destacados:
ƒ
O objetivo composto por variáveis que dizem respeito ao modo onde a
percepção irá depender de características individuais (físicas, psicológicas),
sócio-econômicas e culturais (classe social, estilo de vida, atividades, etc)
mensuráveis de forma objetiva (fatos explícitos e concretos) entre os usuários
através de pesquisa de opinião e;
ƒ
O subjetivo onde, segundo consta, deve-se identificar um ambiente perceptual e
em seguida, como se processam as informações, onde e como se forma o
conhecimento do problema e a sua avaliação.
Neste caso, destacam-se a
percepção, a atitude e a intenção.
Para esse autor existe uma forte relação da atitude com a intenção e também
com o comportamento final correspondente à ação concreta propriamente dita, ou seja,
a viagem.
O modelo comportamental apresentado por CEDEÑO (1998) é composto
basicamente por cinco blocos. O primeiro representa o sistema de transportes existente,
denominado características do sistema; o segundo trata das necessidades de
transporte dos usuários que por sua vez são o input para o terceiro bloco, que
89
representa as atitudes e alimenta o quarto bloco de avaliação e escolha; finalmente, o
quinto e último bloco representa o comportamento de viagem.
Segundo a autora, o sistema de transporte é introduzido no modelo através de
seus atributos, denominado características do sistema. As necessidades se apresentam
como input para as restrições (consideradas basicamente como perfil sócio-econômico,
existência de alternativas de transportes e aquelas impostas pela estrutura e ambiente
familiar).
As características do sistema transformam-se em informação para o usuário;
segundo consta as informações concomitantemente com as percepções, os feelings e
as preferências serão a base para construir as atitudes.
A autora relata que o elo entre as necessidades e as atitudes se dá através da
agenda de atividades. A avaliação das alternativas que estão disponíveis ao indivíduo é
feita levando em conta as restrições e atitudes, cada uma delas por sua vez com peso
diferente na sua atuação e onde a predominância de uma será em detrimento da outra.
Após a avaliação das alternativas, acontece a decisão final ou a escolha de uma delas,
dando lugar ao comportamento de viagem do usuário. A experiência acumulada de
viajar vai alimentar novamente as necessidades do indivíduo e suas atitudes.
Objetivando a melhoria do sistema de transporte brasileiro, de modo a atender
as necessidades de deslocamento da população de forma adequada, MARTINS e
BODMER (8th Thredbo, 2003), consideraram nove critérios de escolha na busca do
entendimento da tomada de decisão pelo uso de determinado modo de transporte na
realização das viagens a trabalho e estudo. São eles: tempo de espera, tempo de
viagem no modo, custo ou tarifa, segurança, conforto, freqüência, proximidade do modo
na origem e no destino, proximidade do ponto ou terminal e único meio. Segundo
relatam os autores, esse último critério retrataria a ausência de oportunidade de
escolha, isto é, a falta de uma outra opção. Ainda, segundo esses autores, pode-se
definir os valores das “variáveis objetivas” através de indicadores de desempenho das
alternativas existentes (valores levantados no campo) referentes a cada um dos critérios
de decisão.
Como as análises da presente dissertação aproveitam uma parte da base de
dados montada a partir do estudo realizado por esses autores (MARTINS e BODMER,
2002) e há interesse de realizar uma análise comparativa entre as viagens a trabalho, a
90
estudo e às outras atividades (de consumo e de lazer), a estrutura dos atributos de
escolha de modo transporte é idêntica, mas acrescida pelo conjunto de atributos de
escolha do local de consumo (vide a descrição da base no capítulo 1).
VILLAVICENCIO
(2004),
buscando
melhor
compreensão
acerca
do
comportamento de viagem dos cidadãos, identifica três dimensões básicas das
características dos serviços de transporte que podem influenciar esse comportamento:
espacial, temporal e econômica.
•
Dimensão Espacial – Distância entre origem e destino e/ou proximidade ao
ponto de acesso ao modo.
•
Dimensão Temporal – Referente ao tempo de viagem, tempo de espera, tempo
de transferência e acesso a um modo motorizado;
•
Dimensão Econômica – Custo associado ao uso de transporte e/ou condição de
motorização (aquisição de veículo).
As dimensões acima citadas podem vir a ser ou não acrescidas de outras
dimensões, tal como ocorreu com SOUZA (2006) que inclui a dimensão de qualidade e
considera também atributos locacionais nas análises de atividades de lazer. São as
mesmas dimensões, definidas por esta autora que foram consideradas na metodologia
do presente trabalho (vide capítulo 1).
Observa-se, do exposto, que no processo de escolha de transporte, os usuários
de serviços de transporte urbano são influenciados pelos quatro fatores mencionados
(tempo, espaço, custo, qualidade e grau de dependência), além de sua necessidade de
se locomover, portanto a necessidade de exercer uma atividade, que implica em
consideração de outros três fatores específicos (espaço, custo e qualidade). E é através
da combinação desses fatores que os gestores e planejadores podem avançar no
conhecimento sobre as preferências dos cidadãos-clientes e aproveitá-lo na formulação
de modelos de escolha de local das atividades e de alternativas de transporte.
No caso da oferta de serviços de transportes públicos, pode-se afirmar que na
prática a demanda ainda não é efetivamente segmentada, portanto, tem que haver
aproveitamento das informações sobre as preferências dos cidadãos-clientes em
relação a atributos de escolha.
91
Devido à complexidade dos modelos comportamentais aqui mencionados, à
escassez de informação disponível e dado o objetivo específico desta dissertação
(explicitado no capítulo 1), o estudo não pretende formular modelo, mas seus resultados
poderão ser utilizados para fornecer informações a qualquer modelo de escolha modal e
de local dos cidadãos-clientes pertencentes à diferentes classes sociais, uma vez que
identifica os principais atributos de escolha de transporte e de local de consumo. Sendo
assim, esse trabalho deve facilitar o desenvolvimento, de certa maneira, das
alternativas de transporte associadas ao consumo dos cidadãos-clientes, adequando-as
às suas necessidades.
92
PARTE 2 – ANÁLISE E CONCLUSÕES
5
ANÁLISE DE COMPORTAMENTO DE ESCOLHA DOS CONSUMIDORES RELACIONADO ÀS
ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO PRIMÁRIA
5.1 APRESENTAÇÃO
Este capítulo apresenta os principais atributos de escolha local e dos modos de
transporte relacionados à decisão na compra de necessidades de consumo primárias
(alimentos e material de limpeza e higiene pessoal), associando-os às características
socioeconômicas dos consumidores, buscando identificar as semelhanças e as
diferenças comportamentais.
Assim, primeiramente, é realizada a caracterização da natureza destas
atividades e destacadas as freqüências que representam de fato a sua realização. Em
seguida, é apresentado o perfil dos consumidores envolvidos segundo suas
características socioeconômicas.
A partir daí, é feita uma análise acerca das preferências dos consumidores no
que diz respeito a atributos mais relevantes relativos ao local das atividades específicas
e aos modos de transporte por eles utilizados. Assim, através das semelhanças e
diferenças comportamentais, finalmente identificam-se os segmentos de consumidores
segundo suas preferências de escolha local e modal para estas atividades.
5.2
COMPRA DE ALIMENTOS
5.2.1 CARACTERIZAÇÃO
Uma vez que a alimentação é essencial para o homem desde o seu nascimento,
já que através desta retiram-se os nutrientes necessários ao funcionamento do
organismo, ou seja, à vida, o ato de realizar as compras de alimentos ganha
importância significativa. Isso se confirma pela participação das pessoas que fazem
esse tipo compras representadas por 85% da base utilizada.
Embora a compra de alimentos tenha caráter de necessidade básica, uma vez
que trata do abastecimento para sobrevivência dos seres humanos, ela também,
atualmente, pode ter caráter social, quando é realizada, por exemplo, envolvendo toda a
família.
93
Como mostra a tabela 5, provavelmente pela própria natureza da atividade, a
compra de alimentos é feita com maior freqüência diária, semanal e mensal. As
pessoas que compram alimentos raramente, além de não apresentarem significância
estatística, não representam, de fato, o que se busca conhecer na realização dessa
atividade.
Ao analisar o comportamento dos consumidores quando realizam a atividade
diariamente, semanalmente e mensalmente, observou-se que não havia diferenças
substanciais na escolha dos atributos de localidade e de modo de transporte. Em se
tratando das escolhas do modo a ser utilizado, observa-se que as modalidades não
motorizadas são mais utilizadas quanto maior for a freqüência, acontecendo o inverso
com as modalidades coletivas e individuais, o que é perfeitamente natural. Sendo assim
a freqüência da compra de alimentos é regular e constituída pelo agrupamento das
outras freqüências significativas, como mostra a tabela 5a.
Frequência
compra
alimentos
Diária
NA
669
%
12,3%
Semanal
2107
38,8%
Mensal
2426
44,7%
230
4,2%
Rara
Frequência
compra alimentos
Regular
NA
5202
%
100,0%
TABELA 5.1a FREQÜÊNCIA AGRUPADA
TABELA 5.1 FREQÜÊNCIA
A figura 5.1 traz a metodologia utilizada para investigação do comportamento de
escolha que norteia a decisão pelo local onde a compra é feita e pelo modo de
transporte utilizado.
Assim, analisam-se os consumidores avaliando se suas características
socioeconômicas influenciam as decisões de consumo, quando a compra é feita de
maneira regular, seja diariamente, semanalmente ou mensalmente.
94
ATIVIDADE
ALIMENTOS
LIMPEZA
ROUPAS / CALÇADOS
CURSOS
ESTÉTICA
FREQÜÊNCIA
DIARIAMENTE
SEMANALMENTE
MENSALMENTE
RARAMENTE
REGULARMENTE
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DA
LOCALIDADE
MODO
UTILIZADO
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DE
MODO
VARIÁVEIS
SOCIOECONÔMICAS
ƒ FAIXA ETÁRIA
ƒ SEXO
ƒ ESTADO CIVIL
ƒ FILHOS
ƒ TRABALHA
ƒ OCUPAÇÃO
ƒ RENDA
ƒ POSSE
Figura 5.1 Metodologia utilizada para análise
95
5.2.2 PERFIL DOS CONSUMIDORES
Como se observa no gráfico 5.1, os consumidores mais representativos da
amostra situam-se entre as três primeiras faixas etárias (15 a 64 anos), sendo a maior
incidência localizada na idade produtiva (25 a 44 anos). Entre eles, 53,7% são do sexo
feminino (gráfico 5.2), 87,7% solteiros e casados (gráfico 5.3), 66% têm filhos (gráfico
5.4).
43,7
24,0
53,7
22,4
9,9
15 a 24
25 a 44
45 a 64
46,3
65 e +
Masculino
Feminino
GRÁFICO 5.2 SEXO (%)
GRÁFICO 5.1 FAIXA ETÁRIA (%)
66,0
48,6
39,1
34,0
Solteiro(a)
Casado(a)
6,3
6,0
Viuvo(a)
Separado(a)
GRÁFICO 5.3 ESTADO CIVIL (%)
Não
Sim
GRÁFICO 5.4 FILHOS (%)
96
Nota-se, também, que na amostra, 53,3% dos consumidores trabalham (gráfico
5.5), 57,4% são pessoas que trabalham em escritório e com comércio e serviços
(gráfico 5.6), 92,5% têm renda até 8 SM (gráfico 5.7) sendo que 53,3% estão situados
na faixa de renda entre 3 e 5 SM. E enfim, a grande maioria, 62,9%, não possui
automóvel (gráfico 5.8).
57,4
53,3
20,7
18,0
46,7
3,8
Intelectuais
Não
Sim
Esc./Com e Trab. Braçais Adm. / Prop.
Serv.
GRÁFICO 5.5 TRABALHA (%)
GRÁFICO 5.6 OCUPAÇÃO (%)
53,3
62,9
22,5
37,1
16,7
6,6
0,9
até 3 SM 3 a 5 SM 5 a 8 SM
8 a 15
SM
GRÁFICO 5.7 RENDA (%)
+ de 15
SM
Não
Sim
GRÁFICO 5.8 POSSE
(%)
97
5.2.3 PREFERÊNCIAS
Como mostra o gráfico 5.9, em se tratando da escolha do local de compras de
alimentos, a proximidade de casa (50,3%) é muito significativa, o preço (23,2%) é
significativo e as facilidades do local (12,2%) bem como sua diversidade (9,5) são
pouco significativos.
50,3
23,2
12,2
9,5
2,5
Prox. casa
Marca/Nome
2,4
Preço
Facilidades
Diversidade
Prox. Ativ.
Princ.
GRÁFICO 5.9 ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Esse comportamento não é influenciado pela faixa etária, gênero, estado civil,
presença de filhos na família, o fato do consumidor estar economicamente ativo ou
mesmo possuir automóveis. Entretanto, o tipo de ocupação em que ele está envolvido e
a renda influenciam.
Como se observa no gráfico 5.10, para os intelectuais o preço é pouco
significativo (7% abaixo da média) enquanto que para os trabalhadores braçais ele é
muito significativo (4% acima da média).
98
Prox. Ativ. Princ.
5,4
3,0
4,5
4,2
7,5
5,8
Diversidade
10,3
13,1
8,6
10,9
12,1
12,9
Facilidades
19,4
27,0
Preço
21,6
16,3
5,4
Marca/Nome
2,8
2,9
3,0
53,8
Prox. casa
50,5
48,6
50,4
Adm./ Prop.
Trab. Braçais
Esc./Com. e Serv.
GRÁFICO 5.10 OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Intelectuais
Como se observa no gráfico 5.11, para os que têm renda entre 8 e 15 SM a
diversidade do local é significativa (8% acima da média) e para os com renda acima de
15 SM as facilidades do local são significativas (5% acima da média).
99
Prox. Ativ. Princ.
4,5
2,7
2,3
13,6
16,5
Diversidade
8,9
16,7
14,9
Facilidades
12,0
16,7
Preço
20,5
23,4
6,1
5,0
Marca/Nome
2,2
42,4
40,5
Prox. casa
51,1
+ de 15 SM
de 8 a 15 SM
até 3 a 8 SM
GRÁFICO 5.11 RENDA X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
No que diz respeito aos atributos de escolha modal, observa-se que a
proximidade do ponto (43,2%) é muito significativa, o conforto (24,2%) é significativo e o
único meio (9,5%) e preço (6,6%) são pouco significativos, como mostra o gráfico 5.12.
43,2
24,2
1,9
Tempo de
espera
5,9
6,6
4,3
Tempo de
viagem
Preço
Segurança
Conforto
0,9
3,3
Frequência
Prox.
origem
destino
9,5
Prox. do
ponto
Único meio
GRÁFICO 5.12 ATRIBUTOS M ODAIS (%)
100
A faixa etária, o gênero e a presença de filhos na família não exercem influência
nesse comportamento. Porém, em se tratando do estado civil, do trabalho, da renda e
da posse de automóvel, observam-se algumas diferenças comportamentais.
Como se observa no gráfico 5.13, para os viúvos o tempo de viagem e o preço
não são significativos (proximidade do ponto 5% acima da média). Para os separados o
preço não é significativo enquanto o conforto é muito significativo.
8,1
8,1
Único meio
10,3
9,0
41,9
Prox. do ponto
Prox. origem destino
Frequência
41,0
45,0
2,8
3,9
3,3
3,4
1,3
0,0
1,0
1,0
27,5
25,5
24,9
22,8
Conforto
5,0
4,2
4,2
4,3
Segurança
5,0
4,5
6,8
6,9
Preço
4,2
Tempo de viagem
Tempo de espera
48,4
6,9
6,3
5,7
1,6
1,3
2,2
1,9
Separado(a)
Viuvo(a)
Casado(a)
GRÁFICO 5.13 ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS MODAIS (%)
Solteiro(a)
Entre os que não trabalham o tempo de viagem é pouco significativo.
101
Em se tratando do tipo de ocupação em que os consumidores estão envolvidos,
observa-se no gráfico 5.14 que para os intelectuais o preço não é significativo e o
conforto do modo é muito significativo. Para as pessoas que trabalham em escritório e
com comércio e serviços o tempo de viagem não é significativo e para os
administradores e proprietários o tempo de viagem e o preço não são significativos.
7,1
8,3
9,2
9,4
Único meio
42,5
42,5
42,0
Prox. do ponto
2,4
Prox. origem destino
Frequência
2,9
2,8
5,0
2,4
1,0
0,9
0,4
24,7
22,9
25,5
26,8
Conforto
Segurança
49,4
4,7
5,0
4,3
6,5
4,7
Preço
2,8
6,8
6,9
3,5
7,3
5,2
6,8
Tempo de viagem
Tempo de espera
1,2
1,3
2,5
2,4
Adm./ Prop.
Trab. Braçais
Esc./Com. e Serv.
GRÁFICO 5.14 OCUPAÇÃO x ATRIBUTOS MODAIS (%)
Intelectuais
102
Observa-se no gráfico 5.15 comportamento diferente, também, entre os
consumidores com renda entre 3 e 5 SM (comportamento semelhante aos que
trabalham com comércio e serviços), entre os com renda entre 5 e 8 SM (preço não
significativo e conforto muito significativo – 10% acima da média) e entre os com renda
entre 8 a mais de 15 SM (segurança pouco significativa e conforto muito significativo –
10,4% acima da média).
A posse de carro exerce influência e aqueles que têm apresentam
comportamento semelhante aos consumidores com renda entre 8 e 5 SM.
7,4
7,8
Único meio
9,9
10,6
35,3
36,3
Prox. do ponto
Prox. origem destino
Frequência
1,2
0,9
0,8
1,2
16,6
Preço
22,9
34,4
33,6
6,0
4,0
4,9
2,7
3,5
5,1
6,7
8,6
7,2
6,7
5,1
7,0
Tempo de viagem
Tempo de espera
48,8
2,8
3,2
3,6
3,0
Conforto
Segurança
44,2
2,3
2,4
1,9
1,5
de 8 a + de 15 SM
de 5 a 8 SM
de 3 a 5 SM
GRÁFICO 5.15 RENDA X ATRIBUTOS MODAIS (%)
até 3 SM
103
Na compra de alimentos, observa-se no gráfico 5.16 que os atributos que
norteiam a decisão pelas modalidades coletivas são a proximidade do ponto (24,4%),
conforto (20,3%), único meio (18,4%) e preço (14,1%). Em se tratando das modalidades
não motorizadas a proximidade do ponto (59,5%) e o conforto (14,9%) norteiam a
decisão e das individuais motorizadas o conforto (40,8%) e a proximidade do ponto
(29%).
59,5
40,8
20,3
14,9
14,1
2,1 1,2 2,9
Tempo de
espera
7,1 5,1 6,5
Tempo de
viagem
24,4
5,8 4,0
Preço
5,1 2,8 6,2
Segurança
18,4
6,8
1,7 0,9 0,6
Conforto
Frequência
7,0 7,8
2,8 2,3
Prox. origem Prox. do ponto
destino
Coletivo
GRÁFICO 5.16 ATRIBUTOS MODAIS X MODO (%)
29,0
Não motorizado
Individual motorizado
Como se observa no gráfico 5.17, entre as modalidades de transporte
abordadas, as não motorizadas (53,5%) são as mais utilizadas na compra de alimentos,
seguidas pelas individuais motorizadas (30,3%) e pelas coletivas (16,2%).
53,5
30,3
16,2
Coletivo
Não motorizado
Único meio
Individual motorizado
GRÁFICO 5.17 MODO UTILIZADO (%)
104
A faixa etária, o gênero, o estado civil, a presença de filhos na família e se os
consumidores estão economicamente ativos não influenciam esse comportamento.
Entretanto, em se tratando do poder aquisitivo, observa-se, no gráfico 5.18,
comportamento diferente da média entre as pessoas com renda até 3 SM que, depois
das modalidades não motorizadas, se utilizam das coletivas e entre as pessoas com
renda a partir de 5 SM que dão preferência às modalidades individuais motorizadas
(25,9% acima da média), seguidas pelas não motorizadas (17,9% abaixo da média) e
coletivas (8% abaixo da média).
69,2
56,2
55,0
35,6
26,6
19,6
11,2
até 3 SM
GRÁFICO 5.18 RENDA X MODO (%)
18,4
8,2
de 3 a 5 SM
Coletivo
5 a + de 15 SM
Não motorizado
Individual motorizado
Observa-se, também, diferença comportamental em se tratando da posse de
veículos. Os que têm se utilizam das modalidades individuais (28,9% acima da média),
seguidas pelas não motorizadas (20,3% abaixo da média) e pelas coletivas (8,7%
abaixo da média); já entre os que não têm predominam as modalidades não
motorizadas (11,9% acima da média), seguidas pelas coletivas (5% acima da média) e
individuais motorizadas (16,9% acima da média).
105
5.2.4 COMENTÁRIOS FINAIS
Os segmentos de consumidores são organizados de acordo com as dimensões
estabelecidas por Souza (2006)7, já mencionadas no capítulo 1, e relativas aos atributos
de escolha do local e do modo de transporte adotado para a atividade.
Como se observa no gráfico 5.19, em se tratando do local, a dimensão espacial
é muito significativa (53% dos consumidores) e as dimensões qualidade (24%) e
econômica (23%) são significativas.
53
Dimensão Espacial
23
24
Dimensão Econômica
Dimensão Qualidade
GRÁFICO 5.19 DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL (%)
Em relação ao modo de transporte adotado a dimensão espacial é muito
significativa (47%), a dimensão qualidade é significativa (28%) e as dimensões
dependência, temporal e econômica são pouco significativas, como é possível observar
no gráfico 5.20.
7
As dimensões relativas ao local são: dimensão espacial (proximidade de casa e proximidade da atividade principal),
dimensão econômica (preço) e dimensão qualidade (marca/nome, facilidades, diversidade) e as dimensões relativas ao
modo de transporte são: dimensão temporal (tempo de espera, tempo de viagem, freqüência), dimensão espacial
(proximidade da origem e destino, proximidade do ponto), dimensão econômica (preço), dimensão qualidade (segurança
e conforto) e dimensão dependência (único meio).
106
47
28
9
Dimensão
Temporal
10
7
Dimensão
Espacial
Dimensão
Econômica
Dimensão
Qualidade
Dependência
GRÁFICO 5.20 DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO (%)
Ao examinar a tabela 5.2, pode ser observado que, entre as pessoas que
compram
alimentos
regularmente,
é
possível
identificar
três
segmentos
de
consumidores com preferências distintas.
O primeiro segmento é formado por pessoas que apresentam comportamento
na média, independente da idade, do gênero, do estado civil, independente da presença
de filhos na família e se estão economicamente ativos. Predominam, também, neste
segmento os consumidores que trabalham em escritório e com comércio e serviços e
com renda entre 3 e 5 SM.
O segundo segmento é formado por pessoas com renda a partir de 5 SM e que
possuem veículos. Para eles, em relação às dimensões relativas à escolha do local, a
qualidade é muito significativa (e cresce com o aumento da renda) e em relação à
escolha do modo, a dimensão econômica perde significado sendo a qualidade
fortemente ressaltada, o que era de se esperar tendo em vista que as modalidades
individuais motorizadas são as preferidas por esse grupo e que a escolha pelo uso
dessa modalidade é respaldada pelo atributo conforto (qualidade).
O terceiro segmento é formado por consumidores com renda até 3 SM e que
não possuem veículos. Para eles, em relação ao modo de transporte, a dimensão
qualidade deixa de ser muito significativa, ganhando expressão a dimensão espacial, o
que é perfeitamente coerente com a escolha das modalidades não motorizadas que são
utilizadas pela proximidade do ponto.
107
Além desses segmentos observam-se comportamentos isolados como é o caso
dos viúvos, separados, intelectuais, trabalhadores braçais e administradores e
proprietários.
108
Dependência
45 a 64 anos
Acima 65 anos
Masculino
Feminino
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Não
Sim
Não
Sim
Intelectuais
Esc/Com/Serv.
Trab. Braçais
Adm/Prop.
Até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM
8 a 15 SM
acima de 15 SM
Não
Sim
54
52
51
54
52
53
55
50
59
51
55
52
54
53
55
53
54
59
54
54
50
43
47
56
48
22
23
23
23
23
23
22
24
21
24
21
24
23
22
16
22
27
19
26
24
19
20
17
24
22
24
23
25
25
22
25
24
24
25
20
25
25
24
23
25
29
25
20
22
19
22
31
36
36
20
31
9
9
9
9
6
9
9
9
9
5
10
9
9
7
9
10
9
10
7
10
8
10
11
11
8
10
47
49
45
46
51
45
48
48
44
52
45
47
46
48
45
45
45
47
52
52
48
39
39
32
51
39
7
7
7
6
6
7
6
7
7
5
5
6
7
7
6
3
7
7
5
9
7
5
3
4
8
5
28
26
29
29
30
29
28
27
29
30
33
28
29
28
29
33
30
28
29
19
28
38
40
44
22
39
10
9
10
10
7
10
9
9
10
8
8
9
10
10
9
9
9
8
7
11
10
8
7
11
11
8
Sexo
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Não
Sim
Não
Sim
Intelectuais
Esc/Com/Serv.
Trab. Braçais
Adm/Prop.
Até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM
8 a 15 SM
acima de 15 SM
Não
Sim
53
49
49
53
50
50
53
48
58
48
52
49
53
49
50
49
51
54
52
52
47
40
42
54
44
2
2
3
3
2
3
2
2
3
1
3
3
2
2
3
3
3
3
5
2
2
3
5
6
2
4
23
22
23
23
23
23
23
22
24
21
24
21
24
23
22
16
22
27
19
26
24
19
20
17
24
22
12
12
12
13
13
12
13
11
13
13
10
12
12
12
12
13
12
11
9
11
12
15
15
17
11
14
9
10
10
10
7
10
9
10
9
6
12
10
9
9
10
13
10
6
8
7
8
13
17
14
7
13
Média
Feminino
Posse
Masculino
Renda
Acima 65 anos
Ocupação
45 a 64 anos
Filhos Trabalha
25 a 44 anos
Estado Civil
50
Marca/Nome
Atributos de
Preço
Escolha de
Localidade Facilidades
Diversidade
Posse
15 a 24 anos
Proximidade de casa
Renda
23
Faixa Etária
COMPRA DE ALIMENTOS (%)
Ocupação
53
Dimensão Temporal
Atributos de Dimensão Espacial
Escolha
Dimensão Econômica
Modal
Dimensão Qualidade
Filhos Trabalha
Estado Civil
25 a 44 anos
Atributos de Dimensão Espacial
Escolha
Dimensão Econômica
Local
Dimensão Qualidade
Média
COMPRA DE ALIMENTOS (%)
Sexo
15 a 24 anos
Faixa Etária
Proximidade da atividade principal
2
1
3
2
1
2
2
2
3
2
3
2
2
1
4
4
5
3
5
2
2
3
3
5
2
3
Tempo de espera
2
2
2
2
1
2
2
2
2
1
2
2
2
2
2
2
3
1
1
1
2
2
2
2
1
3
Tempo de viagem
6
6
6
6
5
6
6
6
6
4
7
6
6
5
6
7
5
7
4
7
5
7
7
7
6
6
Preço
7
7
7
6
6
7
6
7
7
5
5
6
7
7
6
3
7
7
5
9
7
5
3
4
8
5
4
4
4
5
5
4
4
4
4
4
5
5
4
4
4
7
4
5
5
3
5
4
6
7
4
5
24
22
25
24
25
25
24
23
25
25
28
23
25
24
25
27
26
23
25
17
23
34
34
37
18
34
1
1
1
1
0
1
1
1
1
0
1
1
1
1
1
0
1
1
2
1
1
1
1
2
1
1
3
3
3
3
4
3
3
3
3
4
3
3
3
3
3
3
3
5
2
3
4
3
3
2
4
3
43
46
42
42
47
42
44
45
41
48
42
44
43
45
42
42
43
42
49
49
44
36
36
30
48
36
9
10
10
7
9
9
10
8
8
9
10
9
9
9
8
7
11
10
8
7
11
11
Atributos de Segurança
Escolha Conforto
Modal
Frequência
Proximidade origem destino
Proximidade do ponto
Único meio
Legenda - Preferência pelo atributo
10
X
muito significativa
10
>27
X
significativa
[17,27]
10
X
pouco significativa
[6,16]
X
não significativa
8
<5
TABELA 5.2 ATRIBUTOS DE ESCOLHA LOCAL E MODAL - COMPRA DE ALIMENTOS
109
5.3
COMPRA DE PRODUTOS DE LIMPEZA E HIGIENE PESSOAL
Como era de se esperar, ao analisar a atividade de compra de material de
limpeza e higiene pessoal observa-se que tanto a porcentagem de consumidores
envolvidos na atividade (83% da amostra), quanto o perfil (gráficos 5.2.1 a 5.2.8) e as
preferências de escolha do local (gráfico 5.2.9), do modo de transporte (gráfico 5.2.10) e
dos atributos que norteiam a decisão pelas modalidades (gráfico 5.2.11), são idênticas.
Sendo assim, para entender o comportamento dos consumidores em relação à
essa atividade, é suficiente considerá-lo semelhante ao comportamento relativo à
compra de alimentos.
53,6
43,9
23,8
22,5
46,4
9,8
Masculino
15 a 24
25 a 44
45 a 64
Feminino
65 e +
GRÁFICO 5.22 SEXO (%)
GRÁFICO 5.21 FAIXA ETÁRIA (%)
66,2
48,8
38,9
33,8
Solteiro(a)
Casado(a)
6,2
6,1
Viuvo(a)
Separado(a)
GRÁFICO 5.23 ESTADO CIVIL (%)
Não
Sim
GRÁFICO 5.24 FILHOS (%)
110
53,6
57,5
20,7
46,4
18,0
3,9
Intelectuais
Não
Esc./Com. e
Serv.
Trab.
Braçais
Adm. / Prop.
Sim
GRÁFICO 5.26 OCUPAÇÃO (%)
GRÁFICO 5.25 TRABALHA (%)
62,9
53,5
37,1
22,2
16,8
6,6
até 3 SM 3 a 5 SM 5 a 8 SM
8 a 15
SM
GRÁFICO 5.27 RENDA (%)
0,9
+ de 15
SM
Não
Sim
GRÁFICO 5.28 POSSE (%)
111
50,1
23,3
12,2
9,6
2,6
Proximidade casa
2,2
Marca/Nome
Preço
Facilidades
Diversidade
Proximidade
atividade principal
GRÁFICO 5.29 ATRIBUTOS LOCAIS (%)
43,0
Proximidade
origem
destino
Único meio
3,3
Proximidade
do ponto
0,9
Frequência
9,5
4,3
Conforto
6,8
Segurança
5,8
Preço
Tempo de
espera
1,9
Tempo de
viagem
24,5
GRÁFICO 5.30 ATRIBUTOS MODAIS (%)
58,4
40,9
2,0 1,3 2,8
6,6 5,1 6,4
Tempo de
espera
Tempo de
viagem
25,5
20,4
15,5
14,6
6,1 3,9
4,8 2,8 6,4
Preço
Segurança
GRÁFICO 5.31 ATRIBUTOS MODAIS X MODO UTILIZADO (%)
1,6 0,8 0,6
Conforto
Frequência
Coletivo
6,7
29,0
17,8
7,3 7,6
2,7 2,3
Proximidade
origem
destino
Não motorizado
Proximidade
do ponto
Único meio
Individual motorizado
112
6
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ESCOLHA DOS CONSUMIDORES RELACIONADO ÀS
ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO SECUNDÁRIA
6.1
APRESENTAÇÃO
Este capítulo apresenta os principais atributos de escolha local e dos modos de
transporte relacionados à decisão na compra de necessidades secundárias de consumo
(compra de roupas e calçados, cursos e serviços de estética), associando-os às
características
socioeconômicas
dos
consumidores
buscando
identificar
as
semelhanças e as diferenças comportamentais.
Assim, primeiramente é realizada caracterização da natureza destas atividades
e destacadas as freqüências que representam de fato a sua realização. Em seguida, é
apresentado o perfil dos consumidores envolvidos segundo suas características
socioeconômicas.
A partir daí, é feita análise acerca das preferências dos consumidores no que diz
respeito a atributos mais relevantes relativos ao local das atividades específicas e aos
modos de transporte por eles utilizados. Assim, através das semelhanças e diferenças
comportamentais, finalmente identificam-se os segmentos de consumidores segundo
suas preferências de escolha local e modal para estas atividades.
6.2
COMPRA DE ROUPAS E CALÇADOS
6.2.1 CARACTERIZAÇÃO
A compra de roupas e calçados pode ter diferentes significados pautados pelo
poder aquisitivo dos consumidores. Para alguns, este determina que a compra esteja
relacionada a uma atividade para suprir necessidade primária (se vestir). Para outros, a
compra de roupas e calçados dá suporte à comunicação e à expressão dos indivíduos
em seu meio social, ou seja, aqui a atividade tem caráter secundário. Ela determina e
pode até garantir a permanência de uma pessoa em especifico grupo.
Apesar de serem as sociedades capitalistas supostamente pautadas pelo
consumo conspícuo, essa atividade é realizada apenas por 23,6% da amostra.
A freqüência com que se compram roupas e calçados é, de uma maneira geral,
mais esporádica uma vez que os mesmos podem ser usados repetidamente. Ao
examinar a amostra pesquisada este fato se comprova como mostra a tabela 6.2.1. A
113
grande maioria, 98% da população compradora de roupas e calçados, realiza esse tipo
de compras mensal ou raramente. É por isso que se optou por selecionar apenas estes
casos que representam comportamento típico desta atividade (vide tabela 6.2.1a). Sem
dúvida 2% de consumidores diários e semanais não alterariam suficientemente a média
das preferências reveladas.
Frequência
compra roupas e
calçados
NA
19
%
,3%
94
1,7%
Mensal
1328
23,8%
Rara
4134
74,2%
Diária
Semanal
Frequência
compra roupas e
calçados
Pouco freqüênte
NA
5462
%
100,0%
TABELA 6.2.1a FREQÜÊNCIA AGRUPADA
TABELA 6.2.1 FREQÜÊNCIA
Assim, a metodologia abaixo (figura 6.2.1) será utilizada para investigar as
razões que norteiam as decisões dos consumidores, envolvendo a escolha do local
onde a compra de roupas e calçados ocorrerá e os modos de transporte utilizados.
114
ATIVIDADE
ALIMENTOS
LIMPEZA
ROUPAS / CALÇADOS
CURSOS
ESTÉTICA
FREQÜÊNCIA
DIARIAMENTE
SEMANALMENTE
MENSALMENTE
RARAMENTE
POUCO FREQÜENTE
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DA
LOCALIDADE
MODO
UTILIZADO
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DE
MODO
VARIÁVEIS
SOCIOECONÔMICAS
ƒ FAIXA ETÁRIA
ƒ SEXO
ƒ ESTADO CIVIL
ƒ FILHOS
ƒ TRABALHA
ƒ OCUPAÇÃO
ƒ RENDA
ƒ POSSE
Figura 6.2.1 Metodologia utilizada para análise
115
6.2.2 PERFIL DOS CONSUMIDORES
Os consumidores mais representativos da amostra abrangem as três primeiras
faixas etárias (15 a 64 anos), com maior incidência da idade produtiva (24 a 45 anos 42,7%), como pode ser visto no gráfico 6.2.1. Entre eles, 53,2% são do sexo feminino
(gráfico 6.2.2), 88,8% solteiros ou casados (gráfico 6.2.3) e 62,4% com filhos (gráfico
6.2.4).
53,2
42,7
27,2
21,4
46,8
8,7
15 a 24
25 a 44
45 a 64
65 e +
Feminino
GRÁFICO 6.2.2 SEXO (%)
GRÁFICO 6.2.1 FAIXA ETÁRIA (%)
42,6
Masculino
62,4
46,2
37,6
Solteiro(a)
Casado(a)
5,5
5,7
Viuvo(a)
Separado(a)
GRÁFICO 6.2.3 ESTADO CIVIL (%)
Não
Sim
GRÁFICO 6.2.4 FILHOS (%)
116
Observa-se, também, na população investigada que 52,5% encontram-se
economicamente ativos (gráfico 6.2.5), 57,6 % são pessoas que trabalham em escritório
e com comércio e serviços (gráfico 6.2.6), 91,7% com renda até 8 SM (gráfico 6.2.7),
predominando com 50,9% a faixa de renda entre 3 e 5 SM. E finalmente, a grande
maioria, 61,6%, não possui automóvel (gráfico 6.2.8).
52,5
57,6
21,0
17,6
47,5
GRÁFICO 6.2.5 TRABALHA (%)
Administrador /
Proprietário
Trabalhadores
Braçais
Sim
Trabalhadores
Escritório/Comércio
e serviços
Não
Trabalhadores
Intelectuais
3,7
GRÁFICO 6.2.6 OCUPÇÃO (%)
52,9
61,6
38,4
21,1
17,7
7,2
1,1
até 3 SM 3 a 5 SM 5 a 8 SM
8 a 15
SM
GRÁFICO 6.2.7 RENDA (%)
+ de 15
SM
Não
Sim
GRÁFICO 6.2.8 POSSE (%)
117
6.2.3 PREFERÊNCIAS
Como se observa no gráfico 6.1.9 em relação à escolha do local para compra de
roupas e calçados a diversidade (29,3%) é muito significativa, a proximidade de casa
(22,5%), o preço (20%) e as facilidades do local (17,9%) são significativos e juntos
norteiam a decisão. A proximidade à atividade principal não é significativa na escolha do
local desta atividade.
29,3
22,5
20,0
17,9
6,8
3,5
Prox. casa
Marca/Nome
Preço
Facilidades
Diversidade
Prox. Ativi.
Princ.
GRÁFICO 6.2.9 ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Esse comportamento se mantém semelhante entre algumas características
socioeconômicas abordadas (pessoas com idade entre 25 e 44 e acima de 65 anos,
não importando o sexo, a presença de filhos na família e se o consumidor está
economicamente ativo (trabalha), entre pessoas casadas e que trabalham em escritório
e com comércio e serviços e com renda entre 3 e 5 SM).
Entre as pessoas com comportamento diferente em relação à escolha do local
destacam-se as com idade entre 15 e 24 anos que acham as facilidades pouco
significativas (16%) e as com idade entre 45 e 64 anos que acham que a diversidade do
local um atributo significativo, como mostra o gráfico 6.2.10.
118
1,6
4,7
4,1
Prox. Ativ. Princ.
2,5
31,7
23,2
Diversidade
29,3
32,0
17,5
21,4
Facilidades
18,2
15,8
22,2
21,7
20,3
Preço
18,7
Marca/Nome
7,9
6,9
6,2
7,3
19,0
Prox. casa
22,1
21,9
23,7
65 e +
45 a 64
25 a 44
GRÁFICO 6.2.10 IDADE X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
15 a 24
Em se tratando do estado civil, nota-se comportamento diferente entre os
solteiros (facilidades pouco significativas), os viúvos (diversidade do local significativa) e
os separados (proximidade de casa e facilidades pouco significativas).
119
3,4
Prox. Ativi. Princ.
1,6
4,6
3,0
34,8
23,8
Diversidade
27,1
30,7
14,6
25,4
Facilidades
19,5
16,0
24,7
17,5
Preço
22,1
18,5
6,7
Marca/Nome
7,9
5,6
7,7
15,7
Prox. casa
23,8
21,0
24,1
GRÁFICO 6.2.11 ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Solteiro(a)
Casado(a)
Viuvo(a)
Separado(a)
Em se tratando da ocupação dos consumidores observa-se diferença
comportamental entre os intelectuais. Para eles a proximidade de casa muito
significativa (6% acima da média) e preço, facilidades e proximidade à atividade
principal são pouco significativos. Já para trabalhadores braçais o preço é muito
significativo (9% acima da média), a diversidade do local é significativa e as facilidades
são pouco significativas. Para os administradores e proprietários a proximidade de casa
é pouco significativa (8% abaixo da média), já a marca/nome (10% acima da média),
preço, facilidades e diversidade do local são significativos, como mostra o gráfico
6.2.12.
120
3,4
Prox. Ativi. Princ.
4,6
5,5
7,7
24,1
20,2
Diversidade
31,4
32,1
24,1
15,6
Facilidades
18,1
13,3
17,2
29,4
Preço
17,6
12,8
17,2
Marca/Nome
8,3
7,4
6,6
13,8
Prox. casa
22,0
20,0
27,6
Administrador / Proprietário
Trabalhadores Braçais
Trabalhadores Escritório/Comércio e serviços
GRÁFICO 6.2.12 OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Trabalhadores Intelectuais
Em se tratando do poder aquisitivo, o gráfico 6.2.13 mostra que para os
consumidores com renda até 3 SM a marca/nome não são significativos, o preço é
muito significativo (7% acima da média) e as diversidades do local são significativas.
Observa-se, também, que para os consumidores com renda entre 5 e 8 SM o preço é
pouco significativo e para os com renda entre 8 e 15 SM a proximidade de casa é muito
significativa e as facilidades e diversidade do local são pouco significativas. Para os
com renda acima de 15 SM a diversidade do local é muito significativa (13% acima da
média), o preço não é significativo (17% abaixo da média) e as facilidades do local são
pouco significativas.
121
11,1
2,9
Prox. Ativi. Princ.
4,4
3,2
2,6
41,7
35,6
Diversidade
30,3
27,8
24,6
13,9
15,9
Facilidades
19,4
17,6
18,8
2,8
9,1
Preço
14,8
24,2
27,2
13,9
9,6
Marca/Nome
6,5
6,4
4,7
16,7
26,9
Prox. casa
24,6
20,9
22,0
+ de 15 SM
8 a 15 SM
5 a 8 SM
3 a 5 SM
GRÁFICO 6.2.13 RENDA X ARIBUTOS LOCAIS (%)
até 3 SM
Como mostra o gráfico 6.2.14, entre os consumidores que não têm carro, a
diversidade do local é significativa.
122
Prox. Ativi. Princ.
3,8
3,3
32,7
Diversidade
26,2
18,0
17,8
Facilidades
14,5
Preço
Marca/Nome
25,3
7,4
6,2
Prox. casa
GRÁFICO 6.2.14 POSSE X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
23,7
21,3
Sim
Não
Em se tratando dos atributos de escolha modal nota-se no gráfico 6.2.15 que o
conforto (23,6%) e a proximidade do ponto (22,4%) são atributos significativos e o
tempo de viagem, segurança, preço e único meio são pouco significativos. O tempo de
espera do modo, a freqüência e a proximidade da origem e do destino não são
significativos na atividade em tela.
123
23,6
22,4
14,6
10,1
8,7
8,9
5,2
4,7
1,8
Tempo de
espera
Tempo de
viagem
Preço
Segurança
Conforto
Frequência Prox. origem
destino
Prox.do
ponto
Único meio
GRÁFICO 6.2.15 ATRIBUTOS MODAIS (%)
Esse comportamento se mantém semelhante entre algumas características
socioeconômicas abordadas (pessoas com idade entre 25 e 64 anos, não importando o
gênero, solteiros e casados, independente da presença de filhos na família, estão
economicamente ativos e entre as ocupações abordadas, os intelectuais), entretanto
ocorrem exceções.
Observa-se no gráfico 6.2.16 comportamento diferente em relação aos atributos
de escolha modal entre as pessoas de menor idade (15 a 24 anos) que consideram a
proximidade à origem e ao destino pouco significativa e o único meio significativo. Notase diferença também entre os mais velhos (acima de 65 anos) que também consideram
a proximidade à origem e ao destino um atributo de escolha pouco significativo.
124
12,8
14,3
13,5
Único meio
17,1
21,1
Prox. do ponto
20,4
4,1
4,7
Prox. origem destino
Frequência
8,3
5,9
2,8
1,9
1,9
1,5
Conforto
23,4
22,3
Segurança
9,2
8,6
9,4
8,2
Preço
8,3
8,6
9,4
8,0
24,8
26,6
7,3
8,3
Tempo de viagem
10,3
11,6
3,7
Tempo de espera
24,4
23,0
5,1
4,5
5,1
65 e +
45 a 64
25 a 44
15 a 24
GRÁFICO 6.2.16 IDADE X ATRIBUTOS MODAIS (%)
Em se tratando do estado civil, observa-se no gráfico 6.2.17 que os viúvos e
separados apresentam comportamento diferente. Para os viúvos o preço é pouco
significativo enquanto o conforto é muito significativo (7% acima da média). Para os
separados o tempo de espera é pouco significativo enquanto para a média dos
consumidores, ele não tem significado.
125
12,5
Único meio
14,9
14,6
15,0
20,8
23,8
23,2
21,9
Prox. do ponto
3,0
Prox. origem destino
0,0
Frequência
5,0
5,3
5,2
1,3
2,6
1,5
23,8
Conforto
22,6
23,8
Segurança
8,2
8,8
5,0
Preço
Tempo de espera
11,9
11,3
8,9
8,4
9,2
7,5
Tempo de viagem
31,3
8,9
9,7
10,9
7,9
2,5
3,7
5,4
Separado(a)
Viuvo(a)
Casado(a)
GRÁFICO 6.2.17 ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS MODAIS (%)
Solteiro(a)
Em se tratando do tipo de ocupação em que os consumidores estão envolvidos
nota-se comportamento diferente entre os que trabalham em escritório e com comércio
e serviços (preço não significativo e o único meio significativo), entre os trabalhadores
braçais (conforto do modo muito significativo), e entre os administradores e proprietários
(segurança não significativa), a freqüência (pouco significativa) e o único meio
(significativo).
126
13,5
Único meio
13,3
24,1
17,0
20,7
21,3
Prox. do ponto
Prox. origem destino
0,0
0,0
0,8
24,1
5,1
1,8
Frequência
24,1
6,9
1,8
2,4
24,1
Conforto
0,0
11,7
10,3
10,8
Segurança
Preço
4,4
9,0
10,3
7,8
6,9
Tempo de viagem
Tempo de espera
27,9
25,4
24,7
10,8
11,4
1,8
13,5
3,4
3,6
4,9
Adm. / Proprietário
Trab. Braçais
Esc./Comércio e serv.
GRÁFICO 6.2.18 OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS MODAIS (%)
Intelectuais
Em se tratando da renda observa-se comportamento diferente em todas as
faixas. Para os consumidores com renda até 3 SM a proximidade à origem e ao destino
é pouco significativa e único meio é significativo. Para os com renda entre 3 e 5 SM a
proximidade à origem e o destino é também pouco significativa.
127
3,4
8,9
Único meio
14,6
15,5
16,8
6,9
19,0
Prox.do ponto
23,1
22,8
24,0
3,4
3,2
3,4
Prox. origem destino
6,1
6,0
0,0
Frequência
2,5
2,0
1,8
1,6
41,4
27,2
25,7
Conforto
21,4
23,2
17,2
10,8
Segurança
7,4
9,4
6,8
6,9
7,0
6,9
Preço
8,9
12,0
13,8
16,5
Tempo de viagem
10,6
9,2
8,0
5,1
Tempo de espera
4,9
6,9
6,3
1,6
GRÁFICO 6.2.19 RENDA X ATRIBUTOS MODAIS (%)
até 3 SM
3 a 5 SM
8 a 15 SM
+ de 15 SM
5 a 8 SM
Para os situados na faixa entre 5 e 8 SM o tempo de espera é pouco
significativo. Para os situados na faixa entre 8 e 15 SM o conforto é muito significativo e
para os com renda acima de 15 SM o tempo de espera pouco significativo, a segurança
128
significativa, o conforto muito significativo (17% acima da média) e o único meio não é
significativo, como mostra o gráfico 6.2.19.
Como se observa no gráfico 6.2.20, a posse de automóvel também influencia o
comportamento. Para os consumidores que têm carro o conforto é muito significativo e
o tempo de espera é pouco significativo. Entre os que não têm, a proximidade da
origem e do destino é pouco significativa e o único meio é significativo.
10,1
Único meio
18,5
20,4
Prox. do ponto
4,6
5,7
Prox. origem destino
Frequência
1,9
1,8
Conforto
20,0
27,7
10,2
Segurança
7,7
7,0
Preço
10,2
Tempo de viagem
Tempo de espera
24,1
8,0
12,6
5,6
4,0
Sim
GRÁFICO 6.2.20 POSSE X ATRIBUTOS M ODAIS (%)
Não
O gráfico 6.2.21 mostra que as modalidades coletivas são escolhidas pelo
atributo único meio (muito significativo), preço, conforto e proximidade do ponto (pouco
significativos). As modalidades não motorizadas são escolhidas pela proximidade do
ponto (48% - muito significativa) e pelo conforto (pouco significativo). As modalidades
individuais motorizadas são escolhidas pelo conforto (42% - muito significativo), tempo
de viagem e proximidade do ponto (pouco significativos).
129
48
42
27
16
4 4
8
Tempo de
espera
10 10
16
7
Tempo de
viagem
4
Preço
7 6
11
Segurança
14 14
13
13
8
2 3
Conforto
0
6 6
1
Frequência Prox. origem
destino
Coletivo
GRÁFICO 6.2.21 ATRIBUTOS MODAIS X MODO (%)
3
Prox. do
ponto
Não motorizado
Único meio
Individual motorizado
O gráfico 6.2.22 mostra que para compra de roupas e calçados as modalidades
coletivas são as mais utilizadas, seguidas pelas individuais motorizadas e não
motorizadas.
48,1
23,7
Coletivo
Não motorizado
28,1
Individual
motorizado
GRÁFICO 6.2.22 MODO UTILIZADO (%)
Ao analisar o comportamento segundo as características socioeconômicas
observa-se semelhança no que diz respeito à faixa etária, ao gênero, ao estado civil, à
presença de filhos na família e ao fato dos consumidores estarem economicamente
ativos ou inativos. Para maiores detalhes vide tabelas 6.29 a 6.33.
130
O tipo de trabalho em que o consumidor está envolvido, também, não causa
influência no comportamento, exceto pelos administradores e proprietários (apenas 25
casos)
que
priorizam
as
modalidades individuais motorizadas,
seguidas
por
modalidades coletivas e não motorizadas.
A renda exerce influência no comportamento. Como pode ser visto no gráfico
6.2.23, pessoas com renda até 5 SM adotam as modalidades coletivas, seguidas pelas
não motorizadas e individuais motorizadas. Já os com renda entre 5 e 15 SM preferem
as individuais motorizadas, seguidas pelas coletivas e não motorizadas. As pessoas
com renda acima de 15 SM (apenas 24 respostas) utilizam as individuais motorizadas.
83,3
56,5
46,1
33,9
26,1
17,4
20,0
8,3
até 5 SM
de 5 a 15 SM
8,3
+ de 15 SM
Coletivo
Não motorizado
GRÁFICO 6.2.23 RENDA X MODO (%)
Individual motorizado
Nota-se comportamento diferente também devido à posse de automóveis, como
mostra o gráfico 6.2.24. Quem não tem prioriza as modalidades coletivas, seguidas
pelas não motorizadas e individuais motorizadas. Quem tem utiliza as modalidades
individuais motorizadas, seguidas pelas coletivas e não motorizadas.
131
62,8
50,0
31,3
28,1
18,7
9,1
Não
Sim
Coletivo
Não motorizado
GRÁFICO 6.2.24 POSSE X MODO (%)
Individual motorizado
6.2.4 COMENTÁRIOS FINAIS
Busca-se segmentos de consumidores aqui agrupados segundo dimensões
relativas aos atributos de escolha do local e do modo de transporte adotado para o
consumo, estabelecidas por Souza (2006)8.
Como se observa no gráfico 6.1.25, em se tratando do local da compra de
roupas e calçados, a dimensão qualidade é muito significativa e as dimensões espacial
e econômica são significativas.
8
As dimensões relativas ao local são: dimensão espacial (proximidade de casa e proximidade da atividade principal),
dimensão econômica (preço) e dimensão qualidade (marca/nome, facilidades, diversidade) e as dimensões relativas ao
modo de transporte são: dimensão temporal (tempo de espera, tempo de viagem, freqüência), dimensão espacial
(proximidade da origem e destino, proximidade do ponto), dimensão econômica (preço), dimensão qualidade (segurança
e conforto) e dimensão dependência (único meio).
132
54
26
20
Dimensão Espacial
Dimensão Econômica
Dimensão Qualidade
GRÁFICO 6.2.25 DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL (%)
Em se tratando da escolha modal, o gráfico 6.2.26 mostra que as dimensões
qualidade (32%) e espacial (28%) são muito significativas, a dimensão temporal é
significativa (17%) e as dimensões dependência e econômica são pouco significativas.
32
28
17
15
9
Dimensão
Temporal
Dimensão
Espacial
Dimensão
Econômica
Dimensão
Qualidade
Dependência
GRÁFICO 6.2.26 DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO (%)
A partir da tabela 6.1.1 é possível estabelecer, entre os consumidores que
compram roupas e calçados, 2 segmentos representativos.
133
O primeiro segmento é formado por pessoas que têm preferências de acordo
com o perfil médio no que diz respeito tanto à escolha local, quanto à escolha modal,
exceto a dimensão temporal que é pouco significativa. É composto predominantemente
por consumidores com idade acima de 24 anos, do sexo feminino, casados,
independentemente de ter filhos, que não trabalham, com renda entre 3 e 5 SM e que
não possuem veículos.
Para o segundo segmento a qualidade é a dimensão mais importante (na
escolha do local e do modo). Verifica-se que este segmento é composto,
principalmente, pelos consumidores com poder aquisitivo mais alto (aumenta a sua
importância nas faixas de renda superiores), com posse de veículo e que não dão
importância à dimensão econômica.
Como pode ser observado na tabela 6.2.2, além desses segmentos detectam-se
perfis comportamentais isolados como é o caso dos mais jovens (15 a 24 anos),
pessoas do sexo masculino, solteiros, viúvos ou separados, economicamente ativos,
intelectuais, pessoas que trabalham em escritório e com comércio e serviços,
trabalhadores braçais, administradores e proprietários e com renda até 3 SM.
134
Faixa Etária
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Não
Sim
Não
Sim
Intelectuais
Esc/Com/Serv.
Trab. Braçais
Adm/Prop.
Até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM
8 a 15 SM
acima de 15 SM
Não
Sim
Atributos de Dimensão Espacial
Escolha
Dimensão Econômica
Local
Dimensão Qualidade
Dimensão Temporal
26
26
26
27
21
24
27
27
26
25
19
27
25
28
26
35
25
27
17
25
24
29
30
28
25
27
20
19
20
22
22
19
21
18
22
17
25
17
23
20
19
13
18
29
17
27
24
15
9
3
25
14
54
55
54
51
57
57
52
54
52
57
56
56
52
52
55
52
57
44
66
48
52
56
61
69
50
58
17
18
15
13
11
15
15
15
15
10
17
16
14
14
15
15
16
15
10
10
14
17
22
21
12
18
Atributos de Dimensão Espacial
Escolha
Dimensão Econômica
Modal
Dimensão Qualidade
Dependência
28
26
28
29
29
26
29
27
28
29
24
26
29
30
25
26
26
21
24
30
29
27
22
10
30
25
COMPRA DE ROUPAS E CALÇADOS
POUCO FREQÜENTE (%)
Média
Feminino
Posse
Masculino
Renda
Acima 65 anos
Ocupação
45 a 64 anos
Filhos Trabalha
25 a 44 anos
Estado Civil
15 a 24 anos
Sexo
9
8
9
9
8
8
9
9
8
5
9
7
10
8
8
8
4
9
10
12
9
7
7
7
10
7
32
31
33
33
36
34
31
33
31
43
36
34
31
31
34
36
36
40
24
30
31
33
38
59
28
38
15
17
13
14
13
15
15
15
15
13
15
15
14
15
15
13
17
14
24
17
16
15
9
3
19
10
Faixa Etária
Legenda - Preferência pelo atributo
Renda
45 a 64 anos
Acima 65 anos
Masculino
Feminino
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Não
Sim
Não
Sim
Intelectuais
Esc/Com/Serv.
Trab. Braçais
Adm/Prop.
Até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM
8 a 15 SM
acima de 15 SM
Não
Sim
Posse
25 a 44 anos
Ocupação
22
24
22
22
19
21
24
24
21
24
16
23
22
26
21
28
20
22
14
22
21
25
27
17
21
24
7
7
6
7
8
7
7
8
6
8
7
7
6
6
7
7
7
8
17
5
6
6
10
14
6
7
20
19
20
22
22
19
21
18
22
17
25
17
23
20
19
13
18
29
17
27
24
15
9
3
25
14
18
16
18
21
17
18
18
16
20
25
15
17
19
17
18
13
18
16
24
19
18
19
16
14
18
18
29
32
3
29
4
23
5
32
2
32
3
27
4
31
3
27
5
24
2
35
3
32
4
27
3
29
2
30
5
32
8
31
5
20
5
24
3
25
3
28
3
30
4
36
3
42
11
26
3
33
4
Proximidade da atividade principal
Tempo de espera
Tempo de viagem
Preço
Atributos de Segurança
Escolha Conforto
Modal
Frequência
Proximidade origem destino
Proximidade do ponto
Único meio
Filhos Trabalha
Estado Civil
15 a 24 anos
Proximidade de casa
Marca/Nome
Atributos de
Preço
Escolha de
Localidade Facilidades
Diversidade
Média
COMPRA DE ROUPAS E CALÇADOS
POUCO FREQÜENTE (%)
Sexo
4
5
5
5
5
4
5
4
4
5
3
8
5
4
6
4
4
5
2
3
2
5
6
5
7
4
6
10
12
10
8
7
10
11
11
10
8
9
11
9
8
11
11
11
14
7
8
9
11
16
14
8
13
9
8
9
9
8
8
9
9
8
5
9
7
10
8
8
8
4
9
10
12
9
7
7
7
10
7
9
8
9
9
9
9
8
9
8
11
12
10
8
8
10
11
10
12
0
7
9
7
11
17
8
10
24
22
23
25
27
25
23
24
23
31
24
23
24
23
25
25
25
28
24
23
21
26
27
41
20
28
2
1
2
2
3
2
2
2
3
1
0
1
2
2
2
2
1
2
7
2
2
2
3
0
2
2
5
6
5
4
8
5
5
5
5
5
3
5
5
6
4
2
5
0
0
6
6
3
3
3
6
5
22
20
23
24
21
21
24
22
23
24
21
21
24
24
22
24
21
21
24
24
23
23
19
7
24
20
15
17
13
14
13
15
15
15
13
15
15
14
15
15
13
17
14
24
17
16
15
9
3
19
X
muito significativa
15
>27
X
significativa
[17,27]
X
pouco significativa
[6,16]
X
não significativa
10
<5
TABELA 6.2.2 ATRIBUTOS DE ESCOLHA LOCAL E MODAL - COMPRA DE ROUPAS E CALÇADOS
135
6.3
CURSOS
6.3.1 CARACTERIZAÇÃO
Em um mercado de trabalho competitivo os cursos de aprimoramento como a
aprendizagem de outros idiomas, de outras ferramentas na área de informática e
especializações de acordo com a atividade profissional escolhida, são cada vez mais
necessários e exigidos como instrumento de qualificação e melhoria sócio-econômica.
Essas atividades representam, atualmente, uma pré-condição para que o
cidadão possa evoluir e intervir na sociedade, mantendo-se preparado, através da soma
de conhecimentos e habilidades adquiridos, para competir em um contexto, onde
quanto mais qualificado, melhores chances de concorrer.
Entretanto, parece que na sociedade brasileira a grande maioria da população
sequer tem acesso a esse tipo de atividade que continua sendo privilégio alcançado
apenas pelas minorias de maior poder aquisitivo. Mesmo com evidente relevância, essa
atividade tem caráter de consumo secundário e financeiramente restritivo e é realizada
por apenas 7,5% do total da amostra pesquisada.
Como mostram as tabelas 6.3.1 e 6.3.1a, provavelmente pela própria natureza
da atividade, os cursos são feitos com maior freqüência diária e semanal, permitindo
agrupá-los em freqüentemente.
Vale ressaltar que, apesar da freqüência rara ser destacada por 52,2% das
pessoas que realizam cursos, quando da análise, observa-se que, esses consumidores
não são estatisticamente representativos e por isso não serão considerados neste
trabalho.
Frequência
cursos
Diária
Semanal
Mensal
Rara
NA
124
%
12,8
318
32,8
22
2,3
506
52,2
Frequência cursos
Freqüentemente
NA
442
%
100,0%
TABELA 6.3.1a FREQÜÊNCIA AGRUPADA CURSOS
TABELA 6.3.1 FREQÜÊNCIA
136
O esquemático abaixo mostra a metodologia utilizada para investigação do
comportamento de escolha, quando as pessoas fazem seus cursos, no que tangem a
decisão pelo local e pelo modo de transporte.
Assim, analisam-se os consumidores avaliando se suas características sócioeconômicas influenciam as decisões de consumo, quando a compra é feita com
freqüência.
137
ATIVIDADE
ALIMENTOS
LIMPEZA
ROUPAS / CALÇADOS
CURSOS
ESTÉTICA
FREQÜÊNCIA
DIARIAMENTE
SEMANALMENTE
MENSALMENTE
RARAMENTE
FREQÜENTEMENTE
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DA
LOCALIDADE
MODO
UTILIZADO
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DE
MODO
VARIÁVEIS
SOCIOECONÔMICAS
ƒ FAIXA ETÁRIA
ƒ SEXO
ƒ ESTADO CIVIL
ƒ FILHOS
ƒ TRABALHA
ƒ OCUPAÇÃO
ƒ RENDA
ƒ POSSE
Figura 6.3.1 Metodologia utilizada para análise
138
6.3.2 PERFIL DOS CONSUMIDORES
Os consumidores mais representativos desta atividade abrangem as duas
primeiras faixas etárias (84,9%), predominantemente do sexo feminino (55,2%),
solteiros ou casados (91,5%) e não têm filhos (60,1%), como se observa nos gráficos
6.3.1 a 6.3.4.
47,3
55,2
44,8
37,6
11,3
3,8
15 a 24
25 a 44
45 a 64
65 e +
GRÁFICO 6.3.1 FAIXA ETÁRIA (%)
Masculino
Feminino
GRÁFICO 6.3.2 SEXO (%)
61,3
60,1
39,9
30,2
Solteiro(a)
Casado(a)
3,4
5,0
Viuvo(a)
Separado(a)
GRÁFICO 6.3.3 ESTADO CIVIL (%)
Não
Sim
GRÁFICO 6.3.4 FILHOS (%)
Observa-se, também, que a maioria não trabalha (52,5%) e, entre os que estão
economicamente ativos, ressaltam-se as pessoas que trabalham em escritório e com
comércio e serviços (57,7%). Destacam-se, também, os consumidores com renda entre
3 e 15 SM (90,3%) e os que têm carro (52,9%), como mostram os gráficos 6.3.5 a 6.3.8.
139
52,5
56,9
24,0
47,5
14,4
4,6
Não
Intelectuais Esc./Com. e
Serv.
Sim
Trab.
Braçais
Adm. / Prop.
GRÁFICO 6.3.5 TRABALHA (%)
GRÁFICO 6.3.6 OCUPAÇÃO (%)
52,9
48,9
24,9
16,5
47,1
7,5
2,3
até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM 8 a 15 SM
+ de 15
SM
GRÁFICO 6.3.7 RENDA X FREQUÊNCIA
(%)
Não
Sim
GRÁFICO 6.3.8 POSSE (%)
140
6.3.3 PREFERÊNCIAS
Em relação aos atributos que levam os consumidores a escolherem o local onde
fazem os cursos, nota-se no gráfico 6.3.9 que a proximidade de casa é muito
significativa e norteia a decisão seguida pelo preço (significativo) e facilidades do local
(pouco significativa).
35,8
18,1
16,8
13,2
11,7
4,4
Prox.e casa
Marca/Nome
Preço
Facilidades
Diversidade
Prox. Ativ.
Princ.
GRÁFICO 6.3.9 ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Esse comportamento se mantém semelhante entre as pessoas com idade entre
15 e 24 anos, que não trabalham e têm renda entre 3 e 5 SM, entretanto,
comportamentos diferentes segundo as classes socioeconômicas são detectados.
Como mostra o gráfico 6.3.10, para as pessoas com idade entre 25 e 44 anos as
facilidades e a diversidade do local são pouco significativas. Para as com idade entre 45
e 64 anos a diversidade do local é pouco significativa. As com idade acima de 65 anos
não têm significância estatística.
141
12,5
12,5
Prox. Ativ. Princ.
15,6
11,7
0,0
6,3
6,4
Diversidade
2,9
12,5
25,0
Facilidades
12,8
18,5
0,0
21,9
Preço
17,7
18,5
25,0
Marca/Nome
6,3
15,6
9,3
50,0
Prox. casa
28,1
31,9
39,0
65 e +
45 a 64
25 a 44
GRÁFICO 6.3.10 FAIXA ETÁRIA X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
15 a 24
Em se tratando do gênero, observa-se que para os homens o preço é pouco
significativo. O mesmo acontece em relação às mulheres em relação ao atributo
facilidades do local.
Com relação ao estado civil, observa-se no gráfico 6.3.11 que para os solteiros
as facilidades do local são pouco significativas. Para os casados a proximidade de casa
é significativa (10% abaixo da média) e a diversidade do local é pouco significativa.
Observa-se que os viúvos e separados não têm significância estatística.
142
6,7
12,5
Prox. Ativ. Princ.
19,8
11,3
6,7
12,5
Diversidade
6,3
3,4
20,0
12,5
Facilidades
20,8
15,5
20,0
Preço
0,0
18,8
18,5
6,7
Marca/Nome
25,0
8,3
12,8
Prox. casa
40,0
37,5
26,0
38,5
Separado(a)
Viuvo(a)
Casado(a)
GRÁFICO 6.3.11 ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Solteiro(a)
Para os consumidores que não têm filhos as facilidades do local são pouco
significativas e para os que têm o mesmo acontece em relação à diversidade.
Entre os consumidores economicamente ativos a proximidade à atividade
principal é significativa (8% acima da média).
Em se tratando do tipo de ocupação em que os consumidores estão envolvidos,
observa-se no gráfico 6.3.12 que para os intelectuais a proximidade de casa é
significativa (17% abaixo da média), o preço e as diversidades do local são pouco
significativos e a proximidade à atividade principal é muito significativa (18% acima da
média). Para as pessoas que trabalham em escritório ou com comércio e serviços as
facilidades do local são pouco significativas enquanto a proximidade à atividade
143
principal é significativa (10% acima da média). Os trabalhadores braçais e os
administradores e proprietários não estão em número com significância estatística.
Prox. Ativ. Princ.
50,0
0,0
23,0
0,0
Diversidade
8,3
2,3
8,3
0,0
Facilidades
33,3
12,6
0,0
19,4
16,7
Preço
19,5
8,3
0,0
Marca/Nome
Prox. casa
30,6
25,0
9,2
13,9
50,0
16,7
19,4
33,3
Adm. / Prop.
Trabalhadores Braçais
Esc./Com. e Serv.
GRÁFICO 6.3.12 OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Intelectuais
Com relação à renda dos consumidores, nota-se no gráfico 6.3.13 que, para as
pessoas com renda entre 5 e 8 SM as facilidades do local são pouco significativas. Para
os com renda entre 8 e 15 SM a marca/nome é significativa (10% acima da média). As
pessoas com renda até 3 SM e acima de 15 SM não têm significância estatística.
144
0,0
16,2
14,9
12,2
Prox. Ativ. Princ.
8,0
0,0
4,1
5,0
3,9
Diversidade
8,0
16,7
12,2
15,8
16,7
Facilidades
36,0
0,0
13,5
19,8
19,4
20,0
Preço
33,3
21,6
10,9
Marca/Nome
7,2
12,0
50,0
32,4
33,7
Prox. casa
40,6
16,0
+ de 15 SM
8 a 15 SM
5 a 8 SM
3 a 5 SM
GRÁFICO 6.3.13 RENDA X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
até 3 SM
Para os que não possuem veículos a diversidade do local é pouco significativa e
para os que têm as facilidades são pouco significativas enquanto a proximidade à
atividade principal é significativa (6% acima da média).
Em se tratando dos atributos de escolha modal, a proximidade do ponto é muito
significativa na decisão, seguida pelo único meio (significativo) e conforto (pouco
significativo), como mostra o gráfico 6.3.14.
145
34,8
24,6
8,6
10,2
7,0
3,7
5,3
4,8
1,1
Tempo de
espera
Tempo de
viagem
Preço
Segurança
Conforto
Frequência Prox.origem
destino
Prox. do
ponto
Único meio
GRÁFICO 6.3.14 ATRIBUTOS MODAIS (%)
Esse comportamento se mantém semelhante apenas entre as pessoas que não
trabalham.
Para as pessoas com idade entre 15 e 24 anos, o tempo de viagem e o preço
não são significativos. Para as com idade entre 25 e 44 anos a segurança é pouco
significativa e o único meio é muito significativo (5% acima da média). As pessoas com
idade cima de 45 anos não estão em número com significância estatística.
146
20,0
15,0
Único meio
29,9
23,2
40,0
25,0
Prox. do ponto
29,9
40,0
0,0
15,0
Prox origem destino
Frequência
3,0
4,2
0,0
0,0
1,5
1,1
20,0
20,0
Conforto
7,5
9,5
0,0
10,0
Segurança
6,0
4,2
20,0
10,0
9,0
Preço
4,2
0,0
5,0
Tempo de viagem
10,4
8,4
Tempo de espera
0,0
0,0
3,0
5,3
65 e +
45 a 64
25 a 44
GRÁFICO 6.3.15 FAIXA ETÁRIA X ATRIBUTOS MODAIS (%)
15 a 24
Com respeito ao gênero observa-se que para os homens a proximidade à
origem e ao destino é pouco significativa enquanto para as mulheres o mesmo acontece
em relação à segurança.
147
O gráfico 6.3.16 mostra que para os solteiros a proximidade à origem e ao
destino é pouco significativa, já para os casados a proximidade do ponto é significativa
(10% abaixo da média) e o único meio é muito significativo (9%acima da média). É
possível notar na tabela 6.58 que os viúvos e separados não têm significância
estatística.
25,0
Único meio
0,0
34,0
21,4
25,0
33,3
Prox. do ponto
24,5
38,9
25,0
Prox. origem destino
0,0
1,9
5,6
Frequência
0,0
0,0
0,0
1,6
0,0
33,3
Conforto
11,3
9,5
25,0
33,3
Segurança
Preço
3,8
4,8
0,0
0,0
11,3
5,6
Tempo de viagem
Tempo de espera
0,0
0,0
9,4
8,7
0,0
0,0
3,8
4,0
Separado(a)
Viuvo(a)
Casado(a)
GRÁFICO 6.3.16 ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS MODAIS (%)
Solteiro(a)
148
Para os que não têm filhos o preço não é significativo e a proximidade à origem
e ao destino é pouco significativa. Para os que têm a segurança é pouco significativa.
Observa-se entre os que trabalham que o preço não é significativo e a
segurança é pouco significativa.
Em se tratando do tipo de trabalho que os consumidores estão envolvidos
observa-se que para os que trabalham em escritório e com comércio e serviços o tempo
de viagem e o conforto não são significativos, a proximidade à origem e ao destino são
significativos e o único meio é muito significativo (5% acima da média). Os entrevistados
envolvidos nas outras ocupações abordadas não estão em número de significância
estatística.
Em se tratando do poder aquisitivo, observa-se, no gráfico 6.3.17, que para os
consumidores com renda entre 3 e 5 SM o tempo de viagem e o conforto não são
significativos sendo o único meio muito significativo e a proximidade à origem e ao
destino pouco significativa. Para os com renda entre 5 e 8 SM a segurança é pouco
significativa. Os entrevistados pertencentes às outras faixas de renda abordadas não
apresentam significância estatística.
149
0,0
19,2
Único meio
22,4
28,0
26,7
25,0
Prox. do ponto
30,8
30,6
33,3
Prox. origem destino
0,0
0,0
4,1
7,5
0,0
Frequência
0,0
0,0
2,0
1,1
0,0
Conforto
Segurança
4,3
13,3
8,2
6,7
6,1
6,5
0,0
5,4
3,8
4,1
3,2
25,0
11,5
0,0
0,0
25,0
25,0
0,0
Tempo de viagem
19,2
12,2
5,4
Preço
Tempo de espera
38,7
10,2
15,4
13,3
+ de 15 SM
6,7
8 a 15 SM
5 a 8 SM
3 a 5 SM
GRÁFICO 6.3.17 RENDA X ATRIBUTOS MODAIS (%)
até 3 SM
150
Entre os que não têm automóvel o preço e o conforto não são significativos, a
proximidade à origem e ao destino é pouco significativa e o único meio é muito
significativo.
Como mostra o gráfico 6.3.18 as modalidades coletivas são escolhidas pelo
atributo único meio (muito significativo) e proximidade do ponto (pouco significativo). As
não motorizadas são escolhidas pela proximidade do ponto (muito significativo) e único
meio (pouco significativo). Já as modalidades individuais motorizadas são escolhidas
pelo conforto (muito significativo), tempo de viagem (significativo), proximidade do ponto
e segurança (pouco significativos).
68,3
37,0
30,8
19,2
16,3
15,4
9,8
8,7
5,4
3,2
3,2
0,0
Tempo de
espera
Tempo de
viagem
7,7
1,6
Preço
7,6
4,3 3,2
Segurança
14,3
11,5
8,7
4,8
Conforto
GRÁFICO 6.3.18 ATRIBUTOS MODAIS X MODO UTILIZADO (%)
15,4
2,2
1,6
0,0 0,0
Frequência
0,0
Prox.origem
destino
Coletivo
Prox. do
ponto
Não motorizado
Único meio
Individual motorizado
Nota-se no gráfico 6.3.19 que as modalidades coletivas são priorizadas nos
cursos, seguidas por modalidades não motorizadas e individuais motorizadas.
151
46,7
38,2
15,1
Coletivo
Não motorizado
Individual motorizado
GRÁFICO 6.3.19 MODO UTILIZADO (%)
As pessoas com idade entre 15 e 24 anos apresentam comportamento de
escolha diferente uma vez que priorizam as modalidades não motorizadas (6,7% acima
da média), seguidas pelas coletivas e individuais motorizadas.
O mesmo comportamento ocorre entre as pessoas que não têm filhos e entre as
que têm renda entre 8 e 15 SM, como mostram os gráficos 6.3.20 e 6.3.21.
54,5
42,1
44,9
26,5
18,9
13,0
Não
Sim
Coletivo
Não motorizado
GRÁFICO 6.3.20 FILHOS X MODO (%)
Individual motorizado
152
50,4
50,0
39,2
33,8 35,4
30,8
25,0 25,0
10,4
até 3 a 8 SM
de 8 a 15 SM
+ de 15 SM
Coletivo
Não motorizado
GRÁFICO 6.3.21 RENDA X MODO (%)
Individual motorizado
O gênero, o estado civil, o fato das pessoas trabalharem ou o tipo de trabalho
em que estão envolvidas e a posse de veículos não influenciam na escolha.
6.3.4 COMENTÁRIOS FINAIS
Pretende-se estabelecer segmentos de consumidores segundo as dimensões
relativas aos atributos de escolha do local e do modo de transporte (adotado neste caso
para o consumo), baseado no agrupamento estabelecido por Souza (2006)9.
Como se observa no gráfico 6.3.22, em se tratando do local dos cursos, as
dimensões espacial e qualidade são muito significativas e a dimensão econômica é
significativa.
9
As dimensões relativas ao local são: dimensão espacial (proximidade de casa e proximidade da atividade principal),
dimensão econômica (preço) e dimensão qualidade (marca/nome, facilidades, diversidade) e as dimensões relativas ao
modo de transporte são: dimensão temporal (tempo de espera, tempo de viagem, freqüência), dimensão espacial
(proximidade da origem e destino, proximidade do ponto), dimensão econômica (preço), dimensão qualidade (segurança
e conforto) e dimensão dependência (único meio).
153
49
33
19,2
Dimensão Espacial
Dimensão Econômica
Dimensão Qualidade
GRÁFICO 6.3.22 DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL (%)
Em se tratando do modo de transporte, observa-se no gráfico 6.3.23 que a
dimensão espacial é muito significativa, a dependência é significativa enquanto as
dimensões qualidade e temporal são pouco significativas e a econômica não é
significativa.
40
25
16
13
7
Dimensão
Temporal
Dimensão
Espacial
Dimensão
Econômica
Dimensão
Qualidade
Dependência
GRÁFICO 6.3.23 DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO (%)
A partir da tabela 6.3.1 é possível estabelecer, entre os consumidores que fazem
cursos freqüentemente, quatro segmentos representativos.
154
O primeiro segmento é constituído pelos consumidores que têm preferências
de acordo com o perfil médio no que diz respeito tanto à escolha local, quanto à escolha
modal. É constituído, predominantemente, por consumidores solteiros, sem filhos e
economicamente inativos (não trabalham).
O segundo segmento é constituído por consumidores predominantemente do
sexo feminino, com filhos na família, renda entre 5 e 8 SM e possuem automóvel. Para
eles, a dimensão modal qualidade é significativa, o que é natural tendo em vista que a
escolha por modalidades individuais motorizadas é respaldada pelo conforto
(qualidade).
O terceiro segmento é constituído, predominantemente, por pessoas com
idade entre 15 e 24 anos, que trabalham e não possuem veículos. Nota-se que, em
relação ao modo de transporte, a dimensão econômica é pouco significativa e a
espacial é ressaltada com valores acima da média, o que é natural entre as pessoas
que não têm carro e utilizam modalidades não motorizadas e/ou coletivas.
O quarto segmento é constituído por pessoas com idade entre 15 e 44 anos,
predominantemente casados e com renda entre 3 e 5 SM. Entre eles a dependência
modal revela-se muito significativa.
Como pode ser observado na tabela 6.3.1, além desses segmentos detectam-se
perfis comportamentais isolados como é o caso das pessoas com idade acima de 45
anos, do sexo masculino, viúvos ou separados, intelectuais, pessoas que trabalham em
escritório e com comércio e serviços, trabalhadores braçais, administradores e
proprietários e com renda até 3 e a partir de 8 SM.
155
Estado Civil
Posse
Feminino
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Não
Sim
Não
Sim
Intelectuais
Esc/Com/Serv.
Trab. Braçais
Adm/Prop.
Até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM
8 a 15 SM
acima de 15 SM
Não
Sim
Atributos de Dimensão Espacial
Escolha
Dimensão Econômica
Local
Dimensão Qualidade
49
51
48
41
63
50
48
50
46
50
47
50
46
50
48
50
56
17
100
24
53
49
49
50
45
53
18
19
18
22
0
15
21
18
19
0
20
18
18
17
19
8
20
17
0
20
19
20
14
0
19
18
33
31
35
38
38
35
31
32
35
50
33
32
35
34
33
42
24
67
0
56
28
32
38
50
36
30
Dimensão Temporal
Atributos de Dimensão Espacial
Escolha
Dimensão Econômica
Modal
Dimensão Qualidade
Dependência
13
15
13
5
0
16
10
13
13
0
0
12
12
13
12
22
8
25
0
20
9
14
19
0
11
14
40
44
33
40
40
41
38
44
26
33
50
45
30
38
41
30
50
13
0
33
46
35
31
25
46
33
CURSOS - FREQÜENTE (%)
Média
Masculino
Renda
Acima 65 anos
Ocupação
45 a 64 anos
Filhos Trabalha
25 a 44 anos
Sexo
15 a 24 anos
Faixa Etária
7
4
9
10
20
7
7
6
11
0
0
5
10
9
5
4
8
0
0
0
6
6
12
25
4
9
16
14
13
30
20
12
18
14
15
67
25
12
22
15
17
30
5
63
0
20
10
20
19
50
8
23
25
23
30
15
20
24
25
21
34
0
25
25
25
24
25
13
30
0
0
27
28
22
19
0
30
20
Faixa Etária
Masculino
Feminino
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Não
Sim
Não
Sim
Intelectuais
Esc/Com/Serv.
Trab. Braçais
Adm/Prop.
Até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM
8 a 15 SM
acima de 15 SM
Não
Sim
Posse
Acima 65 anos
Único meio
Legenda - Preferência pelo atributo
Renda
45 a 64 anos
Tempo de espera
Tempo de viagem
Preço
Atributos de Segurança
Escolha Conforto
Modal
Frequência
Proximidade origem destino
Proximidade do ponto
Ocupação
25 a 44 anos
Proximidade da atividade principal
Filhos Trabalha
Estado Civil
15 a 24 anos
Proximidade de casa
Marca/Nome
Atributos de
Preço
Escolha de
Localidade Facilidades
Diversidade
36
39
32
28
50
33
38
38
26
38
40
39
29
42
28
19
33
17
50
16
41
34
32
50
38
33
12
9
16
6
25
13
11
13
8
25
7
12
10
13
10
14
9
25
0
12
7
11
22
33
10
13
18
19
18
22
0
15
21
18
19
0
20
18
18
17
19
8
20
17
0
20
19
20
14
0
19
18
17
19
13
25
13
19
15
15
21
13
20
16
18
17
17
19
13
33
0
36
17
16
12
17
20
14
4
3
6
6
0
3
5
3
6
13
7
3
6
4
5
8
2
8
0
8
4
5
4
0
6
3
13
12
16
13
13
17
10
11
20
13
7
11
18
8
21
31
23
0
50
8
12
15
16
0
7
19
4
5
3
0
0
4
4
4
4
0
0
4
3
4
4
9
3
0
0
7
3
4
4
0
4
3
9
8
10
5
0
12
6
9
9
0
0
8
10
9
9
13
5
25
0
13
5
10
15
0
7
10
7
4
9
10
20
7
7
6
11
0
0
5
10
9
5
4
8
0
0
0
6
6
12
25
4
9
5
4
6
10
0
4
7
5
4
33
25
4
7
5
6
9
3
25
0
7
4
8
0
25
3
7
10
9
7
20
20
8
12
10
11
33
0
7
15
10
11
22
3
38
0
13
5
12
19
25
4
16
1
1
1
0
0
0
2
2
0
0
0
1
1
2
0
0
0
0
0
0
1
2
0
0
1
1
5
4
3
15
0
8
2
6
2
0
25
6
3
5
5
0
8
0
0
0
8
4
0
0
9
1
35
40
30
25
40
33
37
39
25
33
25
39
27
33
36
30
43
13
0
33
39
31
31
25
37
32
25
23
30
15
20
25
21
34
0
25
25
25
24
25
13
30
0
0
27
28
22
19
0
30
Média
CURSOS - FREQÜENTE (%)
Sexo
X
muito significativa
24
>27
X
significativa
[17,27]
X
pouco significativa
[6,16]
X
não significativa
TABELA 6.3.1 ATRIBUTOS DE ESCOLHA LOCAL E MODAL - CURSOS
156
20
<5
6.4
SERVIÇOS DE ESTÉTICA
6.4.1 CARACTERIZAÇÃO
De supérflua à responsável pela manutenção da auto-estima, essa atividade é
voltada para a estética e aparência com que pessoas se apresentam em seu grupo
social, fator fortemente relevante nas sociedades contemporâneas.
A natureza desta atividade não envolve necessidades primárias, sendo
classificada como uma atividade de manutenção secundária e provavelmente por isso
conta com a participação de 25,3% dos entrevistados presentes na amostra total.
Talvez seja esta uma das razões para 84,2% dos entrevistados realizarem-na com
pouca freqüência e 15,6% realizarem-na semanalmente, como se observa na tabela
6.4.1.
Ao analisar o comportamento dos consumidores quando desempenham a
atividade semanalmente, em paralelo com os que realizam com pouca freqüência
(mensalmente + raramente), observou-se que não havia diferenças substanciais na
escolha, exceto ao fato de que os consumidores semanais atribuem maior valor à
proximidade de casa (atributo locacional) e à proximidade do ponto (atributo modal), o
que é perfeitamente natural. Sendo assim a freqüência dos serviços de estética é
formada pelo agrupamento das outras freqüências significativas, como mostra a tabela
6.4.1a.
Frequencia
serviços de
estética
NA
Frequencia
serviços de
estética
3
%
,1%
418
15,6%
Mensal
1169
43,7%
Pouco
frequente
Rara
1083
40,5%
TABELA 6.4.1a FREQUÊNCIA AGRUPADA
Diária
Semanal
NA
2670
%
100,0%
TABELA 6.4.1 FREQÜÊNCIA
A figura 6.4.1 contém a metodologia utilizada para investigar quais são os
hábitos preferenciais de escolha em relação ao local e ao modo de transporte utilizado
quando as pessoas se utilizam de serviços de estética.
157
ATIVIDADE
ALIMENTOS
LIMPEZA
ROUPAS / CALÇADOS
CURSOS
ESTÉTICA
FREQÜÊNCIA
DIARIAMENTE
SEMANALMENTE
MENSALMENTE
RARAMENTE
POUCO FREQÜENTE
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DA
LOCALIDADE
MODO
UTILIZADO
ATRIBUTOS DE
ESCOLHA DE
MODO
VARIÁVEIS
SOCIOECONÔMICAS
ƒ FAIXA ETÁRIA
ƒ SEXO
ƒ ESTADO CIVIL
ƒ FILHOS
ƒ TRABALHA
ƒ OCUPAÇÃO
ƒ RENDA
ƒ POSSE
Figura 6.4.1 Metodologia utilizada para análise
158
6.4.2 PERFIL DOS CONSUMIDORES
Como se observa no gráfico 6.4.1 os consumidores mais representativos da
amostra estão situados entre as três primeiras faixas etárias (15 a 64 anos), sendo a
maior incidência localizada na idade produtiva (25 a 44 anos). Entre eles, 52,1% são do
sexo feminino (gráfico 6.4.2), 89,4% solteiros e casados (gráfico 6.3.3), 60,7% têm filhos
(gráfico 6.4.4).
44,3
52,1
27,2
19,7
47,9
8,8
15 a 24
25 a 44
45 a 64
65 e +
GRÁFICO 6.4.1 FAIXA ETÁRIA (%)
Masculino
GRÁFICO 6.4.2 SEXO (%)
46,0
43,4
Feminino
60,7
39,3
Solteiro(a)
Casado(a)
5,3
5,3
Viuvo(a)
Separado(a)
GRÁFICO 6.4.3 ESTADO CIVIL (%)
Não
Sim
GRÁFICO 6.4.4 FILHOS (%)
Nota-se, também, no universo em questão, que 53,8% dos consumidores
encontram-se economicamente ativos (gráfico 6.4.5), 56,9% são pessoas que
trabalham em escritório e com comércio e serviços (gráfico 6.4.6), 90,9% têm renda até
159
8 SM (gráfico 6.4.7), com predomínio de 55,5% situados na faixa de renda entre 3 e 5
SM. E enfim, a grande maioria, 60,6%, não possui automóvel (gráfico 6.4.8).
56,9
53,8
24,0
14,4
46,2
4,6
Não
Sim
Intelectuais Esc./Com. e
Serv.
GRÁFICO 6.4.5 TRABALHA
(%)
Trab.
Braçais
Adm. / Prop.
GRÁFICO 6.4.6 OCUPAÇÃO (%)
53,5
60,6
19,1
39,4
18,3
7,9
1,1
até 3 SM 3 a 5 SM 5 a 8 SM 8 a 15 SM + de 15
SM
GRÁFICO 6.4.7 RENDA (%)
Não
Sim
GRÁFICO 6.4.8 POSSE (%)
6.4.3 PREFERÊNCIAS
160
Em relação aos atributos que levam os consumidores a escolherem o local onde
se utilizam dos serviços de estética, nota-se no gráfico 6.4.9 que a proximidade de casa
(57,4%) é muito significativa na decisão, seguida pelo preço (14,6%), marca/nome
(13,4%) e facilidades (7,7%) que são pouco significativos na decisão pelo local.
57,4
13,4
Prox. casa
Marca/Nome
14,6
7,7
Preço
Facilidades
1,7
Diversidade
5,1
Prox.
Ativ.princ.
GRÁFICO 6.4.9 ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Esse comportamento se mantém semelhante entre as pessoas da faixa de 45 a
65 anos e mais, mulheres, predominantemente solteiros, independente da presença de
filhos na família, geralmente não trabalham têm renda entre 3 e 8 SM. Entretanto
ocorrem algumas exceções.
Como mostra o gráfico 6.4.10 e 6.4.11, para as pessoas mais jovens (14 a 24
anos) e para os viúvos (20%), o preço é significativo. Para os homens, o preço é
também significativo assim como para os solteiros. Para os casados e separados a
proximidade à atividade principal é pouco significativa.
161
Prox. Ativ. Principal
Diversidade
4
5
2
2
8
8
Facilidades
Preço
14
Marca/Nome
14
12
17
58
57
Prox. casa
25 a 65 e +
GRÁFICO 6.4.10 FAIXA ETÁRIA X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
15 a 24
7
Prox. Ativ. Princ.
Diversidade
1
6
5
2
1
2
2
9
Facilidades
5
6
9
14
20
Preço
14
15
12
Marca/Nome
14
13
13
56
59
59
Prox. casa
56
Separado(a)
Viuvo(a)
Casado(a)
GRÁFICO 6.4.11 ESTADO CIVIL X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
Solteiro(a)
162
Em relação ao poder aquisitivo, observa-se no gráfico 6.4.12 que para os
consumidores com renda até 3 SM o preço é significativo (23%). Já para os com renda
entre 3 e 8 SM a marca/nome é significativa passando a ser muito significativa para os
entrevistados com renda acima de 15 SM (21% acima da média).
10
6
5
Prox. Ativ. Princ.
4
0
3
2
Diversidade
1
10
Facilidades
3
9
6
Preço
7
6
14
23
34
18
Marca/Nome
13
10
38
64
Prox. casa
GRÁFICO 6.4.12 RENDA X ATRIBUTOS LOCAIS (%)
57
56
até 3 SM
de 3 a 8 SM
de 8 a 15 SM
+ de 15 SM
Para os economicamente ativos a proximidade à atividade principal é pouco
significativa, assim como para os consumidores envolvidos em qualquer profissão. Para
as pessoas que não têm carro o preço é significativo e para as que têm a marca/nome é
significativa.
163
Em se tratando dos atributos que norteiam a decisão pelo modo de transporte, a
proximidade do ponto é muito significativa (63,2%), seguida pelo o conforto (10,7%),
tempo de viagem (7,2 %) e único meio (7%), pouco significativos, como mostra o gráfico
6.3.13.
63,2
2,2
Tempo de
espera
7,2
Tempo de
viagem
3,1
2,6
Preço
Segurança
10,7
0,8
Conforto
7,0
3,2
Frequência Prox. origem
destino
Prox. do
ponto
Único meio
GRÁFICO 6.4.13 ATRIBUTOS MODAIS (%)
Esse comportamento se mantém semelhante entre as pessoas com idade entre
15 e 64 anos (as pessoas com mais de 65 consideram não significativos o tempo de
viagem e o único meio), as mulheres (os homens não consideram o único meio
significativo), solteiros, casados e viúvos (os separados consideram o preço pouco
significativo e o único meio não significativo) não importando se têm filhos ou mesmo se
estão economicamente ativos. É semelhante também entre os que trabalham em
escritório e com comércio e serviços, têm renda até 5 SM, não importando se possuem
automóvel.
Em se tratando da ocupação, como mostra o gráfico 6.3.14, observa-se
comportamento diferente entre os intelectuais (único meio não é significativo),
trabalhadores braçais (tempo de viagem e único meio não são significativos e preço e
segurança são pouco significativos) e administradores e proprietários (tempo de viagem
e único não significativos e conforto significativo).
164
5,3
Único meio
1,7
9,8
5,2
52,6
56,7
Prox. do ponto
61,5
67,0
0,0
Prox. origem destino
Frequência
5,0
2,8
2,1
0,0
0,0
1,0
0,0
26,3
15,0
12,2
13,4
Conforto
10,5
Segurança
6,7
1,4
3,1
0,0
Preço
8,3
1,7
3,1
5,3
5,0
7,0
6,2
Tempo de viagem
Tempo de espera
0,0
1,7
2,4
0,0
Adm. / Prop.
Trab. Braçais
Esc./Com.e Serv.
GRÁFICO 6.4.14 OCUPAÇÃO X ATRIBUTOS MODAIS (%)
Intelectuais
Como mostra o gráfico 6.4.15, para os consumidores com renda entre 5 e 8 SM
o único meio não é significativo. Para os com renda 8 e 15 SM o mesmo ocorre, sendo
o conforto significativo. Já para os situados na faixa acima de 15 SM preço e segurança
são pouco significativos.
165
50,0
61,2
63,6
63,5
Prox. do ponto
Prox. origem destino
Frequência
0,0
1,2
3,1
3,5
0,0
0,0
1,8
0,5
14,3
17,6
Conforto
12,3
9,4
7,1
Segurança
4,7
1,8
2,6
7,1
Preço
1,2
2,2
3,5
7,1
7,1
8,8
6,8
Tempo de viagem
0,0
Tempo de espera
2,4
1,3
2,4
+ de 15 SM
de 8 a 15 SM
de 5 a 8 SM
GRÁFICO 6.4.15 RENDA X ATRIBUTOS MODAIS (%)
até 5 SM
166
Em se tratando das modalidades utilizadas para os serviços de estética,
observa-se, no gráfico 6.4.16, que as modalidades coletivas são escolhidas pela
proximidade do ponto e único meio (muito significativo), as modalidades não
motorizadas são escolhidas pela proximidade do ponto (muito significativo), e as
individuais motorizadas pelo conforto (muito significativa).
77,7
34,8
30,7
26,5
28,1
16,7
3,5
1,0
3,8
Tempo de
espera
7,9
4,6
Tempo de
viagem
5,3
2,63,0
Preço
5,3
7,6
9,6
0,00,71,5
1,2
Segurança
9,6
6,0
Conforto
4,04,5
2,21,5
Frequência Prox. origem
destino
Prox. do
ponto
Único meio
Coletivo
Não motorizado
GRÁFICO 6.4.16 ATRIBUTOS MODAIS X MODO (%)
Individual motorizado
Como mostra o gráfico 6.4.17 as modalidades não motorizadas são as
preferenciais para os serviços de estética (74,2%), indicando que as pessoas
provavelmente escolhem locais próximos à moradia ou à atividade principal (preferência
pelo uso misto). As modalidades coletivas (12,1%) e as individuais motorizadas (13,7%)
são menos utilizadas e a diferença entre elas é de 1,6%, não valendo a pena considerar
comportamento diferente o fato de determinado segmento trocar a ordem de prioridade
por esses dois últimos modos sem que a diferença seja relevante.
167
74,2
13,7
12,1
Coletivo
Não motorizado
Individual motorizado
GRÁFICO 6.4.17 M ODO UTILIZADO (%)
Esse comportamento se mantém semelhante entre as pessoas independente da
faixa etária, do gênero, do estado civil, da presença de filhos na família e de estarem
economicamente ativas.
Em se tratando da ocupação, como mostra o gráfico 6.4.18, nota-se
comportamento diferente entre os trabalhadores braçais que priorizam depois das
modalidades não motorizadas, as coletivas (6,3% de diferença para as individuais),
provavelmente pela dependência modal e dos administradores e proprietários (que não
utilizam modalidades coletivas nessa atividade).
75,9
70,4
70,0
68,3
30,0
12,5
17,1
14,8
16,9
15,2
8,9
0,0
Intelectuais
Esc./Com. e Serv.
Trab. Braçais
Adm. / Prop.
Coletivo
Não motorizado
GRÁFICO 6.4.18 OCUPAÇÃO X M ODO (%)
Individual motorizado
168
As pessoas com renda até 3 SM também priorizam as modalidades coletivas
depois das não motorizadas (11,4% de diferença para as individuais), o mesmo ocorre
entre as que não possuem veículos (10,2% de diferença para as individuais).
6.4.4 COMENTÁRIOS FINAIS
Os segmentos de consumidores são organizados de acordo com as dimensões
estabelecidas por Souza (2006)10 e relativas aos atributos de escolha do local e do
modo de transporte adotado para a atividade.
Como se observa no gráfico 6.4.19, em se tratando do local, a dimensão
espacial é muito significativa para 61% dos consumidores, o que pode se traduzir na
preferência pelo uso misto11 (56% são relativos à escolha da proximidade de casa). A
dimensão qualidade é responsável por 23% das escolhas e a dimensão econômica por
apenas 15%.
62
23
15
Dimensão Espacial
Dimensão Econômica
Dimensão Qualidade
GRÁFICO 6.4.19 DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL (%)
10
As dimensões relativas ao local são: dimensão espacial (proximidade de casa e proximidade da atividade principal),
dimensão econômica (preço) e dimensão qualidade (marca/nome, facilidades, diversidade) e as dimensões relativas ao
modo de transporte são: dimensão temporal (tempo de espera, tempo de viagem, freqüência), dimensão espacial
(proximidade da origem e destino, proximidade do ponto), dimensão econômica (preço), dimensão qualidade (segurança
e conforto) e dimensão dependência (único meio).
11
O uso misto (habitação/comércio/serviços) é indicado nos trabalhos do Grupo de Pesquisa Móbile como instrumento
de gestão da mobilidade urbana.
169
Em se tratando dos atributos modais, observa-se no gráfico 6.4.20 que para a
escolha do modo a dimensão espacial (66%) é muito significativa, ou seja, são
priorizados também atributos relacionados ao acesso.
66
13
10
7
3
Dimensão
Temporal
Dimensão
Espacial
Dimensão
Econômica
Dimensão
Qualidade
Dependência
GRÁFICO 6.4.20 DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO (%)
A partir da tabela 6.3.1 é possível estabelecer dois segmentos representativos,
entre os consumidores que utilizam os serviços de estética com pouca freqüência.
O primeiro segmento tem comportamento próximo à média e é constituído
pelas pessoas com idade entre 25 e 65 anos ou mais, predominantemente do sexo
feminino, solteiros ou casados, não importando se têm filhos ou não, ou mesmo se
estão economicamente ativos. Predominam, também, neste segmento os intelectuais e
as pessoas que trabalham em escritórios, com comércio e serviços, com renda entre 3
e 8 SM e que possuem automóvel. Para eles a dimensão espacial é muito significativa,
e a dimensão local relativa à qualidade é significativa.
O segundo segmento é formado por pessoas mais jovens (15 a 24 anos),
predominantemente do sexo masculino, viúvos, com renda até 3 SM e que não
possuem veículos. Para o segundo segmento representativo, em se tratando da escolha
local, a dimensão econômica é significativa.
170
Como pode ser observado na tabela 6.4.2, além desses segmentos detectam-se
perfis comportamentais isolados como é o caso dos separados, trabalhadores braçais,
administradores e proprietários e pessoas com renda acima de 8 SM.
171
Faixa Etária
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Não
Sim
Não
Sim
Intelectuais
Esc/Com/Serv.
Trab. Braçais
Adm/Prop.
Até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM
8 a 15 SM
acima de 15 SM
Não
Sim
Atributos de Dimensão Espacial
Escolha
Dimensão Econômica
Local
Dimensão Qualidade
62
61
63
64
61
63
62
61
65
60
63
61
63
62
63
65
64
63
64
60
62
65
69
48
62
63
15
17
13
14
16
17
13
15
14
20
14
16
14
16
13
10
12
11
12
23
15
11
6
7
17
11
23
22
24
22
23
21
25
24
22
21
23
23
23
22
24
25
24
25
24
17
23
25
24
45
20
26
Dimensão Temporal
Atributos de Dimensão Espacial
Escolha
Dimensão Econômica
Modal
Dimensão Qualidade
Dependência
10
10
10
8
6
9
10
8
10
12
15
9
10
10
10
6
9
7
5
8
10
10
9
7
9
10
66
68
64
66
76
67
66
70
64
65
55
67
66
67
65
69
64
62
53
68
67
67
62
50
69
63
SERVIÇOS DE ESTÉTICA - POUCO
FREQÜENTE (%)
Média
Feminino
Posse
Masculino
Renda
Acima 65 anos
Ocupação
45 a 64 anos
Filhos Trabalha
25 a 44 anos
Estado Civil
15 a 24 anos
Sexo
3
3
3
3
1
3
3
3
3
0
7
2
3
3
3
3
2
8
0
5
3
2
1
7
3
3
13
11
14
15
13
14
12
12
15
14
16
13
14
12
15
16
14
22
37
10
13
14
22
21
10
18
8
7
7
4
5
9
7
7
8
4
8
6
7
7
5
10
2
5
9
7
5
5
14
8
6
7
Sexo
Legenda - Preferência pelo atributo
Posse
Acima 65 anos
Masculino
Feminino
Solteiro
Casado
Viúvo
Separado
Não
Sim
Não
Sim
Intelectuais
Esc/Com/Serv.
Trab. Braçais
Adm/Prop.
Até 3 SM
3 a 5 SM
5 a 8 SM
8 a 15 SM
acima de 15 SM
Não
Sim
Renda
45 a 64 anos
Ocupação
57
57
57
59
59
56
58
56
59
59
56
57
58
60
55
57
53
57
56
56
56
60
64
38
58
56
13
12
13
15
14
13
14
13
13
14
12
13
13
13
14
14
15
14
8
10
12
15
18
34
11
17
15
17
13
14
16
17
13
15
14
20
14
16
14
16
13
10
12
11
12
23
15
11
6
7
17
11
8
8
8
6
8
7
9
9
6
5
9
8
8
8
8
9
6
9
16
6
9
8
3
10
8
7
2
2
2
1
1
2
2
2
2
1
2
2
2
1
2
2
3
2
0
1
2
2
3
0
1
3
5
4
6
5
2
6
4
5
6
1
7
5
5
2
8
8
11
6
8
4
5
5
6
10
4
6
2
2
2
1
4
2
3
2
3
4
0
2
3
4
1
0
2
2
0
2
3
1
2
0
2
2
7
7
8
7
2
8
7
6
7
8
15
7
7
6
8
6
7
5
5
6
7
9
7
7
7
8
3
3
3
3
1
3
3
3
3
0
7
2
3
3
3
3
2
8
0
5
3
2
1
7
3
3
3
1
3
4
4
3
2
3
3
4
0
3
3
3
2
3
1
7
11
3
2
2
5
7
3
3
11
10
11
11
10
11
10
10
12
10
16
10
11
9
12
13
12
15
26
7
10
12
18
14
8
15
1
1
1
1
1
0
0
1
4
0
1
1
0
0
1
0
1
1
2
0
0
1
1
3
2
4
3
5
4
2
3
4
2
0
4
3
4
3
2
3
5
0
1
5
3
1
0
3
4
63
66
60
63
71
63
63
66
61
63
55
63
63
63
62
67
62
57
53
67
62
64
61
50
67
59
7
8
7
7
4
5
9
7
7
8
4
8
6
7
7
5
10
2
5
9
7
5
5
14
8
Proximidade da atividade principal
Tempo de espera
Tempo de viagem
Preço
Atributos de Segurança
Escolha Conforto
Modal
Frequência
Proximidade origem destino
Proximidade do ponto
Único meio
Filhos Trabalha
25 a 44 anos
Proximidade de casa
Marca/Nome
Atributos de
Preço
Escolha de
Localidade Facilidades
Diversidade
Média
SERVIÇOS DE ESTÉTICA - POUCO
FREQÜENTE (%)
Estado Civil
15 a 24 anos
Faixa Etária
X
muito significativa
>27
X
significativa
[17,27]
X
pouco significativa
[6,16]
X
não significativa
TABELA 6.42 ATRIBUTOS DE ESCOLHA LOCAL E MODAL - SERVIÇOS DE ESTÉTICA
172
6
<5
7
SÍNTESE DOS RESULTADOS
Apresenta-se a seguir uma síntese dos resultados encontrados nas análises das
preferências em relação ao local e ao modo de transporte referente a cada atividade
pesquisada (consumo primário e de consumo secundário), bem como apresentação dos
segmentos de consumidores obtidos segundo as dimensões estabelecidas por SOUZA
(2006).
Atividades de consumo primário
Para as duas atividades (compra de alimentos, material de limpeza e higiene
pessoal) analisadas nesta categoria confirmou-se semelhança no perfil, nos hábitos e
nas preferências nesta, apresentando-se, portanto, nas análises e nas conclusões,
resultados relativos apenas aos comportamentos de compra de alimentos, por este ser
mais significativo.
Em relação ao perfil típico das pessoas que compram alimentos regularmente
observa-se que estão em idade produtiva (25 a 44 anos), com alta incidência de
solteiros e casados, predominantemente do sexo feminino e com filhos na família, com
poder aquisitivo razoavelmente baixo (entre 3 e 5 SM) e que não possuem automóveis.
Essas pessoas compõem 85% da amostra total.
No que se refere às preferências em relação à escolha da localidade e do modo
de transporte que utilizam na compra de alimentos, observa-se que para todas as
variáveis socioeconômicas a dimensão espacial é muito significativa. No que tange à
escolha do local, o perfil médio de consumidores atribui à essa dimensão (proximidade
de casa + proximidade da atividade principal) 53% das preferências e no que tange à
escolha do modo (proximidade da origem e do destino + proximidade do ponto), 47%
das escolhas.
As modalidades não motorizadas são as mais utilizadas na compra (53,5%),
seguidas por modalidades não motorizadas (30,3%) e coletivas (16,2%) o que é
coerente com a dimensão espacial previamente citada, uma vez que, na compra de
alimentos, as pessoas optam por locais próximos à residência ou à atividade principal,
ou por modos de transporte que podem ser acessados facilmente pela proximidade da
origem e do destino ou pela proximidade do ponto. Observa-se, também, que conforme
173
o poder aquisitivo dos consumidores dessa atividade aumenta, o uso das modalidades
não motorizadas diminui. O mesmo acontece em relação às modalidades coletivas e o
inverso, em relação às individuais motorizadas.
A dimensão qualidade é a segunda em destaque, em ambos os casos (escolha
do local e do modo).
Cabe lembrar que, na compra de alimentos, os atributos que norteiam a decisão
dos usuários pelas modalidades não motorizadas são a proximidade do ponto (59,5%) e
o conforto (14,9%).
No caso das modalidades individuais motorizadas a escolha é
pautada primeiramente pelo conforto (40,8%) e depois pela proximidade do ponto (29%)
e das modalidades coletivas pela proximidade do ponto (24,4%), conforto (20,3%),
único meio (18,4%) e finalmente pelo preço (14,1%).
Os gráficos 7.1 e 7.2 retratam a preferência do perfil médio de consumidores
pelos atributos do local e do modo de transporte na compra de alimentos.
Prox. casa
60
50
50
40
Prox. Ativ. Princ.
Marca/Nome
30
20
10
2
2
0
9
12
Diversidade
23
Preço
Facilidades
GRÁFICO 7.1 ATRIBUTOS LOCACIONAIS COM PRA ALIM ENTOS (%)
174
Tempo de espera
45
40
Único meio
Tempo de viagem
35
30
25
20
15
Prox. do ponto
10
43
10
5
2
6
7
0
3
1
Preço
4
Prox. origem destino
Segurança
24
Frequência
Conforto
GRÁFICO 7.2 ATRIBUTOS M ODAIS COM PRA DE ALIM ENTOS (%)
Foi possível obter três segmentos distintos de consumidores na compra de
alimentos, descritos nos comentários finais do capítulo 5.
O primeiro segmento é formado por pessoas que apresentam comportamento
na média. Para eles, no que diz respeito às dimensões relativas ao local, a dimensão
espacial é muito significativa e as dimensões qualidade e econômica são significativas.
Em relação às dimensões modais a dimensão espacial é muito significativa assim como
a dimensão qualidade. As dimensões temporal, econômica e dependência são pouco
significativas.
Para os consumidores integrantes do segundo segmento, em relação às
dimensões relativas à escolha do local, a qualidade é muito significativa (e cresce com o
aumento da renda) e em relação à escolha do modo, a dimensão econômica perde
significado sendo a qualidade fortemente ressaltada, o que era de se esperar tendo em
vista que as modalidades individuais motorizadas são as preferidas por esse grupo e
que a escolha pelo uso dessa modalidade é respaldada pelo atributo conforto
(qualidade).
175
Já para os integrantes do terceiro segmento, em relação ao modo de
transporte, a dimensão qualidade deixa de ser muito significativa, ganhando expressão
a dimensão espacial, o que é perfeitamente coerente com a escolha das modalidades
não motorizadas que são utilizadas pela proximidade do ponto.
Atividades de consumo secundário
As atividades de compra de roupas e calçados, cursos e serviços de estética são
consideradas atividades de consumo secundário por não envolverem aspectos
relacionados às necessidades básicas. Apresentam-se, a seguir, as sínteses relativas a
cada uma delas.
Compra de roupas e calçados
Observa-se que o perfil típico dos consumidores que compram roupas e
calçados, representado por 23,6% da amostra total (redução da participação – poder
aquisitivo), é constituído por pessoas em idade produtiva (entre 25 a 44 anos),
predominante do sexo feminino (53,2%) com alta incidência de solteiros e casados, com
filhos na família, poder aquisitivo razoavelmente baixo (entre 3 e 5 SM), pessoas que
trabalham em escritório e com comércio e serviços e que não possuem veículos.
No que se refere às preferências em relação aos atributos de escolha da
localidade e das modalidades de transporte utilizadas para compra de roupas e
calçados, observa-se que a dimensão qualidade é muito significativa entre todas as
características socioeconômicas abordadas, com exceção dos administradores e
proprietários. O que é perfeitamente natural tendo em vista a natureza da atividade, que
envolve decisões de caráter secundário.
As modalidades coletivas são as mais utilizadas na compra (48,1%), seguidas
pelas individuais motorizadas (28,1%) e não motorizadas (23,7%). Conforme o poder
aquisitivo dos entrevistados aumenta, o uso das modalidades coletivas diminui. O
mesmo acontece em relação às modalidades não motorizadas e o inverso, em relação
às individuais motorizadas.
Vale lembrar que as modalidades coletivas são escolhidas pelo atributo único
meio (27%), preço (16%), conforto (14%) e proximidade do ponto (13%). As
modalidades não motorizadas são escolhidas pela proximidade do ponto (48% - muito
176
significativa) e pelo conforto (pouco significativo). As modalidades individuais
motorizadas são escolhidas pelo conforto (42%), tempo de viagem (16%), proximidade
do ponto (13%) e segurança (11%).
Os gráficos 7.3 e 7.4 retratam a preferência do perfil médio de consumidores
pelos atributos do local e do modo de transporte na compra de roupas e calçados.
Prox. casa
30
25 22
20
Prox. Ativ. Princ.
Marca/Nome
15
10
4
7
5
0
20
Diversidade29
Preço
18
Facilidades
GRÁFICO 7.3 ATRIBUTOS LOCACIONAIS COMPRA ROUPAS E CALÇADOS (%)
Tempo de espera
25
20
Único meio
Tempo de viagem
15
15
10
5
10
5
Prox. do ponto
22
0
5
2
9
Preço
9
Prox. origem destino
Segurança
Frequência
24 Conforto
GRÁFICO 7.4 ATRIBUTOS MODAIS COMPRA ROUPAS E CALÇADOS (%)
177
Foi possível obter dois segmentos distintos de consumidores na compra de
roupas e calçados.
O primeiro segmento é constituído por pessoas que têm preferências de
acordo com o perfil médio no que diz respeito tanto à escolha local, quanto à escolha
modal (exceto pela dimensão-modo temporal que é pouco significativa).
Para o segundo segmento a qualidade é a dimensão mais importante (na
escolha do local e do modo). Verifica-se que este segmento é composto,
principalmente, pelos consumidores com poder aquisitivo mais alto (aumenta a sua
importância com faixas de renda superiores), com posse de veículo e que não dão
importância à dimensão econômica.
Cursos
Observa-se que o perfil típico dos consumidores que fazem cursos, representado
por 7,5% da amostra total (atividade de caráter de consumo secundário – redução da
participação),
é
constituído
por
pessoas
mais
jovens
(15
a
24
anos),
predominantemente do sexo feminino, com alta incidência de solteiros e sem filhos na
família, não estão economicamente ativos (entre os ativos predominam as pessoas que
trabalham em escritório e com comércio e serviços), com poder aquisitivo
razoavelmente baixo (entre 3 e 5 SM) e que possuem automóveis.
No que se refere às preferências em relação à escolha da localidade e das
modalidades de transporte utilizadas, observa-se que para todas as variáveis
socioeconômicas, exceto para trabalhadores braçais e administradores e proprietários e
pessoas com renda até 3 SM e acima de 15 SM, a dimensão espacial é muito
significativa. Em se tratando do local a dimensão espacial é também muito significativa.
As modalidades coletivas são as mais utilizadas (46,7%), seguidas pelas não
motorizadas (38,2%) e individuais motorizadas (15,1%). Conforme o poder aquisitivo
dos entrevistados aumenta, o uso das modalidades coletivas diminui. O mesmo
acontece em relação às modalidades não motorizadas e o inverso, em relação às
individuais motorizadas.
As modalidades coletivas são escolhidas pelo atributo único meio (37%),
proximidade do ponto (16,3%) e preço (9,8%). As não motorizadas são escolhidas pela
178
proximidade do ponto (68,3%) e único meio (14,3%). Já as modalidades individuais
motorizadas são escolhidas pelo conforto (30,8%), tempo de viagem (19,2%),
proximidade do ponto e segurança (15,4% ambos) e único meio (11,5%).
Os gráficos 7.5 e 7.6 retratam a preferência do perfil médio de consumidores
pelos atributos do local e do modo de transporte na compra de roupas e calçados.
Prox. casa
40 36
30
Prox. Ativ. Princ.
Marca/Nome
20
10
13
12
0
4
18
Diversidade
Preço
17
Facilidades
GRÁFICO 7.5 ATRIBUTOS LOCACIONAS CURSOS (%)
Tempo de espera
35
Único meio
30
25
Tempo de viagem
20
15
10
Prox. do ponto
Preço
5
0
Prox. origem destino
Segurança
Frequência
Conforto
GRÁFICO 7.6 ATRIBUTOS M ODAIS CURSOS (%)
179
Foi possível obter quatro segmentos distintos de consumidores que fazem
cursos.
O primeiro segmento é constituído pelos consumidores que têm preferências
de acordo com o perfil médio no que diz respeito tanto à escolha local, quanto à escolha
modal. Para eles, em relação ao local, a dimensão espacial é muito significativa assim
como a dimensão qualidade. A dimensão econômica é significativa. Em relação ao
modo, a dimensão espacial é muito significativa, a dimensão dependência é significativa
e a temporal, econômica e qualidade são pouco significativas.
Para os integrantes do segundo segmento a dimensão modal qualidade é
significativa, o que é natural tendo em vista que a escolha por modalidades individuais
motorizadas é respaldada pelo conforto (qualidade).
Para os integrantes do terceiro segmento observa-se que, em relação ao modo
de transporte, a dimensão econômica é pouco significativa e a espacial é ressaltada
com valores acima da média, o que é natural entre as pessoas que não têm carro e
utilizam modalidades não motorizadas e/ou coletivas.
Para os componentes do quarto segmento a dependência modal revela-se
muito significativa.
Serviços de estética
O perfil médio dos consumidores que utilizam serviços de estética é constituído
por pessoas que têm entre 25 a 44 anos de idade, com alta incidência de solteiros e
casados,
predominantemente
do
sexo
feminino
e
com
filhos
na
família,
economicamente ativos destacando-se as pessoas que trabalham em escritório e com
comércio e serviços, com poder aquisitivo razoavelmente baixo (entre 3 e 5 SM) e que
não possuem automóveis.
No que se refere às preferências em relação à escolha da localidade onde os
serviços de estética são realizados e do modo de transporte adotado observa-se que
para todas as variáveis socioeconômicas, a dimensão espacial é muito significativa.
As modalidades não motorizadas são as mais utilizadas (74,2%), seguidas pelas
individuais motorizadas (13,7%) e coletivas (12,1%). Conforme o poder aquisitivo dos
entrevistados aumenta, o uso das modalidades não motorizadas diminui. O mesmo
180
acontece em relação às modalidades coletivas e o inverso, em relação às individuais
motorizadas.
As modalidades não motorizadas são escolhidas pela proximidade do ponto
(77,7%), as individuais motorizadas pelo conforto (34,8%) e proximidade do ponto
(26,5%) e coletivas pela proximidade do ponto (30,7%) e único meio (28,1%).
Os gráficos 7.7 e 7.8 retratam a preferência do perfil médio de consumidores
pelos atributos do local e do modo de transporte quando se utilizam de serviços de
estética.
Prox. casa
60 57
50
40
Prox. Ativ. Princ.
Marca/Nome
30
20
5
13
10
2
0
15
8
Diversidade
Preço
Facilidades
GRÁFICO 7.7 ATRIBUTOS LOCACIONAIS SERVIÇOS DE ESTÉTICA (%)
Tempo de espera
70
Único meio
60
Tempo de viagem
50
40
30
Prox. do ponto
63
20
710 2
7
0
3 1
3
3
Preço
11
Prox. origem destino
Segurança
Frequência
Conforto
GRÁFICO 7.8 ATRIBUTOS MODAIS SERVIÇOS DE ESTÉTICA (%)
181
Foi possível obter dois segmentos distintos de consumidores que utilizam
serviços de estética.
O primeiro segmento é constituído por consumidores que têm comportamento
próximo à média. Para eles a dimensão espacial (local e modal) é muito significativa, e
a dimensão local relativa à qualidade é significativa.
O segundo segmento é formado por consumidores que consideram a
dimensão econômica significativa quando escolhem o local.
É possível constatar através do quadro 7.1 que a natureza heterogênea das
atividades de consumo realmente leva a comportamentos de escolha diferentes tanto
no que diz respeito às dimensões relativas ao local como relativas ao modo de
transporte adotado.
Na compra de alimentos, observa-se que em relação ao local e ao modo a
dimensão espacial predomina na decisão.
Já na compra de roupas e calçados, em relação ao local, a dimensão qualidade
norteia a decisão e em relação ao modo predominam a qualidade seguida pela
espacial.
Nos cursos, em relação ao local de realização, observa-se que a dimensão
espacial norteia a decisão seguida pela espacial. No caso do modo de transporte, a
decisão é tomada com predomínio pela dimensão espacial.
Nos serviços de estética a dimensão espacial predomina na decisão pelo local e
pelo modo.
182
DIMENSÕES RELATIVAS AO LOCAL
DIMENSÕES RELATIVAS AO MODO
ALIMENTOS
Temporal
Espacial
60
50
53
50
40
40
30
30
20
Dependência
20
10
10
10
9
Espacial
47
0
7
0
23
24
Qualidade
28
Qualidade
Econômica
Econômica
GRÁFICO 7.10
GRÁFICO 7.10
GRÁFICO 7.9
ROUPAS E CALÇADOS
Espacial
60
50
40
30
26
endência
20
15
10
0
20
Qualidade
Temporal
35
30
25
20 17
15
10
5
0
28Espacia
9
Econôm
54
Qualidade
32
GRÁFICO 7.11
Econômica
GRÁFICO 7.12
183
CURSOS
Espacial
49
50
Temporal
40
40
30
30
ependência
20
20 13
Espacial
40
10
25
0
10
7
0
16
18
33
Qualidade
Econômi
Qualidade
Econômica
GRÁFICO 7.14
GRÁFICO 7.13
SERVIÇOS DE ESTÉTICA
Temporal
80
Espacial
70 62
60
60
50
40
30
20
10
0
23
40
pendência
Espacial
2010
7 0
13
66
3
15
Qualidade
Econômica
Econômic
Qualidade
GRÁFICO 7.15
GRÁFICO 7.16
184
8
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
8.1
CONCLUSÕES
O presente trabalho teve como objetivo identificar segmentos de indivíduos
através das suas preferências em relação ao local onde se envolvem em atividades de
consumo, aos atributos de escolha modal e das modalidades de transporte que utilizam
nestes deslocamentos, pressupondo que tais preferências variam de acordo com
características socioeconômicas e, também, devido à natureza específica de cada
atividade.
Constatou-se que, embora os deslocamentos urbanos sejam derivados da
necessidade que as pessoas têm de se envolverem em atividades socioeconômicas
(distribuídas espacialmente na cidade) e o transporte permita o acesso a tais atividades
interligando-as, este serviço (derivado da demanda pelas atividades) é usualmente
tratado de forma homogênea. Nesse sentido levantou-se a hipótese de que uma das
razões para perda de demanda nos serviços de transporte era justamente essa
incoerência devido à natureza heterogênea, comprovada aqui, das atividades (neste
caso, de consumo).
Da revisão bibliográfica verificou-se, na teoria, uma lacuna no que se refere aos
estudos de deslocamentos realizados especificamente para o propósito do consumo, já
que a maioria dos trabalhos se concentra nos deslocamentos pendulares (atividades de
subsistência) ou em commuter trips. Detectou-se também, na prática, que apesar do
consumo ser uma atividade que representa o estilo de vida dos cidadãos
contemporâneos, ela é tratada de forma reducionista, uma vez que seu acesso é
legalmente viabilizado apenas por modalidades individuais motorizadas, apesar dos
impactos negativos evidentes (a todos os agentes envolvidos) advindos de seu uso.
Sendo assim, o conceito de produto-serviço ampliado (neste trabalho), defende o
gerenciamento articulado e integrado da oferta de serviço de transporte e das atividades
centrais dos empreendimentos (subsistência, manutenção e lazer). Criar-se-ia um
sistema de transporte próprio às redes de negócios, que, interligando os agentes que
participam da produção de transportes e de uso do solo, promoveria a revitalização das
comunidades locais (zonas ambientais), resultando em vantagem competitiva e possível
fidelização de consumidores.
185
Para que seja ofertado um serviço de transporte adequado às expectativas dos
cidadãos-clientes, buscando inclusive reduzir o uso de modalidades individuais
motorizadas e incrementar o uso de modalidades social e ambientalmente mais
sustentáveis, faz-se necessário, antes de mais nada, entender não só as razões de
escolha dos locais de atividades, bem como as razões de escolha do modo utilizado. É
exatamente nesse aspecto que se buscou trazer a contribuição deste trabalho, que
acaba de revelar as preferências relativas a diferentes atividades de consumo e
confirma assim o comportamento heterogêneo, variando de acordo com as
características socioeconômicas da população e com a natureza específica das
diversas atividades.
Constata-se, que para a realização das atividades de consumo questões
relativas ao acesso são altamente relevantes para os cidadãos-clientes. Este fato passa
despercebido pelos planejadores urbanos (deveriam considerar efetivamente a
multimodalidade), pelos planejadores de transporte (deveriam explorar oportunidades
potenciais), pelos homens de marketing (deveriam buscar conhecer o que efetivamente
quer o cidadão-cliente) e pelos próprios empresários da atividade (deveriam aproveitar
em seu próprio negócio o potencial comprovado relativo ao seu acesso). Para o
empresário da atividade central de consumo, oferecer acesso com qualidade e baixo
custo pode significar estar fidelizando grande maioria de seus clientes.
Para os empresários de transporte a oportunidade de vincular o deslocamento
às atividades que o cidadão-cliente realiza significa atender efetivamente ao que ele
mais deseja, ou seja, a proximidade do ponto e a proximidade da origem e do destino
(tendo em vista que o cidadão-cliente prioriza também o uso misto). Oferecer além de
acesso diferenciado (pela conquista da dimensão espacial), com qualidade, freqüente, a
baixos custos pode levar a uma boa dependência.
186
8.2
RECOMENDAÇÕES
Dadas as limitações da base de dados utilizada nesta dissertação, pelo fato do
propósito da fonte geradora ser diferente dos objetivos aqui apresentados, não foi
possível investigar a integração ou combinação entre as atividades de consumo e as
outras integrantes do dia a dia das pessoas.
Porém, uma vez que as propostas do Grupo de Pesquisa Móbile têm como
intenção integrar o transporte (acesso) às atividades dos cidadãos para poder integrar,
de fato, toda sua cadeia de atividades, por reconhecer o vínculo da atividade principal
(subsistência) com as atividades de manutenção e de lazer, recomendam-se estudos
que avaliem como estas são relacionadas entre si.
Nesse sentido, devido à constatação da carência de estudos que considerem a
atividade central (consumo) atrelada ao seu acesso (condizente com a prática do
planejamento urbano desatrelado do planejamento de transportes) e tendo em vista as
consequências negativas ocasionadas, recomendam-se estudos com esse escopo.
Sugere-se também, no sentido de propor desdobramentos de estudo, identificar
como possíveis diferenças locais alterariam o comportamento de escolha dos cidadãosclientes. Devem ser considerados aqui atributos específicos da cidade tais como sua
escala e estrutura e associa-las às razões de escolha aqui estudadas.
Finalmente
propõe-se
investigar
significados
de
alguns
atributos
(sua
compreensão do ponto de vista dos diferentes cidadãos-clientes), ou seja, como é
entendido, no que diz respeito ao local, os atributos facilidades, e diversidade e no que
diz respeito ao modo, os atributos segurança, conforto e único meio e que certamente
exige aplicação de uma metodologia qualitativa (entrevistas em profundidade e
dinâmica de grupo ou grupos de foco).
187
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à
prática,
191
ANEXO A: Evolução dos shopping centers filiados à ABRASCE
192
Faturamento do setor em bilhões
193
ANEXO B1: CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO SPILLER ET ALL
(2004):
DECIDIDO
É aquele que já sabe o que quer e tem conhecimento do produto. Já pesquisou
concorrentes mais próximos e muitas vezes está apto a fazer uma compra imediata e
adicional. Para melhor atendê-lo o autor recomenda ouvir mais do que falar; fazer a
venda rapidamente, não competir em conhecimento com o cliente, prestar-lhe novas
informações, realizar demonstrações curtas usando linguagem técnica e ser prestativo.
INDECISO
É o cliente que normalmente busca informações que subsidiem sua decisão de
compra e compara as diferentes condições oferecidas pela concorrência. Para melhor
satisfazê-lo o autor recomenda fazer perguntas breves para descobrir o que ele está
procurando, deixá-lo a vontade, prontificando-se a atendê-lo, mostrar-lhe rapidamente
as opções disponíveis, ter a mão todo o material de apoio à venda, no momento
apropriado tomar, pelo cliente, a decisão de compra.
CONFUSO
É aquele que tem uma vaga idéia de seus desejos e necessidades e se mostra
indeciso diante de muitas opções. Para melhor relacionamento com esse tipo de cliente
o autor recomenda fazer perguntas básicas para descobrir seus desejos e
necessidades, limitar desde logo o número de opções conforme a disponibilidade da
loja e as próprias necessidades do consumidor, argumentar de forma simples e
persuasiva.
APRESSADO
O cliente apressado dá mostras de agitação e impaciência e por isso consulta o
relógio várias vezes e se aborrece facilmente. Para melhor atendê-lo o autor recomenda
ser paciente, atendê-lo como se lê fosse um cliente “decidido”, fazendo demonstrações
rápidas e simples, se necessário, tratá-lo com objetividade e realizar um rápido
fechamento.
194
SEM PRESSA
Esse grupo caracteriza-se por ser metódico, raramente comprar por impulso e
costuma pensar duas vezes antes de tomar qualquer decisão. Pesquisa sobre
concorrentes, preços e produtos similares. Para melhor relação com esse perfil o autor
recomenda mostrar calma, paciência e interesse, limitar o número de opções para evitar
indecisão, estar preparado para repetir os principais argumentos de venda, deixar que
ele indique o momento adequado para o fechamento da venda.
COMUNICATIVO
Os clientes pertencentes a esse grupo muitas vezes desejam apenas conversar
e estabelecer um simples contato social. Vão as lojas mais para ter com quem falar do
que para comprar alguma coisa específica. Para melhor atendê-lo a autor recomenda
agir com cortesia, ouvindo-o atenciosamente, mas procurando descobrir logo suas
intenções de compra, evitar, educadamente, assuntos não relacionados com o processo
de venda, deixá-lo vender para si mesmo, incentivando-o a discutir os méritos dos
diversos produtos.
NÃO COMUNICATIVO
Já esse grupo dificilmente procura estabelecer qualquer tipo de comunicação
verbal no processo da compra. Para atingir melhor relacionamento com este segmento
o autor recomenda observar atentamente suas expressões e gestos, limitar desde logo
as opções disponíveis, com perguntas tipo “sim” ou “não”, elaborar um discurso que ele
poderia assumir como dele mesmo.
ATENTO
O cliente atento costuma prestar muita atenção no que os funcionários da loja
estão dizendo e habitualmente fazem muitas perguntas. Querem obter informações a
respeito do produto ou serviço que pode vir a adquirir. Para melhor relação com esse
segmento o autor recomenda responder detalhadamente às suas perguntas, evitando,
porém, ser enfadonho, encaminhá-lo gradualmente para o fechamento da venda.
DESATENTO
É aquele que costuma chegar sempre cheio de crianças, ou falando ao telefone
paralelamente a compra. Parece estar sempre preocupado com um outro problema e
195
por isso é difícil prender a sua atenção. Para melhor atendê-lo o autor recomenda
mostrar paciência, limitar o número de opções oferecidas e não se aprofundar em
eventuais demonstrações, procurar descobrir logo seus desejos e necessidades e então
concentrar-se na escolha e fechar a venda.
QUE SÓ DIZ SIM
O comportamento desse segmento demonstra que o cliente só deseja ser aceito
socialmente e freqüentemente está disposto a gastar algum dinheiro com quem o
receba e trate bem. Para melhor atendimento das necessidades desse segmento o
autor recomenda esforçar-se para descobrir seus verdadeiros desejos e necessidades,
evitando “empurrar” mercadorias, de modo a conquistar sua confiança e fidelidade,
formular uma série de perguntas do tipo “sim” para conduzir a venda a um fechamento.
ESTRELA
Esse tipo de cliente gosta de atrair a atenção sobre si mesmo, freqüentemente
fazendo pedidos absurdos e tentando demonstrar mais conhecimento do que realmente
possui. Para atingir melhor relacionamento com esse segmento o autor recomenda
mostrar paciência, não tomando como pessoais as críticas que ele possa fazer, dar toda
a atenção que ele deseja, evitar discutir ou dar motivos para tanto, apelar para o seu
ego, de modo a desarmá-lo em suas tentativas de argumentação, procurar resolver os
problemas por ele apresentados.
NEGOCIADOR
O cliente negociador precisa sentir que está ganhando alguma vantagem extra
com a compra. Para melhor relacionamento com esse nicho o autor recomenda ser
prestativo e mostrar os benefícios do produto a ser vendido, estar aberto a negociações,
mas não ceder fácil, para evitar desconfiança.
196
ANEXO B2: CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO GORDON (2000):
PROSPECTS (CLIENTES POTENCIAIS)
Para GORDON (2002), são aquelas pessoas cujo perfil combina com o que a
empresa está procurando. Por ser a base do início do relacionamento, esse grupo é
sempre bem vindo para as empresas que querem investir em um processo de
relacionamento para conquistarem seus clientes.
Se considerar o valor da recenticidade, da freqüência e do montante dos gastos
dos clientes atuais com a empresa e os custos para atendê-los, podem-se identificar
clientes que parecem, em face disto, ter bom potencial de adaptação ao enfoque, às
capacidades e aos produtos e serviços da empresa, GORDON (2002). Ou seja, seu
comportamento diante do bem ou serviço consumido vai indicar se ele faz parte de um
segmento que mereça tratamento diferenciado.
EXPERIMENTADORES
Para GORDON (2002) são os prospects que tomaram conhecimento da
organização e suas ofertas e começaram a explorar até que ponto a empresa é
relevante para eles, talvez através de primeiras compras experimentais. De acordo com
a satisfação nessas experiências, desejarão avaliar o potencial para estabelecer um
fluxo mais significativo de negócios com a empresa.
COMPRADORES
São os experimentadores que estão satisfeitos com sua experiência inicial e
passam a fazer negócios com a empresa, mas não efetivamente. Provavelmente eles
continuam a fazer negócios com seus atuais fornecedores, mas estão suficientemente
interessados em suas ofertas a ponto de considerar a empresa uma adequada segunda
fonte ou alternativa, no caso de seu vendedor principal deixar de os satisfazer de
alguma forma. GORDON (2002).
CLIENTES EVENTUAIS
GORDON (2002) são os clientes satisfeitos com o período no qual a empresa
preencheu suas necessidades, os compradores padronizam aspectos fundamentais de
seus processos de compra e aquisições para incluí-la como um fornecedor principal
197
para suas necessidades. Assim, o consumidor passa a ser o cliente eventual, onde ele
já foi conquistado, mas não ainda sua inteira confiança.
Segundo o autor, esse tipo de cliente mantém fontes alternativas para os
negócios que faz com a empresa e ainda pode passar a utilizar seus concorrentes ou
regredir na escala continua de vinculo e voltar a ser apenas comprador, ou até mesmo
parar inteiramente de consumir, ou seja, a empresa está sob constante julgamento e
qualquer deslize pode repelir a confiança do cliente.
CLIENTES REGULARES
São aqueles que compram da empresa há muito tempo devido à confiança
conquistada e adotaram como seus os processos e valores da empresa. Desejaram se
integrar a ela não apenas em seus processos de compras, mas também em outros
componentes estratégicos essenciais do negócio. No mercado de consumo, os clientes
regulares julgam natural comprar da empresa, com pouca ou nenhuma consideração
com os concorrentes, e esperam que, desta vez, o resultado lhes traga o mesmo grau
de satisfação que previamente tiveram. GORDON (2002).
DEFENSORES
Para GORDON (2002) os defensores são tão comprometidos com a organização
que somente uma grave violação da confiança poderia prejudicar esse relacionamento.
Esse segmento faz da empresa uma referência.
198
ANEXO B3: CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO KOTLER (1999):
COMPRADOR
É o cliente que não importa o consumo, vai sempre levar em consideração o
atendimento, o que fala e como age o vendedor, ou seja, para ele fica sempre uma
impressão da compra e do fornecedor. Segundo o autor o fato do cliente comprar
novamente está estritamente relacionado ao nível de satisfação atingido na experiência
da compra e este pode variar em cinco escalas distintas e bastante significantes. O
cliente pode sair muito satisfeito (vai voltar), satisfeito (pode trocar se houver melhor
oferta), indiferente, insatisfeito e muito insatisfeito. Para que o cliente retorne é
necessário estar afinado com seu nível de satisfação.
Por exemplo, se um cliente que freqüenta determinado shopping center porque
ele oferece bens e serviços que atendam às suas necessidades (otimiza seu tempo)
começa a ficar insatisfeito com a perda desse tempo em engarrafamentos no entorno do
empreendimento, na procura de vagas dentro dos estacionamentos e nas filas para
pagar e para sair, ele pode muito bem trocar de shopping center por um que ofereça
algum diferencial no acesso que mostre preocupação com o processo (chegada,
compra e saída) inteiro da compra, que valorize seu bem estar e não apenas o
consumo, aumentando seu nível de satisfação.
Como já vimos, um cliente pode ser fiel e também ajudar, através de suas
atitudes e opiniões, a trazer novos clientes. Na análise das correntes que procuram
explicar o consumo moderno comentadas por BELLIA (2000) através dos estudos de
CAMPBELL (1987), cabe destaque a tradição emulativa onde o desejo de consumir
artigos não essenciais é originado na imitação ou emulação do comportamento de
outros consumidores. Pode-se concluir então que a insatisfação pode repelir o cliente
em questão assim como novos possíveis clientes.
KOTLER (1999) enfatiza essa idéia ao revelar que um cliente muito insatisfeito
pode contar para até onze pessoas sobre a sua decepção, e cada uma dessas pessoas
contará a terceiros, o que levará a um possível crescimento geométrico do número de
clientes potenciais que acabam ouvindo comentários negativos sobre a empresa que
perde não somente os lucros do ciclo de vida do cliente na empresa como possíveis
novos clientes que decidam não comprar.
199
Porém ele também argumenta que é possível reconquistar os clientes através de
procedimentos adotados para recuperar a preferência e que, quando as insatisfações
são resolvidas, esses clientes tendem a ser mais fiéis do que os que nunca reclamaram.
CLIENTE EVENTUAL
KOTLER (1999) recomenda que os profissionais de marketing devem se
concentrar nos melhores compradores em um esforço para fazê-los voltar a comprar.
Para as empresas esses são os que compram com maior freqüência e quanto mais
tempo permanecerem com o fornecedor mais lucrativos serão.
Para o autor, os clientes de longa data são mais lucrativos porque compram
mais com o tempo (inércia - quanto mais precisam, mais é oferecido, mais é consumido)
se estiverem muito satisfeitos; o custo de servir um cliente retido cai com o tempo
(transações viram rotineiras); clientes muito satisfeitos geralmente recomendam o
fornecedor a outros clientes potenciais e são menos sensíveis a preço, se os aumentos
forem razoáveis.
Fica claro então que os empreendimentos com alto índice de retenção são os
mais lucrativos e que os clientes eventuais não trazem muitos benefícios para as
empresas.
Como já foi visto, cada vez mais a competitividade, advinda da variedade de
opções ofertadas, vai forçar ao empreendedor a oferecer serviços diferenciados e
efetivos que possam atender e criar expectativas a determinado segmento de
consumidores.
Voltemos ao caso do shopping center para levantar a seguinte questão: se a
experiência do cliente e o tempo e gasto no acesso ao empreendimento passam a ser
fatores de insatisfação do consumidor a ponto de fazê-lo escolher outro local para
consumir, a garantia de um acesso efetivo não pode continuar a ser ignorado pelo
marketing do empreendimento, pois como acabamos de ver os clientes eventuais não
são lucrativos e as recomendações vão ao encontro da fidelização.
CLIENTE REGULAR
Aqui KOTLER (1999) ressalta a diferença existente entre o cliente e o
consumidor quando associa o primeiro à relação estabelecida com profissionais liberais.
Estes precisam despender mais tempo com o cliente para garantir melhor satisfação. O
que se tem procurado fazer nas grandes empresas é tratar o consumidor de forma
200
semelhante ao profissional liberal, como cliente, ou seja, considerando os atributos de
escolha priorizados por cada segmento para atendê-lo efetivamente, fidelizando-o.
DEFENSOR
Para KOTLER (1999), quanto mais o cliente gostar de uma empresa, mais
provavelmente falará bem dela e já vimos os efeitos que a insatisfação de um cliente
pode causar.
Quando um grupo de empreendimentos resolve se associar com intuito de
oferecer um diferencial demonstrado através da preocupação com a realização de uma
cadeia e não de apenas uma atividade do seu cliente, é ativado no consumidor um
sentimento de satisfação. O consumidor passa a se sentir satisfeito porque tratado
como um cliente. É o atendimento personalizado de que se utiliza o profissional liberal e
que é extremamente relevante para a fidelização e conquista de novos clientes
potenciais.
O autor argumenta que as pessoas confiam muito mais na opinião de amigos e
conhecidos do quem anúncios que lêem ou em um porta voz que elogie um produto.
Atitudes inovadoras que valorizam os clientes geram comentários benéficos ao
empreendimento.
ASSOCIADO
Segundo KOTLER (1999) para tornar os clientes ainda mais fiéis, a empresa
deve oferecer um programa de associação onde os benefícios são tão relevantes que
os clientes ficariam relutantes em sair e abrir mão dos privilégios.
PARCEIRO
KOTLER (1999) diz que quando a empresa solicita aos seus clientes que
auxiliem no projeto de novos produtos pedindo sugestões quanto a melhorias nos
serviços da empresa, está sendo estabelecida uma relação de parceria.
CO-PROPRIETÁRIO
KOTLER (1999) define o co-proprietário como a visão mais elevada que se
possa ter de um cliente, pois o mesmo assume riscos junto ao fornecedor.
Argumenta
também
que
a
idéia
central
de
definir
os
estágios
de
desenvolvimento de fidelidade dos clientes não implica que toda empresa deva lutar
para fazer de seus clientes parceiros, proprietários e co-proprietários, mas expressar
201
uma atitude diferenciada em relação a quem compra seus produtos e serviços e não
apenas descrever uma situação jurídica.
202
ANEXO B4: CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO RUIZ, CHEBAT E
HANSEN (2004):
RECREACIONAIS
Neste caso são os consumidores que vão ao shopping pelo exercício, para falar
com outros clientes, fazer um lanche e algumas compras. Seu gasto médio varia em
torno de 44$. Esse grupo é motivado por interação social e prazer.
PLENOS
São os consumidores que vão ao shopping para conviver com outros
consumidores, pesquisar produtos nas lojas, lanchar e fazer compras. As atividades
podem envolver planejamento ou não. A média gasta varia em torno de 67$. São os
melhores consumidores para o shopping, eles parecem aproveitá-lo e ao mesmo tempo
consumir.
TRADICIONAIS
É o grupo faz pesquisa e compras nas lojas, porém as compras são previamente
planejadas. Seu gasto médio varia em torno de 39$. São classificados como tradicionais
porque exercem as atividades mais tradicionais (pesquisam e compram).
COM OBJETIVOS PRÉ-DETERMINADOS
Este segmento vai ao shopping especificamente para comprar alguma coisa em
alguma loja, ambos previamente planejados. Seu gasto médio gira em torno de 52$.
São classificados assim porque só vão ao shopping para comprar o que foi planejado.
203
ANEXO B5: CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO PINHEIRO ET AL.
(2004):
MODERNIZADORES (OU EFETIVADORES)
São os consumidores localizados no topo da pirâmide social, com ganhos tão
elevados e recursos tão amplos que acabam por orientar a si próprios. São os que
ditam as regras da moda, não as seguem. A imagem é importante para eles, não como
evidência de status e poder, mas por extensão de seu gosto, independência e caráter.
Possuem uma ampla faixa de interesses, sendo abertos a mudanças.
REALIZADORES
Consumidores bem sucedidos, com muitos recursos, orientados para o trabalho,
politicamente conservadores e que se satisfazem basicamente com o trabalho e a
família. Preocupam-se com questões sociais e são abertos a mudanças.
Respeitam a autoridade e o status quo, preferindo produtos e serviços tradicionais que
possibilitem exibir seu acesso.
SATISFEITOS
São profissionais maduros, com bom nível de instrução, reflexivos e que se
sentem realizados e a vontade. Passam as suas horas vagas em casa, mas não são
bem informados e abertos a novas idéias. Tendem a ser práticos e valorizam a
funcionalidade.
EXPERIMENTADORES
São os consumidores ávidos, impulsivos, jovens que apreciam experiências
excêntricas e arriscadas e extravasam sua grande energia em atividades sociais e
exercícios físicos. É o grupo mais jovem, que gasta muito com roupas, restaurantes
fast-food, música e outros artigos favoritos dos jovens.
CRÉDULOS
São os consumidores mais conservadores e previsíveis, com rendas mais
modestas. Dão preferência a produtos fabricados em seu próprio país e marcas
tradicionais. Seus valores básicos estão ligados à família, à comunidade religiosa e
social e à nação.
204
BATALHADORES (OU ESFORÇADOS)
Semelhantes aos realizadores, mas com menos recursos. O estilo é
extremamente importante para eles porque buscam imitar padrões de consumo de
outros grupos com maiores recursos. Por isso preocupam-se muito com a aprovação
dos outros e fazem constantes comparações sociais.
CRIADORES (OU “FAZEDORES”)
São os consumidores orientados basicamente para a ação, não sendo
impressionados por posses materiais. São pessoas que gostam de afetar seu ambiente
por meios práticos, valorizando a auto-suficiência e concentrando-se em atividades
ligadas à família, ao trabalho e às atividades físicas. São consumidores orientados por
finalidades práticas e funcionalidade.
LUTADORES
São os consumidores que estão na base da pirâmide social. Pessoas de renda
muito baixa e com pouquíssimos recursos, preocupados em atender às suas
necessidades básicas. Por conta dos poucos recursos, tendem a ser consumidores
mais leais a marcas.
205
ANEXO B6: CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO PESQUISA “QUEM
É O CONSUMIDOR CONSCIÊNTE” (2004).
CONSCIENTES
Adotam de onze a treze dos comportamentos listados. Neste grupo predominam
pessoas de mais alta renda (classes A e B), maior escolaridade e maior maturidade.
Porém, segundo consta, a consciência não é exclusividade dos mais abastados, já que
os consumidores conscientes também estão, embora em proporção menor, nas outras
classes sociais. Os consumidores conscientes também são os mais preocupados com a
coletividade e sentem-se responsáveis pela melhoria da comunidade em que vivem.
Eles são consumidores ativos, pois punem as empresas que adotam atitudes com as
quais não concordam e recorrem aos órgãos de defesa do consumidor quando se
sentem prejudicados.
COMPROMETIDOS
Adotam de oito a dez dos comportamentos listados.
INICIANTES
Adotam de três a sete dos comportamentos listados.
INDIFERENTES
Adotam de zero a dois dos comportamentos listados.
206
ANEXO B7: CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO MARINS FILHO
(2004):
CARÁTER
Termo que designa a intenção do cliente de pagar e se baseia no histórico da
pessoa.
CAPITAL
Analisa as condições econômicas e financeiras do tomador, sua estabilidade e
solidez.
CONDIÇÕES
Analisa aspectos conjunturais da vida econômica do país, como a taxa de
desemprego.
GARANTIA
É a garantia substitutiva de responsabilidade pelo pagamento, como aval ou
fiança.
CAPACIDADE
Analisa a condição financeira de o tomador pagar seus compromissos. Sua base
é o nível de comprometimento da renda.
CONGLOMERADO
É o nome de uma prática comum na concessão de crédito para empresas e
analisa a instituição no contexto do grupo do qual faz parte. Para uma pessoa física, um
paralelo seria avaliar a renda do casal na compra de um imóvel, por exemplo.
207
ANEXO B8: CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES SEGUNDO TAI (2004):
CAÇADORAS DE MODA
Shangai representa 58% desse grupo formado basicamente por mulheres mais
jovens, sem filhos e apenas com segundo grau escolar. São mulheres mais suscetíveis
à tendência da moda e não estão tão preocupadas com o estilo pessoal representativo
do seu modo de vida. São mais leais a determinadas marcas que os outros grupos. Não
se importam com o preço, pagam mais por produtos “verdes” e saudáveis. São
compradoras independentes, não aceitam opiniões de amigos, familiares e dos
vendedores. São mais influenciadas pela mídia.
COMPRADORAS RACIONAIS
Hong Kong representa 81% desse grupo que é formado por pessoas mais
maduras, a maioria solteira e graduada e com bons empregos. São mais conscientes
com relação à natureza do produto e estão dispostas a pagar mais por bons produtos,
assim como por importados. Não são fiéis a marcas ou lojas. Consideram qualidade
mais importante que preço, ocasionalmente comprar por impulso alguma novidade, mas
geralmente são racionais ao consumirem. Aceitam opiniões de amigos, familiares e dos
vendedores.
COMPRADORAS DE VALOR
Shangai representa 53% desse grupo, composto por mulheres mais velhas e
metade casada. São mais preocupadas com os preços do que com as marcas ou estilo.
Compram roupas que atendam suas necessidades de trabalho e raramente se guiam
por impulso. Não confiam na opinião alheia e não são influenciadas por
amigos, familiares e dos vendedores. Entretanto são preocupadas com a saúde de seus
familiares e estão dispostas a despender mais tempo e pagar mais por produtos
saudáveis.
DEPENDENTES DE OPINIÃO
Shangai e Hong Kong empataram nessa representatividade. Ambos são
compostas por mulheres não muito entusiasmadas ao comprar que preferem seguir
conselhos alheios. Consideram qualidade do produto um importante critério de decisão
e buscam produtos com melhor benefício custo. Estão mais preocupadas com seu estilo
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pessoal do que com marcas e tendências e se interessam por produtos “verdes” e
saudáveis.
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