“Está muito fácil dizer que é artista”

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ZH 2º CADERNO
MÚSICA
ZERO HORA | SEGUNDO CADERNO
QUINTA-FEIRA,
20 DE OUTUBRO DE 2016
6
ENTREVISTA
RICK BONADIO
Produtor musical
GUSTAVO BRIGATTI
[email protected]
Pense em uma banda que teve algum sucesso comercial nos
últimos 15 anos, e esta provavelmente terá a assinatura de
Rick Bonadio. Foi responsabilidade do produtor e empresário
paulistano a última leva de sucesso do rock no Brasil,
encabeçada por CPM22, Charlie Brown Jr., NXZero e afins.
Mas também levam o carimbo de Bonadio boys e girls bands,
cantores de uma música só e, antes de tudo isso, o fenômeno
Mamonas Assassinas. Lançado pela editora Seoman, Rick
Bonadio – 30 anos de música joga um pouco de luz na vida
pessoal e profissional do músico, produtor, empresário e
jurado de TV – atualmente compondo o corpo de técnicos
do reality show X factor Brasil. Em entrevista ao Segundo
Caderno, Bonadio fala sobre vida e morte em reality shows,
o rock no Brasil e a reorganização da indústria.
É possível realmente descobrir gente talentosa em um reality show?
Acredito que sim. Muita gente começou por ali, Thiaguinho
e Maria Gadú, por exemplo. Eu
vejo os realities como uma oportunidade para quem ainda não
encontrou o seu caminho, para
quem esperava por um incentivo.
Então por que a maior parte
dos vencedores some depressa?
Eles não duram nem mais nem
menos do que os artistas que são
descobertos fora dos reality shows.
A diferença é que, quando um sujeito ganha um reality show, todo
mundo começa a prestar atenção
nesse artista, porque ele teve uma
visibilidade muito grande. Só que,
quando o programa acaba, esse
artista é só mais um no mercado,
tendo que brigar pelo seu repertório, para ter investimento de
gravadora, um bom empresário,
enfim. O cara de um reality show
não é um ET, não é diferenciado
dos outros. É muita responsabilidade um reality segurar a carreira
de um artista por 10 anos.
E dá para esperar que bandas
como as que você descobriu,
como CPM22 e Charlie Brown
Jr., nasçam em reality shows?
GABRIEL WICKBOLD, DIVULGAÇÃO
“Está muito fácil dizer que é artista”
RICK
BONADIO
– 30 ANOS
DE MÚSICA
Produtor musical que revelou artistas como Mamonas Assassinas, Bonadio está lançando biografia
Negativo. Banda de rock não
dá para surgir em reality, é uma
situação bem particular. Primeiro
que banda de rock não faz playback. Banda de rock que nasce
fazendo playback não pode dar
certo. Principalmente se esse
reality for na base do playback.
A força do Charlie Brown, por
exemplo, estava no Chorão, mas
também na banda quebrando tudo ao vivo. Imagina se eles fazem
um playback e vão tocar no SuperStar? Você não ia saber quem
era o Charlie Brown, e eles poderiam ainda perder para a Malta,
que o cara tinha uma voz boa. Ganhou o cara que tinha a voz boa,
porque a banda era pré-gravada.
E, quando você pré-grava os instrumentos, fica tudo muito parecido.
Como avalia o mercado musical hoje?
Temos uma qualidade musical
ruim. Está muito fácil o cara dizer
que é artista, entende? Grava em
casa ou num estúdio sem condições, não tem um filtro, um produtor, alguém que acompanhe,
não vai fazer show. E, de repente,
está na internet, tem muito view,
virou mania e é sucesso. Então,
qualquer porcaria faz sucesso.
Precisamos ter um equilíbrio para investir em artistas com mais
De Rick Bonadio
com Luiz Cesar
Pimentel
Biografia,
Seoman,
224 páginas,
R$ 34,90.
conteúdo, duradouros, não dá
pra ficar só nisso.
E como a indústria está se
organizando para isso?
Honestamente, acho que a indústria não está nem aí para a
qualidade. As gravadoras estão
lutando para sobreviver e nada
mais. O que eu faço na minha
gravadora é um mix de artistas
populares, apelativos, e outros
de qualidade. Mas posso fazer,
tenho estúdio, estrutura, bons
parceiros, invisto em artistas novos, estou lutando para ajudar a
renovação da música. Uma hora
essa música ruim vai cansar.
Leia entrevista com
Paula Fernandes em
zhora.co/_pfer
Quando Paula Fernandes começou a se aventurar na carreira
artística – aos 10 anos, lançou seu
primeiro disco de forma independente –, a música sertaneja
era dominada por nomes como
Chitãozinho & Xororó, Leandro
& Leonardo, Rick & Renner, Zezé Di Camargo & Luciano. Mas a
mineira não se intimidou diante
do universo predominantemente
masculino e foi conquistando seu
espaço. Já são mais de 4,5 milhões
de discos vendidos, 12 álbuns produzidos, 10 turnês internacionais
PAULA FERNANDES – AMANHECER
Hoje, às 21h.
Teatro do Bourbon Country (Av. Túlio de Rose, 80).
Ingressos: restam entradas para plateia alta (R$ 160),
camarote (R$ 180) e plateia baixa (R$ 190).
À venda no site ingressorapido.com.br e, sem taxa de
conveniência, na bilheteria do teatro (2º andar), das
10h às 22h. Com 25% de desconto para sócios do Clube
do Assinante e um acompanhante.
e 14 músicas em trilhas sonoras de
novelas. Paula estará em Porto Alegre hoje, para um show no Teatro
do Bourbon Country.
A apresentação faz parte da
turnê Amanhecer, marcada pelo lançamento de um CD e um
DVD ao vivo, gravados em uma
performance da artista em São
Paulo, em abril, com participação
de Sandy e Pablo Lopez. O espetáculo é dividido em três partes –
Noite, Madrugada e Amanhecer.
O público percebe as diferentes
fases com a ajuda de um painel
de LED. Enquanto a transição da
noite para a madrugada é mais intimista, o amanhecer é marcado
pela alegria e vibração. O show
será transmitido ao vivo pelo aplicativo WatchMusic, serviço de
música por streaming compatível
com os sistemas Android e iOS.
Paula também soma parcerias
bem-sucedidas com grandes nomes da música internacional, entre eles Plácido Domingo, Juanes,
Alejandro Sanz, Taylor Swift, Michael Bolton e Shania Twain. No
entanto, na quinta-feira passada,
a cantora foi muito criticada por
sua participação no show do tenor italiano Andrea Bocelli, em
São Paulo. No dueto de Vivo per
lei, a brasileira parou de cantar no
meio da canção, deixando Bocelli
seguir sozinho e causando estranhamento no público ao ficar parada em cima do palco.
Por meio do Facebook, a assessoria de Paula informou que ela
se apresentou “exatamente como
o ensaiado e esperado”. A alegação é de que estava prevista a
participação de uma terceira voz,
que foi cancelada em cima da hora. Essa terceira pessoa seria a soprano Maria Aleida, que, também
via redes sociais, deu a sua versão do episódio: “Essa canção é
um dueto e não um trio (...). Não
tenho nada a ver com o fato de
ela ter paralisado no palco! Ela
Cantora apresenta seu novo espetáculo hoje na Capital
não sabia a música”.
UNIVERSAL MUSIC, DIVULGAÇÃO
O amanhecer de Paula Fernandes
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