Aliás, desde o tempo de Jesus, e talvez bem antes

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Embora seu nome fale de alegria, ela
morreu triste...
Aliás, desde o tempo de Jesus, e talvez bem antes, que “alegria de pobre
dura pouco”.
Ela, ultimamente, não passava necessidade, mas sua raiz, seu estigma,
era a pobreza. Um pecado que a elite econômica, empedernidamente
preconceituosa e excludente, que há 517 anos domina este país, não
poderia jamais perdoar.
E ela pode ter morrido de uma tristeza mortal. E deve haver alguém com
culpa, não “no cartório”, talvez, nem “na justiça”, porque justiça nesse
país é artigo de luxo: compra quem pode. Da água que se bebe ao nome
de Jesus, tudo, nesse país, regido pela economia de mercado, tudo,
repito, é artigo de compra e venda.
Aliás, aquilo que alguém cantou, há 37 anos atrás, numa canção de
protesto contra a expulsão de um presbítero comprometido com a sorte
dos camponeses pobres de Ribeirão, ainda é possível ser cantado, com
extrema atualidade: ONZE JUÍZES, UM TRIBUNAL, ONZE O SUPREMO
COITO VENAL, ONZE A VERGONHA NACIONAL, PISAM O DIREITO,
CELEBRAM O MAL.
Papa Francisco diria que, aqui, quem governa é o dinheiro. E essa é a
melhor explicação para a corrupção endêmica e cultural dos que detêm
o poder econômico e o poder político, em todos os níveis, como, por
outro lado, é a justificativa dos “desvios de conduta” dos traficantes, dos
milicianos e dos assaltantes nossos de cada dia. E o povo, quando não
adere também a essa idolatria, é a mortadela desse sanduiche.
Que a tristeza de Dona Marisa Letícia, que toda essa tristeza, possa
despertar em nós uma grande, profunda e duradoura indignação. E nos
inspire sonhos de um outro país, de uma outra economia, de uma outra
política, de uma outra religião, de uma outra Igreja, de uma outra
Humanidade. E nos comprometa, até o fundo da alma, como
comprometeu Jesus de Nazaré.
Por sinal, passado o Carnaval, começa a Quaresma, um tempo de graça e
salvação, um tempo de caminhar para a Páscoa. Deixemos Deus passar
no Egito de nossas vidas e, na força do Espírito, nos coloquemos a
caminho para a Terra Prometida, onde mana o leite da justiça e o mel da
paz!
Enquanto isso, clamemos aos céus:
Salmo 14: Não riam da esperança dos humildes!
(Versão e melodia de R. Veloso/2010)
Prece para dias de angústia e apreensão, para ser cantada com a melodia do Salmo 9, CD “Aleluia,
porque hoje é Páscoa”, Paulinas, faixa 2.
1. O insensato fala pra si mesmo
Que Deus nunca existiu e nem existe;
Corruptos, fazem só o que não presta, ó meu Deus,
Já não existe um só que o bem pratique!
De lá dos céus, o Eterno Amor espia
Pra ver se entre os filhos de Adão
Existe alguém que tenha são juízo, ó meu Deus,
Alguém que busque a Deus de coração...
AMOR, ESCUTA O CLAMOR!
Ó DEUS-AMOR, O CLAMOR!
PODEM RIR DA ESPERANÇA DOS HUMILDES,
MAS SEU REFÚGIO ÉS, AMOR!
2. Pois todos eles juntos se perderam,
No meio deles, é só corrupção,
Não há ninguém que faça o que presta, ó meu Deus,
Não há, de fato, não há mesmo não!
Será que não percebem os malvados
O tempo e o tanto que a meu povo exploram,
Pois eles não invocam o Eterno Amor, meu Deus,
E feito pão meu povo eles devoram!
3. Um dia, vão tremer apavorados,
Pois Deus está com aquele que é justo!
Vão rir da esperança dos humildes, ó meu Deus,
Mas tu, Eterno Amor, és seu refúgio!
Que venha, venha logo lá de cima,
Do Céu venha pro povo a salvação!
No dia em que o Amor os oprimidos, ó meu Deus.
Trouxer de volta pra libertação!
Que grande alegria, grande festa,
O povo libertado exultará,
E glória se dará ao Pai e ao Filho, ó meu Deus,
E a força do Divino brilhará!
Reginaldo Veloso, presbítero leigo das CEBs
Assistente adjunto do MTC-NE 2
Assessor pedagógico do MAC e do PROAC
Da Equipe do Setor de Música Litúrgica da CNBB
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