Agência de Notícias Brasil-Árabe - SP 20/08/2007 - 17:50 Ilha egípcia é candidata a Patrimônio Mundial A Ilha de Faraó, no Golfo de Ácaba, foi inscrita na lista de candidatos da Unesco. Lá há uma forteleza construída por Saladin, no século 12, além de vestígios romanos, cristãos e bizantinos. O país vai investir US$ 3 milhões na restauração do local. Alexandre Rocha Randa Achmawi Cairo - A Ilha de Faraó, no Egito, entrou recentemente na lista de candidatos a Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ela se encontra no Golfo do Ácaba, na frente da cidade de Taba, na Península do Sinai, e nela há uma fortaleza, uma das cidadelas construídas no Egito pelo legendário soberano Saladin Al Ayubi, no século 12 d.C. A ilha abriga também outros monumentos históricos, como a Basílica Bizantina e os depósitos construídos pelos nabateus e pelos romanos que estiveram no local deixando vestígios de sua passagem. “Esta pequena ilha de pouco mais de um hectare ocupa uma posição estratégica, estando no cruzamento entre quatro países extremamente importantes do Oriente Médio: Egito, Palestina, Jordânia e Arábia Saudita. Sua localização lhe permitiu, desde os primeiros dias, ter um papel primordial na historia do Egito e de toda a região", explicou Tareq El Naggar, diretor-geral responsável pelas antiguidades Coptas e Islâmicas do Sinai no Conselho Supremo de Antiguidades do Egito. Ele acrescentou que a ilha teve uma grande influência comercial, política, militar e religiosa. Segundo El Naggar, hoje ela tem grande potencial de atração de turistas. “Por isso ela merece estar inscrita no topo da lista do Patrimônio Mundial”, disse. Também chamada de Ilha de Saladin, nela foram encontrados vários depósitos onde os nabateus, que passaram por lá entre 106 e 100 a.C., conservavam suas mercadorias antes de vendê-las na África. Segundo Naggar, o povo que vivia na cidade de Petra, hoje na Jordânia, usava a localização da ilha, que se encontra na antiga rota comercial que ligava a Ásia à África, para fazer uma escala. Os bizantinos também fizeram dela um refúgio durante sua luta contra o Império Persa. Segundo os arqueólogos, os bizantinos desejavam se apoderar do comércio da seda que ocorria entre a Etiópia e a Pérsia. “A partir desta ilha partiam os ataques que eles faziam aos navios dos etíopes para se apoderar da seda e do marfim que carregavam. Encontramos alguns dos depósitos onde eram conservadas estas mercadorias”, disse o arqueólogo Abdel Rehim Riham, também do Conselho Supremo de Antiguidades. Deste período, também se encontra na ilha o farol que o Imperador Justiniano mandou construir para iluminar a rota marítima dos seus navios mercantes. Descobertas recentes comprovaram ainda a existência na ilha de uma basílica do século seis. "Ela ainda conserva os símbolos do cristianismo, da cruz que decora suas paredes”, disse Riham. A Ilha de Faraó foi durante muito tempo também uma das estações essenciais na rota marítima de peregrinação à Meca. De acordo com Abdel Riham, ela fazia parte de uma série de fortes que se encontravam ao longo das margens do Mar Vermelho. "A Cidadela de Saladin é o monumento mais importante de toda a Península do Sinai, não somente do ponto de vista histórico, mas sobretudo arquitetônico", afirmou Riham. Segundo ele, os arquitetos de Saladin aproveitaram a geologia da ilha, onde as rochas são de granito, para nela construir sua fortaleza. “Ela se encontra no topo de dois montes e é composta de duas partes separadas por uma esplanada cercada por uma muralha. E as rochas escarpadas eram um fator protetor a mais, pois impediam toda operação de escalada do inimigo”, informou o arqueólogo. Restauração e turismo A umidade, as altas ondas do mar e as tempestades marítimas destruíram vários dos blocos de granito que compõem a parte sul da Fortaleza de Saladin e afetaram vários outros dos vestígios arqueológicos importantes da ilha. Por isso, os sítios devem ser restaurados e alguns deles até reconstruídos. Para tanto, um projeto de desenvolvimento e de restauração da Ilha de Faraó, que custara pouco mais de US$ 3 milhões, será lançado nas próximas semanas. “Ele deverá ser financiado pelo Conselho Supremo de Antiguidades e os trabalhos deverão durar três anos”, disse Tareq El Naggar. Segundo ele, a ilha deverá ser alvo um ambicioso projeto de desenvolvimento turístico. "Para isso, os dois portos principais da ilha serão restaurados, as vias que ligam os monumentos arqueológicos serão refeitas e alguns dos degraus das escadas reconstruídos", acrescentou El Naggar. Um centro de documentação e informação será instalado na ilha, além de lanchonetes para garantir maior conforto aos visitantes. http://www.anba.com.br/ www.inovsi.com.br