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E-mail: [email protected] Introdução: A língua azul (LA) é uma enfermidade infecciosa, não contagiosa que acometem ruminantes domésticos e selvagens, cujo vírus (VLA) pertence ao gênero Orbivirus, família Reoviridae, com 24 sorotipos, sendo transmitido por vetores hematófagos do gênero Culicoides (Bernardes 2011, Acevedo et al. 2016). Em ovinos, esta doença pode apresentar-se de forma aguda, porém em bovinos apresenta-se como uma infecção inaparente, podendo se manifestar clinicamente por aborto, teratogenia, febre, lesões ulcerativas na mucosa da língua, lábios, palato dental e focinho (Radostits et al. 1994). De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE 2011), a LA é uma enfermidade de noti icação compulsória, que pode apresentar consequências socioeconômicas ou sanitárias graves, com repercussões severas no comércio internacional de animais (Konrad et al. 2003). O diagnóstico laboratorial da LA utiliza métodos sorológicos, moleculares e de isolamento viral (OIE 2008). No Brasil até o momento só foram isolados dois sorotipos: o BTV-4 de bovinos (Groocock & Campbell 1982) e o BTV-12 isolado de ovinos (Clavijo et al. 2002). A doença tem distribuição mundial e é relatada em países de clima tropical e subtropical (Gibbs & Greiner 1988), sendo que no Brasil tem sido diagnosticada em vários Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (Costa 2001, Konrad et al. 2003, Costa et al. 2006, Tomich et al. 2009, Antoniassi et al. 2010, Bernardes 2011), incluindo diferentes espécies de ruminantes, o que demonstra a difusão silenciosa do VLA em nosso país. Na região Nordeste os estudos ainda são escassos tendo sido relatado na Paraíba (Melo et al. 2000), Sergipe (Melo et al. 1999), Bahia (Souza et al. 2010), Ceará (Pinheiro et al. 2013) e PernamPesq. Vet. Bras. 36(Supl.2), outubro 2016 buco (Mota et al. 2011) e na maioria desses estudos sendo a espécie ovina a acometida pelo VLA. No Estado do Piauí, a presença do VLA nunca foi relatado em bovinos e nem em outras espécies de ruminantes. Dessa forma, o presente trabalho tem o objetivo de determinar a soroprevalência para o VLA nos rebanhos bovinos não vacinados da bacia leiteira de Parnaíba, Estado do Piauí. Material e Métodos: O estudo foi realizado na microrre- gião Litoral Piauiense, Norte do Estado do Piauí. Vinte e nove rebanhos oriundos de nove municípios foram selecionados aleatoriamente a partir de arquivos da ADAPI (Agência de Defesa Agropecuária do Piauí). Amostras de sangue de 391 bovinos, não vacinados para língua azul, com idade superior a um ano, foram colhidas através da venopunção jugular, com tubos à vácuo sem anticoagulante para obtenção do soro. Estes foram armazenados sob refrigeração e conduzidos ao Setor de Patologia Animal da Universidade Federal do Piauí (UFPI), onde foram centrifugados, protocolados e o soro separado em microtubos de 1,5mL, congelados a -20°C e enviados ao Laboratório de Viroses de Bovídeos do Instituto Biológico de São Paulo para realização da técnica sorológica de vírus-neutralização (VN), com o sorotipo 4 do vírus da LA, de acordo com o Manual da OIE (2008). As amostras foram consideradas positivas para a presença de anticorpos quando havia inibição de lise celular na diluição ≥ 1:10. Todas as amostras foram diluídas e testadas até uma titulação de 1:2560. Em cada uma das propriedades visitadas foi aplicado um questionário epidemiológico. Este estudo foi conduzido sob os termos e condições do CEUA da UFPI aprovado sob o número 030/2010. Resultados: Dos 391 soros de bovinos leiteiros com idade superior a um ano, testados para LA, sorotipo BTV-4, pelo método sorológico de VN, 83,89% (328/391) foram reagentes, indicando que o vírus da LA está disseminado na população bovina desta região. Vale ressaltar que em nenhum IX Encontro Nacional de Diagnóstico Veterinário dos rebanhos era realizado vacinação contra VLA, apenas contra febre aftosa e raiva. Das 29 propriedades amostradas 100% (29/29) apresentaram pelo menos um animal reagente ao VLA, sendo que o percentual de positividade, por propriedade, variou de 20 a 100%. Foram observados títulos de anticorpos variando de 1:10 (ponto de corte para ser considerado positivo) a 1:2560, sendo esta última a mais detectada entre as amostras, 15,24% (50/328), e a distribuição dos demais títulos foram: 114 (34,75%) amostras apresentaram títulos entre 10 e 80; 47 (14,32%) título 160; 43 (13,10%) título 320 e 74 (22,56%) amostras apresentaram títulos maiores ou iguais a 640 e menores ou iguais a 1280. O manejo semi-intensivo era praticado em 68% das 29 propriedades incluídas no estudo e os bovinos criados eram predominantemente da raça Girolando. A maioria das fazendas (95%) tinham pastagens cultivadas, mas apenas 59% adotavam rotação de pastagens. Discussão: Este é o primeiro estudo sobre soroprevalência da infecção por VLA no Estado Piauí, tendo sido realizado na maior bacia leiteira do Estado, a bacia leiteira de Parnaíba, localizada na microrregião Litoral Piauiense e que conta com um efetivo de aproximadamente 100 mil bovinos segundo o IBGE (2014). Em bovinos, de acordo com os resultados encontrados em diferentes Estados brasileiros do ano de 1980 a 2011, as prevalências variam de 0,6% a 89%, sendo as menores geralmente encontradas em Estados do Sul do País e regiões semi-áridas do Nordeste (Melo et al. 2000, Konrad et al. 2003, Bernardes 2011). Os resultados observados neste estudo estão dentro dos observados nas maioria dos estudos realizados no Brasil. Apesar de estarmos localizado no Nordeste, os resultados foram semelhantes e até superiores aos encontrados em muitas regiões do Sul e Sudeste, como em Minas Gerais, onde Konrad et al. (2003) realizaram um levantamento em 15 rebanhos leiteiros, encontrando 59,51% das amostras com anticorpos para o VLA, no entanto, Melo et al. (2000) no semi-árido da Paraíba obteve somente 4,38% de positividade, taxa inferior à descrita neste trabalho. A alta soropositivade de bovinos nesta região pode ser atribuída as condições climáticas, temperatura e umidade, favoráveis à proliferação do vetor hematófago, o que representa, provavelmente, a melhor explicação para a alta prevalência de anticorpos encontrados (Bernardes 2011). Outro fator que pode justiicar a alta percentagem de animais sororeagentes para LA é o fato de tratar-se de animais de criação semi-intensiva, que vivem grande parte do tempo estabulados, sendo mais susceptíveis a vetores, talvez pela alta concentração dos animais ou pelas características da propriedade, tais como, umidade elevada, presença de água parada e presença e multiplicação dos mosquitos (Konrad et al. 2003), coincidindo com os resultados do trabalho, onde maior parte do rebanho adotava sistema semi-intensivo. A inexistência de dados relativos aos sorotipos do VLA existentes e acometedores da doença no Brasil e a sua distribuição nos diferentes Estados di icultam a discussão sobre o impacto dessa doença no Brasil e quais as estratégias necessárias para impedir a introdução de novos sorotipos no pais. Conclusão: De acordo com os resultados obtidos podemos concluir que o VLA está circulando de forma intensiva 245 na microrregião Litoral Piauiense acometendo os bovinos leiteiros dessa região, o que podemos sugerir que esta enfermidade é responsável pelos principais perdas econômicas na criação de bovinos, com os problemas gestacionais nas matrizes, bezerros débeis ou mal formados e de outros fatores que causam diminuição da produtividade do rebanho. Os dados obtidos poderão ser utilizados como subsídios para o estabelecimento de medidas efetivas de prevenção e controle da infecção no Estado, o que contribuiria para o aumento da produtividade dos rebanhos. 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