UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA TIPO 1 (HIV-1) EM PACIENTES ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS FMTAM DÉBORA LAÍS JUSTO JACOMINI MANAUS 2007 ii DÉBORA LAÍS JUSTO JACOMINI CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA TIPO 1 (HIV-1) EM PACIENTES ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS FMTAM Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, para obtenção do grau de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas. Orientador (a): Prof° Dr. Sinésio Talhari Co-orientador (a): Prof° Dr. Felipe Gomes Naveca MANAUS 2007 iii FICHA CATALOGRÁFICA JACOMINI, Débora Laís Justo Caracterização Molecular do Vírus da Imunodeficiência Humana Tipo 1 (HIV-1) em pacientes atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas/Débora Laís Justo Jacomini, Manaus-AM: Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de Medicina Tropical do Amazonas/2007. 56p.il. Dissertação de Mestrado (Doenças Tropicais e Infecciosas) 1. HIV 2. Resistência Primária 3. Subtipos HIV-1 iv DEDICATÓRIA Ao meu esposo Márcio, pelo apoio incondicional que me deu; a minha mãe Laura, que tornou possível essa realização; e em especial ao meu filho João Paulo, simplesmente por sua existência em minha vida, dedico-lhes essa conquista com gratidão. v AGRADECIMENTOS Agradeço a ajuda do Diretor Presidente da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, meu orientador, o Prof. Dr. Sinésio Talhari, pela paciência, disponibilidade e principalmente por ter acreditado na realização deste trabalho. Ao meu co-orientador, o Dr. Felipe Gomes Naveca, pela paciência, disponibilidade, dedicação e principalmente pelo incentivo em prosseguir mesmo após as diversas dificuldades. À Profa. Dra. Maria das Graças Barbosa, coordenadora do curso de Pós Graduação em Medicina Tropical, por seu incentivo efetivo para essa conquista. À Conceição Tufic, secretária da coordenação de Pós Graduação, sempre nos socorrendo nos momentos difíceis dessa trajetória. À todos os colaboradores da Gerência de Virologia da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, que me receberam de forma grandiosa para realização desse estudo. Aos médicos e funcionários do LAC e ambulatório da Gerência de Dermatologia da FMT-AM, que me receberam e colaboraram de forma efetiva para o atendimento dos pacientes. Aos colegas da turma do curso de mestrado, mesmo com pouca freqüência hoje em nos encontrar, ficaram as boas recordações de momentos vividos no decorrer do cumprimento de nossos créditos. A todos os pacientes HIV positivos que participaram deste estudo, dando seu consentimento para realização do mesmo. A Universidade Federal do Amazonas, pela abertura de sua estrutura no campo técnico cientifico, solucionando alguns de nossos resultados. vi A Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, Universidade do Estado do Amazonas, Fundação Muraki e Superintendência da Zona Franca de Manaus, pelos recursos disponibilizados à aquisição do material usado para execução do estudo. Agradeço os meus irmãos, Janaina e Ulisses, em apostarem sempre que somos capazes de realizar qualquer coisa na vida, se quisermos. Ao Sr. Wilson, Carmen e Alessandro Jacomini, por muitos dos conselhos e experiência disponibilizadas em muitos momentos, devido as suas formações. E à Deus, por ter me dado saúde e o privilégio de alcançar este objetivo em minha vida. vii RESUMO Entre Dezembro de 2005 a Junho de 2006, um total de 110 pacientes recémdiagnosticados ou crônicos, virgens de tratamento antiretroviral com infecção para o Vírus da Imunodeficiência Humana Tipo 1 (HIV-1), foram convidados a participar desse estudo. Todos receberam as informações necessárias e assinaram um Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Dentre o total de pacientes, 85 (77,3%) colheram sangue para a análise molecular. Após extração de RNA pelo método de Trizol, foi realizada imediatamente a síntese do DNA complementar (cDNA), pela reação da transcrição reversa. Pela técnica de PCR foi amplificada uma parte do gene da transcriptase reversa (RT) do HIV em 82 amostras, dessas 52 foram purificadas e seqüenciadas nos sentidos senso e anti-senso. Os cromatogramas foram primeiramente visualizados no programa BioEdit 7.0.5.3, sendo as seqüências montadas no programa DNASTAR/SeqManII. A genotipagem e as interpretações das mutações no gene da RT, que conferem resistência aos antiretrovirais foram avaliadas através do uso de ferramentas de bioinformática disponíveis na internet. Os resultados de genotipagem demonstraram que 48 amostras (92,4%) foram classificadas como subtipo B, 2 (3,8%) como subtipo F1 e 2 (3,8%) para o subtipo C. Essas análises evidenciaram também que uma das amostras inicialmente classificada como subtipo B é possivelmente uma forma recombinante circulante (CRF) B/C. Até o presente momento o subtipo C do HIV-1 não havia sido detectado no Estado do Amazonas. Das 52 amostras analisadas, 12 (23,0%) apresentaram mutações relacionadas à resistência aos antiretrovirais NRTI e NNRTI. Uma dessas amostras apresentou mutações: K101E, V108I e G190A capazes de gerar um alto nível de resistência para efavirenz e neviparine, dois antiretrovirais da classe dos NNRTI. Os dados obtidos nesse trabalho demonstram amostras de pacientes com mutações relacionadas à resistência primária entre aqueles atendidos na FMT-AM. Outro dado preocupante foi a constatação que um novo subtipo emerge no Estado do Amazonas e indica que mais enfermos devem ser avaliados, inclusive em relação a resistência secundária. Palavras-chave: HIV-1, Resistência Primária, Genotipagem, Subtipos, AmazonasBrasil. viii ABSTRACT Between December 2005 and June 2006, a total of 110 recently-diagnosed or chronically untreated HIV-1-infected individuals were invited to participate in this study; received essential information and signed a consent form. Eighty-five of them (77.3%) returned to have their blood collected. Viral RNA was extracted from plasma samples with Trizol and a fragment of the HIV reverse transcriptase (RT) gene was amplified by RT-PCR in 82 samples. Fifty-two of those PCR amplified samples were purified and sequenced with forward and reverse primers. Chromatogram files were first analyzed with BioEdit 7.0.5.3 and subsequently, contigs were assembled with the DNASTAR/SeqManII software. All sequences were also analyzed with bioinformatics tools available on internet for genotyping and interpretation of resistance mutations. HIV-1 subtype B was detected in 48 (92.4%) individuals, whereas subtypes F1 and C were detected in two (3.8%) individuals each. To our knowledge, this is the first detection of subtype C in Amazonas. Those results evidenced that one of those samples previously labeled as subtype B, it’s possibly a circulating recombinant form (CRF) B/C. Among the 52 RT sequences analyzed, 12 (23%) were found to have potential resistance mutations related to NRTI or NNRTI. One of those samples showed three mutations: K101E, V108I, and G190A, associated to high-level resistance to efavirenz and nevirapine, two NNTRI antiretroviral (ARV) drugs. Our results have demonstrated HIV-1 infected individuals carrying primary resistance to ARV among those attempted at FMT-AM and the emergence of a new subtype in Amazonas. This result also indicated that more HIV infected individuals should be tested, including those related to secondary resistance. Keywords: HIV, primary resistance, genotyping, subtypes, Amazonas-Brazil. ix LISTA DE TABELAS TABELA 1. Iniciadores descritos na literatura por STUYVER et al, 1997; 17 BRINDEIRO et al, 1999 ; JANINI et al, 1996; TANURI et al, 1999. TABELA 2. Distribuição dos pacientes HIV positivos, segundo a idade. 23 TABELA 3. Distribuição dos pacientes HIV positivos, segundo o número de 23 parceiros sexuais. TABELA 4. Total das 52 genotipagens realizadas para os NRTIs, mutações 25 de resistência de acordo com os subtipos caracterizados. TABELA 5. Total das 52 genotipagens realizadas para os NNRTIs, mutações de resistência de acordo com os 27 subtipos caracterizados. TABELA 6. Distribuição dos pacientes segundo a identificação dos subtipos virais e mutações de resistência encontradas na análise genotipica, para o gene da Transcriptase Reversa (RT). 31 x LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. Gel de Agarose: Gene RT 647pb, marcador 1Kb. 19 FIGURA 2. Distribuição dos pacientes crônicos e recém-dignosticados, 22 segundo as categorias. FIGURA 3. Distribuição dos pacientes HIV positivos, segundo os subtipos 24 de vírus encontrados. FIGURA 4. Freqüências de mutações para os NRTIs em 52 pacientes 25 virgens de tratamento. FIGURA 5. Freqüências de mutações para os NNRTIs em 52 pacientes 26 virgens de tratamento. FIGURA 6. Alinhamento das seqüências de transcriptase reversa das 28 amostras de HIV obtidas nesse estudo. São mostradas posições entre os nucleotídeos 271 e 360 referentes à amostra AM01RT. FIGURA 7. Árvore filogenética das seqüências caracterizadas no estudo. A 29 confiabilidade foi obtida através da análise de bootstrap (100 réplicas). FIGURA 8. Alinhamento da amostra AM25RT frente às amostras referências para os subtipos B e C. Sombreado verde indica região com maior similaridade com o subtipo C; o sombreado marrom indica região com maior similaridade com o subtipo B. 30 xi LISTA DE ABREVIATURAS AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ABC Abacavir ARV Antiretroviral AZT Zidovudina CDC Centers for Disease Control cDNA DNA complementar CRFs Formas Recombinantes Circulantes d4T Stavudine ddI Didanosine DLV Delavirdine EFV Efavirenz TMC125 Etravirine HIV Vírus da Imunodeficiência Humana 3TC Lamivudina NRTI Inibidores de Transcriptase Reversa NNRTI Inibdores de Transcriptase Reversa Não Nucleosídeos NVP Neviparine PI Inibidores de Protease RT Transcriptase Reversa TDF Tenofovir Disoproxil Fumarate e Emtricitabine UDI Usuário de Drogras Injetáveis xii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1 Histórico 1.2 Epidemiologia 1.2.1 Epidemiologia no Mundo 1.2.2 Epidemiologia no Brasil 1.2.3 Epidemiologia no Estado do Amazonas 1.3 História Natural da Infecção 1.3.1 Vias de Transmissão 1.4 Organização Genômica do HIV-1 1.5 Subtipos do HIV-1 e CRFs 1.6 Resistência aos antiretrovirais 2 OBJETIVOS 2.1 Geral 2.2 Específicos 3 METODOLOGIA 3.1 Modelo de estudo 3.2 Local do estudo 3.3 População do estudo 3.3.1 Critérios laboratoriais 3.3.2 Critérios clínicos 3.4 Tamanho da amostra 3.5 Fontes de informações 3.6 Aspectos éticos 3.7 Procedimentos 3.7.1 Procedimentos para coleta e armazenamento das amostras 3.7.2 Ensaios imunoenzimáticos 3.7.3 Imunofluorescência 3.7.4 Quantificação da Carga Viral 3.7.5 Contagem de Linfócitos T-CD4+/CD8 3.8 Ensaios Biomoleculares 3.8.1 Protocolo de extração do RNA do HIV-1 3.8.2 Protocolo para síntese do cDNA 3.8.3 Protocolo para reação de PCR 3.8.4 Protocolo de purificação, precipitação e seqüenciamento 1 1 1 1 2 2 3 4 4 4 6 10 10 10 11 11 11 11 11 12 12 12 13 13 13 13 14 14 14 15 15 15 16 19 4 RESULTADOS 22 5 DISCUSSÃO 33 6 CONCLUSÃO 39 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 Histórico Em 1983, Barre-Sinoussi, Chermann e Montagnier, no Instituto Pasteur de Paris, isolaram um retrovírus a partir de linfonodo de paciente com linfodenomegalia. Este retrovírus, após outros nomes, recebeu a denominação de Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (COFIN et al., 1986), sendo reconhecido como responsável pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Em 1986, um novo vírus, muito semelhante ao HIV, foi descoberto em humanos. Com isso, a AIDS passou, também ser ocasionada por outro tipo de HIV, o que levou à redefinição da nomenclatura, sendo denominado HIV-1, o primeiro isolado, e HIV-2, o segundo. Estes dois vírus, apesar de relacionados, apresentam diferenças importantes em sua estrutura genômica e patogência (CLAVEL et al., 1986). O HIV-1 é o principal responsável pela atual epidemia da AIDS, estando os casos de infecção pelo HIV-2 restritos a certas áreas geográficas ou casos isolados, em regiões específicas, tais como África Ocidental e algumas regiões da Europa (CLAVEL et al., 1986, PIANIAZEK et al., 1991). Aproximadamente, 90% das pessoas contaminadas com HIV/Aids, são de países localizados na Ásia, África, América Latina e Caribe. Em média, a cada dia, 16.000 pessoas são contaminadas (RUSSOMANO, et al., 2001). 1.2 Epidemiologia 1.2.1 Epidemiologia no Mundo A prevalência e incidência de HIV/Aids variam consideravelmente de continente para continente, de país para país e de região para região. A epidemia da AIDS vem crescendo significativamente durante os anos. Apesar de programas bem implementados na prevenção e tratamento, o que se vê é o aumento do número de 2 casos novos. Ao todo estavam registrados 39,5 milhões em 2006; aproximadamente, 2,6 milhões de casos a mais, desde 2004 (UNAIDS, 2006). O número de pessoas que convivem com HIV/Aids na América Latina aumentou de 1,4 milhões de infectados em 2000 para 2,4 milhões em 2005 (UNAIDS, 2006). 1.2.2 Epidemiologia no Brasil No Brasil, o primeiro caso de AIDS foi notificado na cidade de São Paulo, em 1980 (BRASIL, 1999). Os primeiros casos ficaram inicialmente restritos às grandes metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo. As categorias de exposição preponderantes eram os homens que faziam sexo com outros homens, hemofílicos e outros pacientes que receberam sangue e hemoderivados (BASTOS et al., 1990). A partir da década de 80, outro segmento populacional, os usuários de drogas injetáveis (UDI), passaram a ocupar posição de destaque, com 20% dos casos acumulados no Brasil (FONSECA, 1997; CASTILHO, 1997). No Brasil, de 1980 a 2006 foram registrados 433 mil casos de AIDS, entre estes, 80% concentram-se nas Regiões Sudeste e Sul. O Sudeste é a região mais atingida desde o início da epidemia e, apesar da alta taxa de incidência, mantém-se num processo de estabilização (BRASIL, 2006). 1.2.3 Epidemiologia no Estado do Amazonas Em 1986 foi notificado, oficialmente, o primeiro caso de HIV/Aids em ManausAM. Verificou-se a expansão a partir da década de 90, e a interiorização, com o registro do primeiro caso em Manaquiri, em 1991; progressivamente vêm-se observado casos nos demais municípios (BARBOSA, 2002). O Estado do Amazonas tem contribuído significativamente com o número de casos na região norte (AMAZONAS-AM, 2004). 3 De 1986 a 2005, foram registrados 3.045 casos em maiores de 13 anos. A epidemia, no Estado do Amazonas, tende ao crescimento. A cidade de Manaus concentra a maioria dos casos (AMAZONAS-AM, 2005). 1.3 História Natural da Infecção O vírus HIV tem tropismo específico por células com antígeno de superfície CD4, representados pelos linfócitos T auxiliares e células do sistema macrofágicomonocitário. Além da molécula de superfície CD4, a CXCR4 e CCR5 são receptores para o vírus (ORTIGÃO-DE-SAMPAIO, et al., 1997). Na fase aguda do HIV-1, verifica-se a queda na contagem de linfócitos T CD4⁺, aumento de linfócitos CD8⁺ e um aumento na produção do RNA viral. Após a fase aguda ocorre a produção de anticorpos específicos, com equilíbrio entre a replicação viral e a resposta imune, sem manifestação clínica durante vários anos (SCOTT, et al., 2006). O período de latência pode durar 10 anos, ou mais. As células T-CD4⁺ se mantém em número estável, porém com tendência à queda. Durante todo o período assintomático, o organismo adquire equilíbrio dinâmico entre a resposta imune ao patógeno e a proliferação do vírus nas células T. Progressivamente, observa-se a queda das células T-CD4⁺ e elevação significativa do RNA viral plasmático, com surgimento do dermatológicas, período sintomático, hematológicas, caracterizados neurológicas, entre por manifestações outras. Este quadro é classificado nas categorias A e B pelo Centers for Disease Control and Prevention CDC, 1986. Os testes usados para a detecção dos anticorpos anti-HIV, são as imunoenzimáticas (ELISA), e Western Blot (WB). O método de ELISA, é o teste padrão de triagem, com sensibilidade de 100% e especificidade de 99,43%. Os resultados positivos devem ser confirmados pela técnica de Western Blot (WB), que apresenta sensibilidade e especificidade de 100% (MELO, et al., 2003). 4 1.3.1 Vias de Transmissão O HIV é transmitido principalmente através das relações sexuais desprotegidas; compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas; transfusão de sangue infectado; vertical, de mãe para filho, e ocupacional (SCOTT et al., 2006). 1.4 Organização Genômica do HIV-1 O HIV-1 é um vírus membro da família lentiviridae; é formado por envelope lipoprotéico, com duas proteínas principais, a GP120 e GP41, formadas a partir de um precursor, a GP160, com cápsula interna de proteínas e lipídios, dentro da qual se encontra o RNA genômico (HOFFMANN, et al., 2006). Outras cinco proteínas são componentes essenciais do HIV-1: a transcriptase reversa, a REV, a TAT, a integrase e a protease. Estas proteinas participam do processo de conversão do RNA viral para o DNA complementar (cDNA), que se une ao DNA celular. Em ambas as extremidades do genoma encontram-se as LTR (Long Terminal Repeat), ‘5 .LTR-gag-pol-env-LTR 3’, com função na integração entre o genoma celular e viral, durante o processo replicativo do vírus (VAISHNAV, 1991; WONG-STALL, 1991). Dentre estas proteínas, a transcriptase reversa desempenha papel essencial para que o HIV realize o processo de infecção. 1.5 Subtipos do HIV-1 e Formas Recombinantes Circulantes A dinâmica da epidemia do vírus da imunodeficiência humana (HIV) é influenciada por diversos fatores, tais como o momento da introdução, a população envolvida, a densidade demográfica e os aspectos socioculturais (AIDSCAP, 1996). O HIV-1 é um vírus com alta freqüência de mutações, sendo dividido em diferentes grupos: M (Major), N (New) e O (Out-group) (MYERS et al., 1994; ARNOLD et al., 1995). A linhagem do grupo M é a principal responsável pela pandemia. O grupo N, relaciona-se a não-pandêmica. O grupo M é composto por nove subtipos filogeneticamente distintos. Subtipos A, B, C, D, F, G, H, J e K. Dentro do grupo M, vírus pertencentes ao mesmo subtipo genético divergem entre si na 5 proporção de 3-23%. Estes vírus representam seqüências com características filogenéticas diferentes, sendo identificados em diferentes regiões do mundo; a maioria das seqüências analisadas pertence ao grupo M (ROBERTSON et al., 2000). As variantes dos subtipos A e F são ainda classificadas como A1, A2, F1 e F2, respectivamente (PINTO ME; STRUCHINER CJ, 2006). Os vírus do grupo O representam variantes com grande divergência. Ocorrem na República dos Camarões, Gabão (DE LEYS et al., 1990; GURTLER et al., 1994), Europa e Estados Unidos, constituindo importante problema, porque pode não ser identificado pelos testes sorológicos convencionais. Os vírus do grupo O e M ao nível das seqüências de aminoácidos da proteína de envelope, divergem entre si em torno de 47% (LOUSSERT-AJAKA et al., 1994; RAYFIELD et al., 1996). O subtipo B é o principal subtipo que circula nos países desenvolvidos (Europa e EUA). Os subtipos A e D são mais prevalentes na África; o C e E são mais comuns na Índia, Brasil e sudeste Asiático; B e F ocorrem no Brasil e Romênia. O subtipo mais prevalente no Brasil é o B. O subtipo F é o principal não-B, ocorrendo em todas as regiões do país, sendo responsável por 15 a 20% das infecções. O subtipo C é o principal não-B; é encontrado no Sul do país (TANURI et al., 1999). Os subtipos do HIV-1 que circulam no Brasil são, principalmente, o subtipo B, F e subtipo C, os quais são distribuídos em regiões distintas. No Nordeste, São Paulo e Rio de Janeiro, 80% dos pacientes apresentam o subtipo B; o subtipo C, com manifestações mais agressivas, aumenta no Sul, ocorrendo em 67% dos infectados. Nas demais regiões brasileiras o subtipo F, corresponde a 30% dos casos (DIAZ, et al., 2003). O predomínio do subtipo B no Brasil, é semelhante ao que acontece em toda a América Latina, Europa Ocidental e Estados Unidos. (PINTO, 2007). Além destes subtipos, formas recombinantes circulantes (CRF, do inglês circulating recombinant forms) já foram identificados em diversos países. Estas formas constituem vírus mosaicos, formados por dois ou mais diferentes subtipos, com importante capacidade de dispersão (ROBERTSON et al., 2000). 6 A determinação dos subtipos e CRF, em determinada área geográfica é essencial para a adequação de futuras vacinas e esquemas de tratamento. Até o momento, dezesseis CRF foram descritos. Áreas onde circulam dois ou mais subtipos do vírus são locais potenciais para a identificação de novas formas virais (ROBERTSON et al., 2000). As mais comumente encontradas são as CRF02_AG e CRF01_AE (OSMANOV, et al., 2000). Existem alguns estudos que indicam diferenças quanto à transmissibilidade, dos subtipos B, C e o recombinante CRF01_AE. O subtipo B está associado a uso de drogas injetáveis (UDI), e os vírus CRF01_AE, são encontrados em indivíduos infectados por contato sexual (HARMELEN, et al., 1997). Atualmente, estão descritos CRFs que resultam da recombinação entre HIV-1 do subtipo A e E (CRF_AE), A e G (CFR_AG), A e B (CFR- AB) e A, G, K e U. Também já foram descritos na literatura recombinação entre os vírus do grupo M e do grupo O (TAVEIRA, et al., 2001). 1.6 Resistência aos antiretrovirais (ARV) Desde 1996, o Ministério da Saúde do Brasil, através do Programa Nacional em DST/AIds, oferece gratuitamente terapia antiretroviral (ARV), para os pacientes. O tratamento da AIDS com os ARVs, proporcionou aos pacientes melhor perspectiva de vida, modificando a doença, que apresentava alta taxa de mortalidade, para enfermidade crônica, como tantos outros (LEMES, 1998). A terapia ARV leva o aumento significativo dos linfócitos T-CD4⁺ e queda da carga viral de pelo menos 1 log nos primeiros meses de tratamento. No entanto, mesmo sob tratamento regular, muitos pacientes voltam a ter aumento da carga viral (VIEIRA et al., 2000). Entre as várias dificuldades no tratamento da AIDS, temos o aparecimento de cepas virais resistentes. O HIV, assim como outros vírus RNA, replicam como formas complexas e dinâmicas, genômicas mutantes, surgindo as denominadas quasispécies virais. Essas quasispécies virais constituem-se num obstáculo importante ao desenvolvimento de vacinas e tratamento. Um exemplo clássico deste 7 fato foi o surgimento de variantes do HIV-1, resistentes a análogos nucleosídeos, tais como: o AZT (Zidovudina) e 3TC (Lamivudina) (VIEIRA et al., 2000). Com o crescente uso de drogas antiretrovirais no tratamento da infecção pelo HIV-1, a transmissão de cepas resistentes tem sido motivo de grande preocupação e empecilho ao controle da epidemia. A resistência pode ser primária, ou seja, aquelas decorrentes da transmissão de cepas resistentes de um indivíduo ao outro, resultante das mutações que ocorrem sem o uso de ARV, ou secundárias, caracterizadas pela falha terapêutica, em pacientes submetidos a tratamento (MACHADO, 1999). Um dos primeiros estudos realizados pelo Programa de Pesquisa de Infecção Aguda (AIEDRP), no Departamento de Medicina da Universidade da Califórnia, com 377 pacientes, com infecção recente e virgens de tratamento, demonstrou a resistência em um paciente aos Inibidores de Transcriptase Reversa (NRTIs), nenhuma resistência para os Inibidores de Protease (PI) (LITTLE, 1999). Outro estudo, realizado com 571 pacientes, com amostras da América do Norte, América Latina e Europa, evidenciou em 91,4 (16%), resistências aos Inibidores de Transcriptase Reversa Nucleosídeos (NRTI) e Inibidores de Transcriptase Reversa Não Nucleosídeos (NNRTI) – na maioria para stavurdine (BORROTO-ESODA, 2004). Em Recife, no estudo de 101 pacientes, verificou-se em 6 (7,1%) resistência primária aos NRTI e em 67 (79,8%) para os Inibidores de Protease (PI). Houve predominância dos subtipos B (72,6%), F (22,6%), B/F (3,6%) e C (1,2%) (MEDEIROS, et al., 2006). Através da análise genotípica, em 100 pacientes no Espírito Santo, recémdiagnosticados e virgens de tratamento, encontrou-se: 73 subtipo B (75,25%), 9 subtipo F (3,1%), 6 subtipo C (6,2%) e recombinação entre os subtipos F/B (12,4%), sem avaliação da resistência primária nestes pacientes (CABRAL, et al., 2006). 8 Os antiretrovirais agem diretamente no processo de multiplicação do HIV. Os ARVs distribuidos no Brasil dois tipos de Inibidores de transcriptase reversa nucleosídeos e não nucleosídeos: AZT ou Zidovudine; ddI ou Didanosine; ddC ou Zalcitabina; 3TC ou Lamivudine; d4T ou Stavudine; o NVP ou Nevirapine; DLV ou Delavirdine e EFV ou Efavirenz. Os Inibidores de Protease são: Saquinavir, Indinavir, Ritonavir e Nelfinavir (BRASIL, 2005). Quando se implantou no Brasil, a política de acesso universal aos antiretrovirais, surgiram opiniões sobre possíveis surgimentos “descontrolado” de cepas resistentes (REMIEN RH, et al., 2003). Depois de 10 anos da introdução de terapia ARV potente (Highly Active Anti-Viral Therapy - HAART) em nosso país, conseguiu-se monitorar e avaliar a qualidade da terapia. As taxas de resistência são comparáveis àquelas observadas nos países desenvolvidos (BASTOS, et al., 2006). Em 1998, a resistência primária nos Estados Unidos era de 3,5% do total de casos registrados; em 2000 havia 14%. No Brasil aumentou de 3,5%, em 1997, para 7%, em 2000. Ao mesmo tempo, aumenta a probabilidade de quem se infectar adquirir HIV já com mutação de resistência (DIAZ, et al., 2003). Na maioria dos pacientes não se sabe a atual prevalência da resistência primária. No estudo de 361 pacientes, recém-diagnosticados e sem uso de terapia ARV, na cidade de Nova Iorque, verificou-se aumento da resistência de 13,2% para 24,1%, durante os períodos de 1995 a 1998, e 2003 a 2004, com aumento significativo para os NNRTIs (SHET, et al., 2006). Em 1997, com o objetivo de estudar a composição genética do HIV circulante no Amazonas, foram estudados 31 pacientes procedentes da cidade de Manaus. Verificou-se que a proporção entre os subtipos B e F eram idênticas (1:1), diferindo dos padrões encontrados nas grandes cidades do sudeste do Brasil. Além disso, observou-se alta freqüência de estruturas mosaicas entre os subtipos B e F, e recombinação entre estes variantes (VICENTE, et al., 1999). Nos anos de 1993, 1994, 1996 e 1997, foi realizado um estudo com amostras de diferentes cidades brasileiras do Estado de São Paulo (Hospital Albert 9 Einstein), Rio de Janeiro (Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Pará (Hospital Evandro Chagas) e Amazonas (Instituto de Medicina Tropical do Amazonas). Verificou-se: susceptibilidade aos inibidores de protease (IPs) entre os subtipos B e F dessas regiões (TANURI et al., 1999). No Estado do Rio de Janeiro, no período de 2002 a 2003, em 547 pacientes, verificou-se que 445 (91,2%) eram do subtipo B, 24 (4,9%) subtipo F e 16 (3,3%) apresentaram formas recombinantes entre os subtipos B e F (COUTO-FERNANDEZ et al., 2004). No Laboratório Central de Saúde Pública, de São Paulo (Lacen-SP), no período de dezembro de 2001 a maio de 2003, foram analisadas 306 amostras de pacientes HIV positivos com falha terapêutica, observou-se que 214 (70%) foram agrupados geneticamente no subtipo B, e 37 (12%) pertenciam ao subtipo F (RODRIGUES et al., 2005). Em 2002, no Laboratório de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF), foram selecionados 45 indivíduos HIV-1 positivos, recém-diagnosticados. Através da análise filogenética verificou-se que 43 (96%) das amostras caracterizavam-se pelo subtipo B e 2 (4%) com o subtipo F, para o HIV-1 (CERQUEIRA et al., 2004). O surgimento de cepas HIV resistentes aos ARVs, coloca em evidência o importante papel dos testes de genotipagem, com a finalidade de se conhecer melhor o perfil de resistência do vírus e possibilitar melhor tratamento. Neste contexto, são necessários estudos para a caracterização molecular das cepas existentes em todas as áreas endêmicas. No presente estudo, fizemos a caracterização genética de diferentes subtipos de vírus em pacientes HIV/Aids da população do Estado do Amazonas. Realizamos, pela primeira vez no Estado, investigação relativa à resistência primária em pacientes HIV positivos. Também foi realizado o mapeamento dos subtipos do HIV-1 na região. 10 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Identificar os subtipos do vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1), e avaliação da resistência primária nos pacientes atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas FMTAM. 2.2 Específicos - Caracterizar, através de técnicas moleculares, os subtipos do HIV-1 responsáveis pela epidemia de HIV/Aids no Estado do Amazonas; - Através da genotipagem, investigar a prevalência dos subtipos de HIV-1 em pacientes recém-diagnosticados ou crônicos, sem uso de antiretrovirais; - Associar os genótipos com a Carga Viral, Contagem de Linfócitos TCD4⁺/CD8⁺ e o estágio clínico dos pacientes; - Caracterizar possíveis mutações (resistência primária), nos vírus de portadores de HIV/Aids. 11 3 METODOLOGIA 3.1 Modelo de Estudo: Estudo descritivo, de uma série de casos, prospectivo (período Dezembro de 2005 a Junho de 2006) de pacientes que convivem com HIV/Aids, recémdiagnosticados e crônicos, sem uso de antiretrovirais, procedentes do Estado do Amazonas, atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas FMTAM, referência no atendimento e tratamento desses pacientes no Estado. 3.2 Local do Estudo: A Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, oferece serviço de atendimento e tratamento para pacientes HIV positivos. Portanto, o estudo teve realização nas Gerências de Dermatologia DST/Aids e Virologia da FMTAM. 3.3 População do Estudo׃ A população estudada foi composta de pacientes da demanda do serviço de atendimento do ambulatório especializado da Gerência de Dermatologia da FMTAM, cadastrados na Coordenação Estadual de DST e Aids, independentemente do sexo ou idade, que realizam de rotina, exames de quantificação da Carga Viral e Contagem de Linfócitos T-CD4⁺/CD8⁺. Os pacientes foram incluídos no estudo de acordo com os critérios descritos abaixo׃ 3.3.1 Critérios Laboratoriais Pacientes infectados com HIV: indivíduos com sorologia positiva para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), de acordo com os critérios adotados pelo Ministério da Saúde (Programa Nacional de DST e Aids), inserido pela FMTAM, onde, deve-se obter de cada paciente, 2 testes ELISA, positivos, e 1 Imunofluorescência, positiva, para serem diagnosticados como HIV positivo. 12 3.3.2 Critérios Clínicos --- Pacientes que tenham todos os testes laboratoriais positivos para HIV/Aids; --- Recém-diagnosticados ou crônicos; --- Portador sintomático ou assintomático; --- Pacientes sem uso de antiretrovirais, virgens de tratamento; --- Pacientes HIV positivos, e que façam, de rotina, exames de Quantificação da Carga Viral e Contagem de Linfócitos T-CD4⁺/CD8⁺. 3.4 Tamanho da amostra: Estimou-se que, mensalmente, 20 novos casos de HIV são diagnosticados clínica e laboratorialmente, e encaminhados ao ambulatório de DST e Aids, da FMTAM, a unidade de referência para o atendimento da capital e municípios limítrofes. Portanto, pode-se conseguir amostra significativa, de 110 enfermos no período de dezembro de 2005 a junho de 2006. 3.5 Fontes de informações: --- Os pacientes foram informados sobre os objetivos e métodos da pesquisa, sendo pedido o consentimento formal e individual, constante no TCLE; --- Os pacientes foram entrevistados, tendo como instrumento um questionário com perguntas estruturadas para obtenção dos dados: clínicos, epidemiológicos, laboratoriais e hábitos sócio-culturais; --- A complementação das informações necessárias ao preenchimento do questionário, bem como a verificação das informações relatadas no momento da entrevista, foram obtidas do prontuário médico, tais como: dados relativos aos exames laboratoriais, estágio clínico e cadastro do mesmo. 13 3.6 Aspectos Éticos O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da FMTAM, as amostras de sangue somente foram coletadas após a expedição do Termo de Aprovação do Comitê. Os pacientes foram convidados a participar do estudo voluntariamente, informados em que consistia sua participação, relacionando os riscos e benefícios, e, a intermédio dessas informações foi solicitado de forma individual a ciência de sua participação, mediante o TCLE, firmado pelo voluntário e pesquisador, de acordo com a Resolução 196/96. 3.7 Procedimentos 3.7.1 Procedimentos para coleta e armazenamento das amostras: As atividades incluídas neste estudo não abordaram os aspectos clínicos e seguimento do paciente. Fez-se somente a revisão dos prontuários para posterior concordância de alguns dados obtidos na pesquisa, através do questionário aplicado ao paciente. A participação dos pacientes incluídos consistiu em fazer a coleta da amostra de sangue de 5,0mL, que excedeu aquela obtida no momento da coleta dos exames de rotina solicitados pelo médico assistente. O sangue foi colhido através da punção venosa, pelo sistema vacutainer, com EDTA (K3). Essas amostras foram em seguida centrifugadas, e o plasma aliquotado em cinco tubos estéreis de 1,0mL, com 300µl em cada tubo, sendo devidamente identificados com número de prontuário e inicial do nome; em seguida foram vedados com filmeplast e conservados a -80ºC para posterior análise molecular. 3.7.2 Ensaios Imunoenzimáticos (ELISA) Os testes sorológicos para detecção dos marcadores sorológicos para o HIV1/2, foram determinados pelo método imunoenzimático (ELISA, do inglês Enzyme Linked Immunosorbent Assay), através de conjuntos de regentes comerciais (BIORAD, DIASORIN, respectivamente), seguindo as instruções de procedimento do 14 fabricante. Estes testes são realizados na rotina do Laboratório de Análises Clínicas (LAC). 3.7.3 Imunofluorescência O diagnóstico confirmatório para HIV-1 é realizado através da pesquisa de anticorpos para HIV, pela imunofluorescência indireta (IFI), através de conjuntos comerciais fornecidos pelo Ministério da Saúde, seguindo as instruções de procedimento do fabricante. Estes testes são realizados de rotina no LAC da FMTAM. 3.7.4 Quantificação da Carga Viral do HIV-1 Determinou-se a carga viral do HIV-1, por meio de conjuntos de reagentes comerciais HIV-1 RNA QT, (BioMérieux, Boxtel, EU), em sistema semiautomatizado, utilizando a tecnologia NASBA (do inglês, Nucleic Acid Sequence Based Amplification), seguindo-se as especificações e procedimentos do fabricante. 3.7.5 Contagem de Linfócitos T-CD4⁺/CD8⁺ A contagem absoluta de linfócitos T-CD3⁺/CD4⁺ e CD3⁺/CD8⁺ foi realizada pelo sistema automatizado FACSCount (Becton & Dickinson Immunocytometry Systems, Califórnia-USA), com conjuntos de ensaios comerciais, de acordo com os procedimentos e instruções do fabricante. Os exames de Quantificação da Carga Viral do HIV-1 e Contagem de Linfócitos T-CD4⁺/CD8⁺, são realizados na rotina na FMTAM. 15 3.8 Ensaios Biomoleculares 3.8.1 Protocolo de extração do RNA do HIV-1 Adotamos o protocolo utilizado por Tanuri, et al., 1996 para extração do RNA e preparação do cDNA, com algumas adequações: O RNA foi extraído de amostras de plasma, pelo método de Trizol, iniciandose com uma alíquota de 300µl, e concentração final 50µl do plasma. Essa alíquota foi centrifugada a 14.000g a 4ºC, por 90 minutos. Em seguida, desprezou-se 250µl do sobrenadante, dando-se início à extração com Trizol, com 50µl restantes, ou seja, um precipitado de células, com as seguintes etapas de extração: ao pellet (50µl de plasma), foi adicionado 150µl de Trizol® (GIBCO-BRL), homogeneizando várias vezes. A seguir incubou-se por 5min à temperatura ambiente, e adicionou-se 40µl de clorofórmio, fazendo-se homogeneização invertendo o tubo por 20 vezes. Depois incubou-se por 10min à temperatura ambiente, centrifugando-se durante 15min a 14.000g a 4ºC. Durante à centrifugação foram preparados tubos contendo 100µl de Isopropanol gelado, com 30µl de solução de Dextran T500 a 1µg/µl, mantendo-se em banho de gelo. Transferiu-se a fase aquosa (superior) para estes tubos, que continham a solução de Isopropanol e Dextran, homogeneizando-se novamente invertendo os tubos por várias vezes. Depois centrifugou-se por 20min a 14.000g a 4ºC, removendo-se por completo o sobrenadante. Adicionou-se 300µl de etanol 70% gelado a -20ºC ao precipitado e centrifugou-se novamente a 14.000g por 5min, removendo totalmente o sobrenadante. Para não descartar o precipitado, secou-se em termobloco a 65ºC, por 3minutos e dissolveu-se em 10µl de Água DEPC, ressuspendendo por várias vezes. 3.8.2 Protocolo para a síntese do cDNA Após a extração do RNA pelo método de Trizol, utilizou-se o RNA para síntese do DNA complementar (cDNA), pela reação da transcrição reversa, composta de: 10µl de RNA, ao qual foram adicionados 2,0µl de Randon Primer PN6 a 150ng/µl (Invitrogen) e incubado a 80ºC, por 10 min, para desnaturação do RNA. A 16 seguir resfriou-se a solução em gelo por aproximadamente 2minutos e preparou-se mix contendo os seguintes reagentes: Reagente Volume 5X Tampão SIII RT .......................... 4,0µl 25mM dNTP mix .......................... 0,4µl Inibidor de RNAse .......................... 2,5µl Superscript III RT .......................... 1,0µl 0,1 M DTT .......................... 1,0µl 8,9µl Após a adição do mix no RNA, incubou-se o material em banho seco, devidamente programado para as seguintes temperaturas e tempo: 25ºC 37ºC 50ºC 70ºC ↓ ↓ ↓ ↓ 05min 30min 30min 15min A soma do mix com o RNA, totalizou um volume final de reação de cDNA de 20,9µl (12µl RNA desnaturado e 8,9µl mix com enzimas e tampão). Nas reações de cDNA realizadas não se adicionou água. A extração de RNA pelo método de Trizol e síntese do cDNA foram realizadas no mesmo dia, com amostras preparadas em intervalos de 12 em 12, e 20 em 20 amostras. 3.8.3 Protocolo para reação de PCR para amplificação das regiões alvo Com base no Protocolo de Tanuri, 1999, adotamos a reação em cadeia de polimerase (PCR), para amplificação das regiões genômicas do HIV-1 que compreende o gene da transcriptase reversa (RT). Esta amplificação foi realizada em duas etapas, com iniciadores específicos, previamente descritos na literatura (Tabela 1): 17 Tabela 1. Relação dos iniciadores, descritos na literatura por STUYVER et al, 1997; BRINDEIRO et al, 1999 ; JANINI et al, 1996; TANURI et al, 1999. Região do Utilização do Nome do Região de Genoma Inicador Iniciador do HIV-1 1º PCR Pol RT 2º PCR Seqüência do Iniciador (5’-3’) Tamanho Tamanho Hibridização do do produto no genoma Iniciador RT-9 (F) 2485-2513 5´ GTACAGTATTAGTAGGACCTACACCTGTC 3´ 29 mer RT-12 (R) 3249-3275 5´ ATCAGGATGGAGTTCATAACCCATCCA 3´ 27 mer RT-1 (F) 2619-2647 5´ CCAAAAGTTAAACAATGGCCATTGACAGA 3´ 29 mer RT-4 (R) 3246-3265 5´ AGTTCATAACCCATCCAAAG 3´ 20 mer 791 pb 647 pb Para a reação da PCR fez-se um sistema com componentes, podendo ser modificado quanto a variação da quantidade de cDNA adicionado. Todas as reações realizadas neste estudo foram feitas com enzima termoestável (Taq DNA Polimerase) e na presença de oligonucleotídeos iniciadores (primers) senso e antisenso, para RT. Esta região, em ambos os lados do gene foi ampliada com dois fragmentos sobrepondo, usando os pares de iniciadores descritos acima, com volume de 50µl finais, para 5,0µl de cDNA na 1ª Reação, e na 2ª Reação (nested) 2,0µl da 1ª Reação, assim compostos: MIX da 1ª Reação: Reagente Volume Tampão 10X .......................... 5,0µl 25mM dNTP .......................... 0,4µl 50mM MgCl2 .......................... 2,5µl Primer F RT-9 (25pmol/µl) .......................... 0,5µl Primer R RT-12 (25pmol/µl) .......................... 0,5µl Taq Pol (5UI/µl) .......................... 0,25µl Amostra cDNA .......................... 5,0µl dH2O q.s.p. .......................... 50 µl MIX da 2ª Reação: Reagente Tampão 10X Volume .......................... 5,0µl 18 25mM dNTP .......................... 0,4µl 50mM MgCl2 .......................... 2,5µl Primer F RT-1(25pmol/µl) .......................... 0,5µl Primer R RT-4(25pmol/µl) .......................... 0,5µl Taq Pol (5UI/µl) .......................... 0,25µl Amostra 1ª Reação .......................... 2,0µl dH2O q.s.p. .......................... 50 µl Para cada ensaio foi incluído um tubo denominado “branco”, visando controle de possíveis reações contaminantes. As condições de temperatura e tempo para os ciclos da PCR, também foram às mesmas empregadas para a primeira e segunda reação do gene da RT. Para esse processo utilizou-se termociclador, com programação, descrita no quadro abaixo: PRÉ PCR Desnaturação 95ºC 3 min. PCR: 35 ciclos Desnaturação 95ºC 1 min. Hibridização 55ºC 1 min. Extensão 72ºC 1 min. EXTENSÃO FINAL 72ºC 10 min. 4 ºC ∞ Os amplicons foram analisados por eletroforese, em gel de agarose a 1%. Para tanto, uma alíquota de cada 10µl do produto amplificado na reação de nestedPCR foi adicionada a 3,0µl de tampão de amostra (0,5% azul de bromo fenol e 20% de glicerol), incluindo o controle ”branco” e um marcador de peso molecular de 1Kb (Invitrogen), corado com brometo de etídeo (5 µg/ml). Colocou-se o gel submerso em cuba horizontal de eletroforese, com tampão TBE 1X, sob tensão elétrica de 100 Volts, aproximadamente por 40 minutos, até que o marcador chegasse ao final do gel, visualizado sob a luz ultravioleta (UV) e fotografado para documentação (Figura 19 1). Os resultados esperados para o fragmento do gene da RT e peso molecular são de 600pb. 1kb 600pb Figura 1. Gel de Agarose: Gene RT 600bp, marcador 1Kb 3.8.4 Protocolo de Purificação, Precipitação e Seqüenciamento Para análise do produto da PCR e seqüenciamento, os fragmentos amplificados foram purificados para a eliminação de substâncias não incorporadas durante a reação de amplificação. Para isso, utiliza o mix de enzimas EXO-SAP (Exonuclease-Fosfatase Alcalina de Camarão, GE Healthcare Life Sciences), e precipitação para o modelo de Seqüenciador Automático “MEGA BACE 1000” (Amershan Pharmacia Biotech). Esses procedimentos são baseados no método original de Sanger et al.(1977), de acordo com o protocolo: 1 Purificação ENZIMA PURIFICAÇÃO TERMOCICLADOR 0,34µL de EXO (3,3U) → 30min:37ºC 0,66µL de SAP (0,66U) → 15min:80ºC → Para 6,0 µL do produto de PCR 20 Obs: Após a purificação, o produto fica pronto para reação de seqüenciamento. 2 Reação de Seqüenciamento Para o seqüenciamento, utilizamos as seguintes condições de reação: 3050ng de DNA, com a adição de um dos iniciadores para seqüenciamento (senso, anti-senso), em concentração de 5,0 pmoles/µL, para um volume final de 10,0µL, de acordo com o modelo abaixo: Reagentes Quantidade Quantidade para 01 placa H2O Mili-Q 4,0µL X 105 =420,00 Pré-mix 2,0µL X 105 =210,00 Primer (5pmol/uL) 1,0µL X 105 =105,00 DNA (PCR) 3,0µL ------ Volume final 10 µL Para esse processo utilizou-se um termociclador, com programação, descrita nas condições: 95º C/25 seg; 95ºC/15 seg; 55ºC/20 seg; 60ºC/1:20 min. 35 ciclos; 4ºC ∞. 3 Precipitação da Reação de Seqüenciamento Para 10,0µl da reação utiliza 1,0 µL de acetato de amônia, com 27,5 µL de etanol absoluto. A esta precipitação com acetato de amônio, adiciona de 1,0µL de acetato de amônio, centrifugando rapidamente. A seguir, adicionou-se 27,5µL de etanol absoluto, selando-se a placa e homogeneizando-se vigorosamente por 1min. Depois incubando-se por 20min, à temperatura ambiente, com proteção da luz; em seguida, centrifugou-se por mais 40min, a 4.000g/4o C. A seguir virou-se a placa de uma vez; adicionou-se 120,0µL de etanol 70% em cada poço, a placa foi selada e homogeneizada por alguns segundos; depois centrifugou-se novamente por 10 min, 21 14.000g/4oC, virou-se novamente a placa e centrifugando novamente, num pulso de alguns segundos, com a placa invertida (não superior 700g de rotação). Por fim, deve-se deixar secar, até evaporamento total do etanol (15 minutos), adicionando 10µl de tampão da amostra, homogeneizando e selando a placa. Centrifugou-se em pulso de alguns segundos (máximo de 700g). Após essa precipitação, ressuspende o precipitado em tampão 1X, conforme instruções do fabricante do kit de seqüenciamento, inserindo-se a placa ao Seqüenciador Automático “MEGA BACE 1000” (Amershan Pharmacia Biotech). As seqüências de DNA do HIV-1 foram visualisadas primeiramente no programa BioEdit 7.0.5.3, com os contigs ajustados no software DNAStar/SeqManII (DNAStar, Madison,Wisconsin, USA). A genotipagem e as interpretações das mutações no gene da RT, que conferem resistência aos antiretrovirais foram submetidas por meio eletrônico para a base de dados Stanford (http://hivdb.stanford.edu/). As mutações foram reunidas de acordo com o consenso firmado na International AIDS Society–USA. As seqüências genéticas do HIV-1, obtidas neste estudo serão submetidas ao depósito na base de dados do GenBank. 22 4 RESULTADOS Para o estudo foram selecionados 110 pacientes, recém diagnosticados ou crônicos, virgens de tratamento. Dentre os pacientes, 85 (77,3%) colheram sangue para a análise molecular; os outros 25 (22,7%) casos não compareceram para a coleta. Em relação à análise molecular e seqüenciamento das amostras, tivemos 82 (96,5%) amplificadas, 52 (61,2%) seqüenciadas, onde: 8 (15,4%) eram crônicos, e 44 (84,6%) recém-diagnosticados, virgens de tratamento (Figura 2). 44 (85%) recém-diagnosticados 8 (15%) crônicos Figura 2. Distribuição dos pacientes crônicos e recém-diagnosticados, segundo as categorias. A idade dos pacientes variou de 22 a 61 anos, sendo a média de idade, 34,9 anos, e a mediana, de 34 anos. A maioria dos pacientes, 23 (44,2%) tinha 22 a 30 anos de idade (Tabela 2). 23 Tabela 2. Distribuição dos pacientes HIV positivos, segundo a idade. Idade (anos) N % 22---- 30 23 44,2 30---- 40 12 23,1 40---- 50 14 26,9 50---- 61 3 5,8 Total 52 100,0 O número de parceiros sexuais dos pacientes HIV positivos que participaram do estudo, variou de 1 a 200 parceiros, sendo que alguns não se lembravam da quantidade. Estes números estão relacionados ao último ano do presente atendimento ambulatorial sendo que 17 (32,7%) tiveram entre 2 e 6 parceiros; 14 (26,9%) apenas um parceiro; 6 (11,5%) entre 6 e 12 parceiros; 5 (9,6%) entre 12 e 30 parceiros; 3 (5,8%) entre 30 e 200 parceiros. Os que não se lembravam do total de parceiros correspondia a 7 (13,5%) (Tabela 3). Tabela 3. Distribuição dos pacientes HIV positivos, segundo o número de parceiros sexuais. Número de parceiros sexuais N % 1 14 26,9 2---- 6 17 32,7 6---- 12 6 11,5 12---- 30 5 9,6 30---- 200 3 5,8 Não Lembra 7 13,5 Total 52 100,0 Em relação à categoria de exposição e uso de drogas injetáveis, nenhum deles era usuário, nem tinham feito transfusão sangüínea. Desses 52 pacientes, 18 24 (34,6%) eram do sexo feminino, e 34 (65,4%) do sexo masculino, com proporção entre homens e mulheres de 2:1. Dentre os 52 pacientes, 40 (76,9%) eram heterossexuais e 12 (23,1%) eram homossexuais. Através da genotipagem para o HIV-1, o gene da transcriptase reversa na posição 5’ 3’ (primer RT 1-RT 4) das 52 amostras amplificadas, revelou: 48 (92,4%) para o subtipo B, 2 (3,8%) para o subtipo F e 2 (3,8%), para o subtipo C. Até o presente momento, o subtipo C do HIV-1 não tinha sido detectado no Estado do Amazonas (Figura 3). 2 C (4% ) 2 F 1 (4% ) 48 B (92% ) F ig ura 3. S ubtipos HIV-1 no E s tado do Amaz onas , B ras il A pesquisa da resistência primária aos Inibidores de Transcriptase Reversa Nucleosídeos (NRTIs) (zidovudine, didanosine, lamivudine, abacavir, stavudine, tenofovir disoproxil fumarate e emtricitabine) demonstrou: que 6 (11,5%) dos 52 pacientes apresentaram mutações de resistência, todos recém-diagnosticados; sendo quatro dessas seis mutações de resistência susceptíveis a todos NRTIs (Figura 3). Os outros dois pacientes apresentaram potencial resistência de baixo nível ao ABC, AZT, d4T e ddI da classe dos NRTIs, distribuídos de acordo com a mutação na posição F77L. 25 Freqüência de Mutações de Resistência NRTIs 1 Q151R 1 K70S 2 V118I 2 F77L 46 não 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Figura 4. Freqüências de mutações para os NRTIs em 52 pacientes virgens de tratamento. Dessas mutações de resistência apresentadas após seqüenciamento genotípico para os NRTIs, verificamos que todas foram do subtipo B, não foram caracterizada mutações de resistência para os subtipo C e F (Tabela 4). Tabela 4. Total das 52 genotipagens realizadas para os NRTIs, mutações de resistência de acordo com os subtipos caracterizados. NRTI B C F Total geral F77L 2 - - 2 K70S 1 - - 1 V118I 2 - - 2 Q151R 1 - - 1 Não 46 - - 46 26 Total geral 52 A pesquisa da resistência primária aos Inibidores de Transcriptase Reversa Não Nucleosídoes (NNRTIs) (nevirapine, delavirdine, efavirenz e o etravirine TMC125), evidenciou: 6 (11,5%) pacientes com mutações de resistência; dois desses seis pacientes eram susceptíveis a todos ARVs da classe dos NNRTIs; três apresentaram resistências potenciais de nível baixo a intermediário para todos os ARVs NNRTIs; sendo uma das mutações caracterizadas para um paciente crônico, com alta resistência para efavirenz e nevirapine, o qual apresentou três mutações nas posições K101E, V108I, G190A (Figura 5). Freqüência de Mutações de Resistência NNRTIs 1 E138D 1 K103R, E138K 1 K103R 1 V108I 1 V179D 1 K101E, V108I, G190A 46 não 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Figura 5. Freqüências de mutações para os NNRTIs em 52 pacientes virgens de tratamento. 27 Dessas mutações de resistência apresentadas após seqüenciamento genotípico para os NNRTIs, verificamos que todas foram do subtipo B, não foram caracterizada mutações de resistência para os subtipo C e F (Tabela 6). Tabela 5. Total das 52 genotipagens realizadas para os NNRTIs, mutações de resistência de acordo com os subtipos caracterizados. NNRTI B C F Total geral V179D 1 - - 1 K101E, V108I, G190A 1 - - 1 V108I 1 - - 1 K103R 1 - - 1 K103R, E138K 1 - - 1 E138D 1 - - 1 Não 46 - - 46 Total geral 52 Em resumo, caracterizamos um total de 12 (23,0%) (95% CI: 12,5 – 36,8) mutações de resistência nas amostras dos 52 pacientes analisados, pois aqueles que apresentaram mutações para a classe NRTIs, não foram os mesmos para os NNRTIs. Todos os subtipos caracterizados, foram identificados, segundo protótipo universal do vírus HIV-1, do genoma isolado “HXB2” (GenBank accession number KO3455). Para o genotipo foram utilizados as seqüências referência depositadas, no HIV sequence database (http://www.hiv.lanl.gov/content/hiv-db/PEPTGEN/Gag_Con) do grupo M, Con_B, Con_A, Con_C, Con_D, Con_F1, Con_F2, Con_G, Con_H, Con_J, Con_K, Con_O. As mutações de resistência foram comparadas ao banco de dados do portal da Universidade de Stanford (http://hivdb.stanford.edu). Para comparação das seqüências obtidas foi realizado um alinhamento nucleotídico no programa BioEdit (HALL, 1999), utilizando o algoritmo Clustal W (Figura 6). Também foi efetuada uma análise filogenética no programa MEGA 28 (KUMAR, et al., 2004), comparando a outras seqüências referências dos subtipos do HIV-1 disponíveis no GenBank (Figura 7). 330 340 350 360 310 320 280 290 300 ....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....| AM01RT AM02RT AM03RT AM04RT AM05RT AM06RT AM07RT AM08RT AM09RT AM10RT AM11RT AM12RT AM13RT AM14RT AM15RT AM16RT AM17RT AM18RT AM19RT AM20RT AM21RT AM22RT AM23RT AM24RT AM25RT AM26RT AM27RT AM28RT AM29RT AM30RT AM31RT AM32RT AM33RT AM34RT AM35RT AM36RT AM37RT AM38RT AM39RT AM40RT AM41RT AM42RT AM43RT AM44RT AM45RT AM46RT AM47RT AM48RT AM49RT AM50RT AM51RT AM52RT GGGTGATGCATATTTTTCAGTTCCCTTAGATGAAGACTTTAGAAAGTATACTGCATTTACCATACCTAGCACAAACAATGAGACACCAGG ...............................A.G..A..C..G..A.......................T.T.................. A.........................................G.....C....................T...........A........ ............................A..........C..G..........................T.................... ...............................A.......C..G..........................T.................... ............................A..........C..G..........................T.................... .......................................C..G..........................T.................... ...............................A.......C..G..........................T...........A........ .........C.........A.............G..A..C..G.................A........T.T...T.............. ...............................A.......C..G..........................T.....T.............. ............C...........A......A.......C...........A.................T.T.........A........ ...G.................C...........G..T.....G.....C........C...........TGTC................. ............................C..........C..G...........T..............TGT.................. .T..........C..................A.......C..G..A.....G.................T.T.........A........ ...........................GA..A....TC.C..................T..........T...........A........ ................................C......C..G..............C...........T.................... .......................................C..G..A...........C...........T.T.................. .........C..................C....G.....C..G..........................T...........A........ ...G.................A.............G......G..A.....A.....C...........T...........A........ .......................................C..............G....................T.............. ...............................A....A..C..G............................................... ...................A...........A.......C..G.....C....................T.....T.............. ...A...................................C..G..........................T.................... ........................T......A.......C..G..........................T.T.................. ...G.................A............AG......G..A...........C...........T.T.........A........ ...A...................................C..G..........................T.G.................. ...G.................C.........A....G.....G.....C........C...........TCTC........A........ ...G.......................G..CA....A..C..G..........................T.................... ...G.................A..T.................G..............C...........T...........A........ ............................TG.........C..G..A.......................T.T.................. .....................G.........A.......C..G..........................T.................... .....................C.................C..G.......................G..T.T.........A........ .....................A..T......A....A..C..G.................T.....C..T.T...............T.. A.............................CA.G.....C..G..............C.............T.................. ...............................AG......C..G.......................C..T.................... .......................................C..G..........................T.T.................. .....................G.........A.......C..G..............C...........T.................... ...............................A....A..C..G..........................T.....T.............. ...............................A.......C..G..........................T.T......C........... ...............................AG......C..G..............C...........T.................... ........................A......A.......C..G..A.......................T.T.................. ...............................A.......C..G..........................T.T.................. ............................C..........C..G..........................T.T...T.....A........ ...............................A....T..C..G..........................T.T........C......... ........................T..............C..G..........................T.................... ...............................A.......C..G..........................T...........A........ A..............C........A.....CA.......C..G..............C................................ .......................................C..G..........................T.T.......A.......... ...A...........................A.......C..G..........................T.................... ...............................A....A..C..G..A.......................T.T.........C........ .......................................C..G.......................G..T.T...............G.. ...............................AG......C..G..A.....G.................T...........A........ Figura 6. Alinhamento das seqüências de transcriptase reversa das amostras de HIV obtidas nesse estudo. São mostradas posições entre os nucleotídeos 271 e 360 referentes à amostra AM01RT. 29 AM19RT B/C ? AM25RT C 92BR025 AM29RT F2 MP255 MP411 F F1 AM12RT AM27RT AM26RT AM23RT AM49RT HXB2 AM13RT AM17RT AM36RT AM48RT AM01RT AM20RT AM34RT AM47RT AM02RT AM41RT AM50RT AM08RT AM46RT AM11RT AM14RT AM52RT B HIV-1 AM03RT AM07RT AM04RT AM06RT AM31RT AM37RT AM05RT AM16RT AM35RT AM40RT AM09RT AM18RT AM30RT AM43RT AM15RT AM10RT AM22RT AM38RT AM21RT AM28RT AM24RT AM33RT AM42RT AM45RT AM32RT AM51RT AM39RT AM44RT SIV MM239 0.05 Figura 7. Árvore filogenética das seqüências caracterizadas no estudo. A confiabilidade foi obtida através da análise de bootstrap (100 réplicas). 30 A partir dos resultados da análise filogenética foi observado uma possível recombinação entre os subtipos B e C, na amostra AM25RT. Essa amostra havia sido classificada como subtipo B pela análise no servidor da Universidade de Stanford, porém foi agrupada junto as amostras do subtipo C na análise filogenética (Figura 7). Devido a este fato foi realizado novo alinhamento da amostra AM25RT frente a duas seqüências referências, a amostras HXB2 para o subtipo B e 92BR025 para o subtipo C (Figura 8). 10 20 30 40 50 60 70 80 ....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....| HXB2 (B) 92BR025 (C) AM25RT tatttgccataaagaaaaaagacagtactaaatggagaaaattagtagatttcagagaacttaataagagaactcaagac .............a..g..g...........g.............................c.....a......t..... .............a..g..g.....c.....g.......................g.....a.....a............ 90 100 110 120 130 140 150 160 ....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....| HXB2 (B) 92BR025 (C) AM25RT ttctgggaagttcaattaggaataccacatcccgcagggttaaaaaagaaaaaatcagtaacagtactggatgtgggtga ..t.................g........c..a..........................g.................a.. ..t.................g........c..a..........................g.................g.. 170 180 190 200 210 220 230 240 ....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....| HXB2 (B) 92BR025 (C) AM25RT tgcatatttttcagttcccttagatgaagacttcaggaagtatactgcatttaccatacctagtataaacaatgagacac ...............a..t..........g...t.....a...........c.......................a.... ...............a............ag...t.....a...........c.......................a.... 250 260 270 280 290 300 310 320 ....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....| HXB2 (B) 92BR025 (C) AM25RT cagggattagatatcagtacaatgtgcttccacagggatggaaaggatcaccagcaatattccaaagtagcatgacaaaa ................a..t.................................t..........g.....t.c....... ................................................................................ 330 340 350 360 370 380 ....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|....|... HXB2 (B) 92BR025 (C) AM25RT atcttagagccttttagaaaacaaaatccagacatagttatctatcaatacatggatgatttgtatgt ...........c.....ggc............a...a.............t........c........ ........t........................................................... Figura 8. Alinhamento da amostra AM25RT frente às amostras referências para os subtipos B e C. Sombreado verde indica região com maior similaridade com o subtipo C; o sombreado marrom indica região com maior similaridade com o subtipo B. Destes, 52 amostras de pacientes foram utilizadas para análise molecular. Uma parte desses pacientes, 19 (36,5%) já haviam apresentado uma ou mais doenças/condições associadas a HIV/Aids, tais como: a diarréia, caquexia ou perda de peso maior que 10% do peso; anemia, tuberculose pulmonar, tuberculose ganglionar, pneumonia e herpes zoster. De acordo com o CDC, 1985 foram classificados no grupo IV e subgrupos A, B, C, D e E (Tabela 6). 31 Tabela 6. Distribuição dos pacientes segundo a identificação dos subtipos virais e mutações de resistência encontradas na análise genotipica, para o gene da Transcriptase Reversa (RT). ID Estado Clínico Carga Viral CD4 Subtipo Mutações Mutações CDC, EUA, 1987 (cópias/mL) (Células/mm3) HIV-1/AM NRTI NNRTI AM01 A 140.000 cópias/mL 66 cel/mm3 B - - AM02 A 180.000 cópias/mL 107 cel/mm3 B F77L - AM03 - 18.000 cópias/mL - B - - AM04 - 60.000 cópias/mL - B - - AM05 - 35.000 cópias/mL - B - - AM06 - 350.000 cópias/mL - B - - AM07 - 230.000 cópias/mL - B - - AM08 - > Lim. Máx. - B K70S - AM09 - 58.000 cópias/mL - B V118I - AM10 - 97.000 cópias/mL - B - V179D AM11 - 50.000 cópias/mL - B - - AM12 - 59.000 cópias/mL AM13 A 65.000 cópias/mL AM14 - 17.000 cópias/mL AM15 A 12.000 cópias/mL 80 cel/mm3 AM16 A 12.000 cópias/mL AM17 A 3.100 cópias/mL AM18 - 5.400 cópias/mL - AM19 - 97.000 cópias/mL AM20 - 4.800 cópias/mL AM21 - AM22 - AM23 C 17.000 cópias/mL AM24 A 54.000 cópias/mL AM25 - 10.000 cópias/mL AM26 - AM27 - AM28 AM29 - F - - B - - B - - B - - 102 cel/mm3 B - - 120 cel/mm3 B - - B - - - C - - - B - - 110.000 cópias/mL - B - - 5.400 cópias/mL - B V118I - 189 ce/mm3 B - - 90 cel/mm3 B - - - B/C ? - - 14.000 cópias/mL - B - - 53.000 cópias/mL - F - - - 10.000 cópias/mL - B - - - 270 cópias/mL - C - - AM30 A 3.100 cópias/mL 553 cel/mm3 B - K101E, V108I, G190A AM31 C < Lim. Min. 115 cel/mm3 B - - AM32 - 1.200 cópias/mL - B - - AM33 - 100 cópias/mL - B - - AM34 - 840 cópias/mL - B - - AM35 - 29.000 cópias/mL - B - - AM36 C < Lim. Min. B F77L - 69 cel/mm3 - 53 cel/mm3 AM37 - 390 cópias/mL B - - AM38 A 5.800 cópias/mL 110 cel/mm3 - B - - AM39 A 170 cópias/mL 308 cel/mm3 B - - AM40 A < Lim. Min. 25 cel/mm3 B - - AM41 A 68.000 cópias/mL 575 cel/mm3 B - - AM42 A < Lim. Min. 386 cel/mm3 B - - 32 AM43 - 18.000 cópias/mL B - V108I AM44 C 65.000 cópias/mL 332 cel/mm3 - B - - AM45 A 920 cópias/mL 317 cel/mm3 B - - AM46 - 11.500 cópias/mL - B - - AM47 - < Lim. Min. - B - K103R - B - K103R, E138K B - - AM48 - 5.400 cópias/mL AM49 A 67.000 cópias/mL AM50 - 150.000 cópias/mL - B - E138D AM51 - 17.000 cópias/mL - B Q151R - AM52 - 50.000 cópias/mL - B - - 84 cel/mm3 Algumas associações entre as manifestações clínicas encontradas, sugere o início de tratamento, principalmente aqueles pacientes que estiveram com resultados de Contagem de Linfócitos T-CD4+ entre 500 e 350 células/mm3. Encontramos dois pacientes que apresentaram manifestações associadas ao resultado laboratorial de monitorização limite para iniciamento de tratamento. Um desses pacientes (AM30), além dessas manifestações, apresentou resistência primária, a partir de três mutações com alto nível de resistência aos NNRTIs. 33 5 DISCUSSÃO Neste estudo foram avaliados os aspectos moleculares e a possibilidade de resistência aos antiretrovirais do Vírus da Imunodeficiência Humana Tipo 1 (HIV-1), em 52 pacientes crônicos ou recém-diagnosticados, virgens de tratamento. Todos os enfermos foram diagnosticados e atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas FMT-AM. Os subtipos encontrados através da genotipagem para HIV, corresposnde ao gene da RT; em sua maioria era do subtipo B (48/52): duas para o subtipo F1 (2/52) e duas para o subtipo C (2/52). O subtipo C ainda não havia sido encontrado no Estado do Amazonas. Vicente, et al. em 1999, nesta mesma região, verificou que a proporção entre os subtipos B e F eram idênticas (1:1), diferindo dos padrões encontrados nas grandes cidades do sudeste do Brasil. Chama atenção, a grande variabilidade genética que o HIV-1 sofreu no decorrer dos anos. Tanuri, et al., em 1999, em estudo para avaliar a variabilidade e susceptibilidade genética aos Inibidores de Protease, em 66 pacientes sem tratamento antiretroviral prévio, distribuídos em diversas regiões do País, verificaram 44 subtipo B e 17 subtipo F, correspondente a mutações de resistência nas posições 82V, 88N, e 90L para os PIs (nelfinavir, ritonavir, indinavir e saquinavir), todas para o subtipo B. Em nossa investigação, verificamos mutações de resistência aos NRTIs e NNRTIs, com 12 mutações para o subtipo B, nenhuma para os subtipos C e F. Quando se analisa a susceptibilidade frente esses subtipos encontrados no Brasil, a maioria é para o subtipo B, o mais prevalente no País. Proietti, et al., em 1999, verificou a variação genética em 11 pacientes procedentes de Minas Gerais: 10 isolados pertenciam ao subtipo B, e uma recombinação entre os subtipos B/F. Em nosso estudo havia 48 subtipos B, 2 subtipos F1 e 2 subtipos C. Ainda verificamos em nossos resultados a possibilidade de uma CRF entre os subtipos B e C. Sabe-se que em regiões onde circulam mais de um subtipo, a probabilidade de se encontrar essas CRFs é bastante significante. 34 Brites, et al., em 2001, no estudo de 46 pacientes HIV positivos, na Bahia, verificou que 13/40 (33%) desses doentes apresentavam uma mutação de resistência para o AZT – estes ainda não haviam iniciado o tratamento; outros 6/40 (13%) pacientes sob tratamento ARV, não apresentaram nenhuma mutação. Além da resistência ao AZT, verificamos em nosso estudo a presença da resistência primária para ABC, d4T e ddI entre os NRTIs. Soares, et al., em 2004, avaliou 41 pacientes que ainda não haviam iniciado terapia ARV, em diferentes períodos e regiões distintas do Rio de Janeiro. Todas as amostras eram do subtipo B (1987-1994, 1998, 2001, 2000-2002), e quando analisadas para as mutações de resistência aos NRTIs, NNRTIs e PIs, em comparação aos pacientes que já haviam iniciado tratamento ARV, verificaram que 66% das resistências eram para pacientes em regime ARV; aos PIs, houve porcentagem de mutação baixa em relação as primárias adquiridas, de baixo nível potencial de resistência tanto para NRTIs, NNRTIs e PIs. Em nosso estudo verificamos a presença de três mutações de alta resistência aos NNRTIs (K101E, V108I, G190A) em um de nossos pacientes virgens de tratamento, com o subtipo B, sugerindo que este caso havia se infectado com cepas resistentes. Cerqueira, et al., em 2004, em 19 pacientes, distribuídos entre virgens de tratamento e que haviam iniciado terapia ARV, observaram 17 (89,5%) subtipos B e 2 (10,5%) subtipos F1 com seis mutações de resistência para PI, 2 primárias e 4 secundárias, num total de 8 mutações relacionadas aos inibidores de transcriptase reversa. Nossos resultados são similares em relação ao subtipo B (92,4%) e F1 (3,8%), diferencian dos casos de subtipo C encontrados. Também resultamos em 12 mutações de resistência aos NRTIs e NNRTIs. Em outro estudo, feito também por Cerqueira, et al., 2004, Brasília, com 45 pacientes sem terapia ARV, todos tinham o subtipo B, com 39 (84%) mutações de resistência para PI e RT, com prevalência dessas mutações de 16 (36%) pacientes para NRTI e 14 (31%) pacientes para NNRTI. Em relação ao subtipo mapeado nossos resultados são similares, quanto as mutações de resistência apresentadas, tivemos nas posições K70S e V118I aos NRTIs, e K103R e G190A aos NNRTIs nos casos avaliados. Além disso, com a associação das mutações K101E, V108I, 35 G190A, acarretou alto nível de resistência para DLV, NVP e EFV em um de nossos pacientes. Soares EA, et al., em 2005, com 85 pacientes HIV positivos procedentes do Rio Grande do Sul, verificaram aumento do subtipo C naquele Estado: 38 (45%) eram subtipo C e 35 (42%) subtipo B; com uma mutação de resistência caracterizada. Em nossos pacientes parece haver início de disseminação do subtipo C, pois encontramos dois pacientes que apresentaram esse subtipo. Barreto CC, et al., em 2006, no Estado de São Paulo, com 341 (64%) HIV positivos, entre estes haviam candidatos a doadores de sangue, observaram: 277 (81,2%) subtipo B, 25 (7,3%) subtipo F e 13 (3,8%) subtipo C, com porcentagem de 12,7% de resistência aos inibidores de NRTI, NNRTI e PI. Quando comparamos com nossos dados, verificamos semelhança entre os subtipos encontrados, na sua maioria B, seguidos de F e C. Em relação à resistência aos ARVs, nossos achados revelaram uma porcentagem de 12 (23%) pacientes com resistência aos inibidores NRTI e NNRTI. Cabral, et al., 2006, em 97 amostras de pacientes virgens de tratamento no Espírito Santo, observaram 73 (75,3%) subtipo B, 9 subtipo F (9,3%), 3 subtipo C (3,1%), e 6 (12,4%) recombinações entre os subtipos B/F e F/C; nesta população não foi visto as mutações relacionadas a resistência primária. Nossos dados em relação à avaliação resistência primária e subtipos encontrados entre os pacientes são similares aos encontrados por Cabral. Além disso, verificamos após análise filogenética uma possível CRF entre os subtipos B e C, em uma das amostras. Medeiros, et al., em 2006, Pernambuco, com 84 pacientes virgens de tratamento, observou: 3 mutações de resistência para os NRTIs; 2 (2,4%) M41L e 1 (1,2%) K219E. Não houve mutação de resistência para NNRTIs e PIs. Encontrados: 61 subtipos B (72,6%), 19 F (22,6%), 1 subtipo C (1,2%) e três recombinações entre os subtipos B/F (3,6%). Em relação as CRFs não houve comparação em nossos achados. As mutações de resistência encontradas aos NRTIs, foram nas posições F77L, K70S, V118I e Q151R. Existindo, ainda, em um de nossos pacientes a resistência de potencial nível a intermediária a ABC, AZT, d4T e ddI, com mutação 36 na posição F77L. Ressaltando que essa mutação F77L na ausência de Q151M, não compromete o tratamento ARV aos NRTIs. Queiroz, et al., 2007, em Santa Catarina, verificou que a prevalência do subtipo C tem aumentado no Brasil. O Estado de Santa Catarina tem uma das incidências mais alta do país. Este estudo revelou que 48% eram subtipo C, e 23% subtipo B. Possíveis formas recombinantes foram caracterizadas para B/C (23%) e B/F (6%). No Estado do Amazonas, tivemos o predomínio do subtipo B (48/52), 2 subtipos F e C, respectivamente, mostra a disseminação e variabilidade genética do HIV-1 em nosso meio. O subtipo C é um subtipo virulento em relação aos demais do grupo M. Também podemos comparar a CRF entre os subtipos B/C, o qual foi encontrado para um de nossos pacientes. Ao término do alinhamento de nossas seqüências feito com as três referenciadas para os subtipos B, C e F, verificamos que a amostra AM25RT, antes classificada para o subtipo B após análise no servidor da Universidade de Stanford; que, quando feita análise filogenética, essa amostra teve maior proximidade para o subtipo C. Dessa forma tivemos que utilizar de outra ferramenta a viral genotyping tool (http://www.ncbi.nlm.nhi.gov/projects/genotyping/formpage.cgia) para confirmação deste achado, resultando o subtipo C; por esta razão sugerimos a CRF entre os subtipos B/C. Santos, et al., 2006, realizou um estudo de recombinações entre os subtipos, e também após análise filogenética, mostra resultados entre os subtipos B/C. Utilizamos uma amostra desse estudo, subtipo C (92BR025) para comparar com a AM25RT, e verificamos a similaridade dessa mesma amostra para os subtipos B e C, reafirmando nossos achados (Figura 8). Varella RB, et al., 2007, no Estado do Rio de Janeiro, em 71 amostras de casos HIV/Aids, virgens de tratamento ARV, observaram após análise genotipica, 20 pacientes recém-diagnosticados, subtipo B, sem nenhuma resistência medicamentosa. Nos outros 51, crônicos, 40 (78,4%) subtipo B, 7 (13,7%) subtipo F, e 2 (3,9%) subtipo C,. Somente uma mutação de resistência foi encontrada (1,4%) na posição M184V, demonstrando alta presença de polimorfismo, com relação as baixas resistências primárias aos ARVs nesse grupo. Comparados esses resultados 37 aos de nosso estudo, verificamos um índice maior de resistência primária no Estado do Amazonas, com 12 (23,0%) mutacões de resistência para os NRTIs e NNRTIs. Sá-Ferreira JA, et al. 2007, em 74 amostras de pacientes do Estado do Rio de Janeiro, 21,6% eram amostras de candidatos a doadores de sangue recémdiagnosticados, verificando que o subtipo B, correspondia a 83,8%, o subtipo F a 2,7%, e mosaicos entre B/F 11%; uma amostra evidenciou mutação com alto níivel de resistência para NRTI (M41L e T215S). Para os NNRTIs e PIs nenhuma mutação de resistência foi encontrada. Nossos resultados, revelaram três mutações (K101E, V108I, G190A) em amostra de um paciente crônico, virgem de tratamento, ocasionando um nível de alta resistência ao EFV e NVP para a classe dos ARVs NNRTIs. Bello G., et al. 2007, do Instituto Oswaldo Cruz-RJ, fizeram um levantamento da história demográfica dos subtipos B e F do vírus HIV-1 no Brasil. Até o momento, a maior parte dos pacientes apresenta infecção pelo subtipo B. Já foram também detectados os subtipos C, D e F, assim distribuídos por região: o subtipo C é encontrado no Pará, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Bahia, Alagoas e Rio de Janeiro; o subtipo F, no Amazonas, Pará, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina; o subtipo D, no Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Pará. Neste contexto novamente gostaríamos de o subtipo C, identificado pela primeira vez no Estado do Amazonas, modificando, assim, a distribuição dos subtipos de HIV-1 em nosso país. A resistência primária em 12 (23%) pacientes de nosso estudo, é outro aspecto que julgamos importante ressaltar, pois, os percentuais de resistência no Brasil eram de 7% no ano de 2000 (DIAZ, et al, 2003). Nosso trabalho, apesar de a amostra ser relativamente pequena em relação ao total de doentes em registro ativo no Estado, indica que fatos novos estão ocorrendo. O diagnóstico de subtipos C, pela primeira vez ,é preocupante, face à sua virulência, principalmente naqueles pacientes que ainda não iniciaram tratamento. A resistência aos antiretrovirais, também aponta para que sejam redobrados os cuidados na aderência dos pacientes sob tratamento. 38 Sugerimos, também, a continuidade de estudos, que possibilitem melhor avaliação dos principais subtipos de vírus e resistência medicamentosa, pois são essenciais para que o Programa de Controle de DST/Aids, possa dar propostas adequadas aos clínicos que diagnosticam casos novos, e acompanham pacientes a longo prazo. 39 6 CONCLUSÃO 1) Quando associamos os genótipos encontrados com o estágio clínico dos pacientes que ainda não haviam iniciado terapia antiretroviral, verificamos que somente um caso, subtipo B, apresentou um nível alto de resistência aos antretrovirais NNRTIs, bem como o resultado de contagem de linfócitos T-CD4+, sugestivo de tratamento. Os demais ficaram associados a infecções agudas para o HIV, devido ao resultado de contagem dos linfócitos T-CD4+ não ultrapassarem 500350 células/mm3, limite baseado para início de tratamento. 2) A caracterização das mutações de resistência (resistência primária) encontrada foi alta em relação a outros estudos brasileiros; pois, além das 12 (23%) resistências encontradas em 52 pacientes, verificamos, alta resistência aos ARVs NNRTIs em um desses pacientes, virgem de tratamento – este paciente tem sido internado varias vezes em decorrência de intecorrências relacionadas à AIDS. 3) Em relação à genotipagem, caracterizamos as formas circulantes para o grupo M do HIV-1, os subtipos B, F1 e C. Esta é a primeira vez, que se identifica o subtipo C em pacientes procedentes do Estado do Amazonas. Além, da possível CRF B/C encontrada em um de nossos pacientes. 4) Apesar do número limitado de pacientes, os dados de resistência primária em 12 (23%) pacientes é preocupante, indicando que mais enfermos devam ser avaliados, para que se tenham dados mais robustos, inclusive em relação a resistência secundária. 5) Através deste trabalho, foi dado início a implantação da genotipagem e avaliação da resistência primária aos antiretrovirais na FMT-AM. Este fato, para nós, é importante, pois, até o momento todas as amostras de sangue para genotipagem são enviadas para fora do Estado, com demora de vários meses e conseqüentes prejuízos para o tratamento adequado dos pacientes. 40 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIDSCAP; THE FRANÇOIS - XAVIER BAGNOUD CENTER FOR HEALTH AND HUMAN RIGHTS OF THE HAVARD SCHOOL OF PUBLIC HEALTH. UNAIDS, (orgs.) The status and trends of global HIV/AIDS pandemic, 1996. ARNOLD, C., BARLOW, KL.; KAYE, S; LOVEDAY, C; BALFE, P; CLEWLEY, JP. 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