E o que é a Experiência de Consumo? Uma retomada na Literatura de Marketing e proposta de quadros para interesses de Futuras Pesquisas. Autoria: Bruna Silva de Melo Resumo Experiência dentro dos estudos de marketing pode ser interpretada sobre diversas vertentes. Pesquisadores contextualizaram definições que permitissem maior compreensão do construto no que tange sua mensuração. Este artigo visa expor os diferentes conceitos de experiência de consumo com interesse de ser um guia prático de definições e suas particularidades. Aproveitando as lacunas sobre o tema experiência, o presente artigo faz uma retomada no volume de publicações que o envolvem nos últimos dez anos para esclarecer a importância que temos direcionado a ele, por meio de quadros de publicações nacionais e internacionais. Por fim, são apresentadas propostas para novas pesquisas. Palavras-chave: experiência, consumidor, publicações, pesquisas. 1. Introdução Embora não haja na literatura de Marketing uma definição exata para o construto Experiência, autores como Pullman e Gross (2003) investigaram uma gama de definições e abordagens sobre o tema para, mais tarde, relatarem que em suma a experiência se constitui da interação do consumidor com diversos aspectos de um mesmo produto, sendo esta fundamental para a definição do construto na prática. Para Csikszentmihalyi (1990), é um intenso grau de sentimento positivo oriundo de uma completa absorção e envolvimento por parte do consumidor, e que deste modo, transforma-se em algo memorável na percepção do mesmo. Holbrook e Hirschman (1982), autores reconhecidos no estudo de experiência e suas ligações com analises psicológicas do consumo, acreditam que a busca do consumidor por sensações mais fantasiosas tem o aproximado de vivenciar emoções mais sólidas e que consequentemente permitem uma maior absorção dos conceitos de experiência. Dessa forma, as características de experiência do consumidor são aproximadas de questões hedônicas, simbólicas, fantasiosas, sentimentais, sensitivas e divertidas. Tudo isso para efetivamente criar para o consumidor uma atmosfera de experiência de consumo (HOLBROOK; HIRSCHMAN,1982). Tratando-se de atmosfera de loja, Kotler (1973) o define como um espaço que tem a capacidade de gerar diversos efeitos comportamentais sobre a ótica do consumidor. Turley e Milliman (2000) apontam que ao entrar em uma atmosfera de loja o consumidor se depara com uma série de estímulos e isso pode exercer sobre essa atmosfera dois tipos diferentes de respostas: a de aproximação e de afastamento. Fica assim definido que o tempo de permanência que o consumidor manterá na atmosfera de loja será influenciado pelas emoções que estão atribuídas nas experiências de consumo (HOLBROOK; GARDNER, 1998). Donovan e Rossiter (1982), afirmam que a emoção, relacionada com as experiências do consumidor, é um fator totalmente decisivo nesse contexto, dado a ligação que ocorre entre consumidor e os fatores ligados aos aspectos da compra. Porém, além da ótica das emoções, diversos outros fatores são relacionados com experiências de consumo, a citar, o fator hedônico ligado ao comportamento de compra. As respostas geradas pelos fatores hedônicos seriam a essência primordial das experiências do consumidor (BETTMAN, 1979). Diante desse contexto e suas características apresentadas, o presente artigo tem por objetivo expor o assunto de experiência de consumo de forma a: expor diferentes definições de diferentes pesquisadores que trabalham com o tema; demonstrar o ambiente no qual as experiências de consumo se insere dentro da atmosfera de loja e por fim, propor alguns quadros de analise sobre a quantidade e variedade de artigos que existem em contexto nacional e internacional sobre o tema, visando uma maior atenção do tema diante de atuais e futuros pesquisadores de comportamento do consumidor. Apresenta-se por tanto, uma revisão bibliográfica sobre as definições de experiência encontradas em diversos autores, bem como a atmosfera na qual se insere e sobre algumas das variáveis diretamente relacionadas com experiência. Por fim, apresenta-se 3 quadros de demonstração sobre o que as bibliografias internacionais nos apresentam em termos de volume de publicações e uma analise em 3revistas brasileiras para possíveis comparações de desenvolvimento de pesquisas. Após, apresenta-se a conclusão e proposta para futuras pesquisas. 2. Definições de Experiência de Consumo e suas Particularidades O impacto da experiência de varejo sobre a atitude do consumidor tem uma longa história com a pesquisa, que remonta mais de 30 anos (TURLEY; MILLIMAN, 2000). Ao 2 passar dos últimos 40 anos, muito se tem falado sobre experiência de consumo. A fuga da realidade em busca de sensações mais fantasiosas tem aproximado o consumidor da busca por excitações sensoriais-emocionais de modo a absorver de forma mais consistente o conceito de experiência (HIRSCHMAN, 1982). Embora não haja ainda na literatura de Marketing uma definição exata para tal construto, autores como Pullman e Gross (2003) investigaram uma gama de definições e abordagens sobre o tema para, mais tarde, relatarem que em suma a experiência se constitui da interação do consumidor com diversos aspectos de um mesmo produto. Para melhor abordagem desse tema é necessário entender alguns aspectos provenientes ao comportamento do consumidor. Experiência foi categorizada como um dos fatores influenciadores do comportamento do consumidor (CARO et al., 2011). Para Csikszentmihalyi (1990) é um intenso grau de sentimento positivo oriundo de uma completa absorção e envolvimento por parte do consumidor, e que deste modo, transforma-se em algo memorável na percepção do mesmo. Diferentemente destes posicionamentos, Gupta e Vajic (1999) afirmam que a experiência em si, é constatada quando a priori o consumidor tem qualquer tipo de sensação ou conhecimento que tenha sido atribuído ao grau de interação que teve com os diferentes atributos de uma determinada situação na atmosfera de loja. Com o avanço dos interesses nessa área e a busca por explicações mais definidas sobre como mensurar experiências, pesquisadores de diferentes períodos vem tentando desenvolver melhores escalas e modelos para medir mais fielmente as experiências de consumo, a citar: Thompson et al. (1989), Richins (1997) e Malhotra (2001). Partindo do pressuposto que existem tais lacunas na literatura quanto à mensuração precisa da experiência de consumo, diversos autores têm abordado uma via multidimensional para o construto. Dentro dessa lógica, Bitner (2000) expunha uma idéia de contextualizar como parte deste construto uma visão de ambiente físico, tais como temperatura, música, lay-out, decorações, etc., e de ambiente social, bem como as interações sociais propriamente. Alguns pesquisadores, por sua vez, relacionam experiência com aspectos hedônicos, simbólicos, fantasiosos, sentimentais, sensitivos e divertidos (HOLBROOK; HIRSCHMAN, 1982). Posteriormente e corroborando a esse conceito, Pullman e Gross (2003) aproximaram o conceito do construto experiência com fatores emocionais e pessoais, aproximando-os de alguns atributos tais como as experiências anteriormente vivenciadas pelo consumidor, o seu humor e os traços mais fiéis de sua personalidade. Dentro ainda dos aspectos hedônicos, Daucé et al. (2004) direcionam o construto para uma linha que vai além, direcionando a um viés lúdico e teatral, ligado diretamente às experiências de compra do consumidor na atmosfera da loja. Há ainda autores que digam que o ambiente criado na loja, tal como o estímulo dos cinco sentidos, cria uma tendência experiencial de marketing e, consequentemente a isso, - dada uma boa experiência do consumidor nesse ambiente -, o número de vendas tende a aumentar na medida em que o consumidor se sente mais confortável em tal atmosfera (UNDERHILL, 1999; DARPY; VOLLE; 2003). A questão dos estímulos, levantada pelos autores têm se mostrado um campo de grande crescimento dentro dos estudos de marketing, pelo simples fato de tornarem-se diferenciais competitivos para os profissionais da área (BAKER et al., 1992; DAUCÉ et al., 2004). Prahalad e Ramaswamy (2003) relacionam experiência com a abordagem de valor. Alguns autores que anteriormente afinaram o conceito de experiência com valor foram Mathwick, Malhotra e Rigdon (2001), dividindo as experiências em dois ramos de benefícios: aqueles mais utilitários e funcionais e aqueles mais individuais e pessoais. Mais tarde, Lusch (2007) dividiu os estudos de marketing em três diferentes ênfases e uma delas, por sua vez, foi direcionada exatamente para a co-produção envolvendo valor. Tal ênfase estaria, portanto, ligada diretamente à criação de espaços interativos e de experiências para o consumidor. 3 Uma experiência pode ser rica em valor e, para Holbrook e Corfman (1985), valor experiencial é baseado nas interações que os consumidores vivenciam tanto no uso direto como na valorização de bens e serviços. Nessa vertente, Batra e Ahtola (1991) afirmam que esse contexto abrange tanto benefícios intrínsecos quanto extrínsecos, sendo o primeiro decorrente da apreciação de uma experiência por si só, independente das conseqüências que possam resultar desse processo (HOLBROOK, 1994) e o segundo, vem a ser o consumidor que em grande parte das vezes é feliz simplesmente por participar do processo (BABIN et al., 1994). Em outras palavras, os valores intrínsecos estão ligados com a estética, ou seja, elementos visuais e aspectos de diversão ou drama no desempenho do serviço no varejo (BELLENGER et al., 1976). Já os valores extrínsecos estão ligados com excelência de serviços, ou seja, reflete a valorização do consumidor em frente a promessas idealizadas sobre as experiências comprovadas no que tange desempenho (ZEITHAML, 1988). 3. Experiência e sua Atmosfera O campo de conceitos onde se insere as questões de experiência é imenso e envolve diferentes aspectos conceituas e desmembramento de outros campos de estudo. Isso devido ao fato de que tais aspectos da experiência de consumo necessitam da atmosfera de loja para se desenvolver. Segundo Kotler (1973) a palavra atmosfera define um espaço que tem a capacidade de gerar diversos efeitos comportamentais sobre a ótica do consumidor. Nessa lógica, a atmosfera cria ambientes que geram determinados efeitos emocionais e que em decorrência disso, aproximam o consumidor das maiores probabilidades de compra. Essa influencia situacional, causada pelo ambiente de compra, permite uma maior possibilidade de modelagem do comportamento do consumidor (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2001). Concomitante a essa visão, Mowen e Minor (2003) relatam que a atmosfera de loja, dado seu caráter de proporcionar certos mecanismos, tais como aqueles dos cinco sentidos, influencia de forma significativa as percepções do consumidor. No viés dos estudos fenomenológicos, experiência é vista como uma parte do universo da psicologia e como tal, recebe tratamento de objeto de estudo da área (KOCH, 1964). Dessa forma, permeando as questões da psicologia, podemos atribuir definições da experiência ligadas com a psicologia ambiental. Os estudos nessa área apontam que ao entrar em uma atmosfera de loja o consumidor se depara com uma série de estímulos e sendo assim, pode exercer sobre essa atmosfera dois tipos diferentes de respostas: a de aproximação e de afastamento (TURLEY; MILLIMAN, 2000). Spangenberg et al. (1996) aproximam as questões de psicologia ambiental como sendo um paradigma na área de comportamento do consumidor no que tange a influência exercida na atmosfera de loja pela relação estimuloprocessamento-resposta (E-P-R), que são explorados dentro deste campo. Dentro dessa abordagem de E-P-R, a explicação seria que os elementos presentes em uma atmosfera de loja são estímulos (E) que geram por parte do consumidor uma avaliação (P) e por fim, resultam em uma resposta de comportamento (R) (DONOVAN; ROSSITER, 1982). Para Underhill (1999) ao entrar em uma atmosfera de loja o consumidor não esta somente adquirindo um produto ou serviço e sim, vivenciando uma experiência de compra que envolve questões corporais e diversos sentidos para realizar uma avaliação mais concreta do universo na qual esta efetuando a compra. Dentro dessa logica é que fica definido o tempo de permanência que o consumidor manterá na atmosfera de loja e, consequentemente, será influenciado pelas emoções que estão atribuídas nas experiências de consumo (HOLBROOK; GARDNER, 1998). Para Baker (1987), devemos considerar três dimensões na atmosfera da loja, sendo elas a de design, a ambiental e a social. Tal proposta gera ao consumidor respostas emocionais, cognitivas e comportamentais (DONOVAN et al., 1994). Gardner (1985) aborda 4 o tema explorando o pelo campo da psicologia ambiental, que conduz à ideia de que a atmosfera exerce considerável influencia sobre o estado emocional dos consumidores. Esse estado emocional, segundo Donovan e Rossiter (1992), é resultado direto da interação entre todos os elementos e atributos presentes na atmosfera de loja e por sua vez, reflete no comportamento apresentado por esses consumidores expostos a tais atributos. Estas questões sobre definições de atmosfera de loja são mais antigas do que se supunha. Embora boa parte da literatura mencione Kotler (1973) como o precursor desse assunto, alguns autores fizeram suas primeiras colocações sobre o tema anteriormente a isso, tal como Kotzan e Evanson (1969), Cox (1970), Frank e Massey (1970) e Curham (1972). As emoções são compostas por uma gama de sentimentos, sejam eles positivos ou negativos, e formam uma base importante para o consumo em relação as perspectivas de experiências bem sucedidas (PLUTCHIK, 1980). Levy (1980) relata que todo produto pode ter um significado simbólico. Para Hausman (2000) os produtos adquiridos em uma experiência de compra é o menos importante, dado que o maior foco neste caso esta voltado para a própria satisfação adquirida nas necessidades de caráter hedônico. Segundo Bloch et al. (1986) o consumidor inconscientemente busca por essa experiência de consumo, através do tempo que dispõe dentro da atmosfera de loja para adquirir maiores conhecimentos sobre o que esta comprando. Neste momento é que a necessidade de experiências prazerosas surge para o consumidor. Corroborando a esse pensamento, Babin et al. (1994) afirmam que este tempo que o consumidor dispõe para vivenciar experiências na atmosfera de loja gera estados emocionais muito mais positivos do que comumente o fariam e, consequentemente, aumenta as possibilidades do consumidor vivenciar a necessidade eminente da compra. Tal envolvimento do estado emocional é o que, segundo Beatty e Ferrel (1998), gera a necessidade emergencial de consumo no comportamento do consumidor. 4. Variáveis ligadas as Experiências de Consumo Algumas variáveis são comumente integradas ao assunto de experiência de consumo na literatura de Marketing. Isso devido as suas particularidades com o tema de comportamento do consumidor, e que por sua vez envolve características psicológicas diretamente ligadas a elas, tais como os aspectos hedônicos do consumo e as emoções ligadas a este processo. A perspectiva hedônica no comportamento de compra do consumidor também caracteriza um ambiente de experiências multisensoriais para gerar respostas de consumo (BERLYNE, 1971). Hirschman e Holbrook (1981) também expõem a importância do consumo simbólico e suas relações estreitas com experiências de caráter hedônico. Para Swanson (1978) estas idéias se completam, pois o consumidor é absorvido na realidade criada pelo produto. À luz de tais perspectivas sobre as características hedônicas no consumo, são inclusos as experiências psicológicas que, em suma, acompanham o processo de utilização de um produto. Dessa forma, as respostas geradas pelos fatores hedônicos seriam a essência primordial das experiências do consumidor (BETTMAN, 1979). Por outro lado temos o envolvimento da emoção nas experiências de consumo e diversas análises foram realizadas para tentar definir claramente o que seria uma emoção. Para Donovan e Rossiter (1982), a respeito dos comportamentos de compra, a emoção é um fator totalmente decisivo nesse contexto. Plutchik (1980), por sua vez, analisou vinte e oito diferentes tipos de definições e concluiu que dentre elas, não ficou evidente uma clara diferença a considerar. Entretanto, uma dentre as mais bem aceitas definições para emoção foi dada por Ortony et al. (1987), que explicitou que se trata de uma reação afetiva em relação à percepção de uma situação. Embora a mensuração dessa variável emoção ainda seja 5 inadequada e talvez inconsistente, alguns autores se dispuseram a estudar suas características quanto a utilização de produtos (HOLBROOK et al., 1984) e em serviços (OLIVER,1994). Outras pesquisas mais específicas analisaram a relação entre as emoções e a satisfação, tais como Westbrook (1987) e Mano e Oliver (1993). Todos esses pesquisadores encontraram em suas pesquisas importantes fundamentações das respostas dadas pelos consumidores ás emoções. Os pesquisadores de marketing quando necessitam medir emoções, geralmente se utilizam das medidas desenvolvidas pelos próprios teóricos da área de psicologia (RICHINS, 1997). 5. Proposta de quadros de Pesquisas A fim de levantar dados científicos sobre o envolvimento do assunto de experiência do consumidor dentro das pesquisas publicadas, este artigo trás dois quadros com diferentes focos: o primeiro aborda um levantamento feito nas pesquisas múltiplas de periódicos, artigos e livros internacionais sobre experiência do consumidor, usando como palavras-chaves - a fim de facilitar a busca e maior abrangência do conteúdo -: experience, experiential, experiential value e consumer experience. Os achados foram separados pelos períodos de relevância e distinguidos entre as duas áreas de interesse do tema: Administração, Contabilidade e Economia e Ciências da Saúde (Psicologia), bem como mostra o quadro 1. O segundo quadro aborda um levantamento feito entre os anos de 2002 e 2011 sobre o assunto experiência do consumidor para publicações em revistas brasileiras. Levou-se em consideração a utilização do filtro de palavras chaves para maior abrangência na busca que consideraram: experiência, experiencial, valor e experiência do consumidor. As revistas brasileiras analisadas foram as demonstradas no quadro 2. Tais demonstrações evidenciam a evolução de publicações envolvendo o tema de experiência do consumidor ao longo dos anos e seus interesses em pesquisas e futuras oportunidades na área. Abaixo, no quadro 1, tais características ficam evidentes: Quadro 1 – Comparativos de publicações entre áreas que estudam experiência. Fonte: elaboração da autora segundo banco de dados de Pesquisa Múltipla - Biblioteca - PUCRS 6 É possível observar, para fins de pesquisa que a área da saúde, e que compreende-se aqui que esteja mais voltada à área de psicologia, esteja tão ou mais interessada em discutir, pesquisas e mensurar as experiências do consumidor do que a própria área de Administração o faz, dentro de suas vertentes de pesquisa em marketing e comportamento do consumidor. Abaixo, no quadro 2, é possível verificar o nível de publicações brasileiras na área para, mais tarde, comparar-se o primeiro com o segundo quadro visando a análise de quantidade e qualidade do que se publica no Brasil e fora dele em termos de experiência de consumo. Quadro 2 – Comparativo das publicações nas Revistas Brasileiras Fonte: elaboração da autora segundo banco de dados das revistas RAC, RAE e REAd. Após os levantamentos das buscas nas três revistas de referência constatou-se ausência de artigos sobre experiências do consumidor num contexto direto do assunto, tendo alguma relevância apenas as questões relacionadas a Valor. Em um terceiro levantamento, para vias de conferência, nas buscas realizadas on-line o levantamento sobre as mesmas palavras-chave no Google Acadêmico geraram os seguintes resultados: Quadro 3 – Análise das buscas realizadas na Internet Fonte: elaboração da autora segundo banco de dados do Google Acadêmico. As buscas, em todas as instâncias, foram realizadas para verificar os achados que envolvam o assunto de experiência do consumidor em alguma das categorias que se conectem diretamente ou indiretamente ao tema. O espaço para desenvolvimento de mais pesquisas na área é grande e constata diversas lacunas teóricas para interesse dos pesquisadores. 7 6. Conclusões e direções para novas pesquisas A ideia central do presente artigo foi criar um guia de referencial teórico acerca do tema de experiência de consumo. A palavra experiência no contexto geral e até mesmo dentro do contexto de marketing recebe diferentes significado e, o que se buscou definir nos achados literários foram exatamente os conceitos e significados que os autores da área de marketing e comportamento do consumidor têm dado ao assunto. Dessa forma, conceitos de diferentes vertentes foram salientados, envolvendo algumas variáveis que não podem ser excluídas quando tal assunto é abordado, bem como as emoções, caráter hedônico, comportamento e atmosfera de loja. Com a busca literária sobre o tema, foi possível constatar que ainda existem muitas lacunas para explorar esse conceito e até mesmo suas definições mais precisas para melhor habilita-la a mensurar o construto dentro das pesquisas. Brasil (2007) em seu artigo sobre experiência retrata os conceitos do tema, propondo uma agenda de pesquisa e instigando outros pesquisadores a darem atenção a ele no que tange suas possibilidades e aprimoramentos para uma melhor mensuração do comportamento do consumidor. Tendo em vista que ao longo do tempo essas questões ainda permanecem abertas, as lacunas teóricas de pesquisa permanecem próximas e por tanto, tendo em vista a orientação de conceitos e abordagens do tema em publicações nacionais e internacionais, este artigo propõe para futuras pesquisas uma maior análise sobre as vertentes que possibilitem, dada as variáveis que envolvem sua construção, uma maior possibilidade de aplicação de ferramentas e escalas que tornem mais fidedignos os resultados de futuras pesquisas neste campo. Muitos artigos que abordam o assunto tentam, da melhor forma possível, expor ou exemplificar as melhores e mais confiáveis formas de mensurar as experiências do consumidor. Sendo assim este artigo também propõe, em segunda instância, a avaliação e estudos que foquem em como pode ser mais bem mensurado esse construto em diferentes estudos dentro da atmosfera de loja. Mathwick, Malhotra e Rigdon (2001), por exemplo, propuseram uma escala para valor experiencial, que seria em suma uma ferramenta, segundo os autores, essencial para todos os pesquisadores interessados em mensurar valores entregues aos consumidores dentro de tal atmosfera. Aproximação com emoções, humor, características hedônicas e outras variáveis, podem vir a proporcionar estudos mais precisos no que tange a mensuração do construto. Por fim, o artigo visa motivar futuros pesquisadores a explorar o assunto e enriquecer seu quadro de publicações nacionais. Referências Bibliográficas BAKER, Julie. (1987). The role of environment in marketing services: the consumer perspective. In The services challenge: integrating for competitive advantage. Chicago: American Marketing Association, p.79-84. BAKER, Julie; LEVY, Michael; GREWAL, Dhruv. (1992). An experimental approach to making retail store environmental decisions. Journal of Retailing, v. 68, n. 4, p. 445-460. BATRA, Rajeev; AHTOLA, Olli T. (1991). Measuring the Hedonic and Utilitarian Sources of Consumer Attitudes. Marketing Letters, 2 (April), p. 159 –170. BEATTY, Sharon; FERREL, Elizabeth. (1998). Impulse buying: modeling its precursors. Journal of Retailing, v. 74, 2. 8 BELLENGER, Daniel N., STEINBERG E.; STANTON W. (1976). The Congruence of Store Image and Self Image. Journal of Retailing, 52 (Spring), p. 17–32. BITNER, Mary Jo. (1990). Evaluating service encounters: the effects of physical surroundings and employee responses. Journal of Marketing, v. 54, n. 2, p. 69-82. BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Paul W.; ENGEL, James F. (2001). Consumer behavior. 9. ed. Ohio: South-Western. BLOCH, Peter; SHERELL, Daniel; RIDGWAY, Nancy. (1986). Consumer search: an extended framework. Journal of Consumer Research, v. 13, p.119-126. CARÙ, Antonella; COVA, Bernard. (2005). The Impact of Service Elements on the Artistic Experience: the case of classical music concerts. International Journal of Arts Management, vol. 7, nº 2, p. 39-54. CLORE, Gerald L.; ORTONY, Andrew; FOSS, Mark A. (1987). The Psychological Foundations of the Affective Lexicon. Journal of Personality and Social Psychology, 53 (October), p. 751–755. COX, Keith K. (1970). The effect of shelf space upon sales of branded products. Journal of Marketing Research, v. 7, n. 1, p. 55-58. CURHAM, Ronald C. (1972). The relationship between shelf space and unit sales in supermarkets. Journal of Marketing Research, v. 9, n. 4, p. 406-412. DARPY, Denis; VOLLE, Piere. (2003). Comportements du consommateur. Paris: Dunod. DAUCÉ, Bruno; DION, Delphine; GALLOPEL, Karine; RÉMY, Éric; RIEUNIER, Sophie; ROULLET, Bernard. (2004). Le marketing sensoriel du point de vente: créer et gérer l’ambiance des lieux commerciaux. Dunond: Paris. DONOVAN, Robert J.; ROSSITER, John. R. (1982). Store atmosphere: an environmental psychology approach. Journal of Retailing, v. 58, n. 1, p. 34-57. DONOVAN, Robert J.; ROSSITER, John R.; MARCOOLYN, Gilian; NESDALE; Andrew. (1994). Store atmosphere and purchasing behavior. Journal of Retailing, v. 70, n. 3, p. 283294. DUBÉ, Laurette; LE BEL, Jordan; SEARS, Donna. (2003). From Customer Value to Engineering Pleasurable Experiences. Cornell Hotel and Restaurant Administration Quarterly, vol. 44, nº 5/6, p. 124-130. FRANK, Ronald E.; MASSY, William F. (1970). Shelf position and space effects on sales. Journal of Marketing Research, v. 7, n. 1, p. 59-66. GARDNER, Meryl P. (1985). Mood states and consumer behavior: a critical review. Journal of Consumer Research, v. 12, n. 3, p. 281-300. 9 HAUSMAN, Angela. (2000). A multi- method investigation of consumer motivations in impulse buying behavior. Journal of Consumer Marketing, 17, p. 403-419. HOLBROOK, Morris B.; HIRSCHMAN, Elizabeth C. (1982). The experiential aspects of consumption: consumer fantasies, feelings, and fun. Journal of Consumer Research, v. 9, n. 2, p. 132-140. HOLBROOK, Morris B.; CORFMAN, Kim P. (1985). Quality and Value in the Consumption Experience: Phaedrus Rides Again, p. 31–57 in Perceived Quality: How Consumers View Stores and Merchandise, Jacob Jacoby and Jerry C. Olson (Eds.), Lexington, MA: Lexington Books. HOLBROOK, Morris B. GARDNER, Meryl P. (1998). How motivation moderates the effects of emotions on the duration of consumption. Journal of Business Research, v. 42, n. 3, p. 241-252. KOTLER, Philip. (1973). Atmospherics as a marketing tool. Journal of Retailing, v. 49, n. 4, p. 48-64. KOTZAN, Jeffrey A.; EVANSON, Robert V. (1969). Responsiveness of drug store sales to shelf space allocations. Journal of Marketing Research, v. 6, n. 4, p. 465-469. LUSCH, Robert; VARGO, Stephen; O’BRIEN, Matthew. (2007). Competing Through Service: insights from service-dominant logic. Journal of Retailing, vol. 83, n. 1, p.5-18. MALHOTRA, Naresh. K. (2001). Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman. MANO, Haim; OLIVER, Richard L. (1993). Assessing the Dimensionality and Structure of the Consumption Experience: Evaluation, Feeling, and Satisfaction. Journal of Consumer Research, 20 (December), p. 451 – 466. MATHWICK, Charla; MALHOTRA, Naresh; RIGDON, Edward. (2001). Experiential value: conceptualization, measurement and application in the catalog and Internet shopping environment. Journal of Retailing. 77, p. 39 –56. MOWEN, John C.; MINOR, Michael. (2003). Comportamento do Consumidor. 1. ed. São Paulo: Prentice Hall. OLIVER, Richard L. (1994). Conceptual Issues in the Structural Analysis of Consumption Emotion, Satisfaction, and Quality, in Advances in Consumer Research. UT: Association for Consumer Research, vol. 21, p.16 – 22. ORTONY, Andrew; CLORE, Gerald L.; COLLINS, Allan. (1988). The Cognitive Structure of Emotions, Cambridge: Cambridge University Press. . PLUTCHIK, Robert. (1980). Emotion: A Psycho evolutionary Synthesis, New York: Harper & Row. 10 PRAHALAD, C. K.; RAMASWAMY, Venkatram. (2004). The New Frontier of Innovation Experience. MIT Sloan Management Review, vol. 44, nº 4, p. 12-18. PULLMAN, Madeleine; GROSS, Michael. (2003). Welcome to Your Experience: where you can check out anytime you´d like, but you can never leave. Journal of Business and Management, vol. 9, nº 3, p. 215-232. RICHINS, Marsha L. (1997). Measuring emotions in the consumption experience. Journal of Consumer Research, v. 24, n. 2, p. 127-146. SPANGENBERG, Eric R.; CROWLEY, Ayn E.; HENDERSON, Pamela W. (1996). Improving the store environment: do olfactory cues affect evaluations and behaviors? Journal of Marketing, v. 60, n. 2, p. 67-80. THOMPSON, Craig; LOCANDER, William; POLLIO, Howard. (1989). Putting Consumer Experience Back Into Consumer Research: the philosophy and method of existential phenomenology. Journal of Consumer Research, vol. 16, n. 2, p.133-146. TURLEY, L.W.; MILLIMAN, Ronald E. (2000). Atmospheric effects on shopping behavior: a review of the experimental evidence. Journal of Business Research, v. 49, n. 2, p. 193-211. UNDERHILL, Paco. (1999). Vamos às compras: a ciência do consumo. Rio de Janeiro: Campus. ZEITHAML, Valarie A. (1988). Consumer Perceptions of Price, Quality, and Value: A Means-End Model and Synthesis of Evidence. Journal of Marketing, 52 (July), p. 2–22. WESTBROOK, Robert A. (1987). Product/Consumption-Based Affective Responses and Postpurchase Processes. Journal of Marketing Research, 24 (August), p. 258–270. 11