A era corporativa da Apple pós-Steve Jobs Há dois anos e meio, Steve Jobs perdia sua batalha contra o câncer de pâncreas, e, agora, é hora de olhar para a nova Apple, e deixar o fundador da companhia descansar em paz Realizar um resumo desse texto e encaminhar para o EMail: [email protected]. O Resumo pode ser realizado em dupla. O mundo corporativo, de repente, se viu numa situação absolutamente inusitada: os empregados estavam levando para dentro da empresa seus próprios dispositivos, buscando alternativas ao mundo quadrado dos Windows e BlackBerrys. A estrela desse movimento era o iPhone, que conquistava, não somente os colaboradores da base da pirâmide, mas, principalmente os diretores. Foi a inovação do ambiente corporativo, principalmente em sua forma de experimentação de conteúdo. Dois anos depois, novamente, o consumo de dispositivos voltados para usuários finais voltava para dentro das empresas de forma muito poderosa com o iPad e, novamente, os c-levels queriam aquele device para trabalhar, para interagir e mostrar o novo status. O BlackBerry não era mais suficiente, novamente. Outra inovação. O design dos equipamentos, o apelo da marca, as curvas dos iPhones e iPads, as interfaces intuitivas, que promoviam a real interação entre homem e máquina, a espessura mínima, repleta de poder, e a revolução do mercado de consumo corporativo. As empresas ganhavam, de fato, algo para chamar de inovação. Steve Jobs, fundador da Apple e um dos líderes mais pragmáticos do mundo da tecnologia, design e marketing, perdeu sua batalha contra um câncer de pâncreas – que surgiu em 2004 – e, de lá para cá, as ações da empresa saltaram dos US$ 378 para os atuais US$ 650, sendo que chegaram a ultrapassar a marca dos US$ 700, levando a companhia ao mais alto nível de mercado de todos os tempos. Nestes um ano e meio, a Apple atualizou seus sistemas operacionais, agora Mac OS Mountain Lion e iOS 6, renovou sua linha de iMacs, lançou a Apple TV, aumentou o poder do iPad e reformulou o iPhone para sua versão 5. Porém, como é fato sabido de todo o mercado, todas essas inovações ainda contaram com o dedo de Steve Jobs e suas projeções de futuro. O sistema e voz Siri, lançado junto ao iPhone 4S um dia antes da morte de Jobs, também contou com suas críticas. Mas o mercado de consumo espera por mudanças visuais, táteis, e a falta dessa imaginação e criatividade, que Steve Jobs dizia estar no DNA da empresa, está incomodando tanto, que as pessoas passaram a esperar por inovações vindas da Microsoft, Google e Samsung, sendo que, na verdade, aquele movimento do “The Next Big Thing” ainda não chegou. A questão é que o mercado está sendo invadido por reformulações que, aqui entre nós, já haviam sido pensadas por Jobs - Ultrabooks/ Macbook Air, por exemplo. O maior medo de fãs e admiradores da Apple é que a empresa tenha “apenas” se tornado muito rentável, perdendo a essência da inovação. As Apple Stores contam com muito mais movimento, estão mais espalhadas e são modelos para muitas companhias de varejo em todo o mundo, até mesmo de concorrentes diretos, mas não há mais aquela preocupação em excesso de alguém por vidros mais finos e claros, pedras de mármore que demonstrem mais pureza ou, em outras palavras, o minimalismo de Steve Jobs. Aliás, essa capacidade de ser minimalista e absolutamente crítico, sem medo de negar uma ideia que não fosse “perfeita”, foi o que tornou a Apple um ícone no mercado da tecnologia, fazendo com que todos os concorrentes corressem atrás de construir devices tão inovadores e com tanto apelo quanto os que a fabricante de Cupertino fazia. Apple se tornou status. Será que o Apple Maps sairia do papel com Jobs por perto? Dificilmente, acredito eu, pois Jobs faria uma pesquisa tão minuciosa em todo o sistema, que certamente os erros grotescos que vimos recentemente teriam passado pelo crivo. Será que as capacidades do Siri estariam estagnadas em seu processo evolutivo? Sabemos que ele queria construir uma tecnologia que fosse semântica e cognitiva, que respondesse aos usuários de acordo com seus diferentes comportamentos – pois somos diferentes. Hoje, o Siri responde para mim o mesmo que responde para você, e isso não é mais inovação. O Watson, da IBM, hoje se mostra como um dos maiores rivais dessa tecnologia, pois a Big Blue está trabalhando forte para conseguir colocar todas as capacidades do vencedor do Jeopardy! em dispositivos móveis, de forma nativa em diferentes sistemas operacionais ou como aplicação como serviço. Engraçado como essa passa a ser uma preocupação da Apple. Hoje, todas as grandes empresas querem ser “as Apples de seus clientes”, pois fidelizar as pessoas está cada vez mais complexo, e o mundo imediatista faz com que as pessoas troquem, todo o tempo, de time – algo que raramente vemos na Apple, principalmente pós-Steve Jobs, pois o trabalho que ele começou com design e marketing, Cook expandiu com o poder das operações alinhadas globalmente. Se fizermos uma análise bem clara, a Apple, de fato, ganhou tantos clientes quanto consumidores. As operadoras de telecomunicações fizeram planos corporativos especiais devido a demanda por iPads e iPhones, integradoras como Scopus e PromonLogicalis, no Brasil, foram nomeadas para abraçar todas as oportunidades dos movimentos de estruturação de programas de Traga o Seu Próprio Dispositivo (BYOD), pois a consumerização tem a cara da maçã, se é que vocês me entendem. As empresas que pensam em análise de big data, que vendem soluções para monitoramento e gestão de redes e sistemas, que comercializam sistemas para comunicação wireless, ou seja, todas as empresas que hoje vêm cloud computing (computação nas nuvens), mobilidade e aplicações como as maiores oportunidades de negócios de todos os tempos, devem, de certa forma, agradecer à chatice de Steve Jobs. Não, ele não mudou a indústria sozinho, mas, convenhamos, ele é a causa e efeito dos nossos maiores fenômenos atuais, das maiores discussões, pois, junto a sua equipe na Apple, criou as ferramentas certas, com apelo certo, para ampliar todas as possibilidades de otimização de força de trabalho, colaboração e compartilhamento – e outros fenômenos que estavam online (Twitter, Facebook, LinkedIn etc) estavam, apenas, esperando que essas armas estivem em posse das pessoas. As equipes comerciais da Apple em todo o mundo cresceram e este, aliás, é o caso da operação nacional da companhia, que apenas conta com time de vendas, suporte e comunicação, pois todo o restante é provido pela sede. Muita coisa pode não ter mudado visualmente, mas a Apple passa pelo processo de “autoinovação”, com novas demandas e desafios. Ou seja, é hora de deixar Steve Jobs descansar em paz e começar a pensar na inovação por Tim Cook, o ex-COO que se tornou CEO, e tem dirigido de forma brilhante a Apple, inserindo, de maneira muito poderosa, os dispositivos móveis da companhia dentro das empresas, o que, por si só, já se trata de inovação, pois é uma mudança de comportamento da empresa, criada para ser orientada ao varejo – mas que eliminou os níveis consumo final/ corporativo, colocando todos dentro de um mesmo pacote.