Serviço público pode encaminhar casais inférteis

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Volume 127 • Número 23 • São Paulo, sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017
www.imprensaoficial.com.br
Serviço público pode encaminhar
casais inférteis para tratamento no HC
Mulher deve ter até
38 anos de idade, pois
a assistência para
reprodução assistida
pode demorar até
dois anos ou mais
Cerca de 30 profissionais, entre
ginecologistas, obstetras, urologistas,
anestesistas, enfermeiros e auxiliares
de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, geneticistas e pessoal
da área administrativa, atuam no
serviço, reinaugurado em 2009.
O centro realiza, mensalmente,
entre 10 e 15 ciclos de tratamento de
reprodução assistida de baixa complexidade e 20 de alta complexidade. “De cada cem ciclos de tratamento de fertilização in vitro (FIV),
considerado de alta complexidade,
40 mulheres conseguem engravidar. Entre elas, 30% concebem
gêmeos e 70% são gestações únicas.
Nossos números são comparáveis
aos da literatura médica”, comenta
o ginecologista e obstetra Pedro
Augusto Monteleone, coordenador
técnico do serviço.
A médica Carla Martins, membro da Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), informa que de
10% a 15% dos casais brasileiros são
inférteis, taxa semelhante à mun-
Monteleone, coordenador técnico
idade, o que diminui as taxas de gestação
múltipla. Entre as desvantagens da gestação
com mais de um embrião, ele destaca: maior
risco de prematuridade do recém-nascido e
mais possibilidade de a mulher ter diabetes
e pressão alta durante a gravidez. “Enquanto
na gestação única, o risco de prematuridade extrema (bebê com menos de um quilo)
chega a 1% dos casos, na gravidez de gêmeos,
a taxa sobe para 10%, ou seja, o risco é dez
vezes maior”, compara.
Um dos motivos para a gravidez múltipla ser considerada de alto risco é que “a
anatomia do útero pode não sustentar dois
ou mais fetos”. Na opinião do especialista
do HC, o estresse e a ansiedade não atrapalham a reprodução assistida, mas podem
prejudicar a qualidade de vida do casal.
FOTOS: PAULO CESAR DA SILVA
O
sonho de conceber um filho, muitas
vezes impedido por algum problema de saúde, pode vir a se tornar
realidade com o apoio do Centro de
Reprodução Humana Mario Covas,
do Departamento de Ginecologia
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, na capital paulista.
Esperança renovada –
Misselen e Silva se
preparam para a
segunda tentativa
dial, de acordo com dados da Rede Latino
Americana de Reprodução Assistida. Ela enumera ovulação irrregular, obstrução tubária,
alterações nos espermatozoides, problemas
no útero ou no colo do útero e endometriose
como principais causas da infertilidade.
Encaminhamento – Não há fila de
espera para atendimento. No entanto, os
pacientes são atendidos somente por encaminhamento da rede pública de saúde, conforme o número de vagas disponíveis. Um
dos critérios de inclusão no serviço é que a
mulher tenha até 38 anos de idade, pois o
tratamento pode durar até dois anos ou mais.
Primeiramente, o casal passa por triagem para avaliar as causas da infertilidade
e identificar a melhor opção terapêutica. A
unidade não admite pacientes com hepatite
C e HIV/Aids, pois exigem fertilização em
laboratórios específicos, de acordo com a
norma da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa).
A relação sexual programada e a inseminação intrauterina são técnicas de concepção de baixa complexidade. Na primeira, os especialistas tratam os problemas
ovulatórios com a prescrição de hormônios e controle da ovulação por ultrassom. Depois disso, será indicado o melhor
momento para a relação sexual.
Quando o sêmen apresenta diminuição de qualidade e quantidade, o que pode
comprometer a fecundação, os especialistas
recomendam a inseminação intrauterina.
“Nesse caso, recolhemos o líquido seminal,
para ser processado no laboratório. Depois,
haverá seu enriquecimento com soluções
apropriadas para melhorar sua qualidade e
desempenho”, explica. Nos dias próximos à
ovulação, esses espermatozoides são inseridos no útero da mulher.
Taxas – A FIV é considerada procedimento de alta complexidade, sendo mais
indicada nas situações em que o sêmen apresenta qualidade muito baixa, há alterações
nas trompas de falópio ou tubas uterinas
(tubos que saem do útero e terminam próximo aos ovários), idade avançada da mulher
(acima de 38 anos) e mais de três anos sem
sucesso na tentativa de gravidez.
Inicialmente, a mulher recebe hormônios para induzir a ovulação. Em seguida,
num procedimento cirúrgico com anestesia, os médicos captam óvulos dos ovários
estimulados. Após a masturbação masculina,
coleta-se o líquido seminal. No laboratório,
os embriologistas fertilizam o óvulo e o
espermatozoide, dando origem a embriões
que serão transferidos ao útero.
O ginecologista informa que entre as
mulheres submetidas ao ciclo FIV, 40% conseguem engravidar. Pelos métodos de baixa
complexidade, a taxa de sucesso chega a 15%.
As demais, não conseguem conceber um filho.
No centro, são implantados até dois
embriões no útero, independentemente da
Atendimento – Desde 2008, a funcionária pública Misselen da Penha Silva,
37 anos, e o autônomo Ivan Marques da
Silva, 44, tentam gerar um filho. Em 2011,
um médico identificou uma obstrução nas
trompas e encaminhou o casal ao Centro de
Reprodução do HC. “Logo no início do tratamento, fiz cirurgia para remover as trompas”,
conta Misselen.
Depois da primeira tentativa frustrada
pela FIV, o casal se prepara para a segunda
e elogia o atendimento. “O suporte psicológico que nos deram aqui é excelente. Fomos
muito bem atendidos. Agora recomeçaremos do zero, na segunda tentativa. Mesmo
passando por tudo isso, os exames demonstraram que meu útero está saudável”, comemora Misselen, emocionada. Silva diz que
ele e a mulher estão muito satisfeitos com o
trabalho da equipe de saúde, que “não nos
deixou desistir”. Agora, os dois têm certeza
de que a segunda tentativa dará certo.
Viviane Gomes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Unidade empenhada em novas pesquisas
O Centro de Reprodução Humana
Mario Covas empenha-se em realizar
pesquisas para, em breve, oferecer novas técnicas de fertilização, que podem
favorecer o nascimento de bebês mais
saudáveis e até antecipar o tempo de
gestação assistida.
Um dos estudos prevê diagnóstico
genético do embrião em duas situações: quando o casal apresenta histórico de doenças genéticas graves (como
hemofilia e fibrose cística) e para selecionar embriões geneticamente normais
e, assim, aumentar a taxa de sucesso
do tratamento.
“Acreditamos ser necessária essa nova
técnica porque identificamos quantidade
expressiva de embriões com problemas, o
que induz ao abortamento”, esclarece o
ginecologista e obstetra Pedro Augusto Monteleone, coordenador técnico do serviço.
A pesquisa, que será conduzida em
parceria com a iniciativa privada, foi aprovada pelo Comitê de Ética do Hospital das
Clínicas, e, no momento, aguarda a aprovação de outros órgãos competentes.
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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017 às 02:31:11.
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