NAVEGAÇÃO ONU: Ilhas Marshall lideram esforço de mais 44 países espalhados pelo Pacífico e ameaçados pelo aquecimento global do efeito estufa na IMO, a posição é ditada pelo Ministério das Relações Exteriores em consonância com os interesses nacionais no âmbito da Convenção Quadro sobre Mudança do Clima e Protocolo de Quioto”, informa em nota o Centro de Comunicação Social da Marinha. O Itamaraty registrou que “o governo brasileiro não possui objeções ao conteúdo das emendas”. “Até o momento, o país se posicionou de forma contrária às emendas propostas por não atenderem ao princípio das Responsabilidades Comuns, porém Diferenciadas”, acrescenta. Esse preceito determina que todos têm responsabilidade pela mudança climática, mas os países ricos, que historicamente causaram o aquecimento global, assumem maior parcela para minimizá-lo e têm o compromisso de transferir tecnologia e capacitar os demais. Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores teria opinado, em parecer, que via com preocupação iniciativas “que possam comprometer o desenvolvimento tanto do setor naval quanto dos benefícios advindos desse”. O documento reitera que o Protocolo de Quioto direciona o tratamento das emissões do transporte marítimo para a Organização Marítima Internacional (IMO), mas explicita o dever dos países desenvolvidos em limitar emissões no setor. “A UNFCCC é o instrumento primordial do regime internacional da mudança do clima e, portanto, para 40 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 a regulação de emissões de gases de efeito estufa. Sob a UNFCCC, vigora o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, que não está contemplado na proposta em tela”, continua. Para o Itamaraty, aquele não era o fórum mais apropriado para definir metas de emissão por não contemplar compensações aos países em desenvolvimento. A visão vem sendo mantida há alguns anos e, embora vise preservar os interesses nacionais, favorece a demora na tomada de atitudes mais incisivas contra a poluição que leva ao aquecimento global e à deterioração da qualidade do ar. Desde 2000, a participação brasileira no fórum internacional fica a cargo de um militar da Marinha, seja da ativa ou da reserva, escolhido pelo comando da Armada. Antes era tarefa do Ministério de Relações Exteriores. O representante atua com apoio de uma Comissão Coordenadora, responsável por estudar e formular as posições a serem adotadas pela delegação brasileira e por propor medidas a serem implementadas internamente, decorrentes dos compromissos assumidos pelo Brasil. Por sua vez, a Comissão recebe o aconselhamento de um Fórum Consultivo com representantes de diferentes órgãos do governo, entre os quais a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, o Ministério do Meio Ambiente e outros. Embora diferentes órgãos governamentais se envolvam nas discussões, falta clareza e transparência sobre a postura brasileira na IMO. A Marinha exige prévio credenciamento, sem definir critérios claros, para dar acesso a documentos sobre a participação brasileira no fórum. Já o Ministério de Relações Exteriores não elucida o posicionamento do representante nacional. O Syndarma, que representa a navegação comercial marítima no Brasil, acompanha de perto a movimentação por meio de consultores. Seu representante explica que normas sobre a emissão de gases do efeito estufa teriam sido indevidamente incluídas no anexo relativo à poluição do ar da Convenção Marpol. “Isto se deveu à dificuldade que a IMO enfrentaria para a adoção A estimativa é que a poluição por fontes marítimas alcance até 14% do total até 2050