CAPITAL SOCIAL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO E MAPEAMENTO

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8 e 9 de junho de 2012
ISSN 1984-9354
CAPITAL SOCIAL: UM ESTUDO
EXPLORATÓRIO E MAPEAMENTO DAS
FONTES DE CAPITAL SOCIAL
DISPONIVEIS AS ORGANIZAÇÕES DO
VALE DO PARAÍBA
Evandro Luiz de Oliveira
(Universidade de Taubaté)
Edson Aparecida de Araujo Querido Oliveira
(Universidade de Taubaté)
Nancy Julieta Inocente
(Universidade de Taubaté)
Resumo
Resumo
O presente estudo tem como objetivo revisar o conceito de capital
social e sua relevância para as organizações contemporâneas. Para
atingir o mesmo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica com consultas
a livros e periódicos sobre o tema. Buscou-se apresentar conceitos e
referências para suportar a análise e desenvolvimento de respostas as
seguintes questões: a) O que é capital social? b) Quais são as fontes de
capital social para as organizações industriais instaladas no Vale do
Paraíba? c) Como o capital social pode contribuir para o
desenvolvimento das organizações? Para responder essas questões,
além pesquisa bibliográfica foi realizada pesquisa na internet das
organizações do segmento industrial de grande porte instaladas no
Vale do Paraíba. A partir da análise dos resultados, concluiu-se que o
conceito de capital social, está em construção e é amplo. As fontes de
capital social identificadas no estudo estão presentes e/ou são
acessíveis as organizações industriais no Vale do Paraíba, sendo o
diferencial o como são utilizadas e/ou apropriadas. Por outro lado,
constatou-se, que o capital social é uma importante fonte de
conhecimento e sustentação de vantagem competitiva se bem utilizado
pelas organizações que implementadas, as ações podem promover o
desenvolvimento da região do Vale do Paraíba, por meio da promoção
do capital social.
Palavras chaves:
Capital Social; Indicadores de Capital Social; Desenvolvimento
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Regional.
Palavras-chaves: Capital Social; Indicadores de Capital Social;
Desenvolvimento Regional.
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1 INTRODUÇÃO
Os estudos sobre as organizações e as ciências comportamentais e sociais, têm
apresentado significativa expansão na quantidade, qualidade e profundidade dos estudos
produzidos, sobre os vários e complexos fenômenos das relações humanas no contexto das
organizações. Entre as descobertas e novos conceitos formulados e estudos realizados com
debates mais amplos e crescentes está o Capital Social. Esse é um conceito que não apresenta
um consenso na literatura sobre o seu significado entre os pesquisadores, embora sobre sua
importância e relevância para o desenvolvimento colaborativo e construção de projetos que
beneficiam a sociedade, esse consenso já se estabeleceu.
A partir da constatação da existência de um novo campo de estudo dentro das
ciências sociais e comportamentais, aberta pela busca de uma formulação, compreensão e
aplicação do conceito de capital social nas organizações modernas, originou interesse do
presente estudo. A partir dessa perspectiva de um lado inquietante e de outra desafiadora,
esse trabalho tem como objetivo revisar o conceito de capital social e sua relevância para as
organizações contemporâneas. Trata-se de um estudo exploratório e bibliográfico sobre o
capital social que visa pesquisar na literatura os conceitos e técnicas para mapear o capital
social de uma organização e aplicar os mesmos ao processo de mapeamento das fontes de
capital social disponível às organizações do Vale do Paraíba.
A sua aplicação a uma análise dos recursos disponíveis para as organizações no Vale
do Paraíba, apresenta-se como relevante, ao possibilitar revisar o conceito de capital social,
compreender quais são os fatores que promovem o capital social e identificar quais os
recursos que estão disponíveis no Vale do Paraíba. Se o capital social é um dos elementos
promotores do desenvolvimento regional, compreender o seu significado e o quão acessível
ele está ou não, é um passo na direção de contribuir para trazer a tona uma análise crítica.
O tema é complexo, abrangente e recente os seus estudos nas ciências sociais e
comportamentais, bem como sobre sua relevância para o desenvolvimento regional. Essa
perspectiva levou a definir os elementos que permitam responder a seguintes questões: a) O
que é capital social? b) Quais são as fontes de capital social para as organizações instaladas no
Vale do Paraíba? c) Como o capital social pode contribuir para o desenvolvimento das
organizações?
Para atingir os objetivos propostos, o trabalho foi dividido em tópicos,
iniciando por uma revisão da literatura sobre as definições de capital social, sua relevância nas
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organizações modernas e quais são suas fontes. Seguida pela apresentação de possibilidades
de mapeamento e a contribuição do mesmo para o desenvolvimento das organizações e
conseqüentemente das regiões onde se encontram essas organizações. A apresentação do
método e procedimento de pesquisa, com a apresentação dos resultados acompanhada de sua
discussão com base nos conceitos revisados na literatura. Encerra-se o trabalho com a
apresentação das conclusões e algumas sugestões de temas e/ou indicações para pesquisas
complementares futuras.
2 Capital Social
2.1 Origens do termo capital social
Segundo Dilly ( 2009 apud PISTORE, 2011), o termo capital social, apesar de ser
utilizado correntemente como um dos fatores para explicar o desenvolvimento social e
econômico e a cooperação entre os indivíduos, não pode ser considerado novo. Fukuyama
(2000 apud PISTORE, 2011, p.2) observa que Alexis de Tocquevile em 1.853, foi o primeiro
a descrever o conceito de capital social. A primeira vez que o termo capital social foi
empregado, ocorreu em 1.916, por Lyda Hanifam em um estudo sobre os centros
comunitários das escolas rurais (PISTORE, 2011; e VALE, AMÂNCIO e LAURIA, 2006, p.
48). Contudo, a utilização do conceito de capital social já era utilizada há algum tempo por
filósofos e cientistas sociais, ao apresentarem e discutirem fatores essenciais a emergência da
boa sociedade (HELAl, 2006).
O termo capital social, todavia, somente ganhou notoriedade com a publicação em
1.993 do livro: Comunidade e Democracia: A experiência da Itália moderna de Robert
Putnam (HELAL 2006).
Além de Putman, outros estudiosos que contribuíram para a
construção e formulação do conceito capital social, segundo Albagli e Maciel (2002, p.4) com
base nos estudo de Baron, Field, Schuller (2000) identificando três principais origens:
A primeira limita-se aos escritos de autores, provenientes das ciências
sociais, que cunharam e difundiram expressamente o termo,
destacando-se Pierre Bourdieu, James Coleman e Robert Putnam. A
segunda trata de elementos chave, como confiança, coesão social,
redes, normas e instituições, em vários contextos e disciplinas, em que
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o conceito tem sido usado implícita ou explicitamente. A terceira,
mais extensa, inclui autores cuja produção contém elementos
precursores do conceito de capital social - remonta à sociologia
clássica do século XIX, incluindo autores como Émile Durkheim e
Max Weber.
Albagli e Maciel (2002) observam que, o tema do capital social vem recebendo
considerável atenção, particularmente entre sociólogos, economistas e cientistas políticos,
além de organizações públicas e privadas.
Essa breve revisão da origem do conceito de capital social, já indica que a
formulação do mesmo vem se processando há muito tempo, mas tem se tornado relevante
somente nas últimas duas décadas.
2.2 Capital Social definições e limites
Pistore (2011) observa que, apesar de o conceito estar conquistando a atenção de
vários estudiosos e já está consolidado junto a outros conceitos mais antigos como capital
econômico, físico e humano, reconhece a sua contribuição do capital social para o
desenvolvimento econômico e social.
No entanto, é um conceito que não apresenta um consenso na literatura sobre o seu
significado entre os estudiosos, embora sobre sua importância e relevância para o
desenvolvimento colaborativo e construção de projetos que beneficiam a sociedade, esse
consenso já se estabeleceu. Observação compartilhada por Albagli e Maciel (2002) ao
chamarem a atenção para o fato do conceito de capital social ainda encontra-se em um estágio
de relativa imaturidade e rápida difusão, com uma definição demasiada abrangente e carente
de maior precisão. Apesar destas dificuldades, busca-se nesse item revisar os conceitos de
capital social presente na literatura e apresentar uma visão sintética do seu estágio atual.
Conforme Helal (2006) a difusão do conceito de capital social ocorre por meio de
duas correntes teóricas: “uma que vê o capital social, pertencendo a uma comunidade ou
sociedade e outra que o analisa como algo que pode ser internalizado pelo individuo. A
primeira tende a enfatizar a confiança, enquanto a segunda destacam as redes de
relacionamento como elementos do capital social.
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Na perspectiva de rede de relacionamentos, Anand, Glick e Manz (2002, p.59)
definem “o capital social da organização como o conhecimento e à informação aos quais as
organizações podem ter acesso, utilizando suas conexões formais e informais com agentes
externos – como clientes, mão-de-obra terceirizada e outras organizações, e assim por diante”.
Uma definição similar é formulada por Terra (2005, p.218): “capital social se refere ao
conjunto de intercâmbios que os indivíduos fazem/têm em uma organização”. A saúde global
tem um grande impacto no estabelecimento de um ambiente de criação, compartilhamento e
uso do conhecimento. Percebe-se que, ambas as definições dão ênfase a capacidade de
capturar e utilizar os conhecimentos disponíveis sejam internos ou externos as fontes.
Por outro lado, com ênfase na colaboração, encontra-se uma definição sucinta e
objetiva apresentada por Kinicki e Kreither (2006, p.15) “o capital social é o potencial
produtivo resultante de relacionamentos fortes, boa vontade, confiança e esforço
cooperativo”.
A revisão das definições anteriores sobre o que é capital social, parece confirmar o
observado por Helal (2006, p.7), “o conceito de capital social é bastante amplo, e seu
entendimento, na literatura, bastante diverso”. O autor , ainda ressalta que, a variedade de
entendimentos e concepções sobre o tema e que é possível identificar na literatura dois
elementos comuns: confiança e rede de relacionamentos.
Vale, Amâncio e Lauria (2006) e Faccini, Genari e Dorion (2009) parecem
complementar essa observação, ao indicarem a existência de duas vertentes teóricas nas
discussões sobre a propriedade ou apropriação do capital social, ser um recurso coletivo ou de
natureza individual. Vale, Amâncio e Lauria (2006, p.50), entendem que essas duas vertentes
não são excludentes, mas complementares, embora os estudos sejam mais abundantes sobre a
primeira vertente, referente ao uso coletivo.
As observações citadas parecem ser pertinentes ao se analisar as definições de capital
social conforme síntese elaborada por Silva (2010, p. 30-32) apresentada no Quadros 1 e 2.
Quadro 1 – Definição de Capital Social
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Fonte: SILVA, 2010 p. 30-32
Quadro 2 – Componentes de Indicadores-Capital Social.
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Fonte: SILVA, 2010 p. 32-33
As definições dos autores citados, permitem construir-se uma noção da complexidade
do tema e do seu estágio atual de desenvolvimento. No próximo item revisam-se alguns
conceitos sobre a identificação e utilização do capital social nas organizações.
2.3 O capital social nas organizações: o desafio da aferição e uso
Como visto nos itens anteriores, o capital social é um conceito complexo, amplo e
sua análise exige abordagens peculiares. Para realização da análise e aferição do capital social
das organizações, a primeira tarefa, é definir o que compõem de fato o capital social de uma
organização, grupo, coletividade ou indivíduo. Nessa perspectiva, encontra-se em Kinicki e
Kreitner (2006, p.15) a indicação dos elementos que compõem o capital social, os quais
segundo esses autores são:
 Visões/metas partilhadas
 Cooperação/colaboração
 Valores partilhados
 Trabalho em equipe
 Confiança
 Camaradagem
 Respeito mútuo/boa vontade
 Comunicação
 Orientação/modelagem
do
papel
assertiva
(e
não
agressiva)
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positivo
 Conflito funcional (e não disfuncional)
 Participações/transferência de poder
 Negociação vencer-vencer
 Conexões/fontes
 Filantropia/voluntariado
 Trabalhos em rede (networks/afiliações)
Numa outra abordagem, Anand, Glick e Manz (2002, p. 59) argumentam que o
capital social é o meio pelo qual uma organização pode adquirir conhecimento externo. Esses
estudiosos defendem que essa é uma vantagem competitiva, uma vez que com a globalização
e as mudanças ocorridas no mundo e nas organizações, com aumento da intensidade da
concorrência e aceleração das mudanças tecnológicas, associada ao fato de as organizações
estarem se tornando mais enxutas. Essas alterações no ambiente de atuação das organizações
têm entre outras conseqüências, a elevação do volume de conhecimento que cada gerente
precisa dar conta, ou seja, a densidade de conhecimento esta aumentando. Por essa, razão as
organizações em geral, não possuem todo o conhecimento necessário em suas fronteiras,
buscando fora das fronteiras organizacionais, o que pode ser realizado pelo uso do capital
social (ANAND, GLICK ; MANZ, 2002).
Existem diversas fontes e métodos para aproveitar o capital social, as mesmas podem
ser categorizadas como base na natureza explicita ou implícita, ou, no volume de
conhecimento que se busca (ANAND, GLICK e MANZ, 2002, p.60).
Os métodos para aproveitamento do capital social, conforme Anand, Glick e Manz
(2002, p.60-61 ) são apresentados na Figura 1.
Figura 1 – Métodos apropriados para o aproveitamento do capital social
Fonte: Anand, Glick e Manz (2002, p.61)
A análise da Figura 1, indica que os métodos a serem utilizados para aproveitamento
do capital social, segundo Anand, Glick e Manz (2002, p.60-61) devem ser adequados a
combinação das variáveis independentes tipos de conhecimento (explicito ou implícito) e
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volume do conhecimento necessário (alto ou baixo), existindo uma ou mais abordagens mais
adequada para cada uma das quatro combinações possíveis. Anand, Glick e Manz (2002)
argumentam que para o capital social ser utilizado de maneira eficiente, é necessário que a
organização se prepare com métodos e ações.
A ausência de preparo para utilizar o capital social, pode levar a organização a perder
recursos preciosos, podendo em algumas situações, levar a organização a perder até mesmo
sua vantagem competitiva ao longo do processo. Além disto, antes de utilizar o conhecimento
obtido pelo uso do capital social, a organização deve certificar que o mesmo é atual e
confiável (ANAND; GLICK; MANZ, 2002, p.71).
Figura 2 – Preparando uma organização para tirar proveito do capital social
Fonte: Anand, Glick e Manz (2002, p.71)
Uma terceira abordagem para aferição e uso do capital social, encontra-se no estudo
de Vale, Amâncio e Lauria (2006), os quais propõem um modelo adaptado de classificação
inicialmente proposta por Alder (1999). O modelo é apresentado na Figura 3, e compõem-se
dois eixos estrutura técnica e estrutura social. A estrutura técnica esta associada ao grau de
burocratização existente no âmbito interno, no qual pode existir uma maior ou menor
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presença de regras e normas explicitas, dimensão na qual as organizações são caracterizadas
como sendo de alto ou baixo grau de burocratização. Quanto à estrutura social, esta dimensão
é representada pela menor ou maior participação das equipes internas no processo de
elaboração e implementação das normas e regras. As regras e normas existem, mas podem ser
elaboradas, desenvolvidas e implementadas de uma forma mais ou menos participativa,
resultando, em organizações coercitivas, onde existe baixo grau de participação ou
capacitantes nas quais existe grande participação dos usuários que identificam melhores
práticas e oportunidades para aperfeiçoamento do desempenho organizacional (VALE;
AMÂNCIO; LAURIA, 2006).
O modelo proposto por Vale, Amãncio e Lauria (adaptado de ALDER, 1999) é
apresentado na Figura 3.
Figura 3 – Modelo de avaliação do capital social nas empresas
Fonte: Vale, Amãncio e Lauria (2006, p.58)
O modelo proposto, busca captar as múltiplas formas de organização existentes, as
quais são reguladas ou legitimadas por distintos mecanismos de controle e coordenação
internos. A análise do modelo indica a existência de uma presença maior de capital social à
medida que, a organização avança na direção de uma maior desburocratização ou mais
capacitante, na qual as regras e normas são compartilhadas e aceitas por todos os membros, os
quais são os mesmos que interagiram, definiram e explicitaram-nas formalmente (VALE;
AMÂNCIO; LAURIA, 2006).
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Conforme salientado por Vale, Amâncio e Lauria (2006, p.59):
O modelo proposto parte do pressuposto que as organizações podem
ser dotadas de um determinado estoque de capital social e que podem
evoluir, em função das interações entre seus membros e das interfaces
externas que mantêm. A habilidade de interagir-subjacente a noção de
redes formais ou informais permite romper o isolamento de facções
porventura existentes entre grupos, organizações e segmentos sociais
distintos. Tornam também possíveis a comunicação, a negociação e o
compartilhamento de interesses, propósitos e valores.
Uma quarta abordagem para aferição e uso do capital social, encontra-se no estudo
de Vale, Amâncio e Lauria (2006), os quais propõem um modelo similar ao apresentado na
Figura 3, com base na teoria de redes, em que os eixos, vertical e horizontal, são variáveis da
rede, ou seja, densidade da rede e amplitude da rede. Rede no contexto proposto por Vale,
Amânico e Lauria (2006, p.52 e 53), são as relações estabelecidas entre as instituições formais
existentes, as quais podem partir de uma visão comunitária na qual se considera entidades tais
como clubes, associações, grupos cívicos, organizações voluntárias etc. Outra abordagem é a
institucional, a qual se estabelece entre os atores de interesse, entre outros, os gestores
públicos e privados. A partir da visão ou abordagem comunitária ou institucional da rede,
recentemente surgiu à visão sinérgica, a qual considera que o Estado, as empresas e a
sociedade, não capazes isoladamente de promover o desenvolvimento sustentável, e devem
por conseqüência se associarem, ou seja, formarem redes (VALE; AMÂNCIO; LAURIA,
2006).
Os pesquisadores citados complementam e salientam que a visão de redes, realça a
relevância tanto das associações verticais de pessoas e as horizontais, as quais estão presentes
no interior e entre as entidades organizacionais. Além disso, a relação existe diferentes
combinações possíveis das relações organizacionais, as quais podem ser por um lado
elaboradas com base em laços mais intensos ou fortes e por outro por meio de vínculos mais
frouxos ou laços fracos, denominados via “ponte” (VALE; AMÂNCIO; LAURIA, 2006,
p.53).
A abordagem do capital social, a partir da visão das redes, pode ser uma importante
contribuição para o estudo das organizações, com várias possibilidades de aplicação (VALE;
AMÂNCIO; LAURIA, 2006, p.53).
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O modelo de avaliação de capital social com base na abordagem das redes, proposto
por Vale, Amãncio e Lauria (2006, p.59), é apresentado na Figura 4.
Figura 4 – Modelo de avaliação do capital social nas associações e rede empresariais
Fonte: Vale, Amâncio e Lauri (2006, p.59)
O presente modelo, busca captar no eixo vertical a importância das redes densas de
contato e conexões da empresa, enquanto o eixo horizontal a ênfase esta na presença de redes
amplas e diversificadas interações (VALE; AMÂNCIO; LAURIA, 2006).
Conforme salientado por Vale, Amãncio e Lauria (2006, p.59):
[...] Haveria, portanto, um incremento do capital social na medida em
que as empresas intensificassem os contatos e interações dentro de
suas próprias comunidades de origem – permitindo a proliferação da
inovação baseada no conhecimento tácito, de natureza presencial,
entre as empresas ai presentes, a criação de um clima de maior
solidariedade local e a capacidade de implementação de ações
coletivas. Mas ocorreria, também, um incremento no capital social, à
medida que a empresa ampliasse o escopo, a amplitude e a variedade
de suas relações, tornando possível o acesso a recursos distantes,
diversificados e valiosos porventura existentes em outras redes locais,
e a geração de um fluxo de informações entre eles.
Vale, Amâncio e Lauria (2006, p.60) enfatizam que os dois modelos apresentados
nas Figuras 3 e 4, “[...] podem ser aplicados para se estabelecerem comparações entre
diferentes organizações ou rede empresariais, para aferição de distintas estratégias
organizacionais ou para avaliar a evolução e o desempenho de uma mesma organização ou
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rede organizacional [...]”. Além disto, estudos comparativos entre diferentes organizações ou
redes organizacionais, podem se tornar fontes para elaboração de alguns indicadores gerais os
quais poderiam vir a ser utilizados como referências para aferição do desempenho de distintos
setores ou segmentos empresariais (VALE, AMÂNCIO; LAURIA, 2006, p.60).
3 MÉTODO/PROCEDIMENTOS
Conforme classificação encontrada em Silva e Menezes (2005, p.21) com relação ao
objetivo, esse trabalho é uma pesquisa exploratória, pois visa a ampliar a familiaridade e
compreensão, sobre o conceito de capital social e os meios ou recursos disponíveis para as
organizações do segmento industrial no Vale do Paraíba. Ainda, com base na classificação
citada, em relação ao procedimento técnico, é uma pesquisa bibliográfica, pois se baseia em
material já publicado sobre o tema e pesquisa na internet, seguida de observação do contexto
delimitado para o estudo, a região do Vale do Paraíba.
Para o presente estudo, utilizaram-se somente empresas que possuem site na internet,
a qual foi utilizada como fonte para o estudo realizado.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A revisão da literatura parece mostrar que o tema capital social é um tema em
construção, conforme observado por Helal (2006). A partir de uma revisão dos autores
analisados, pode-se propor um conjunto de indicadores para avaliar a presença e/ou
intensidade do capital social nas organizações do Vale do Paraíba. Esses indicadores são
apresentados no Quadro 3, no qual são apresentados 10 indicadores identificado pela “I”
acompanhada do número na coluna “Ind.”. Para cada indicador foi atribuído um nome (coluna
“Nome”) e realizado a apresentação do conceito que o mesmo representa na coluna
“Descrição”. Também na coluna “Medida” é apresentada o critério utilizado para se definir se
uma organização esta aplicando e/ou utilizando o indicador.
Assim as colunas “Ind.”; “Nome”; “Descrição” e “Medida” formam um painel
denominado “Definição de indicadores e/ou fontes de capital social”.
Complementar a esse painel, no mesmo Quadro 3, tem-se o painel denominado
“Organizações no Vale do Paraíba” composto pelas colunas “Sim” e “Não” onde se assinalou
com “X” na célula correspondente a cada indicar se o mesmo é utilizado “X” no ‘Sim”, caso
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negativo, o “X” é colocado no “Não”. Na coluna comentários, são apresentadas observações
sobre a análise realizada nas organizações pesquisadas para aquele indicador. Apresentam-se
breves esclarecimentos e/ou conclusão da pesquisa realizada que suporta o resultado ser
“Sim” ou “Não”. A última coluna, denominada “Referências” informa a fonte a partir da qual
o indicador foi formulado.
Para o estabelecimento dos indicadores de capital social, utilizaram-se os conceitos
apresentados por Kinicki e Kreitner (2006, p.15) e Anand, Glick e Manz (2002, p.61) os quais
são possíveis de verificar por meio de pesquisa na internet e/ou entrevistas despadronizadas
sobre as organizações de grande porte instaladas no Vales do Paraíba ou acessíveis a
realização de entrevista não estruturada. Os modelos propostos por Vale, Amâncio e Lauria
(2006, p. 58-59), não foram considerados, por exigirem uma análise interna das organizações
o que esta além do escopo do presente estudo.
O Quadro 03 apresenta a sugestão de um conjunto de indicadores da utilização ou fonte de
capital social, para organizações e o resultado da pesquisa realizada na internet e/ou
entrevistas não estruturada, sobre esses itens para organizações de grande porte presentes no
Vale do Paraíba. A análise do quadro parece permitir concluir-se que as organizações
indústrias, de grande porte, presentes no Vale do Paraíba, tem acesso aos recursos e benefícios
do capital social. Uma revisão do mapeamento realizado observa-se dois pontos que parecem
relevantes: a primeira, as organizações instaladas no Vale do Paraíba possuem várias
oportunidades de acesso ao capital social e um volume significativo, uma vez que a região é
rica, com universidades, centros de pesquisa e organizações de vários portes com variedade de
segmentos. A segunda, é que a maioria das fontes de capital social, identificadas, é obtida por
meio de decisões gerencias combinadas com uso de tecnologias acessíveis a grande variedade
de organizações. Essas observações parece alinharem-se com os argumentos de Anand, Glick
e Manz (2002), para os quais as organizações para tirarem proveito do capital social
disponível devem ser preparar e garantir que o mesmo é atual e confiável. Observa-se que
todas as fontes elegidas para análise no estudo estão presentes e/ou são utilizadas pelas
organizações instaladas no Vale do Paraíba.
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Quadro 3 – Definição de indicadores de uso do capital social nas organizações
Fonte: Elaborado pelos autores , adaptado de Kinicki e Kreitner (2006, p.15) e Anand, Glick e Manz (2002, p.61)
5 CONCLUSÃO
Ao analisar os dados obtidos no presente estudo, os resultados com relação o que é
capital social apontam que é um conceito amplo e em construção. Observou-se que, o
mesmo parece pode ser tanto de uma coletividade ou organização ou pertencer somente a um
indivíduo ou ambos. A uma ênfase sobre a presença de relacionamentos e confianças para a
sua concretização.
Quanto são as fontes de capital social para as organizações instaladas no Vale do
Paraíba, a análise indicou que é uma região rica em fontes e/ou possibilidade de utilização do
capital social pelas organizações e/ou indivíduos, na consecução dos seu objetivos
profissionais. Nessa perspectiva, parece pertinente a advertência de se certificar que o capital
social obtido, é atual e confiável, antes da sua utilização.
Em relação, como o capital social pode contribuir para o desenvolvimento das
organizações, os dados obtidos apontam para as oportunidade de contribuição, da adequada
utilização do capital social pelas organizações. Entre as muitas contribuições, destaca-se que
o capital social é uma abordagem que permite as organizações obterem conhecimento externo
para alimentarem sua vantagem competitiva e enfrentarem a concorrência num mundo em que
o conhecimento, cresce exponencialmente.
Conclui-se que, o presente estudo pode ser complementado por pesquisas sobre a
utilização adequada, eficiente ou eficaz das fontes de capital social nas organizações
comerciais e sociais na região do Vale do Paraíba, bem como a extensão de sua contribuição
para o desenvolvimento da região. A partir do material analisado podem ser sugeridas e
implementadas ações para promover o desenvolvimento da região do Vale do Paraíba, por
meio da promoção do capital social.
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