Curso da consulta e decisão clínica Entrevista motivacional e aconselhamento em saúde 2016 Andreia Esteves, USF Marginal [email protected] Mário Santos; USF Marginal [email protected] logística 14.00 - 18.00 intervalo: 15.45 - 16.00 desligar telemóveis EpS - educação para a saúde agenda definição de alguns conceitos racionalidade cientifica / “saberes leigos” vulneralibilidades e limitações da EpS determinantes de saúde teorias e modelos aplicados à EpS e de apoio ao aconselhamento em saúde: intervenção breve e intervenções motivacionais treino de técnicas de entrevista no aconselhamento de atitudes e comportamentos em saúde - role-playing definição de alguns conceitos modelo da promoção da saúde EpS esforços educacionais que influenciam os estilos de vida que protegem as pessoas contra a doença prevenção acções que evitam ou a reduzem o impacto da doença no indivíduo protecção em saúde políticas e regulamentações que são preventivos em natureza oportunidades para EpS vo i t ac re da a t en ita s c pre plí a a ta/im x i i e qu xplíc e continuidade cuidados coordenação o ã nç e cuidados e v c e o r p rec úde p ão o sa ç c ã te de omoç modificação pr comportamento vo desajustado na i t ac procura de cuidados o pr modelo Stott e Davis o que é a saúde? declaração universal “um estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença” O que é a saúde? Saúde como ausência de dolência - ausência de sintomas e pela ausência de necessidade de cuidados médicos. É possível sentir-se saudável apesar das doenças Saúde como função - mais utilizada pelas pessoas idosas como sinónimo de manutenção da mobilidade, de auto-suficiência e de auto-cuidados, e da capacidade para trabalhar Saúde como boa condição física - traduzida numa conceptualização positiva da saúde. Mais utilizada pelos jovens slide cedido por Conceição Balsinha Blaxter slide cedido por C. Balsinha o que é uma doença? qual o significado de normalidade? o que é ser normal? O médico de família deverá ter em atenção: • variação individual • variação entre indivíduos • o termo normal é confundido com média • se uma variável contínua é normal ou anormal não tem qualquer sentido excepto quando essa mesma variável é correctamente quantificada em relação à morbilidade associada • critérios de anormalidade para um novo teste serem obtidos através de uma amostra não representativa da população definição de conceitos social cultural normal anormal saúde mental psiquiátrico pedagógico jurídico patológico desviante psicológico criminal conceito de normalidade: influências e perspectivas Saúde e “normalidade” têm que sempre ser definida em termos de uma pessoa em particular ou num grupo num ambiente particular o que leva as pessoas a terem saúde? qual é a origem da saúde? Antonovsky, 1979 porque é que certas pessoas sofrem? menos que outras ? L. salus = saúde + genesis = origem salutogénese / patogénese importância dos factores protectores sentido de coerência (SOC) recursos gerais de resistência (RGR) realça a importância do reforço das competências, das pessoas e das comunidades, na melhoria do nível de saúde, potenciando factores geradores de saúde slide cedido por André Biscaia sentido de coerência interno O “sentido de coerência” é visto como uma orientação global, uma atitude, que mede o modo como as pessoas encaram a vida, tomam consciência dos diferentes aspectos das suas vidas, tecendo as suas experiências num todo coerente e como, em situações de stress, identificam e usam os seus recursos gerais de resistência para manter ou desenvolver a sua saúde É uma maneira de fazer face ao mundo slide cedido por André Biscaia A. Antonovsky As três principais dimensões do SOC são: Compreensibilidade - ter uma explicação para os acontecimentos: ▫ encarar estímulos intrínsecos ou extrínsecos como estruturados, previsíveis e explicáveis Manejabilidade - saber mobilizar os recursos necessários ▫ considerar ter ao seu alcance os recursos para satisfazer as exigências colocadas por esses estímulos Significabilidade- atribuir significado ao esforço, motivação: ▫ enfrentar essas exigências como desafios, que merecem o seu investimento e empenho slide cedido por André Biscaia A. Antonovsky recursos gerais de resistência • Ferramentas intrínsecas e extrínsecas à disponibilidade da pessoa: ▫ Factores biogenéticos ▫ Inteligência, conhecimento e educação ▫ Ego, poder e acesso a dinheiro ▫ Suporte social ▫ ... • Determinam a capacidade de prosperar face a stressores Ter recursos não chega! slide cedido por André Biscaia A. Antonovsky questões com valor terapêutico 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. Como é que se sente com isso? O que é que o perturba mais? Como é que está a lidar com isso? O que é que está a sentir agora? O que é que quer? O que é que pode fazer em relação a isso? Quais são as suas opções? Qual é a melhor coisa que pode acontecer? Qual é a pior coisa que pode acontecer? O que é que isto lhe traz/dá? O que é que isso significa para si? O que é que, especificamente, precisa de mim? slide cedido por André Biscaia M. Stuart, 1993 escuta activa com valor terapêutico • Isso deve ser muito difícil para si • Posso perceber que se sinta desse modo (mas (“sei / compreendo como é que se sente”) • Nestas circunstâncias, estou certo que fez o melhor que podia slide cedido por André Biscaia B. Rakel, 2008 eventos internacionais que marcaram o conceito de saúde Acontecimentos Internacionais de promoção da saúde Conferência Alma Ata 1978 Saúde para todos 2000 Estratégias e Metas Saúde 1985 Saúde para Todos Conferência Otawa 1986 Políticas de Saúde Pública Conferência Adelaide 1988 Promoção da Saúde e PP saudáveis Conferência Sundsvall 1991 Ambientes favoráveis Saúde Conferência Jakarta 1997 PS para século XXI Conferência Cidade México 2000 PS: diminuir desigualdades Conferência de Bangkok 2005 Políticas e parcerias: determinantes saúde Conferência Nairobi 2009 PS e desenvolvimento Encontro intern Adelaide 2010 Saúde todas as políticas Conferência Helsínquia 2013 Saúde para todas as políticas OMS conferência de Alma-Ata, 1978 (cuidados de proximidade e a centralidade do cidadão) valorizou a proximidade dos serviços de saúde às populações, a participação destas e a autonomia é reconhecida como um valor, ao definir cuidados de saúde primários carta de Ottawa, 1986 (centralidade do cidadão e promoção saúde) As pessoas devem ter a consciência da importância que os seus conhecimentos, atitudes e comportamentos, têm para a sua saúde, reforça as acções na comunidade: - dimensão social - capacitação da pessoas e realização - escolha informada - conceito positivo: saúde c/o recurso os promotores da saúde devem informar os pacientes quanto aos méritos e deméritos das várias opções disponíveis e disponibilizarem os recursos de forma a realmente possibilitarem a escolha de determinada opção racionalidade científica / “saberes leigos” racionalidade cientifica e “saberes leigos” Para além da explicação de como o mundo funciona (explicação da ciência), a questão reside em: - dar significados ao que existe - saber porquê e para que existe Saúde e doença no saber leigo ? A essas interrogações se dirigem os saberes culturais, contextuais, subjectivos, feitos de crenças e de competências práticas, coexistentes com o saber científico. Esta é a razão que anima a cultura das sociedades (resposta subjectiva). a cultura é criadora de significados num processo de construção social de representações que estão na base da interpretação dos sinais e sintomas das doenças e orientam os comportamentos de saúde e de doença. “saudável médico” / “saudável leigo” representação de “saudável” tem lógicas de construção próprias que condicionam as atitudes adoptadas na vida real o “estilo da vida saudável” não é posto em prática, porque não se justifica ou não se consegue mudar de comportamentos “saudável médico” / “saudável leigo” “já se faz” - vida no campo; produtos alimentares vindo da horta, carne comprada no talho, exercício físico no trabalho quotidiano, etç as exigências comportamentais não são conciliáveis com o estilo de vida que a modernidade exige (horário muito sobrecarregado sem tempo para refeições ao longo do dia, dificuldade em organizar o tempo com a ida ao ginásio) escolhas de alimentação: elementos culturais como o hábito, o gosto, o convívio, o consumo, o mimetismo em relação aos pares limitações e vulnerabilidades do aconselhamento em saúde limitações EpS falta de compreensão EpS por aqueles que trabalham falta de conhecimento e consenso na definição e conceitos incapacidade dos “educadores” demonstrarem eficiência e resultados objectivos na prática da EpS fronteiras pouco definidas -> EpS mais desafiante vulnerabilidades da EpS ênfase comportamento individual -> atribuição responsabilidade da doença saúde = estilo vida individual -> simplificação da noção estilo de vida (C/E) definição médica do correcto - “medicalização da vida”, Ilich medicina como instituição de controlo social autoritarismo EpS -> vigiar o cumprimento de regras determinantes de saúde determinantes sociais de saúde organizaçõ es formais e informais multiplicida de de culturas densidade e diversidade populacion al desigualdad es rendiment os padrões de privação material e exclusão social incidência e gravidade das doenças crónicas teorias e modelos aplicados à EpS modelo crenças na saúde (Becker) Porque é que algumas pessoas recusam realizar rx torax para o rastreio de TP, mesmo sendo este exame gratuito? R: as crenças das pessoas sobre a gravidade da doença e a susceptibilidade de a contraírem influenciam a sua vontade de levar a cabo uma acção preventiva Alguns anos após, a esta teoria foi alterada, sendo incluído seis constructos que ajudam a predizer se as pessoas, tomam uma acção preventiva, de rastreio ou de controlo da doença modelo transteórico mudança comportamento (Prochaska e DiClemente, 1982) nasce a partir das teorias anteriores e outras a mudança de comportamentos é um processo gradual descreve cinco fases de mudança que levam à mudança comportamental: pré-contemplação, contemplação, preparação, acção e manutenção entrevista motivacional modelo crenças na saúde (Becker) Porque é que algumas pessoas recusam realizar rx torax para o rastreio de TP, mesmo sendo este exame gratuito? R: as crenças das pessoas sobre a gravidade da doença e a susceptibilidade de a contraírem influenciam a sua vontade de levar a cabo uma acção preventiva Alguns anos após, a esta teoria foi alterada, sendo incluído seis constructos que ajudam a predizer se as pessoas, tomam uma acção preventiva, de rastreio ou de controlo da doença modelo crenças na saúde (Becker) constructos definições susceptibilidade percebida crenças hipóteses de ter a doença gravidade percebida crenças gravidade e consequências benefícios percebidos crenças efectividade da acção reduzir os riscos barreiras percebidas crenças custos psicológicos e materiais ação desencadeantes factores que activam a “prontidão mudança” auto-eficácia confiança na capacidade de concretizar a acção modelo transteórico mudança comportamento (Prochaska e DiClemente, 1982) descrito inicialmente como uma intervenção breve para o alcoolismo nasce a partir das teorias anteriores e outras (locus de controlo) a mudança de comportamentos é um processo gradual descreve cinco fases de mudança que levam à mudança comportamental: pré-contemplação, contemplação, preparação, acção e manutenção EM é vista como mudança num continuum Précontemplação: a pessoa não pensa sobre a mudança Contemplação: pensa sobre a mudança e pesa os pros/contras Preparação: começa a dar os primeiros passos para a mudança Acção: inicio da mudança Manutenção: mantém o comportamento alterado > 6M estadios de mudança Prochaska e DiClemente, 1982, criaram um modelo que permitia compreender o processo individual de mudança de comportamento. Nem todos os indivíduos que vão à consulta estão preparados para modificar os seus hábitos, por isso, há necessidade de adaptar as intervenções ao estadio de mudança em que se encontram avaliação da prontidão para a mudança Precontemplação > 6M 1M < Contemplação < 6M Preparação < 1M Acção < 6M 6M < Manutenção < 1A Avaliação da prontidão entrevista motivacional é um estilo de comunicação, centrada no paciente, que está especificamente desenhada, para explorar e resolver a ambivalência, com enfoque nas crenças, nos valores e nas preocupações da pessoa chama-se entrevista porque pressupõe um “questionar estratégico” na direção da mudança de comportamento sinal da ambivalência “eu devia parar de fumar mas o cigarro acalma-me” ambivalência a pessoa ambivalente: vê vantagens e desvantagens em manter o status quo e em iniciar a mudança quanto mais se aproxima do objectivo (ex. deixar de fumar) mais sente as desvantagens de conseguir alcançar esse objectivo quanto mais se afasta do objectivo, este aparece como mais atractivo e as desvantagens são menos sentidas teoria da motivação para a autoprotecção Rodgers, 1975, explicou como um acontecimento pode motivar uma mudança. Por exemplo, se o doente sente que os problemas ligados ao consumo são prejudiciais para o seu bem-estar, e que existe um risco de perdurarem, as possibilidades de alterar os hábitos de consumo aumentam. desafio EM: resolver a ambivalência é o principal obstáculo no início do processo de mudança esta fase deve ser trabalhada antes da decisão de mudar aceitar a mudança, sem avaliar os prós e os contra da mudança pode levar a uma recidiva precoce o papel do médico é ajudar os pacientes a resolver a ambivalência, e não pressionar para a mudar teoria da reactância psicológica Brehm e Brehm, 1981, uma pessoa que vê a sua liberdade de acção reduzida deixa o seu desejo de comportamentos indesejáveis aumentar em vez de procurar soluções para se libertar dele. Estas reacções, que podemos classificar de paradoxais, manifestam-se justamente quando as intervenção é confrontante. elementos da entrevista motivacional espírito OARS EM princípios falas de mudança Princípios da entrevista motivacional expressar empatia resistir à “tendência de endireitar” desenvolver discrepância compreender a motivação lidar com a resistência ouvir activo apoiar auto-eficácia empowerment (Miller e Rollnick, 2002) (Rollnick et al 2008) resistir ao “reflexo de endireitar” tendência dos médicos em procurarem resolver activamente os problemas da vida dos pacientes e, deste modo, diminuírem a probabilidade de mudança do comportamento destes. teoria da auto-percepção Bem, 1967, ao ouvir-se falar, o indivíduo aprende aquilo em que acredita. Ora, se o terapeuta decidir modificar o comportamento do seu doente, sem ter em consideração o estadio em que se encontra, arrisca-se a vê-lo fixar-se, no início da intervenção, numa posição que não era necessariamente a sua da entrevista motivacional Espírito colaboração - atitude de cooperativa. O paciente é o expert evocação - consiste em obter ideias e soluções dos pacientes autonomia - o paciente é o responsável pelos caminhos da mudança técnicas estratégicas motivacionais OARS Construir motivação perguntas abertas reforço escuta reflexiva resumir evocar “falas de mudança” Fortalecer o compromisso recapitular perguntas orientadas para o futuro proporcionar informação negociar um plano (metas, opções) Desenvolver a discrepância A mudança é motivada pela discrepância percepcionada entre o comportamento actual e os objectivos e valores pessoais. desenvolver a discrepância motivação é tanto maior quando o paciente compreende as discrepâncias entre a situação actual (ex. fumador activo) e o que deseja para o futuro (deixar de fumar) útil mostrar ao indivíduo de que forma as consequências do seu comportamento (ex. tabagismo) entram em conflito com os valores e objectivos pessoais mais relevantes (ex: família, saúde, …). uma vez identificada a discrepância, o médico deve ampliar e concentrar-se nela até que o paciente mostre uma preocupação e um eventual compromisso para a mudança construir a motivação para a mudança OARS • convida as pessoas a contar a sua narrativa perguntas abertas • obriga ao desenvolvimento das respostas • permite criar o impulso necessário para avançar • ajuda a construir e a reforçar a relação reforço • evidencia os esforços e as capacidades da pessoa validação • é possível utilizar a resistência como fonte de reforço • permite ao paciente ouvir as sua preocupações e as suas razões • ajuda-o a prosseguir a análise da ambivalência escuta reflexiva • possibilita compreender a perspectiva do paciente sumários falas de mudança • maneira de demonstrar o interesse pela pessoa • permite chamar a atenção para os principais elementos da discussão e para a direcção a seguir • reconhece as desvantagens do status quo • reconhece as vantagens da mudança • expressa o optimismo sobre a mudança • expressa a intenção de mudar OARS Perguntas abertas: - o que sabe sobre os riscos associados ao tabaco? - para si, o que é fumar socialmente? - o que acha do seu peso? - o que é que a sua mulher pensa de vc fumar? - conte-me, como é um dia normal de hábitos tabágicos? - como posso ajudá-lo? - fala-me do plano que tem para deixar de fumar? - como é que se sente em relação à pressão social? - o que é que pode fazer para resistir a essa tentação? - o que acha que pode correr mal nesse plano que traçou? OARS Reforço ou validação: são afirmações selecionadas para ancorar o paciente às suas forças e recursos. Pode ser uma reflexão empática assente na dificuldade. “era muito difícil seguir em frente. Deve ter uma forte força interior para ter reduzido o número de cigarros” “compreendo que ao fim deste tempo e sem resultados, se sinta desanimado…” OARS Reflexão empática - Hã, hã…hum, hum (1º nível) - Reflexão simples: devolver em espelho o que disse “Eu não aguento mais a pressão da minha mulher para eu parar fumar…” “Está a dizer-me que está a ser difícil suportar a forma como a sua mulher aborda a questão do tabaco?” - Reflexão ampliada “O que me fez marcar esta consulta foi a minha mulher…” “ Está a dizer que a única razão de estar aqui é a sua mulher?” - Reflexão em dupla face - Interpretativa (risco!) OARS Resumos permite organizar as ideias e a transição para outro tópico (durante a consulta) procuram contrastar ideias ouvidas no momento presente e passado, com o sentido de destacar ideias não ligadas. técnica é especialmente útil para desenvolver discrepância bem como explorar ambos os lados da ambivalência “ao longo na nossa consulta de hoje sinto que tem preocupações genuínas sobre a preservação do ambiente, no entanto, continua a fumar” “Falas de mudança” linguagem preparatória “espero que as coisas se alterem” “eu consigo reduzir o numero de cigarros” “sei que me sentiria melhor se deixasse de fumar” “não suporto mais esta tosse, eu necessito parar de fumar” linguagem mobilizadora “eu vou ...” “eu irei ...” “planeio...” “tenho intenção...” Avaliação da prontidão, importância e confiança Porque devo mudar? importância valores e expectativas da importância de mudar Como sou capaz ? confiança auto-eficácia prontidão Estratégias para explorar a importância Técnicas para explorar a importância da motivação • Discutir outro assunto mais importante • Questões sobre as escalas • Examinar os “prós” e os “contras” • Explorar as preocupações acerca do comportamento que o afecta • Perspectivar a pós-mudança “ Cá para mim, o tabaco, ainda não me provocou danos, doutor” Técnicas para aumentar a importância para a mudança mudar assunto questões sobre escalas balança decisional explorar preocupações perspectivar tempo pósmudança Técnicas para explorar a importância mudar de assunto se o paciente avaliou o nível de importância muito baixo poderá ser melhor: fechar ou mudar de assunto permite compreender e encorajar o paciente a explorar os questões sobre a valores pessoais do problema escala possibilita a analise e reflexão sobre a mudança permite olhar para ambos lados da ambivalência simulta. balanço decisional dá a ideia que o médico está interessado em ambos possibilita uma análise mais profunda sobre a ambivalencia explorar as preocupações aplicar: se o paciente, não o médico, expressar preocupação final: perguntar algumas questões sobre a possível mudança produz facilmente “frases de auto-motivacionais” perspectivar pós mudança aplicar: se avaliação 7/10 ou mais corresponde balança decisional (prós e contras da mudança) mesmo avaliações altas podem gerar resistência an mudança balanço decisional Em cada uma das divisões identifique as vantagens e desvantagens de continuar a fumar ou deixar de fumar. Escreva o que quiser. Este exercício tem por objetivo ajudá-lo(a) a arrumar as suas ideias sobre o tabaco. Técnicas para explorar a confiança da motivação • Discutir outro assunto mais importante • Questões sobre as escalas • Encontrar soluções “brainstorming” • Explorar sucessos e insucessos passados • Reavaliar a confiança “Doutor, desta vez estou confiante, que vou deixar de fumar ...!” Avaliar a confiança da motivação para a mudança pouco a fazer questões sobre escalas soluções “brainstorming” in / sucessos no passado reavaliar a confiança Técnicas para explorar a confiança pouco a fazer questões sobre a escala soluções brainstorming se o paciente avaliou o nível de importância muito baixo poderá ser suficiente: colocar o assunto em cima da mesa não se deve puxar muito pelo paciente para a mudança é uma maneira de se falar sobre estratégias e objectivos permite identificar e clarificar quais as dificuldades: ex: solidão, pressão social, craving encorajar os pacientes a identificar objectivos e estrategias oferecer um conjunto de opções para o doente escolher ex: obj (perder peso) - estratégias (comer menos / EF mais) meios (não comer batatas fritas, carne vermelha 2x sem, etç as expectativas estão relacionadas com as experiências explorar sucessos ajudar a olhar para o passado como valido para o futuro e insucessos a baixa confiança está por vezes relacionada com insucessos reavaliar a confiança quando se fala sobre estratégias e meios para atingir objectivos, avaliar os níveis de confiança pode ser muito útil Colher informação: descrição de um “dia típico” tempo ideal 6 a 8 min tentar compreender o que está sendo pintado Troca de informação: princípios • • • • o timing adequado para dar informação é quando o paciente pede. • encorajar o paciente de dar feedback da interpretação do significado da informação dada • O processo de integração da informação é o que ajuda a construir a motivação para a mudança distinguir a informação factual da interpretação pessoal fornecer informação de forma neutra, evitando usar “vc/eu” manter um ritmo congruente entre a informação fornecida e a integrada e compreendida pelo paciente ROLE - PLAY • Divisão em 5 grupos de 5-6 elementos (5 min) • Distribuição a cada grupo um dos casos: obesidade tabagismo má adesão terapêutica perturbação do sono gestão da doença crónica • Os formandos deverão identificar e selecionar as técnicas de entrevista mais adequadas para o aconselhamento de atitudes e comportamentos em saúde na abordagem do caso-exercício (20 min) • Cada grupo, deve escolher dois elementos - um médico e outro “paciente” - que representarão a abordagem escolhida para o aconselhamento em saúde numa simulação de consulta (10 min) • No final de cada apresentação abre-se uma discussão a todos os formandos e os formadores fazem um resumo das ideias chave a reter (10 min) Avaliar importância para mudança de comportamento: • “Que importância tem para si a vigilância da glicemia?” • “Parece-lhe que “picar o dedo” é útil para alguma coisa?” • “Acha que pode existir algum risco para si se não medir estes valores?” • “Na sua opinião, que efeitos pode ter a tensão elevada na sua saúde?” • “Considera que a medicação pode trazer algum benefício para si?” Explorar crenças: • “Na sua opinião, quantas horas seria necessário dormir?” • “Sente-se frustrado por não conseguir adormecer?” • “Acha que as sestas ajudam a sentir-se melhor?” Analisar as dificuldades: • “O que o incomoda mais na vigilância da glicemia?” • “Pode mostrar-me como está a fazer para “picar o dedo”, para tentarmos diminuir o seu desconforto?” • “Por vezes os aparelhos são complexos. Acha que isso pode ser um problema para si?” Avaliar o contexto: • “Conte-me um dia típico para si, salientando as situações em que come” • “Qual seria a atividade física que lhe daria mais prazer?” • “Na sua semana, onde acha que conseguiria ter tempo para fazer exercício físico?” • “Mais alguém lá em casa estaria disposto a alterar a alimentação (ou acompanhá-la no exercício físico)?” • “Fale-me de um dia típico para si, salientando as coisas que faz habitualmente a horas certas” • “Alguém lá em casa estaria disponível para ajudá-lo nesta gestão?” • “Fale-me de um dia típico para si, salientando os momentos em que dorme” (avaliar horas de sono e rotina pré-sono) • “O que diz o seu companheiro?” • “O que faz quando não consegue adormecer?” • Brainstorming/Estabelecer metas realistas: • “Tem alguma ideia de como pode perder peso?” • “Pensou nalguma estratégia para começar?” • “Pelo que percebi, gostaria de perder 2kg nos próximos 3 meses.” • “Qual das refeições é mais fácil para si mudar?” • “Como acha que podemos aumentar o consumo de vegetais ao longo do seu dia?” • “Quantas vezes seria possível avaliar a glicemia?” • “Parece-lhe possível avaliar a glicemia 1 vez por dia, ao acordar, nas próximas 3 semanas?” • “Acha que a sua esposa poderia ajudar a lembrar-se?” Estratégias para controlo de estímulos: • “Fazer uma lista de compras pode ser uma boa forma de evitar ter alimentos demasiado calóricos em casa” Técnicas de comunicação • Empatia: “Se percebi bem, o peso tem sido uma preocupação para si”; “Gerir todas as questões pode ser complexo, compreendo que possa sentir-se cansado” • Escuta reflexiva: “Vejo que está disposta a reduzir o peso” • Reforçar: “Já conquistou coisas positivas na sua vida, este é mais um desafio. Vai conseguir também.”; “Ao longo destes anos tem conseguido alterar muitas coisas para melhorar o controlo da diabetes. Sei que vai conseguir.” Medidas não farmacológicas para perturbações do sono, selecionando as adequadas à rotina de sono individual: • Controlo de estímulos - ir para o quarto e cama só para dormir; controlar barulho, luz e temperatura do quarto; retirar tv do quarto • Higiene do sono - evitar cafeína ou álcool; exercício físico durante a tarde; evitar sestas; levantar todos os dias à mesma hora; • Restrição de sono - diminuir tempo de sono e ir aumentando progressivamente; sair da cama após 30 min sem adormecer Explorar motivos para não adesão terapêutica: • Comunicação – ouvir o paciente; esclarecer dúvidas; dar informação clara • Aspetos emocionais – ter em conta a dolência; conhecer o contexto psicossocial • Crenças da pessoa/aceitar curso natural da doença – representação individual da doença; convicção acerca dos benefícios e eficácia da terapêutica; abordar abertamente desvantagens/efeitos adversos da terapêutica • Melhorar qualidade de vida – o objetivo do tratamento não é satisfazer exclusivamente a agenda do médico • Negociar o regime terapêutico – farmacológico vs não farmacológico; posologia? custo? ef adversos? suporte social? literacia em saúde? • Fatores relacionados com o médico – Atitude paternalista? Falha na antecipação de barreiras práticas? • Fatores relacionados com a relação – erros de comunicação? Falha na decisão partilhada? Bibliografia Gusso G, Lopes JM. Tratado de medicina de família e comunidade. São Paulo: Artmed editora Lda; 2012. Cap 63. Freeman T, McWhinney I. Textbook of Family Medicine, 3rd ed. Oxford University Press; 2009. Part 1. 9. The enhancement oh health and the preventions of disease Rakel RE, Rakel DP. Textbook of family medicine, 9th ed. Canada: Elsevier; 2016. Cap 102. Rebelo L. Cessação tabágica – um manual para profissionais de saúde. Portugal: Edições profissionais sociedade unipessoal; 2012. Cap Entrevista motivacional no processo de cessação tabágica.