Uso de redutor de crescimento e resposta do milho ao incremento na densidade de plantas Zanella, E. J.1; Sangoi, L.2; Kolling, D. F.3; Schenatto, D. E.1; Panisson, F.3; Boniatti, C. M.1; Durli, M. M.3; Souza N. M.3; Dallamaria, G.3; Fistarol, A.3; Dall’Igna, M. 1; Giordani, W.1Dall’Igna, L.1; Strauss, R. F. 1; Ianskoski T. R. 1 INTRODUÇÃO O Brasil é o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador mundial de milho, atrás apenas dos Estados Unidos. Apesar disto, a produtividade de milho no país é baixa, em torno de 4,9 toneladas ha-1. As baixas produtividades são causadas por fatores como: uso de genótipos de limitado potencial de rendimento, aplicação de baixas doses de fertilizantes, época de semeadura imprópria, escolha do arranjo de plantas inadequado, deficiências na disponibilidade de água e nutrientes no solo (SANGOI et al. 2010). Entre estes fatores, a escolha incorreta da densidade de plantas é uma das principais responsáveis pela diminuição do rendimento de grãos. A densidade ideal para a cultura do milho dependerá da cultivar (híbrido utilizado), disponibilidade hídrica, nível de fertilidade do solo e adubação, época de semeadura e latitude. Uma das formas de elevar o rendimento de grãos do milho é aumentando a população de plantas. O maior número de indivíduos por unidade de área melhora a eficiência de interceptação da radiação solar, pois o milho é uma planta de baixa plasticidade vegetativa. Contudo, um dos principais inconvenientes da elevação da densidade é o incremento na quantidade de plantas acamadas e quebradas. Isto ocorre porque com densidades mais altas aumenta a competição intra-específica por luz, o que incrementa a estatura da planta e reduz o diâmetro do colmo. Este efeito é mais acentuado quando o milho é semeado tardiamente, no final da primavera. Nas semeaduras tardias, evidencia-se um estimulo ao crescimento vegetativo da planta, ocasionado pela coincidência do período de desenvolvimento inicial da cultura com temperaturas elevadas do solo e do ar (SANGOI et al. 2010). Deste modo, o colmo das plantas fica mais frágil, sujeito a quebra e ao acamamento. A utilização de reguladores de crescimento pode ser uma estratégia para amenizar o prejuízo ocasionado pela quebra e acamamento de plantas oriundo de semeaduras tardias e ou adensadas. Estas substâncias são compostos naturais (fitohormônios e substâncias naturais de crescimento) ou sintéticos (hormônio sintético e regulador sintético) que exibem atividade no controle do crescimento e desenvolvimento da planta. Elas podem atuar na inibição da biossíntese de giberelinas (fitohormônios que estimulam a divisão ou elongação celular) ou ainda na liberação do etileno (STEFFEN, 2013). Dentre os reguladores de crescimento existem os redutores de crescimento, como o ethyl-trinexapac, o cloreto de clorocolina, o cloreto de mepiquat, entre outros (STEFFEN, 2013). Estes produtos visam tornar a arquitetura da planta mais adaptada para suportar alto rendimento agronômico. Assim, os redutores vão agir na planta, podendo, diminuir a sua estatura, interferindo na biossíntese e no metabolismo das giberelinas. Com a aplicação de redutores de crescimento busca-se uma forma de segurança direcionada aos produtores que desejam utilizar altas densidades de plantas para aumentar o Acadêmicos do Curso de Graduação em Agronomia da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), bolsistas de iniciação científica PIBIC/CNPq – eduardo_jose_zanella@hotmail. 2 Orientador, Professor do Departamento de Agronomia da UDESC. Acadêmicos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias da UDESC. 3 o rendimento de grãos ou que por algum motivo atrasaram suas semeaduras de milho, correndo o risco de perder parte de sua produção em função da quebra e acamamento dos colmos. Este trabalho objetivou avaliar o efeito da aplicação de um redutor de crescimento na resposta do milho ao incremento na densidade de plantas. Material e métodos O experimento foi conduzido no município de Lages, SC, no ano agrícola 2013/14. Foi utilizado o sistema de semeadura direta na palhada de aveia-branca num Nitossolo Vermelho Distrófico Típico (EMBRAPA, 2006). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualisados dispostos em parcelas subdivididas com três repetições por tratamento. Na parcela principal foram testadas quatro densidades, equivalentes a 50.000, 70.000, 90.000 e 110.000 plantas por hectare, as quais foram avaliadas, nas sub-parcelas, com e sem a aplicação do regulador de crescimento. A semeadura foi realizada no dia 11/10/2013, utilizando-se semeadoras manuais e um barbante marcado com a distância entre as covas de plantio pertinente para cada densidade. O hibrido utilizado foi o P30R50H. As sementes foram tratadas com os inseticidas Tiametoxam e Fipronil e com fungicida Fludioxonil + Metalaxyl. As subparcelas foram compostas por quatro linhas, sendo que cada uma tinha seis metros de comprimento, espaçadas em 70 cm uma da outra No dia da semeadura foi realizado o controle de plantas daninhas em pré-emergência com o herbicida Atrazina + Metalacloro. Quando as plantas se encontravam em V3, realizou-se outra aplicação de herbicida para complementar o controle, utilizando-se o produto Tembotriona. Foram realizada duas aplicações do regulador de crescimento MODDUS (etiltrinexapac), na dosagem de 400mL do produto comercial/ha em cada aplicação. As pulverizações foram feitas com um pulverizador costal, pressurizado com CO2, quando as plantas de milho se encontravam nos estádios vegetativos V4 e V8 da escala proposta por Ritchie et al. (1993). As avaliações de estatura de plantas foram realizadas 15 dias após cada aplicação do regulador. A colheita foi realizada no dia 24 de abril de 2014, quando os grãos estavam fisiologicamente maduros e apresentavam umidade menor do que 20%. As espigas foram trilhadas e os grãos secos em estufa até atingirem massa constante. Após, determinou-se o rendimento de grãos e seus componentes. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância utilizando o teste F. Os valores de F foram considerados significativos ao nível de significância de 5% (P<0,05). Quando alcançados os níveis de significância, as médias foram comparadas entre si pelo teste de Tukey, com uma significância também de 5% (P<0,05). Resultados e discussão O uso do regulador de crescimento não interferiu significativamente na resposta do rendimento de grãos do milho ao incremento na população de plantas. Também não houve efeito isolado do produto sobre a produtividade. Resultados similares foram evidenciados por ZAGONEL et al.( 2012) que não constaram efeitos da época de aplicação do produto sobre o rendimento do milho. A produtividade de milho diferiu estatisticamente de acordo com as densidades testada (Tabela 1). O maior rendimento de grãos foi obtido na densidade de 90.000 plantas/ha, diferindo estatisticamente da densidade de 50.000 plantas ha-1, que apresentou os menores índices, porém não diferindo significativamente das densidades de 70.000 e 110.000 plantas/ha. Isto pode ser explicado pelo fato da cultura do milho aumentar o rendimento até um ponto considerado ótimo que maximize o uso dos recursos disponíveis e, como conseqüência, propicie os maiores rendimentos. Pela baixa plasticidade vegetativa e reprodutiva do milho, quando semeado em baixas densidades ele terá um rendimento menor devido a subaproveitamento da radiação solar, como presenciado na densidade de 50.000 plantas/ha. Por outro lado, na densidade de 110.000 plantas ha-1, notou-se uma queda na produtividade, ocasionada pelo excesso populacional que acarretou num aumento da competição intraespecífica, causando menor eficiência no aproveitamento dos recursos disponíveis. Portanto, a densidade de 90.000 plantas ha-1 foi a que propiciou as melhores condições para otimizar o desempenho agronômico do milho, independentemente da aplicação do regulador de crescimento. A estatura de plantas não foi afetada pela densidade de plantas e pela aplicação do regulador de crescimento tanto na primeira, quanto na segunda avaliação (Tabela 2). Isto indica que o regulador de crescimento utilizado no trabalho não reduziu o crescimento vegetativo da cultura, contrariando a hipótese que originou este trabalho. Conclusões A densidade ótima para maximizar o rendimento de grãos foi de 90.000 pl ha -1, independentemente da aplicação de regulador de crescimento. A aplicação do regulador de crescimento não interferiu sobre a estatura de planta, nem sobre a resposta do milho ao incremento na densidade de plantas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO (CQFS RS/SC). Manual de adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto Alegre, SBCS/Núcleo Regional Sul, 2004. 400p. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed.. Brasília, 2006. 306p. INFORMATIVO DEAGRO – FIESP, Safra mundial de milho 2013/2014, 11º Levantamento do USDA, março 2014. Disponível em: http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-epublicacoes/safra-mundial-de-milho-2/ Acesso em: 29/05/14. STEFEN, D. L. V. Efeito do nitrogênio e de redutores de crescimento de plantas sobre rendimento de grãos e qualidade industrial do trigo. Dissertação de mestrado, UDESC, Lages: 2013. NETO, D. D. et al. Aplicação e influência do fitorregulador no crescimento das plantas de milho. Revista FZVA, v.29, p. 1-9, 2004. SANGOI, L; et al. Estratégias de manejo do arranjo de plantas para aumentar o rendimento de grãos de milho. Lages: Graphel, 2010. SANGOI, L.; et al. Variabilidade na distribuição espacial de plantas na linha e rendimento de grãos de milho. Revista Brasileira de Milho e Sorgo. V.11 n. 3 pg. 268-277, 2012. SILVA, P.R.F.; SANGOI, L.; STRIEDER, M.L.; ARGENTA, G. Arranjo de plantas e sua importância na definição da produtividade em milho. Porto Alegre: Evangraf, 2006. 64p. ZAGONEL, J.; FERREIRA, C. Doses e épocas de aplicação de regulador de crescimento em híbridos de milho. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 31, n. 2, p. 395-402, 2013. Tabela 1 – Produtividade de milho sob diferentes densidades populacionais (valores médios com e sem aplicação de regulador de crescimento). Lages , SC, 2013/2014. Densidade Populacional (Plantas ha-1) Produtividade (kg ha-1) 50.000 12879 b 70.000 14143 ab 90.000 14803 a 110.000 14526 ab Médias seguidas de mesma letra minúscula, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Tabela 2 - Altura das plantas de milho em duas épocas de avaliação sob diferentes densidades populacionais (valores médios com e sem aplicação de regulador de crescimento). Lages ,SC, 2013/2014. População Altura 1ª Época Altura 2ª Época (cm) (cm) 50.000 plantas 90,66 NS 178,50 NS 70.000 plantas 90,33 177,50 90.000 plantas 95,00 180,50 110.000 plantas 97,00 171,83 Diferenças entre médias não significativas pelo teste de Tukey (p<0,05).