Apostila para o Processo Seletivo 2015 Apostila da LAOTO 1 Sumário ORELHA ...................................................................................................................................... 2 NARIZ ........................................................................................................................................... 5 LARINGE ..................................................................................................................................... 8 FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO .................................................................................................... 11 FISIOLOGIA DA GUSTAÇÂO ................................................................................................ 14 FISIOLOGIA DA OLFAÇÃO ................................................................................................... 16 RINITE........................................................................................................................................ 18 OTITE ......................................................................................................................................... 20 FARINGITE ............................................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS BIBLIÓGRÁFICAS ...................................................................................... 23 Apostila da LAOTO 2 ORELHA A orelha, ou ouvido, é o complexo morfofuncional responsável pela sensibilidade ao som e aos efeitos gravitacionais, do movimento e do equilíbrio. Ela está abrigada na intimidade do osso temporal e consiste em três partes, com características estruturais e funcionais distintas: a orelha externa, a orelha média e a orelha interna. ORELHA EXTERNA Pavilhão auricular. O pavilhão auricular (pina) é formado por uma placa irregular de cartilagem elástica coberta de pele, que lhe confere forma peculiar, com depressões e elevações; no conjunto, exibe uma superfície lateral de aspecto côncavo e uma superfície medial convexa correspondente. As formações desta face côncava possuem nomenclaturas anatômicas específicas e são importantes no fenômeno de acústica sonora para amplificação do som. Estruturalmente, a orelha é constituída por uma fina placa de cartilagem elástica, coberta por pele e unida às partes adjacentes por músculos e ligamentos. É contínua à parte cartilaginosa do meato acústico externo, que se prende à porção óssea por tecido fibroso. Esta cartilagem, por ser avascular, é suprida pelos vasos da pele. Quando o pavilhão sofre algum tipo de trauma, a cartilagem pode perder a sua vascularização devido ao descolamento do pericôndrio, causando fibrose, fazendo com que ele perca a sua conformação anatômica. Na parte posterior da orelha, existe um pequeno coxim gorduroso que aumenta a maleabilidade da pele nesta região. O lóbulo, por sua vez, é formado por tecido fibroso e adiposo, sem cartilagem. Meato acústico externo. O meato acústico externo estende-se da concha à membrana do tímpano e mede, aproximadamente, 2,5 cm de comprimento na parede póstero-superior. Estruturalmente, o meato consiste em um terão lateral cartilaginoso e dois terços mediais ósseos. O meato tem a forma de S, e à secção transversal apresenta-se de forma ovalada. A extremidade medial do meato ósseo é mais estreita do que a lateral e é marcada por um sulco, o sulco timpânico, onde se insere o ânulo fibrocartilaginoso da membrana do tímpano. No tecido subcutâneo da porção cartilaginosa do meato, são encontradas glândulas sebáceas e ceruminosas e folículos pilosos. Na pele da porção óssea do meato não existem pelos, exceto na parede superior. ORELHA MÉDIA A orelha média compreende a cavidade timpânica, o antro mastoideo e a tuba auditiva que, no conjunto, representam uma câmara pneumática, irregular e contínua Apostila da LAOTO 3 através de passagens, em sua maior parte localizada no osso temporal. A cavidade timpânica é uma fenda cheia de ar, comprimida lateralmente, forrada por mucoperiósseo, a qual se estende em um plano oblíquo anteroposterior. A cavidade timpânica é fechada lateralmente pela membrana do tímpano, que serve como limite entre a orelha média e o meato acústico externo. Essa membrana, de forma elíptica, é fina, semitransparente, e está colocada obliquamente, inclinando-se em sentido medial. Ela exibe aspecto levemente côncavo na face externa devido à tração do manúbrio do martelo (o primeiro dos trás ossículos do ouvido), firmemente fixo à face interna da membrana, fazendo com que ela permaneça como uma lona de circo tracionada. Se a orelha média estiver repleta por secreção purulenta, esta membrana pode mostrar-se abaulada, perdendo seu formato cénico. O ponto mais deprimido desta “tenda”, no centro da membrana, chama-se umbigo do tímpano e corresponde à extremidade do manúbrio do martelo. A partir deste ponto, uma linha esbranquiçada, a estria malear, causada pelo brilho do manúbrio, é vista na face externa passando em direção à margem superior. Na extremidade superior da estria aparece uma projeção delgada, a proeminência malear, formada pelo processo lateral (curto) do martelo. Daí parte as pregas maleares posterior e anterior, que se dirigem as extremidades do sulco timpânico do anel timpânico do osso temporal. A cavidade timpânica propriamente dita é limitada lateralmente pela membrana timpânica; superiormente por uma placa de osso compacto que forma o assoalho da fossa média da cavidade craniana; inferiormente pela parede jugular, marcada pela presença de células timpânicas delimitadas por trabéculas ósseas irregulares; posteriormente pela parede mastoidea; anteriormente pela chamada parede carótica, que contem o chamado músculo tensor do tímpano e o óstio timpânico da tuba auditiva (de Eustáquio). A parede anterior é separada da artéria carótida interna por uma placa óssea fina, na qual são descritas raras deiscências. Essa parede é perfurada por pequenos pertuitos que dão passagem aos vasos sanguíneos e aos nervos caroticotimpânicos para o plexo timpânico. Por fim, a parede medial ou labiríntica apresenta várias estruturas, a maioria das quais estreitamente relacionadas com o ouvido interno. As células aéreas localizadas no osso temporal (principalmente no processo mastoide) se abrem na cavidade timpânica, auxiliando na manutenção da pressão desta cavidade juntamente à tuba auditiva. Cruzando a cavidade timpânica há um delgado ramo nervoso denominado corda do tímpano. Este, que consiste em um ramo do nervo lingual, é responsável por levar as informações gustatórias dos dois terços anteriores da língua até o nervo facial, além de levar fibras eferentes viscerais (parassimpáticas) para as glândulas submandibular e sublingual. Os ossículos da orelha média formam uma cadeia articulada suspensa na cavidade do tímpano, responsável pela condução e amplificação das ondas sonoras da orelha externa para a orelha interna. São eles: Martelo: derivado da cartilagem de Meckel, é o primeiro e maior ossículo da cadeia. Consiste em cabeça, colo, processo lateral, processo anterior e manúbrio ou cabo. O manúbrio é longo, com a extremidade achatada, em forma de espátula firmemente presa à membrana do tímpano, cuja lâmina própria se divide para envolver o manúbrio ao nível do umbigo. O martelo é sustentado pela sua fixação na membrana timpânica, pelo músculo tensor do tímpano (inervado pelo nervo do músculo pterigóideo medial, ramo do mandibular do trigêmeo; é responsável por modificar os movimentos da cadeia Apostila da LAOTO 4 ossicular junto ao pequeno músculo estapédio), por ligamentos próprios e por sua articulação com a bigorna. Bigorna: é o mais longo dos trás ossículos. Consiste em um corpo, um processo curto, um processo longo e no processo lenticular. Assemelha-se a um dente pré-molar, com duas raízes divergentes comparáveis aos processos longo e curto. Estribo: é o menor e mais medial elo da cadeia ossicular. Consiste na cabeça, na base e em dois ramos ou cruras. Nota-se uma área irregular imediatamente acima do ramo posterior representada pelo local de inserção do tendão do músculo estapédio (inervado pelo nervo para o músculo estapédio, ramo do nervo facial). A base, ou platina do estribo, apresenta formas muito variáveis e está acoplado à janela oval da cóclea. Os ossículos, por meio de dois mecanismos, promovem a amplificação do som: (1) a alavanca entre os ossículos; e (2) o mecanismo hidráulico, que concentra na pequena janela oval todo o som que chega na grande membrana timpânica, aumentando a energia sonora. Estes mecanismos garantem a amplificação do som em torno de 22 vezes, o que é importante no que diz respeito à mudança de meio de propagação do som: este passará de uma propagação aérea para uma propagação líquida, onde o som torna-se mais lento e com menor energia. Daí a importância de ampliar a energia sonora. ORELHA INTERNA Consiste em três partes principais: o labirinto ósseo ou perilinfático, o labirinto membranáceo ou endolinfático e a cápsula ótica ou labiríntica circunjacente. O labirinto ósseo está dentro da parte petrosa do osso temporal, medindo cerca de 20 mm de comprimento no seu eixo maior e constitui o estojo que aloja o labirinto membranáceo. Apresenta três componentes não completamente divididos: o vestíbulo, os canais semicirculares e a cóclea. É forrado por fino periósteo, o qual é revestido com uma delicada camada epitelióide e contém um líquido - a perilinfa - que envolve todo o labirinto membranáceo. As estruturas que compõem o labirinto membranoso estão contidas nos compartimentos formados pelo labirinto ósseo. O labirinto membranoso é um sistema de vesículas e ductos preenchidos por um líquido claro, a endolinfa. As partes fundamentais do labirinto membranáceo são ducto coclear, o utrículo, o sáculo, os três ductos semicirculares e suas ampolas, e o saco e o ducto endolinfáticos. Apostila da LAOTO 5 NARIZ O nariz é a parte do trato respiratório acima do palato duro e contém o órgão periférico do olfato. É dividido em cavidades direita e esquerda pelo septo nasal. Cada cavidade é divida em uma área olfatória e uma área respiratória. As funções do nariz a da cavidade nasal são: Olfação, Respiração, Filtração da poeira; umidificação do ar inspirado; recepção de secreções provenientes dos seios paranasais e dos ductos lacrimonasais. O nariz externo é a porção do nariz que surge da face e é formado por um esqueleto osteofibrocartilaginoso, com base nos processos frontais e alveolares das maxilas e nos ossos nasais. A porção cartilaginosa é formada por dois pares de cartilagens, as cartilagens alares superior e inferior, e por um variado número de cartilagens acessórias. Essas cartilagens estão conectadas à cartilagem do septo, a cada lado do plano sagital mediano. O arranjo dessas estruturas anatômicas mantém a via aérea aberta, através do ádito ou vestíbulo do nariz que é visto externamente como o nostril. A entrada do nostril geralmente tem forma oval e, nessa região existem várias vibrissas, descritas como pequenos pelos, com função tátil e protetora para o vestíbulo do nariz. A superfície interna ou nasal da parede lateral do nariz forma um trapézio com base maior inferior. O nostril, côncavo e coberto por vibrissas, é encontrado na parte inferior (região vestibular). Logo acima do nostril, encontramos um arco que leva ao límen do nariz, um acúmulo de tecido fibroso submucoso, o límen é o limite superior da cartilagem alar inferior. Acima do límen encontra-se um região de superfície regular, o ádito do nariz, anterior à inserção das conchas nasais média e inferior. Essa região é formada por um osso bastante duro, o processo frontal da maxila. O nostril, formado pela cartilagem alar inferior, é extremamente móvel, servindo como um sistema valvular, margeado interna e superiormente pelos límens nasais. A cavidade nasal é descrita como uma pirâmide truncada, tendo uma base inferior larga (assoalho) e uma base superior estreita (teto), além de uma parede medial (septo) e uma parede lateral (orbital). É dividida em cavidades do nariz direita e esquerda pelo septo nasal. Assim, o septo é a parede medial comum a ambas as cavidades do nariz. A coana é a abertura posterior da cavidade nasal. Tem formato oval, com bordas ósseas de tamanhos variados, geralmente pequenas. As bordas coanais são formadas pela face inferior do osso esfenóide (região mais posterior do teto da cavidade nasal), abaixo do qual está o vômer, que participa do septo nasal. A área da espinha nasal posterior (no septo nasal) é a junção do vômer com os dois processos horizontais (ou maxilares) dos ossos palatinos. Essa é uma área muito importante para inserções fibromusculares do palato mole. Os ossos nasal, frontal, etmóide e esfenóide participam na formação do teto do nariz. O osso etmóie é o principal contribuinte, com sua lâmina horizontal, a lâmina crivosa do etmóide. A porção nasal da lâmina crivosa do etmóide é composta de uma pequena placa óssea delgada , com inúmeros forames, atravessados pelos ramos terminais do nervo olfatório. Em posição distal a essa prancha, onde o osso etmóide se junta à asa menor do esfenóide, existe uma área comum ocupada por expansões sinusais etmoidal e/ou esfenoidal. Dividido sagitalmente por um septo ósseo, o teto do nariz é sempre estreito. A parte óssea do assoalho da cavidade nasal é formada pelo processo palatino da maxila e processo horizontal do palatino, que também constituem o palato ósseo, do lado bucal. Cada lado apresenta articulações no plano sagital mediano, originando, pelo lado nasal, a crista do assoalho do nariz, crista maxilar, local onde se articula o vômer. O assoalho da cavidade nasal é quase plano, inclinando-se para baixo, de anterior para posterior, terminando em um grande canal aberto, que se estende lateralmente, em uma marcada concavidade lateral, o meato nasal inferior, abaixo da concha nasal inferior, elemento ósseo de transição Apostila da LAOTO 6 meatal na parede lateral da caivdade nasal. O processo frontal da maxila margeia todo o ádito da cavidade nasal, dando forma anatômica vertical, como um osso compacto e espesso. Superiormente, esse processo encontra-se entre os ossos lacrimal e nasal. Posterior ao processo frontal da maxila, o osso lacrimal tem uma visível chanfradura por orbital, a fossa lacrimal, bem demarcada, onde o saco lacrimal está alojado. Esse osso continua em uma placa óssea, que formará o canal nasolacrimal, ao longo do processo frontal da maxila e da margem anterior do processo unciforme do etmóide. A área anterior ao canal é o ádito do meato nasal médio, continuação posterior do ádito da cavidade nasal, que corresponde ao espaço entre a inserção das conchas nasais inferior e média. As conchas nasais inferior e média possuem diferentes origens. A concha nasal inferior é um osso individual, articulado à parede lateral da cavidade nasal, em um plano longitudinal, quase horizontal, com convergência posterior. Seu terço anterior é mais espesso e articula-se com a maxila. A porção lateral da concha nasal inferior está relacionada aos processos lacrimal e unciforme do osso etmóide. O limite superior da concha nasal inferior é convexo e representa a margem da região anatômica mais complexa da parede lateral do nariz, o meato nasal médio. A região da parede lateral do nariz localizada sob a concha inferior é denominada meato nasal inferior. Nesse meato, próximo à ponte onde a concha se articula à parede lateral do nariz, entre seus terços anterior e médio, pode-se encontrar o óstio do ducto nasolacrimal, visto como uma abertura óssea em forma de sino, embora possa apresentar grande variação anatômica. A concha nasal média e outras estruturas ósseas da parede lateral do nariz, que se salientam no meato nasal médio para a cavidade nasal, são, geralmente, porções do osso etmóide e responsáveis pela estrutura anatômica desta importante e complexa região. A porção óssea da concha nasal média é menor, comparativamente à da concha nasal inferior, mas possui a mesma conformação anatômica básica. A cabeça da concha nasal média está bem próxima ao teto do nariz e da lâmina crivosa do etmóide, pela lateral, e, às vezes, encontra-se pneumatizada em áreas próximas ao assoalho da fossa anterior do crânio, aumentando o risco de complicações, quando é necessário abordá-la cirurgicamente. A porção posterior da concha nasal média é curva ântero-posteriormente e articula-se com a lâmina vertical do osso palatino, abaixo do limite inferior do forame esfenopalatino. O processo unciforme constitui-se na margem posterior do canal nasolacrimal e funciona como um guia para a drenagem das cavidades paranasais, estando relacionado a recessos, chanfraduras e aberturas. No crânio, o processo unciforme encontra-se entre duas aberturas, as fontanelas anterior e posterior da maxila, no meato nasal médio. Essas fontanelas são fechadas somente por tecido conjuntivo e epitelial, contribuindo para a definição da parede nasal do seio maxilar. A bolha etmoidal é um elemento anatômico, encontrado um pouco acima e posterior ao processo unciforme. Pode alojar uma ou mais células e ter grandes volumes e formas variadas. A junção da tuberosidade da maxila com a borda anterior da lâmina vertical do osso palatino pode ser vista como uma superfície plana e fina, seguida por um espessamento ósseo vertical, na porção posterior do meato médio. Outra área bastante fina, geralmente translucente, com algumas deiscências, está localizada em posição adjacente a essa região, possuindo grande importância, pois abriga, em sua margem superior, o forame esfenopalatino. A porção óssea da parede lateral da cavidade nasal é completada pela lâmina medial do processo pterigóideo do osso esfenóide, tão duro quanto o processo frontal da maxila. A concha nasal superior é menor e localizada superior e posteriormente à concha nasal média, próximo ao recesso esfenoetmoidal. É frequentemente pneumatizada por uma grande Apostila da LAOTO 7 célula etmoidal posterior (de Onodi) ou por várias células pequenas. O meato nasal superior, abaixo dessa concha, é bastante pequeno e tem poucos elementos anatômicos. É o local onde se encontram os recessos e óstios das células etmoidais posteriores, seguindo um curso no recesso esfenoetmoidal, onde se localiza o óstio do seio esfenoidal, aproximadamente no mesmo nível da cauda da concha nasal. Um terceiro elemento etmoidal, chamado concha nasal suprema, pode estar presente, entretanto, encontra-se sempre atrófico ou modificado pela presença de células etmoidais posteriores. A concha nasal suprema é frequentemente descrita nos fetos e recém nascidos, mas não é tão frequente nos adultos. O septo nasal tem uma anatomia relativamente simples. A lâmina perpendicular do etmóide forma suas porções superior, posterior, inferior e anterior do vômer completam o septo ósseo, como se fosse um triângulo de base posterior. Os limites anteriores das placas etmoidais e vomerianas estão ligados à cartilagem quadrangular septal, formando a parede medial do nostril. As suturas interósseas e osteocartilaginosas desses elementos têm papel importante no crescimento nasal, facial e crâniofacial. Na porção superior do septo, parede lateral e teto do nariz, existe uma mucosa especializada, chamada olfatória ou pituitária. Ela contém ramos terminais do nervo olfatório que passam através da lâmina crivosa do etmóide, para alcançar o bulbo olfatório. A cavidade nasal tem um rico suprimento vascular, que provém bilateralmente de ramos das artérias carótidas externas e interna. A artéria maxilar origina-se na bifurcação da artéria carótida externa, no interior da glândula parótida e, após um longo e tortuoso trajeto, adentra a fossa pterigopalatina, de onde vários ramos se estenderão para a região craniofacial, para a cavidade nasal e ao complexo paranasal. Dois ramos terminais da artéria maxilar, a artéria nasal lateral posterior e a artéria septal, originam-se no interior da fossa pterigopalatina, próximas a sua parede medial ou nasal, atravessam o forame esfenopalatino, margeando suas bordas inferior e superior, respectivamente, para alcançar a cavidade nasal. Nessa cavidade, as artérias caminham subperiostealmente à septal, tangenciando o corpo do esfenóide, aproximadamente 15 mm abaixo do óstio esfenoidal, bifurcando-se num ramo sinusal e noutro septal, que se distribui ao septo e teto do nariz. Neste nível, os ramos anastomosam-se com os das artérias etmoidais. Inervação homônima acompanha a rede arterial. As artérias etmoidais anterior e posterior são ramos da artéria oftálmica no interior da órbita que, por sua vez, se origina da artéria carótida interna, sob o nervo óptico, logo a sua entrada no canal homônimo. As artérias etmoidais e os nervos homônimos, ramos do nervo oftálmico, que é o ramo mais superior do nervo trigêmeo, deixam a órbita em canais próprios, cujas trajetórias alcançam a lateral da lâmina crivosa do etmóide, envolvidos pela dura máter. A artéria nasal lateral posterior adentra a cavidade nasal apoiada na borda inferior do forame esfenopalatino, que geralmente é tangenciada pela cauda óssea da concha nasal média. Pela sua constância, essa relação anatômica é uma referência cirúrgica que pode ser utilizada nos acessos endonasais ao forame esfenopalatino. Imediatamente, ramos ascendentes dirigem-se para o meato nasal superior e, quase no mesmo nível, emerge a artéria para a concha nasal média, no interior de sua cauda, o que pode também ocorrer no meato nasal médio, em diferentes níveis. A artéria nasal lateral posterior nem sempre é vertical e regular, encontrandose, com frequência, uma trajeetória tortuosa e oblíqua para anterior. Também podem ser vistas artérias duplas ou triplas, em função do número de forames esfenopalatinos. Ramos terminais desta artéria adentram a cauda da concha nasal inferior e ramificam-se grandemente para, em conjunto com ramos venosos, organizarem-se em plexo arteriovenoso, responsável pela turgescência dessa dessa concha, em contato com o ar circulante. Estendendo-se para o meato nasal posterior anastomosam-se com ramos transpalatinos e da artéria alveolar superior anterior, no assoalho da cavidade nasal. Ramos anteriores de todo o conjunto nasal lateral posterior encontram-se com terminais das artérias etmoidais anteriores, facial e infraorbital, no ádito do meato nasal médio. A drenagem venosa da cavidade nasal dá-se através de veias tributárias do plexo pterogóideo, ao passo que o nariz externo drena para as tributárias faciais. Os linfáticos da cavidade nasal convergem para a nasofaringe, onde se concentram e drenam para as regiões submandibular e geniana. O suprimento nervoso primário para a cavidade nasal vem do nervo maxilar, com extensões do gânglio pterigopalatino e plexo simpático pericarótico, que é distribuído ao longo dos ramos das artérias carótidas externa e interna. O nervo maxilar surge do forame redondona fossa pterigopalatina. Do limite inferior desse forame, um canal contendo esse nervo direciona-se lateralmente à fossa zigomática, a partir da qual, juntamente com a artéria Apostila da LAOTO 8 infraorbital, entra no canal infraorbital, como ramo infraorbital. Próximo ao forame redondo, dentro da fossa pterigopalatina, o nervo maxilar emite ramos ai gânglio pterigopalatino. Nesse ponto, ou dentro do canal, surge, lateralmente, o nervo zigomaticorbitário, que é o suprimento oarassimpático para a glândula lacrimal. Em resumo, as fibras nervosas descritas levam fibras aferentes e secretomotoras para as regiões buconasal, sinusal, nasofaríngea e orbital. LARINGE A laringe é um órgão curto que conecta a faringe com a traqueia. Ela se situa na linha mediana do pescoço, diante da quarta, quinta e sexta vértebra cervicais. A laringe tem três funções: - Atua como passagem para o ar durante a respiração; - Produz som, ou seja, a voz (por esta razão é chamada de caixa de voz); - Impede que o alimento e objetos estranhos entrem nas estruturas respiratórias (como a traqueia). A laringe desempenha função na produção de som, que resulta na fonação. Na sua superfície interna, encontramos uma fenda anteroposterior denominada vestíbulo da laringe, que possui duas pregas: prega vestibular (cordas vocais falsas) e prega vocal (cordas vocais verdadeiras). A laringe é uma estrutura triangular constituída principalmente de cartilagens, músculos e ligamentos. A parede da laringe é composta de nove peças de cartilagens. Três são ímpares (cartilagem tireóidea, cricóidea e epiglótica) e três são pares (cartilagem aritenóidea, cuneiforme e corniculada). A cartilagem tireóidea consiste de cartilagem hialina e forma a parede anterior e lateral da laringe, é maior nos homens devido à influência dos hormônios durante a fase da puberdade. As margens posteriores das lâminas apresentam prolongamentos em formas de estiletes grossos e curtos, denominados cornos superiores e inferiores. LARINGE A cartilagem crinoide localiza-se logo abaixo da cartilagem tireoide e antecede a traqueia. A epiglote se fixa no osso hioide e na cartilagem tireoide. A epiglote é uma espécie de "porta" para o pulmão, onde apenas o ar ou substâncias gasosas entram e saem dele. Já substâncias líquidas e sólidas não entram no pulmão, pois a epiglote fecha-se e este dirige-se ao esôfago. A cartilagem aritenóide articula-se com a cartilagem crinoide, estabelecendo uma articulação do tipo diartrose. As cartilagens aritenóides são as mais importantes, porque influenciam as posições e tensões das pregas vocais (cordas vocais verdadeiras). A cartilagem corniculada situa-se acima da cartilagem aritenóide. A cartilagem cuneiforme é muito pequena e localiza-se anteriormente à cartilagem corniculada correspondente, ligando cada aritenóide à epiglote. Cartilagens: Cricóide, Aritenóide e Corniculada MÚSCULOS DA LARINGE Os músculos da laringe são divididos em intrínsecos e extrínsecos. Os músculos extrínsecos movem a laringe como uma unidade, fazendo-a ascender descender ou ocupar Apostila da LAOTO 9 uma posição mais anterior, a deglutição ou a fonação. Dividem-se em quatro grupos. O primeiro é constituído pelos músculos infra-hioideus que são o omohioideu, o esternohioideu, e o tirohioideu que baixam a laringe. O segundo grupo é constituído pelos músculos estilohioideu, digástrico e milo-hioideu que elevam a laringe. O terceiro grupo é constituído pelo estilo-faríngeo e pelo palato-faríngeo, que elevam a faringe e a laringe. O grupo quatro integra os músculos constrictores médio e inferior da faringe. Os músculos intrínsecos alteram a forma e as dimensões do adito laríngeo e da glote. Os músculos intrínsecos da laringe são todos enervados pelo nervo laríngeo inferior ou recorrente, com exceção do músculo crico-tiroideu que é enervado pelo ramo externo do nervo laríngeo superior. Os músculos intrínsecos são: o cricotiroideu, que é um tensor e secundariamente um adutor das cordas vocais; o músculo cricoaritnoideu posterior, que é um abductor das cordas vocais; o músculo cricoaritnoideu lateral, adutor das cordas vocais e com ação ao cricoaritnoideu posterior; o músculo interaritnoideu adutor da porção mais posterior das cordas vocais; os músculos aritnoideus oblíquos, adutores das cordas vocais; músculo tiroaritnoideu externo, que é um antagonista dos músculos crico-tiroideu e cricoaritnoideu posterior, sendo um adutor das falsas cordas vocais; músculo tiroaritnoideu interno ou músculo vocal, adutor e tensor das cordas vocais. MUCOSA DA LARINGE A laringe é recoberta por epitélio de tipo respiratório, com excepção da metade superior da face posterior da epiglote, da porção superior das pregas aritnoepiglóticas e das cordas vocais. Ligamentos e membranas da laringe - são divididos em extrínsecos e intrínsecos. De entre os extrínsecos referimos a membrana tiro-hioideia e o ligamento tirohioideu que é a porção espessada na linha média, desta membrana. A membrana tiro-hioieia é penetrada, na sua porção lateral pela artéria e pela veia laríngea superior e pelo ramo interno do nervo laríngeo superior. Existe uma bolsa serosa entre a porção superior da membrana e o osso hióide. O ligamento tirohióideu lateral forma o bordo posterior da membrana tiro-hióideia. Outros ligamentos extrínsecos são o ligamento hioepiglótico, o ligamento tiroepiglótico, o ligamento cricotraqueal e o ligamento cricotiroideu. Os ligamentos intrínsecos são: o ligamento quadrangular, que se estende de cada lado da epiglote até ás cartilagens corniculada e aritnoideia formando a prega aritnoepiglótica da laringe; o segmento ventricular de tecido fibroelástico que é uma membrana que se estende da membrana quadrangular em cima até ao cone elástico em baixo, formando um segmento de tecido elástico que envolve o ventriculo laríngeo; o cone elástico que apresenta duas partes que se reúnem anteriormente na linha média, profundamente em relação ao ligamento cricotiroideu e que se inserem na superfície interna da cartialgem tiroideia. Atrás, o cone elástico insere-se nas cartilagens aritnoideias e no seu processo vocal. Apresenta um espessamento entre a cartilagem tiroideia e o vértice do processo vocal, formando a margem livre do ligamento vocal. O cone elástico é por vezes designado por membrana triangular, podendo considerar-se a sua base na linha média, na zona de inserção nas cartilagens tiroideia e cricoideia, o apex no processo vocal da cartilagem aritnoideia e superiormente, na cartilagem tiroideia, estendendo-se posteriormente numa linha côncava em direção ao processo vocal. O bordo superior do cone elástico é livre e corresponde ao ligamento vocal, ao passo que o seu bordo inferior se insere na cartilagem cricoideia. CONFIGURAÇÃO INTERNA DA LARINGE A propósito da configuração interna da laringe, referimos o aditus laríngeo, zona limitada anteriormente pela epiglote, lateralmente pelas pregas aritno-epiglóticas, e Apostila da LAOTO 10 posteriormente, pelos vértices das cartilagens corniculadas e pelo bordo superior do músculo interaritnoideo. De referir que as pregas aritnoepiglóticas formam a parede medial do seio piriforme. A laringe, na sua conformação interna, estende-se desde o aditus até ao bordo inferior da cartilagem cricoideia e apresenta três zonas, limitadas pelas cordas vocais e pelas bandas vestibulares: o vestíbulo, o ventrículo e a subglote. O vestíbulo ocupa a porção mais alta da laringe e estende-se do aditus até às bandas vestibulares (falsas cordas vocais). O ventrículo laríngeo, (ventrículo de Morgagni, ou seio laríngeo), é constituído pela mucosa que se estende acima das verdadeiras cordas vocais e abaixo das bandas vestibulares (falsas cordas). Na extremidade anterior do ventrículo laríngeo existe um divertículo, o sáculo, cujas dimensões são muito variáveis. A glote é constituída pelas cordas vocais e pela fenda entre elas (rima glottodis) e é porção mais estrita da laringe. Na glote descrevemos uma porção musculomembranosa, anterior e uma porção cartilagínea, posterior, formada pelo processo vocal das cartilagens aritnoideias. A comissura anterior das cordas vocais encontra-se inserida através de um ligamento da comissura (ligamento de Broyles). CORTE AXIAL DA LARINGE Função esfincteriana da laringe - Foram descritos por Pressman em 1941, três esfíncteres laríngeos que protegem a árvore respiratória. Assim, foram descritos: o aditus, as pregas vestibulares (falsas cordas), e as verdadeiras cordas vocais. Artérias da laringe A laringe é irrigada pela artérias, laríngea superior, laríngea inferior e artéria cricotiroideia. A artéria laríngea superior é ramo da artéria tiroideia superior, tendo origem junto ao polo superior do lobo lateral da glândula tiroideia. Após a sua origem passa horizontalmente pela porção posterior da membrana tiro-hioideia juntamente com o ramo interno do nervo laríngeo superior. Atravessa de seguida a membrana, por baixo do nervo e corre por baixo deste na submucosa da parede lateral e do pavimento do seio piriforme. Irriga a mucosa e os músculos da laringe. A artéria laríngea inferior é ramo da artéria tiorideia inferior. Corre ao longo do trajeto do nervo laríngeo inferior até à face posterior da articulação crico-tiroideia, penetrando a laringe através de um orifício profundo, relativamente ao bordo inferior do músculo constrictor inferior da faringe (área de Killian-Jamieson). Irriga a mucosa e músculos e anastomosa-se com ramos da artéria laríngea superior. A artéria crico-tiroideia é ramo da artéria tiroideia superior e origina-se ao nível da membrana crico-tiroideia. Veias da laringe-São constituídas essencialmente pelas veias laríngeas superior e inferior que apresentam um trajeto semelhante às artérias, drenando para as veias tiroideias superior e inferior, respectivamente. Linfáticos da laringe - A rede linfática da laringe é muito rica, exceto ao nível das cordas vocais. Os linfáticos da laringe são divididos nas regiões supra-glótica e infraglótica, não existindo qualquer anastomose linfática entre estas duas regiões. Ambas as regiões para a região lateral do pescoço. Os linfáticos da região supra-glótica percorrem o pavimento do seio piriforme e acompanham a artéria laríngea superior, drenando para os gânglios jugulares superiores. Alguns destes vasos linfáticos drenam para os gânglios prélaríngeos. A rede linfática subglótica é menos rica e drena através da membrana cricotiroideia para os gânglios laríngeos anteriores (gânglios de Delfos). Alguns destes vasos eferentes alcançam os gânglios pré e peri-traqueais, estes últimos acompanham o trajeto do nervo recorrente. Alguns vasos linfáticos acompanham a artéria laríngea inferior e o nervo recorrente, alcançando a partir daí os gânglios linfáticos cervicais profundos inferiores. Alguns vasos linfáticos podem drenar diretamente para os gânglios da fossa supra-clavicular. NERVOS DA LARINGE Referem-se os nervos laríngeo superior e o nervo laríngeo inferior ou recorrente. O nervo laríngeo superior é ramo colateral do nervo vago. Corre medialmente às artérias carótidas interna e externa e divide-se em dois ramos, um externo e um interno. O ramo externo dirige-se para baixo e para diante ao longo da face lateral do músculo constrictor inferior da faringe. Ao longo do seu trajeto fornece um ramo para o músculo constrictor inferior e enerva o músculo crico-tiroideu. Tem uma relação de proximidade estreita com a artéria tiroideia superior. O ramo interno, passa entre o músculo tiro-hioideu e a membrana tirohioideia, penetrando a membrana tiro-hioideia acompanhado pela artéria laríngea superior. O nervo laríngeo superior enerva parte da base da língua, as valéculas, a epiglote, o seio piriforme, o vestíbulo, as bandas vestibulares e o ventrículo laríngeo. Enerva ainda a região posterior da laringe e anterior da faringe, ao nível da cartilagem cricoideia. O nervo laríngeo inferior ou recorrente é igualmente ramo colateral do nervo vago. Após a sua origem tem um trajeto ascendente, percorrendo o sulco traqueo-esofágico, acompanhando o bordo posterior do lobo lateral da glândula tiroideia, sendo a sua face anterior, na maior parte dos casos, cruzada pela artéria tiroideia inferior. Penetra a laringe, acompanhado pela artéria laríngea Apostila da LAOTO 11 inferior, imediatamente atrás da articulação crico-tiroideia. Divide-se em dois ramos, anterior e posterior, podendo esta divisão efetuar-ae antes do nervo penetrar na laringe. O ramo anterior passa acima a à frente da porção mais lateral do músculos crico-aritnoideu lateral e tiroaritnoideu. O ramo posterior enerva os músculos crico-aritnoideu, aritnoideu transverso e aritnoideu oblíquo. FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO 1- CONCEITOS BÁSICOS O som é um tipo de energia mecânica, resultado da transmissão de energia de partículas de ar em vibração, de uma fonte sonora em direção a partes mais distantes. Frequência sonora é um conceito que caracteriza a altura de um som, definindo-o como grave, médio ou agudo. A frequência é expressa em Hertz (Hz), ou ciclos por segundo, e é inversamente proporcional ao comprimento de onda. Os sons comuns apresentam uma ampla gama de frequências, tendo a fala frequências que variam entre 300 e 3000 Hz. Intensidade sonora corresponde à amplitude das vibrações periódicas das partículas de ar e está associada à pressão e energia sonora (som fraco e forte), e é expressa em decibéis, a unidade de sensação sonora. O timbre ou qualidade do som é dado pelas diferenças de amplitude dos sons harmônicos, que são sons de frequências múltiplas em relação à frequência do som fundamental. 2- ORELHA EXTERNA Possui a função de coletar e encaminhar as ondas sonoras até a orelha média, amplificar o som, auxiliar na localização da fonte sonora e proteger a orelhas média e interna. A função do pavilhão auricular como captador de ondas sonoras é discutível, pois sua ausência é compatível com boa acuidade auditiva. O meato acústico externo transfere e amplifica o som para a orelha média, principalmente em frequências de 2000 a 5000 Hz, sendo máxima entre 200 e 3000 Hz (aproximadamente 20 dB). Também serve para auxiliar na localização da fonte sonora, que consiste na impressão de volume sonoro causada pela aplicação de pressão sobre as orelhas. Há o efeito sombra (“shadow effect”) da cabeça, no qual ondas de pequeno comprimento são bloqueadas pela cabeça e a pressão sonora é reduzida no lado oposto à fonte sonora. Entretanto, a principal função da orelha externa é a proteção da membrana do tímpano, além de manter um certo equilíbrio de temperatura e umidade necessários à preservação da elasticidade da membrana. Contribuem para essas funções as glândulas ceruminosas produtoras de cerúmen, os pêlos, e a migração epitelial da região interna para a externa. 3- ORELHA MÉDIA Trata- se de uma “bolsa” preenchida por ar, comunica-se com a nasofaringe através da tuba auditiva. Possui em seu interior a cadeia ossicular, composta por: martelo (em contato direto com a membrana timpânica); bigorna e estribo (em contato coma cóclea através da janela oval). Seu papel mais importante é a equalização das impedâncias da orelha média (vibrações aéreas que invadem a membrana timpânica) e da interna (variações de pressão nos compartimentos líquidos da orelha interna). Sob o impacto de ondas sonoras sucessivas a membrana timpânica vibra no seu todo, deslocando-se para dentro e para fora da orelha média (fases de compressão e de rarefação), como um pistão, juntamente com o cabo do martelo, ao qual está intimamente fixado. O deslocamento da membrana timpânica apresenta a capacidade de variar de amplitude em cada zona da membrana timpânica de acordo com a frequência sonora, porém o deslocamento máximo sempre ocorre na região póstero- superior. À medida que a frequência aumenta, o deslocamento da membrana é cada vez mais complexo. A cadeia ossicular transmite a vibração acústica desde a membrana até a base do estribo, passando pelo martelo e bigorna. 3- a) Unidade Tímpano-Ossicular As vibrações sonoras originadas no meio atmosférico são refletidas no meio líquido e perdem parte de sua força, porém a energia sonora originada no líquido é totalmente aproveitada. A orelha média serve para corrigir esta perda que ocorre na transmissão da onda sonora do meio aéreo para o meio líquido da cóclea. Isto ocorre por dois mecanismos: mecanismo hidráulico; mecanismo de alavanca martelo-bigorna; O movimento de deslocamento da cadeia ossicular é complexo e compreende dois movimentos: de rotação, que ocorre nas frequências baixas e o de translação, que ocorre nas frequências altas e pode ser mais proeminente que a rotação. A adaptação da impedância entre o meio aéreo e a cóclea é indispensável à boa transmissão sonora. Sem este mecanismo Apostila da LAOTO 12 de adaptação de impedâncias, haveria uma perda auditiva de aproximadamente 30 dB. Deste modo, há predomínio intenso de pressão acústica das ondas que chegam à janela oval em relação às que chegam à janela redonda e as ondas alcançam as janelas em oposição de fase: compressão na janela oval e rarefação na redonda. Esta diferença de pressão acústica e de fase entre as duas janelas é indispensável para a mobilização da perilinfa e consequente ativação da membrana basilar que aloja o órgão de Corti. A impedância de entrada da energia sonora na orelha interna depende da pressão acústica na rampa vestibular (janela oval), da pressão acústica na platina do estribo (janela oval => rampa vestibular) e do volume de perilinfa deslocado pela platina por unidade de tempo. Os movimentos da platina são limitados pela inércia da perilinfa e pela extensibilidade da membrana basilar. Portanto, a impedância da orelha interna é "resistiva", tendo como consequências: toda a energia acústica incidente dissipa-se na cóclea e as ressonâncias que aparecem na orelha média são amortecidas. 3- b) Função de proteção da orelha interna Realizada pela presença mecânica da membrana timpânica e reflexo do estapédio. O reflexo do estapédio é desencadeado por um estímulo sonoro intenso e consiste de uma contração bilateral do músculo do estribo (estapédio). A contração isolada do m. do estapédio faz com que ele gire em torno de um eixo vertical, facilitando a transmissão de sons fracos. Sob estímulos de grande intensidade, ele se desloca sob o eixo longitudinal e se desloca de cima para baixo com amplitude máxima superior, aumentando a rigidez e a resistência à transmissão de sons graves, principalmente. Este reflexo possui um período de latência (14 a 16 ms), não oferecendo proteção contra ruídos bruscos e apresenta fatigabilidade, limitando a duração do seu papel protetor em casos de sons intensos e prolongados. .3- c) Tuba Auditiva Função de manter o arejamento das cavidades da orelha média, o que é assegurado pela sua abertura intermitente O equilíbrio entre a pressão atmosférica e a do ar contido na cavidade timpânica é indispensável para que a unidade tímpano-ossicular vibre sem obstáculos. 4- ORELHA INTERNA 4- a) Cóclea A cóclea constitui o labirinto anterior. Trata-se de um órgão com estrutura cônica que tem uma parede extremamente delgada e se dispõem em espiral, em torno de um osso chamado columela ou modíolo, ao redor do qual dão de duas e meia a três voltas. Suas paredes externas são ósseas. É responsável pela transdução de energia acústica (mecânica) em energia elétrica. A base da cóclea é mais alargada e possui duas janelas, a oval e a redonda. Os três “tubos” são denominados: *Rampa vestibular: Mais superior, limita-se com a orelha média pela janela oval *Rampa média ou ducto coclear: Posição intermediária; contém o órgão de Corti e é delimitada em sua base pela membrana basilar *Rampa timpânica: Mais inferior; limita-se com a orelha média pela janela redonda As rampas vestibulares e timpânica comunicam-se entre si através do helicotrema, situado no ápice da cóclea. Em seu interior contêm perilinfa, um fluido semelhante ao extracelular, rico em sódio. O interior do ducto coclear contém endolinfa, semelhante ao líquido intracelular, rico em K+. 4- b) A membrana basilar Durante a transmissão sonora através da cadeia ossicular, a platina do estribo se projeta para o interior do vestíbulo pela janela oval, impulsionando a perilinfa. Como esse líquido se encontra dentro de uma caixa óssea rígida a pressão aplicada acaba sendo direcionada inferiormente sobre a membrana basilar e anteriormente em direção ao ápice; com isso, a onda mecânica se desloca ao longo da rampa vestibular, atinge o helicotrema e retorna pela rampa timpânica alcançando por fim a janela oval, empurrando-a em direção à caixa timpânica Nesse deslocamento de “ida e volta” da onda sonora, obtém-se uma diferença de pressão hidrostática que se aplica sobre a membrana basilar, fazendo-a vibrar de cima para baixo. As propriedades mecânicas da membrana basilar são a chave para a fisiologia adequada da cóclea. Caso a membrana fosse uniforme em toda a sua extensão, durante o processo de variação de pressão entre as escalas vestibular e timpânica ela se moveria de maneira similar em toda a sua extensão, independentemente da frequência e da intensidade sonora. No entanto, a principal característica da membrana, é que ela não é uniforme, de forma que suas propriedades mecânicas variam ao longo de seu comprimento: no ápice, a membrana é mais delgada e solta enquanto na base ela é mais espessa e fixa. Além disso, ela é mais larga no ápice, afinando-se em direção à base, ao contrário da estrutura da cóclea, que vai se Apostila da LAOTO 13 alargando em direção à base. Com isso, para um dado estímulo vibratório (som puro), ele se propagará através de toda a membrana basilar, causando maior amplitude de movimento em determinado ponto dela (formando os “envelopes” da membrana), enquanto os demais pontos permanecem próximos da inércia. Essa estrutura também permite que dois sons distintos estimulem simultaneamente a cóclea, de modo que provocarão vibrações em diferentes locais, ou seja, não haverá interposição de ondas. 4- c) Órgão de Corti O órgão de Corti é a estrutura transdutora de energia mecânica para energia elétrica; localizase ao longo e sobre a membrana basilar, sendo formado por três tipos básicos de células 1) Células ciliadas internas (CCI): são as principais células receptoras auditivas. Formam a coluna mais interna ao longo do órgão de Corti, são piriformes. 2) Células ciliadas externas (CCE): formam as três fileiras mais externas, são cilíndricas e tem alta seletividade freqüencial. 3) Células de sustentação: Deiters, Hensen, Claudius. Além desses tipos celulares, o órgão de Corti também possui as aferências neuronais. Dos neurônios aferentes que inervam a cóclea, 90 a 95% são neurônios do tipo I e fazem sinapse com as CCI e cada CCI é inervada por 15 a 20 neurônios tipo I. Os outros 5 a 10% são dotipo II e inervam as CCE e cada neurônio tipo II inerva 10 CCE. Por fim, recobrindo o órgão de Corti, existe a membrana tectória. Em íntimo contato com os esteriocílios das CCI e CCE, é responsável pela deflexão e hiperflexão dessas estruturas durante a vibração da membrana basilar. 4 -d) Estereocílios das Células Ciliadas Tanto as CCI como as CCE possuem feixe de estereocílios. CCI: Seu pólo apical está recoberto de estereocílios, dispostos em várias fileiras de tamanho decrescente (são maiores no exterior). Estereocílios em forma de “V”. CCE: Seus estereocílios estão localizados no ápice da célula, organizados em três ou quatro fileiras, cuja altura aumenta do interior para o exterior e têm forma de “W” com suas pontas para fora. A abertura do “W” aumenta da primeira para a terceira fileira de CCE. A parte apical dos cílios maiores está implantada na membrana tectória. O ápice dos estereocílios é mais rígido que a base. 4- e) Etapas da fisiologia coclear 1- Transdução mecanoelétrica nas células ciliadas externas: As vibrações mecânicas da membrana basilar e órgão de Corti provocadas pelas vibrações da perilinfa causa a deflexão mecânica do feixe de estereocílios, que se deflete como um todo, devido às conexões laterais existentes entre cada estereocílio e pelo fato da base ser mais estreita em relação ao corpo. As conexões laterais permitem que a pressão aplicada a um estereocílio seja aplicada ao cílio vizinho. 2-Transdução eletromecânica nas células ciliadas externas: (cóclea ativa) Os potenciais elétricos assim formados provocariam contrações mecânicas rápidas das células ciliadas externas, que constituem a base da eletromotilidade e ocorrem em fase com a frequência sonora estimulante. Estas contrações determinariam uma amplificação da vibração da membrana basilar numa área restrita do órgão de Corti, devido ao acoplamento que as células ciliadas externas realizam entre a membrana basilar e a membrana tectórica. Tais contrações rápidas poderiam ocorrer por um mecanismo de eletrosmose que depende da presença do sistema de cisternas laminadas das células ciliadas externas. 3-Transdução mecanoelétrica nas células ciliadas internas: A amplificação das vibrações da membrana basilar provocaria o contato dos cílios mais longos das células ciliadas internas com a membrana tectórica e consequente inclinação dos mesmos. Isto nas células de uma área delimitada pequena onde é liberada a energia pelo mecanismo ativo. Nesta área, um pequeno número de células ciliadas internas é estimulado com máxima intensidade. A inclinação e estimulação dos cílios determinaria a despolarização das células ciliadas internas, com formação de potenciais receptores pela entrada de potássio pelos canais iônicos dos cílios. Em seguida, há a liberação de neurotransmissores e a formação de uma mensagem sonora codificada em impulsos elétricos, que é transmitida ao SNC pelo nervo acústico. 5- NC VIII (NERVO AUDITIVO OU COCLEAR) O nervo auditivo possui ao redor de 30000 a 50000 fibras. O corpo celular de suas fibras está no gânglio espiral, que recebe dendritos da lâmina espiral (lâmina óssea onde está inserida a membrana basilar) e manda axônios para o núcleo coclear. 5- a) Inervação Aferente Apostila da LAOTO 14 É composta dos neurônios tipo I (90-95%) que inervam as CCI e pelos neurônios tipo II (5-10%), que inervam as CCE. Os neurônios tipo I são células grandes, mielinizadas e bipolares, apresentam condução rápida e o provável neurotransmissor envolvido é o glutamato. Os dendritos tipo I são conectados de forma radial com as CCI, configurando um corpo sináptico rodeado de vesículas. Os neurônios tipo II são células pequenas com axônio não mielinizado de pequeno diâmetro. A sinapse neurônio tipo II e CCE é do tipo balão, de tamanho pequeno com presença inconstante do corpo sináptico na CCE e sua extremidade é pobre em organelas especializadas. O neurotransmissor é desconhecido. As fibras do nervo auditivo também têm seletividade frequencial, dependente da tonotopia coclear. A frequência característica de uma fibra é aquela que possui um limiar de resposta mais baixo. FISIOLOGIA DA GUSTAÇÂO Os sentidos gustativo e olfativo são chamados sentidos químicos, porque seus receptores são excitados por estimulantes químicos. Os receptores gustativos são excitados por substâncias químicas existentes nos alimentos, enquanto que os receptores olfativos são excitados por substâncias químicas do ar. Esses sentidos trabalham conjuntamente na percepção dos sabores. O centro do olfato e do gosto no cérebro combina a informação sensorial da língua e do nariz. O receptor sensorial do paladar é a papila gustativa. É constituída por células epiteliais localizadas em torno de um poro central na membrana mucosa basal da língua. Na superfície de cada uma das células gustativas observam-se prolongamentos finos como pêlos, projetando-se em direção da cavidade bucal; são chamados microvilosidades. Essas estruturas fornecem a superfície receptora para o paladar. Apostila da LAOTO 15 Observa-se entre as células gustativas de uma papila uma rede com duas ou três fibras nervosas gustativas, as quais são estimuladas pelas próprias células gustativas. Para que se possa sentir o gosto de uma substância, ela deve primeiramente ser dissolvida no líquido bucal e difundida através do poro gustativo em torno das microvilosidades. Portanto substâncias altamente solúveis e difusíveis, como sais ou outros compostos que têm moléculas pequenas, geralmente fornecem graus gustativos mais altos do que substâncias pouco solúveis difusíveis, como proteínas e outras que possuam moléculas maiores. A gustação é primariamente uma função da língua, embora regiões da faringe, palato e epiglote tenham alguma sensibilidade. Os aromas da comida passam pela faringe, onde podem ser detectados pelos receptores olfativos. AS QUATRO SENSAÇÕES GUSTATIVAS-PRIMÁRIAS Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários, aos quais chamamos sensações gustativas primárias: amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na superfície da língua, não é homogênea. Até os últimos anos acreditava-se que existiam quatro tipos inteiramente diferentes de papila gustativa, cada qual detectando uma das sensações gustativas primárias particular. Sabe-se agora que todas as papilas gustativas possuem alguns graus de sensibilidade para cada uma das sensações gustativas primárias. Entretanto, cada papila normalmente tem maior grau de sensibilidade para uma ou duas das sensações gustativas. O cérebro detecta o tipo de gosto pela relação (razão) de estimulação entre as diferentes papilas gustativas. Isto é, se uma papila que detecta principalmente salinidade é estimulada com maior intensidade que as papilas que respondem mais a outros gostos, o cérebro interpreta a sensação como de salinidade, embora outras papilas tenham sido estimuladas, em menor extensão, ao mesmo tempo. 1.Papilas circunvaladas 2.Papilas fungiformes 3. Papilas filiformes Apostila da LAOTO 16 O SABOR DIFERENTE DAS COMIDAS Cada comida ativa uma diferente combinação de sabores básicos, ajudando a torná-la única. Muitas comidas têm um sabor distinto como resultado da soma de seu gosto e cheiro, percebidos simultaneamente. Além disso, outras modalidades sensoriais também contribuem com a experiência gustativa, como a textura e a temperatura dos alimentos. A sensação de dor também é essencial para sentirmos o sabor picante e estimulante das comidas apimentadas. IMPORTÂNCIA DO OLFATO NO PALADAR Muito do que chamamos gosto é, na verdade, olfato, pois os alimentos, ao penetrarem na boca, liberam odores que se espalham pelo nariz. Normalmente, a pessoa que está resfriada afirma não sentir gosto, mas, ao testar suas quatro sensações gustativas primárias, verifica-se que estão normais. As sensações olfativas funcionam ao lado das sensações gustativas, auxiliando no controle do apetite e da quantidade de alimentos que são ingeridos. TRANSMISSÃO DE ESTÍMULOS AO SISTEMA NERVOSO CENTRAL As vias de transmissão dos estímulos gustativos ao tronco cerebral e daí ao córtex cerebral. Os estímulos passam das papilas gustativas na boca ao tracto solitário, localizado na medula oblonga (bulbo). Em seguida, os estímulos são transmitidos ao tálamo; do tálamo passam ao córtex gustativo primário e, subsequentemente, às áreas associativas gustativas circundantes e à região integrativa comum que é responsável pela integração de todas as sensações. REFLEXOS GUSTATIVOS Uma das funções do aparelho gustativo é fornecer reflexos às glândulas salivares da boca. Para tanto, estímulos são transmitidos do tracto solitário, no cérebro, aos núcleos vizinhos que controlam a secreção das glândulas salivares. Quando o alimento é ingerido, o tipo de sensação gustativa, atuando através desses reflexos, ajuda a determinar se a secreção salivar deverá ser grande ou pequena. FISIOLOGIA DA OLFAÇÃO QUÍMICA DO OLFATO A química dos odores é pouco entendida apesar dos avanços no entendimento dos receptores olfatórios. Há uma capacidade relativamente baixa de predizer a sensação induzida por certa substância química ou uma combinação de substâncias químicas A olfação consiste em várias etapas que são elas: Apostila da LAOTO 17 1. Contato de um odor com as narinas (ou outro órgão receptor olfatório em outra espécie de interesse, como os receptores das barbelas em peixes) do organismo. 2. Inalação de odores. 3. Dissolução de odores na camada de muco que cobre a mucosa olfatória, o que inclui interações com proteínas de ligação olfatórias bem como fosfolipídeos que compreendem grande parte da mucosa. 4. Interação de odores com moléculas receptoras concentradas nos cílios das células receptoras olfatórias. 5. Transdução de energia de ligação para um sinal eletroquímico (o potencial receptor). 6. Geração de proteínas de ação e subsequente codificação neural. 7. Purificação do odor a partir do sistema olfatório. A membrana olfativa está localizada na parte superior das fossas nasais, na parte medial, ela se dobra para baixo sobre a superfície do septo nasal e, lateralmente, dobra-se sobre a concha superior e sobre a pequena porção da superfície, superior e pequenas, ilhotas da concha média. Na mucosa olfativa encontram-se as células olfatórias, que são os receptores olfativos. Estas células estão mergulhadas no muco então para que uma substância química possa estimular estas células, ela precisa ser, hidrossolúvel, lipossolúvel e volátil. Após a estimulação das células olfativas seus neurônios se agrupam em feixes que atravessam a lâmina crivosa do etmóide e atingem o bulbo olfativo, formando o chamado glomérulo olfatório que sinapta com as células mitrais e turfosas quando levam o impulso ao Sistema Nervoso Central, também no bulbo, existe outra célula que é denominada de granulosa que, quando estimulada inibi outras células mitrais e turfosas, BERNE (1991). O estímulo que sai do bulbo olfativo, chega ao trato olfatório através do nervo olfatório, posteriormente o estimula chega ao tubérculo olfatório, de onde segue dois caminhos: fibras chegam ao córtex pré-piriforme e outras fibras ao núcleo amigdalóide de onde saem fibras que chegam ao hipotálamo e núcleo médio dorsal do tálamo que manda aferências até o córtex pré-frontal e órbita-frontal de onde se identifica especificamente a sensação do cheiro. Apostila da LAOTO 18 RINITE A rinite alérgica (RA) é uma doença caracterizada por sintomas nasais e oculares decorrentes do desenvolvimento de reações inflamatórias de hipersensibilidade a aeroalérgenos depositados na mucosa nasal e na conjuntiva. É uma das afecções mais frequentes na espécie humana, e pode apresentar grande impacto na qualidade de vida do paciente. Das classificações propostas, a seguinte é uma das mais utilizadas. Clinicamente, rinite é definida como a somatória dos sintomas: rinorréia, obstrução nasal, prurido e/ou espirros. A severidade da doença pode ser classificada conforme a tabela. Classificação da severidade da rinite conforme sintomatologia Sintomas presentes por: Intermitente • Menos de 4 vezes na semana • E menos de 4 semanas Sintomas presentes por: Persistente • Mais de 4 vezes na semana • Ou mais de 4 semanas Não há: • Distúrbio do sono Leve • Alterações das atividades diárias • Impedimento para escola ou trabalho • Incômodos causados pelos sintomas Ocorre uma ou mais das alterações: • Distúrbio do sono Moderada-severa • Alterações das atividades diárias • Impedimento para escola ou trabalho • Os sintomas incomodam Apesar da sintomatologia ser a mesma em todos os tipos de rinite, o diagnóstico diferencial é realizado a partir de uma boa anamnese (história pessoal ou familiar de atopia) e alguns exames complementares que confirmam ou não a atopia. A rinite não-alérgica é um diagnóstico de exclusão. Os quadros principais são: rinite eosinofílica não-alérgica (RENA), idiopática, ocupacional, do idoso, gestacional, do esporte, gustativa, medicamentosa e por fármacos. Ao exame físico, as conchas nasais podem aparecer com uma coloração rósea (normal), avermelhada, pálida ou cianótica. Podem apresentar-se normotróficas ou edemaciadas com bloqueio nasal discreto, com comprometimento parcial da respiração em uma ou ambas as fossas nasais ou, impedindo a respiração uni ou bilateral. As secreções podem estar ausentes, a mucosa pode apresentar-se úmida, a secreção pode estar visível em conchas ou assoalho da fossa nasal, e pode ser profusa, com drenagem abundante. Apostila da LAOTO 19 Os testes alérgicos confirmam a hipótese diagnóstica de atopia. O teste cutâneo é in vivo, feito com a estimulação direta do antígeno sobre a pele, sendo aplicado intracutâneo (intradérmico) ou epicutâneo (denominado prick test); é realizado pela escarificação da pele. A vantagem do prick test é a fácil realização, baixo índice de efeitos colaterais, menor índice de dor, além de ter seu resultado em cerca de 20 a 30 minutos. Em indivíduos alérgicos, há o aparecimento de uma pápula maior de 3 mm no local em que o antígeno foi aplicado. O RAST (Radio Allergon Sorbent Test) é um teste in vitro que relaciona a dosagem da presença de IgE específica no sangue ao antígeno estudado. Este teste não traz nenhuma informação adicional ao teste cutâneo, devendo ser indicado nos casos em que o prick test está contra-indicado (risco de reação grave ao teste cutâneo, patologias cutâneas, impedimento de parar a medicação para realização do exame). O tratamento da rinite alérgica é baseado em quatro pontos principais: Prevenção do alérgeno O controle do ambiente de convívio do paciente é essencial e, muitas vezes, suficiente para o controle dos sintomas de rinite alérgica. Dentre os alérgenos de ambiente fechado mais comuns no Brasil, encontramos o ácaro como principal fator causal. Portanto, evitar objetos que acumulem poeira e ambientes muito úmidos é fundamental. Farmacoterapia A medicação é administrada conforme o tempo e a severidade dos sintomas. Podem ser prescritas medicações preventivas, como o cromoglicato dissódico e o corticosteróide tópico, ou medicações sintomáticas, como anti-histamínicos e descongestionantes. Imunoterapia A imunoterapia está indicada nos pacientes que necessitam de medicação preventiva a longo prazo, ou em altas doses. Esse tratamento é capaz de reduzir os receptores celulares para IgE, aumentar os anticorpos bloqueadores e retornar o equilíbrio da resposta TH1 X TH2. Deve-se utilizá-la apenas em pacientes com rinite do tipo alérgica, com identificação precisa do alérgeno. Geralmente, o tempo de tratamento é prolongado para que seus efeitos sejam duradouros. Os melhores resultados são obtidos com antígenos inaláveis, como o ácaro, não devendo ser indicada para alergia aos alimentos. Pode ser realizada em todas as faixas etárias, sendo contraindicada em doenças imunológicas, cardíacas, psicológica grave e neoplasias. Cirurgia A cirurgia está indicada quando o paciente mantém queixa de obstrução nasal apesar do tratamento clínico, ou no uso crônico dependente da medicação. Apostila da LAOTO 20 OTITE Otite externa: um grupo de doenças que envolve primariamente o meato auditivo e resulta de uma combinação de calor e retenção de umidade com descamação e maceração do epitélio no canal auditivo externo. Todas as formas tem origem predominantemente bacteriana; P. aeruginosa e S.aureus são os patógenos mais comuns. Uma infecção no canal auditivo externo pode acometer desde a porção mais externa da membrana do tímpano até o pavilhão auricular comumente chamado de orelha. A infecção acontece devido a uma invasão de bactérias da superfície para a profundidade da pele. Otite externa localizada: furuncuose no terço externo do canal auditivo, em geral causada pelo S. aureus. O tratamento consiste em uma penicilina antiestafilococica oral (p. ex., dicloxacilina) com drenagem cirúrgica em casos de formação de abscesso. Otite externa difusa aguda (‘’ouvido do nadador’’): infecção em canais irritados e macerados que e em geral causada por P. aeruginosa e caracteriza-se por dor intensa, eritema e edema do Canal bem como secreção grumosa esbranquiçada drenando da orelha externa. O tratamento consiste na limpeza do canal para remoção de debris e no uso de antibióticos tópicos (p. ex., preparações com neomicina e polimixina), com ou sem glicocorticóides, para reduzir a inflamação. Otite externa crônica: dermatite eritematosa, escamosa, pruriginosa e indolor que costuma originar-se da drenagem persistente a partir de uma infecção crônica da orelha media outras causas de irritação repetida ou infecções crônicas raras, como tuberculose ou hanseníase. O tratamento consiste na identificação e eliminação do processo causador; com frequência, e difícil a resolução bem sucedida. Otite externa maligna ou necrosante: e uma infecção lentamente progressiva, caracterizada por otorreia purulenta, com orelha e canal externo edemaciados e eritematosos, com otalgia severa desproporcional aos achados do exame, presença de tecido de granulação na parede posteroinferior do canal, próximo da junção entre osso e cartilagem. *Essa doença potencialmente fatal, a qual ocorre, sobretudo em pacientes idosos, diabéticos ou imunocomprometidos ,pode envolver a base do crânio, as meninges, os nervos cranianos e o cérebro. *P. aeruginosa e o agente etiológico mais comum, porem outros bacilos gramnegativos, S. aureus, Staphylococcus epidermis e Aspergillus também tem sido relatados. *Deve ser obtida uma amostra do tecido de granulação (ou de tecidos mais profundos) para cultura. *O tratamento envolve antibióticos sistêmicos por 6 a 8 semanas e consiste em agentes antipseudomonas (p. ex., piperacilina, ceftazidima) com um aminiglicosideo ou uma fluoroquinolona; gotas de antibiótico ativo contra Pseudomonas, junto com os glicocorticóides, são usadas como terapia auxiliar. *A doença recorre em ate 20 % dos casos. O controle glicêmico agressivo em pacientes diabéticos ajuda no tratamento e na prevenção de recorrências. INFECCOES DA ORELHA MÉDIA A disfunção da tuba auditiva, com freqüência em associação com a IVRSs (infecções das vias respiratórias superiores), causa inflamação com transudato estéril. Costuma ocorrer superinfecção viral ou bacteriana. Otite media aguda: ocorre em geral após uma IVRS viral, que pode provocar diretamente otite media viral ou predispor a otite media bacteriana. As crianças apresentam maior propensão à otite média aguda (OMA) quando comparadas com os adultos. A OMA é a principal causa de prescrição de antibióticos na infância, apresentando impacto socioeconômico significativo. Aproximadamente 50% das crianças apresentam pelo menos um episódio até os seis meses de idade, 80% até um ano de vida e 90% até os dois anos. Etiologia: o S. pneumoniae e isolado em ate 35 % dos casos; H. inluenzae não tipável e M. catarrhalis são outras causas comuns de otite média bacteriana. Há uma crescente preocupação com o S.aureus resistente a meticilina (MRSA) adquirido na comunidade como Apostila da LAOTO 21 um agente etiológico emergente. Vírus (ex. vírus sincicial respiratório, vírus influenza, rinovírus, enterovírus) tem sido descobertos de forma isolada ou com bactérias em até 40% dos casos. Manifestações clinicas: a membrana timpânica mostra-se imóvel, eritematosa, abaulada ou retraída, podendo perfurar de maneira espontânea. Outros achados podem incluir otalgia, otorreia, diminuição da audição, febre e irritabilidade. Os sinais e sintomas da OMA na infância podem variar a depender da faixa etária do paciente, do agente etiológico envolvido e da resistência do hospedeiro. Neonatos e crianças pequenas podem apresentar apenas manifestações inespecíficas, como irritabilidade, anorexia, prostração, vômitos e diarréia. De forma isolada, o eritema da membrana timpânica e inespecífico, pois e comum em associação com inflamação da mucosa respiratória do trato superior. Tratamento: a maioria dos casos com doença leve a moderada melhora dentro de 1 semana sem tratamento especifico. O alivio dos sintomas com analgésicos e AINEs costuma ser suficiente. As indicações para terapia antibiótica e os regimes terapêuticos são listados no Quadros 64.1. A profilaxia antibiótica e as intervenções cirúrgicas oferecem pouco beneficio na otite media aguda recorrente. Complicações clinicas: as complicações da otite media aguda podem ser divididas em dois grupos: intratemporal e intracraniana. As complicações intratemporais são: tromboflebite, erosão óssea, mastoidite aguda, abscesso sub periostal, labirintite, paralisia do nervo facial. As complicações intracranianas são: trombose do seio sigmóide, hidrocefalia otogênica, abscesso cerebral, abscesso epidural e subdural. Otite media serosa: também conhecida como otite media com efusão, pode persistir por semanas (p. ex., efusões agudas) ou meses (ex. após um episodio de otite media aguda) sem sinais de infecção e esta associada à perda auditiva significativa na orelha afetada. A maioria dos casos melhora de forma espontânea dentro de 3 meses sem terapia antibiótica. A terapia antibiótica ou a miringotomia com tubos de ventilação são reservadas aos pacientes com derrames bilaterais que persistem por pelo menos 3 meses associados a perda auditiva bilateral. Otite media crônica: otorreia purulenta persistente ou recorrente com perfuração da membrana timpânica, geralmente associada à perda auditiva condutiva. A doença inativa, caracterizada por uma perfuração central na membrana timpânica, e tratada com cursos repetidos de gotas de antibióticos durante os períodos de drenagem. A doença ativa envolve a formação de um colesteatoma que pode aumentar de tamanha e causar erosão óssea, meningite e abscesso cerebral; há necessidade de tratamento cirúrgico. Apostila da LAOTO 22 FARINGITE A faringite é uma inflamação na garganta decorrente, geralmente, de alguma infecção ou de outras doenças. Muito comum de acontecer, acomete tanto homens quanto mulheres de todas as idades. Neste artigo vamos falar um pouco a respeito de faringite considerando os seguintes tópicos: O que é faringite; Como se adquire; Quais são os sintomas; Como é feito o diagnóstico; Como é o tratamento; Como prevenir. 1) O que é Faringite? É uma infecção da região que fica entre as amigdalas e a laringe e compreende, portanto, as vias aéreas altas e baixas, podendo a infecção se disseminar para outras regiões do corpo. 2) Como se adquire? A Faringite pode ser de natureza viral ou bacteriana, podendo ocorrer as duas simultaneamente ou uma em seguida da outra. Os principais agentes infecciosos causadores Apostila da LAOTO 23 dessa patologia são os streptococcus pyogenes, streptococcus pneumoniae, streptococcus beta-hemoliticos, adenovírus e rinovírus. O contágio ocorre, geralmente, via oral. Ao tossir, falar, espirrar, beijar ou através de qualquer tipo de contato com secreções orais, uma pessoa pode acabar contagiando outra com algum tipo de vírus ou bactéria. Doenças sexualmente transmissíveis também são portas de entrada para casos de faringite. Contato com fumaças químicas, substâncias tóxicas, tabagismo, ingestão de bebidas muito quentes e consumo excessivo de álcool são outros fatores que tornam pessoas mais predispostas a uma faringite. 3) Quais são os sintomas? Os sintomas incluem febre alta, dor ao falar e engolir e exudato purulento na região afetada. É importante salientar que uma faringitine aguda não tratada corretamente pode ser uma das causas do aparecimento de doença reumática e glomeruonefrite aguda como complicação. 4) Como é feito o diagnóstico? O diagnóstico deve ser feito por meio de uma avaliação clínica que deve abranger a via aérea alta e baixa e uma pesquisa por sinais de sisseminação sistêmica da infecção. Além disso, pode ser solicitado um exame para identificar o agente infeccioso. 5) Como é o tratamento? O tratamento é feito pelo uso de antibióticos específicos para os organismo encontrado no exame bacteriológico e por meio do uso de anti-inflamatórios. 6) Como prevenir? Manter bons hábitos de higiene e de alimentação, por exemplo, são medidas fundamentais na prevenção desta e de muitas outras doenças. Um organismo forte e saudável fica mais protegido de agentes externos e de infecções. Evite fumar, ingerir bebidas muito quentes e consumir álcool em excesso. Estas circunstâncias acabam agredindo a mucosa da faringe e deixando a região mais vulnerável. Utilize sempre camisinha durante suas relações sexuais. Lave bem as mãos após ir ao banheiro e, se possível, não compartilhe copos e talheres. REFERÊNCIAS BIBLIÓGRÁFICAS Clínica médica: doenças dos olhos, doenças dos ouvidos, nariz e garganta, neurologia, transtornos mentais. – Barueri, SP: Manole, 2009. – (Clínica médica). NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Tratado de Otorrinolaringologia – Carlos Alberto Herrerias Campos – 1ª ed, 2003. Harrison’s Principles of Internal Medicine – Dan Longo, Anthony Fauci, Dennis Kasper, Stephen Hauser, J. Jameson, Joseph Loscalzo, 19th Ed 2015. Clínica Médica USP HC – Milton de Arruda Martins, Flair José Carrilho, Venâncio Avancini Ferreira Alves, Euclides Ayres de C., 1ª Ed 2009. BMJ learning (via http://aplicacao.periodicos.saude.gov.br/portal).