Discurso do presidente do BC na cerimônia de premiação Destaque

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São Paulo, 1 de junho de 2011
Discurso do Presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, na
cerimônia de premiação Destaque Agência Estado Projeções de 2011, realizada em
São Paulo.
Senhoras e Senhores,
Estou convencido de que é a confiança da sociedade de que a inflação permanecerá
baixa no médio e longo prazos que permite aos agentes econômicos realizarem projeções
para horizontes mais largos. E são iniciativas como essa da Agência Estado – prêmio
Destaque Agência Estado Projeções - que estimulam os agentes econômicos a
aperfeiçoar modelos, instrumentos e análises, visando projeções cada vez mais
consistentes e fundamentadas. Essa combinação - horizontes mais largos e
aperfeiçoamento contínuo das projeções - é fundamental para o planejamento das
famílias, das empresas e do próprio Governo.
Nesse sentido, gostaria inicialmente de agradecer o convite e ao mesmo tempo
parabenizar a Agência Estado pela iniciativa de promover anualmente a premiação de
profissionais que se destacam na realização de projeções de indicadores econômicos.
Sem dúvida alguma, é uma iniciativa inteligente e criativa, que contribui de forma indireta,
mas efetiva, para o desenvolvimento do nosso País.
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Senhoras e Senhores
Ao longo dos últimos anos o Brasil vem observando os benefícios que a condução de
uma política macroeconômica responsável, aliada à adoção de políticas sociais inclusivas,
pode propiciar para o desenvolvimento econômico e social de um país. Nesse período, o
Brasil tem apresentado um crescimento econômico sustentável, com geração de emprego
de qualidade, aumento da renda do trabalhador, redução da miséria e da desigualdade
social. Como consequência, vivemos hoje no mais elevado nível de bem estar das últimas
décadas.
E o que é mais importante – senhoras e senhores - as perspectivas do nosso país são
excelentes. Todos esses avanços, tanto os de cunho econômico, quanto os de cunho
social, poderão se intensificar nos próximos anos. Isso porque o Brasil reúne hoje
condições favoráveis ímpares, inclusive quando comparadas a outras importantes
economias. Além das inúmeras oportunidades de investimentos, principalmente na área
de infraestrutura, ainda temos potencial de ampliar nossa produção de commodities
agrícolas, minerais e energéticas. Temos uma classe de média em expansão. E ainda
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conviveremos alguns anos com o bônus demográfico, oportunidade que poderemos
aproveitar para avançar mais em desafios estruturais, o que permitirá uma alocação mais
eficiente de recursos, e o incremento da produtividade da nossa economia.
Enfim, é possível obtermos um crescimento econômico ainda mais robusto do que o
observado nos últimos anos.
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Senhoras e senhores
A nossa sociedade demanda inflação baixa. E o Banco Central tem o compromisso de
manter a inflação em patamar baixo. Essa combinação, sem dúvida alguma, representa
um dos principais pilares do sucesso da economia brasileira nos últimos anos e das
excelentes perspectivas que hoje vislumbramos para o nosso País.
E repetindo o que eu mencionei no início da minha fala, é exatamente a confiança da
sociedade de que a inflação permanecerá baixa no médio e longo prazo que permite que
os agentes econômicos realizem projeções confiáveis com prazos cada vez maiores. E
estas projeções contribuem para a prospecção de negócios e oportunidades, e para a
definição de estratégias. Enfim, contribuem para a ampliação dos horizontes de
planejamento das empresas, das famílias e do Governo, proporcionando principalmente a
elevação dos investimentos, da produção, do nível de emprego e da renda. E
consequentemente, do consumo e do bem estar das famílias.
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Por isso, o exercício de realizar estes prognósticos econômicos requer conhecimento,
coleta criteriosa de informações e qualificação. É importante que o profissional
responsável por esse exercício tenha pleno conhecimento da dinâmica do indicador
econômico a ser projetado. Que esteja apto a identificar as variáveis que afetam direta e
indiretamente essa dinâmica. E que conheça e domine as ferramentas de modelagem,
que a cada dia estão mais sofisticadas, de modo a parametrizar adequadamente seus
modelos.
Mas é importante também maturidade, o que auxilia o profissional ter uma visão mais
abrangente do cenário econômico prospectivo, para que as hipóteses a serem definidas
sejam as mais alinhadas possíveis com a realidade que irá se desenhar no futuro. E no
mundo em que vivemos hoje, é fundamental incorporar nessa análise o cenário de
importantes economias avançadas e emergentes. Assim como dos ativos financeiros e
reais negociados nos mercados globais, nos quais se inserem as principais commodities
internacionais.
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E, como tenho dito, o cenário mundial hoje é complexo.
Há dúvidas sobre o vigor da recuperação da economia norte-americana, que tem
convivido com um nível de desemprego acima do aceitável, e da evolução da inflação ao
consumidor naquele país. Por isso, é preciso avaliar os próximos indicadores e as
próximas ações no âmbito da sua política econômica.
A Europa ainda não conseguiu retomar uma rota de crescimento sustentável e
disseminado entre seus países membros. Nem tampouco encontrou uma solução
definitiva para a questão da sustentabilidade das dívidas soberana e privada de algumas
economias periféricas.
As economias emergentes, por sua vez, têm enfrentado o desafio de combater a inflação,
num contexto de elevada liquidez internacional. E várias dessas economias já iniciaram
processos de aperto monetário, com o objetivo de moderar o ritmo do seu crescimento.
A crise nos países do Norte da África e do Oriente Médio é outro fator que ainda alimenta
as incertezas para a economia global. Principalmente pela dinâmica que impõe ao preço
do petróleo.
Some-se a isso o trágico terremoto, seguido de tsunami, ocorrido no Japão. Além da
irreparável tragédia representada pelas numerosas perdas humanas naquele país, essa
catástrofe natural prejudicou importantes cadeias produtivas mundiais, que aos poucos
estão sendo reestabelecidas. Mas também fez renascer o debate sobre a segurança das
usinas nucleares, trazendo novo foco de atenção quanto à oferta e ao preço de energia
no futuro.
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A maior inserção da economia brasileira no contexto global, principalmente nos seus
aspectos de comércio e fluxo de capitais, ampliou o leque de variáveis relevantes ao
exercício de projetar indicadores econômicos. Consequentemente, impôs novos desafios
aos profissionais que dele se ocupam. E tornou mais complexo o julgamento que envolve
esse processo, fundamental para fazer com que as hipóteses reflitam com propriedade os
fatores que influenciam os cenários domésticos. Principalmente diante da atual
complexidade do contexto global.
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Projeções de indicadores econômicos também ocupam papel de destaque na formulação
e na execução de praticamente todas as políticas públicas.
Mas talvez seja no regime de política monetária que adotamos no Brasil, baseado no
sistema de metas para a inflação, que as projeções de indicadores econômicos realizados
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por profissionais privados se mostram mais presentes. Isso porque, o regime de metas é
um mecanismo de coordenação da expectativa dos agentes econômicos quanto ao
comportamento da inflação futura. Há várias formas de mensurar expectativas. Mas um
das mais apreciadas pelos bancos centrais é exatamente acompanhar as projeções que
os próprios agentes econômicos realizam.
No caso específico do Brasil, o regime de metas para a inflação conta com um amplo
aparato institucional mantido pelo próprio Banco Central, o “Sistema Expectativas de
Mercado”.
Por meio desse Sistema, os profissionais credenciados podem atualizar, a qualquer
momento, suas projeções referentes a diferentes índices de preços, crescimento do
Produto Interno Bruto e da produção industrial, taxa de câmbio, taxa de juros, variáveis
fiscais e indicadores do setor externo.
Com base nessas projeções individuais, o Sistema gera importantes informações
agregadas que subsidiam o processo decisório dos membros do Comitê de Política
Monetária – o Copom, de três formas distintas.
Primeiro, o Sistema gera diariamente a Pesquisa de Expectativas de Mercado, permitindo
aos Diretores do Banco Central, membros do Copom, monitorar a evolução do consenso
de mercado para as principais variáveis macroeconômicas. A propósito, o relatório Focus,
que é publicado semanalmente pelo Banco Central às segundas-feiras, é um extrato
dessa pesquisa.
Segundo, durante as reuniões do Copom, tais informações são minuciosamente
apresentadas e discutidas.
E, por fim, essas projeções de mercado são incorporadas aos próprios modelos do Banco
Central, contribuindo para as projeções finais de indicadores econômicos que servem de
parâmetros para as decisões do Copom.
Em resumo, as projeções realizadas pelos profissionais do mercado são importantes
subsídios no processo de decisão dos rumos da política monetária no âmbito do regime
de metas para a inflação.
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Para estimular as instituições a aperfeiçoarem seus modelos e análises que resultam nas
projeções incorporadas regularmente ao “Sistema Expectativas de Mercado”, e mantê-las
sempre atualizadas, o Banco Central instituiu o ranking Top 5. Com isso, todo mês
divulgamos a listas das cinco instituições que mais acertaram suas projeções de curto e
médio prazo no respectivo período. E uma vez por ano, em janeiro, divulgamos as cinco
instituições que mais acertaram as projeções de longo prazo.
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O Prêmio “Destaque Agência Estado Projeções”, assim como o Top 5, é um importante
instrumento de reconhecimento público das instituições que têm sido mais consistentes
nos acertos de suas projeções. E constitui, assim, incentivo poderoso ao aperfeiçoamento
dos modelos e análises que resultam nas projeções de indicadores econômicos,
essenciais para a tomada de decisões dos agentes econômicos, públicos e privados.
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Senhoras e Senhores
Antes de finalizar, gostaria de lembrar mais uma vez que a nossa sociedade demanda
inflação baixa, e o Banco Central tem o compromisso de manter a inflação em patamar
baixo. Essa combinação representa, sem dúvida alguma, um dos principais pilares do
sucesso da economia brasileira nos últimos anos e das excelentes perspectivas que hoje
vislumbramos para o nosso País. Isso se reflete também no compromisso expresso, no
nosso regime de política monetária, de forma transparente e incontroversa pela meta
numérica de inflação.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central tem presente esse compromisso. E, por
isso, deixou claro que irá adotar todas as medidas necessárias para garantir a
convergência da inflação para o centro da meta.
Finalizando, gostaria de agradecer o convite e parabenizar a Agência Estado pela
iniciativa de promover essa Premiação. E, antecipadamente, parabenizar também aqueles
profissionais que serão hoje agraciados.
Muito obrigado.
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