variabilidade sazonal dos atributos climáticos e definição das

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A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
VARIABILIDADE SAZONAL DOS ATRIBUTOS CLIMÁTICOS E
DEFINIÇÃO DAS UNIDADES CLIMÁTICAS NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA
DO TAIM, RS
JOÃO PAULO DELAPASSE SIMIONI1
Resumo: O presente trabalho consiste na análise e na definição das unidades climáticas na
Estação Ecológica do Taim/RS. Para a concretização desta pesquisa, necessitou-se a realização de
03 (três) trabalhos de campo na ESEC Taim/RS, onde foram instalados 06 (seis) mini abrigos
meteorológicos em pontos distintos, os quais consistem nas bases de segurança da ESEC. Mediu-se
a temperatura e a umidade relativa do ar, pressão atmosférica e velocidade dos ventos. Para a
análise e a definição das unidades climáticas da ESEC Taim, utilizou-se a metodologia proposta por
Wollmann (2011); Serafini Jr. (2005). Nesta pesquisa, pode-se sugerir a divisão da ESEC Taim em
cinco unidades climáticas, influenciadas diretamente pelos ambientes naturais, de banhados, lagoas
e dunas eólicas, como pelas atividades antrópicas como a rizicultura, silvicultura e, também, pela BR
471, que passa dentro dos limites do Taim.
Palavras-chave: Unidades Climáticas; Estação Ecológica do Taim; Unidade de Conservação
Abstract: This work consists in the analysis and definition of climate units in Taim / RS Ecological
Station. To achieve this research, it needed to carry out three (03) field work in ESEC Taim/RS, which
were installed six (06) meteorological mini-shelters at different points, which consist of the ESEC
security bases. Measured the temperature and relative humidity, atmospheric pressure and wind
speed. For the analysis and the definition of climate units ESEC Taim, we used the methodology
proposed by Wollmann (2011); Serafini, Jr. (2005). In this research, can be suggested the division of
ESEC Taim in five climatic units, directly influenced by the natural environment of marshes, ponds and
wind dunes, and by human activities such as rice cultivation, forestry and also by BR 471, passing
Taim within limits.
Key-words: Climate Units; Taim Ecological Station; Conservation Unit
1 – Introdução
O extremo sul do Rio Grande do Sul, mais precisamente na área
compreendida pelo Sistema Lagunar Mirim-Mangueira, apresenta intensa ocupação
do solo por atividades agropecuárias e silvícolas. Esta área, no entanto, possui uma
complexa biodiversidade e um sistema de banhados, com solo rico em matéria
orgânica, pouco encontrado no Brasil.
Os banhados do Taim, com grande destaque para a área de estudo,
caracterizam-se por um solo rico em húmus, apresentando-se ora alagado, ora seco,
sendo um ponto de descanso de aves migratórias, vindas principalmente da
Patagônia.
1
- Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
E-mail de contato: [email protected]
7540
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A elevada biodiversidade característica do Taim tem, ao longo dos anos,
sofrido com significativas alterações realizadas pela ação antrópica, principalmente
com o cultivo agrícola, a introdução da pecuária de corte e a plantação de pinus e
eucaliptos, alterando, entre outros fatores ambientais, o microclima da área (NEMA,
2002).
Dentre os anos de existência da ESEC Taim, têm se desenvolvido inúmeros
trabalhos científicos com os mais diversos objetivos, como é o caso de Motta (1999),
que avaliou a mortalidade de animais sobre a rodovia BR 471, no trecho de
influência da ESEC Taim. Além disso, destaca-se também o trabalho de Kurtz et al.
(2003), que realizou o zoneamento dos banhados do Taim e o trabalho de Cardoso
(2010), que criou uma previsão hidroclimática para o gerenciamento do banhado do
Taim.
No entanto, conforme Wollmann e Simioni (2013), no Brasil, os estudos
envolvendo especificamente o clima, em unidades de conservação, ainda compõemse em uma minoria dentro da pesquisa geográfica. Mesmo com a criação do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), regulamentado pela Lei
Federal Nº 9.985, de 18 de julho de 2000 que, em seu Artigo 50º, dispõe que “o
clima também é considerado uma das características marcantes de uma região, e
por tal razão, merece cadastro e proteção dos órgãos ambientais nas esferas
federal, estaduais e municipais competentes”.
No que concernem os estudos sobre clima e Unidades de Conservação (UC)
no Brasil, tais pesquisas restringem-se às de Lima (2009) e, especialmente, Serafini
(2010), que investigaram, respectivamente, o clima em áreas de manguezais da
Serra do Mar e a relação climática referente ao desmatamento das veredas em uma
UC, localizada em Minas Gerais. Além disso, o trabalho de Koury, et al. (2011)
recentemente salienta a urgente necessidade de inclusão dos estudos de
climatologia na gestão das Unidades de Conservação.
Desse modo, a caracterização climática destas áreas protegidas passa a ser
fundamental para melhor entendimento, gestão e planejamento destes ambientes
que resguardam e são responsáveis pela manutenção de centenas de espécies
nativas.
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A área da ESEC encontra-se estrategicamente localizada entre o Oceano
Atlântico e o sistema lagunar Mirim-Mangueira, podendo sua dinâmica climática ser
influenciada diretamente por estes dois sistemas, além da possível alteração
microclimática por influência das dunas eólicas, da BR 471, das lavouras rizículas e
de uma área de mais de 7.000 ha destinados a silvicultura, todas localizadas no
entorno ou dentro dos limites da ESEC.
Além dos fatores modificadores do microclima (antrópicos ou não) citados
anteriormente, a ESEC conta, em sua porção norte, com duas lagoas – a Lagoa
Nicola e a Lagoa do Jacaré, as quais apresentam uma elevada variação sazonal dos
níveis de água.
2 – Procedimento Medotológico
Para a realização desta pesquisa climática, inicialmente efetuou-se a
aquisição de seis datalloggers de temperatura e umidade da marca Instrutherm
(Figura 1), bem como a confecção de seis mini abrigos meteorológicos de baixo
custo (Abc) conforme metodologia de Armani; Galvani (2012).
Figura 1 - Datalogger HT-500 da marca Instrutherm, utilizado para a coleta dos dados
Fonte: Instrutherm – Divulgação
Após a aquisição dos datalloggers e confecção dos
mini abrigos
meteorológicos deu-se a realização de 03 (três) trabalhos de campo na Estação
Ecológica do Taim/RS, sendo que no primeiro trabalho de campo, ocorrido em
março de 2013, foram instalados os mini abrigos meteorológicos em 06 (seis) pontos
distintos, os quais correspondem às bases de segurança e pesquisa da Unidade de
Conservação, e foram coletados dados de temperatura e umidade relativa do ar.
Os dados de vento (velocidade e rajadas) e pressão atmosférica foram
gentilmente cedidos por Mauricio Beux dos Santos, que realizou uma pesquisa
referente à diversidade e uso de habitat por cobras e lagartos, em ambientes
costeiros do extremo sul do Brasil. A miniestação meteorológica automática utilizada
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na pesquisa de Santos, Oliveira e Tozetti (2012), foi instalada na Base Santa Marta,
nas margens da Lagoa Mangueira.
Para a instalação dos mini abrigos meteorológicos, foram selecionadas as
bases de vigilância da ESEC Taim como locais de mensuração dos atributos
climáticos por dois motivos: em primeiro, por serem locais que ofereceriam
segurança aos equipamentos, por sempre ter equipe de vigilância da Unidade de
Conservação nestas bases; e, em segundo, por serem locais com grandes
diferenças geoambientais entre eles.
O Ponto 01 (Base Lagoa Nicola) fica ao lado de uma lagoa de mesmo nome,
que possui grande regime hidrológico anual, pois seca durante os meses de verão e
enche-se durante os meses de inverno. O Ponto 02 (Base Sede Administrativa) é o
ponto mais ao norte e mais próximo da Lagoa Mirim, e é rodeado por campos
pampeanos. O Ponto 03 (Base Estrada Cinza) fica ao lado de uma das maiores
áreas silvicultoras de pinus e eucalipto do Rio Grande do Sul, e é divisa da ESEC. O
Ponto 04 (Base Costeira) fica em meio às dunas do sistema costeiro sul-riograndense. O Ponto 05 (Base Horto Florestal) fica próximo ao Horto Florestal e junto
a uma área um pouco mais habitada na BR 471, no entorno da ESEC. O Ponto 06
(Base Santa Marta), por fim, fica ao lado da Lagoa Mangueira, terceira maior lagoa
do Rio Grande do Sul, e é o ponto mais extremo da ESEC.
Para melhor caracterizar os ambientes, a Figura 2 apresenta uma fotografia
da paisagem em cada uma das bases selecionadas, nas quais foram feitos o
monitoramento instantâneo e a instalação dos mini abrigos.
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Figura 2 - Ambientes onde foram instalados os mini abrigos meteorológicos
De posse dos dados coletados em campo, deu-se início ao tratamento
estatístico dos dados, com o auxílio do software Microsoft Excel 2010. O referido
tratamento estatístico foi realizado da seguinte forma: primeiramente, trabalhou-se
com os dados de temperatura, sendo os dados de cada datallogger trabalhados
separadamente. Para o cálculo das temperaturas médias juntou-se todos os dados
mensais de temperatura e umidade relativa e separou-se por estações do ano
(verão, outono, inverno e primavera)
Após a junção dos dados de temperatura, coletados de hora em hora, desde
o início até o término de 2013, calculou-se a média aritmética das temperaturas para
cada estação do ano, utilizando a seguinte formula:
Onde n é a quantidade de coletas durante cada estação do ano, para cada
datallogger; e X é o somatório de todas as temperaturas coletadas durante a
estação do ano.
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Posteriormente calculou-se a umidade relativa do ar média, também para
cada estação do ano separadamente, utilizando-se da mesma formula, porem neste
caso o X refere-se ao somatório de todas as umidades relativas coletadas.
Após o cálculo das temperaturas médias e da umidade relativa média durante
cada estação do ano, foram transportadas as tabelas para o SIG Surfer 10.0
(Golden), onde inseriu-se a variável de temperatura e umidade, juntamente com a
coordenada UTM de cada datallogger. Para este trabalho de definição das unidades
climáticas, utilizou-se o método de krigagem, conforme metodologia proposta por
Wollmann (2011) e Wollmann; Galvani (2014).
Após a criação das isolinhas foi necessária a exportação dos vetores
mapeados no Surfer 10 para o software ArcGis 10.2, no qual transformou-se as
isolinhas em formato shapefile, pois se torna necessária a edição dos vetores para
criação do banco de dados e edição final do mapa, com os limites da Estação
Ecológica, lagoas e rodovias.
2.1 Definição das Unidades Climáticas locais
Para a definição das unidades climáticas da ESEC Taim, utilizou-se as
metodologias propostas por Serafini Júnior (2005) e Wollmann (2011), os quais
delimitaram, através da interpolação, dados dos atributos climáticos e técnicas de
geoprocessamento, as unidades climáticas no Parque Nacional da Caverna do
Peruaçu e o zoneamento da Roseira no Rio Grande do Sul, respectivamente.
Devido à quantidade de dados disponíveis, tanto em séries históricas como
em trabalhos de campo, Serafini Júnior (op. cit.) adotou critérios para a definição das
unidades climáticas, levando em consideração, inclusive, as formas do relevo,
unidades de paisagem e unidades geomorfológicas. A discussão sobre unidades de
relevo e de paisagens não será contemplada neste trabalho, devido ao fato da área
de estudo inserir-se apenas na planície costeira do Rio Grande do Sul, com altitudes
não superiores a 20 metros.
Assim como na pesquisa de Serafini Júnior (op. cit.), os dados finais
apresentados serão relativos a dois meses do ano (janeiro e julho), por esses meses
apresentarem, na ESEC Taim, uma maior amplitude térmica e higrométrica média.
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Após a confecção dos mapas sazonais de temperatura média, máxima e
mínima, umidade relativa e temperaturas máximas e mínimas absolutas, utilizou-se o
software ArcGIS 9.3 para a interpolação dos dados sazonais.
3. Resultados e Discussões
3.1 Variabilidade dos Atributos do Clima
Após a coleta e tratamento estatístico dos dados de temperatura e umidade,
foi construída a Tabela 01, com a qual se pode melhor visualizar a variação média
dos atributos do clima entre os seis pontos de coleta.
Pontos de Coleta
Temp. Máx.
Média (°C)
1
2
3
Base Nicola
Base Sede
Base Cinza
18
19
18,8
4
5
6
Base S. Marta
Base Costeira
Base Horto
18,4
17,9
17,5
Atributos do Clima
Temp.
Temp. Min.
URA Temp. Máx.
Média
Média (°C)
(%)
abs (°C)
(°C)
16,4
17,2
82,8
38,2
16,7
17,8
81,2
41,8
16,8
17,8
78,9
40,1
16,8
16,3
16
17,6
17,1
16,8
83,5
83,8
83,9
42,9
38,3
42,8
Temp.
Mín. abs
(°C)
0
-0,8
1
-1,3
-0,5
-7,2
Tabela 1 - Temperaturas anuais máxima média, mínima média e média, umidade relativa do
Ar média e temperaturas máximas e mínimas absolutas dos seis pontos de coleta
Org.: Simioni, 2014.
De acordo com os dados da Tabela 1, que podem ser relacionados com a
localização dos pontos de coleta, a Base Sede Administrativa apresentou os maiores
valores de temperatura (máxima média), possivelmente devido ao seu maior
distanciamento dos corpos hídricos e sua proximidade com a Rodovia BR 471,
seguida da Base Estrada Cinza que apresentou valor de 18,8°C. Em relação aos
dados das outras quatro bases, que registraram valores entre 17,5°C e 18,3°C,
houve uma maior homogeneidade dos valores, possivelmente ligado a presença de
grandes corpos hídricos, especialmente a Lagoa Mangueira e o Oceano Atlântico.
Assim, observa-se que as maiores variações de temperatura do ar ocorrem
no setor Norte da ESEC, onde há maior interferência humana (sede administrativa,
rodovias e silvicultura) em comparação ao setor Sul, que possui maior influência dos
recursos hídricos. Lado a isso, a Base Cinza e Santa Marta foram as que
apresentaram maiores valores de temperaturas médias mínimas.
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Em relação a URA, os maiores valores foram verificados nas Bases Costeira,
Santa Marta e Horto, sendo as duas primeiras associadas a proximidade de grandes
corpos hídricos (lagoas e oceano), e a terceira (Horto), pela influência da silvicultura,
das dunas eólicas e dos banhados do Taim.
As maiores amplitudes médias de temperaturas máxima e mínima absolutas
foram verificadas na Base Horto e na Santa Marta, com valores máximos de 42,8ºC
e 42,9º e mínimos de -7,5º e -1,5º, respectivamente. Estes valores demonstram a
grande variação térmica de ambas as Bases ao longo do ano. Esse fato pode ser
explicado devido a estas áreas estarem próximas aos banhados centrais do Taim e
da Lagoa Mangueira que têm, durante o ano, uma grande variação hídrica, com
ambientes apresentando-se ora alagados e ora secos.
3.2 Das Unidades Climáticas do Taim
Para a ESEC Taim foi definido, através da interpolação dos atributos
climáticos (temperatura, URA e precipitação), cinco unidades climáticas (Figura 5).
1)
Unidade Sede/Estrada Cinza – Unidade marcada pela grande influência das
atividades antrópicas. Na sede da ESEC Taim verifica-se, além de alojamentos e
escritórios, a presença da rodovia BR 471, enquanto a Base Estrada Cinza recebe
influência direta da intensa silvicultura presente entre os limites da ESEC e o oceano
Atlântico. A temperatura média anual é de 16,5ºC, a temperatura média máxima é de
22,5ºC e a temperatura média mínima de 10,5ºC, enquanto a URA média é de 81%.
2)
Unidade Sistema Lagunar Nicola e Jacaré – É marcada pela preservação dos
aspectos naturais, sendo o clima influenciado principalmente pela presença de
banhados e do sistema lagunar Nicola-Jacaré. Nesta porção as temperaturas são
mais amenas, sendo a temperatura média anual de 16ºC e a URA média anual de
82%.
3)
Unidade BR 471 – Essa unidade é caracterizada por uma faixa central que
vai desde a Base Costeira, no limite leste do Taim, até a rodovia BR 471, a oeste do
Taim. Essa área é marcada pela forte influência da rodovia BR 471, com
temperaturas anuais médias de 16,5ºC e URA de 82%.
4)
Unidade Costeira – Unidade diretamente influenciada pelo oceano Atlântico.
Compreende uma faixa que vai do oceano até os limites oeste da ESEC. A
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temperatura média anual nesta unidade é de 16ºC e a umidade relativa do ar é de
83%.
5)
Unidade Lagoa Mangueira – Essa área correspondente a unidade 5, é
marcada, principalmente, pela presença da Lagoa Mangueira, grande influenciadora
do microclima do Taim. Nesta área, situada no extremo sul da ESEC Taim, a
temperatura média anual foi de 16,5ºC, enquanto a URA média anual apresentou os
maiores valores, se comparado com as demais unidades, 84%.
Verifica-se na figura 4, a diversidade climática presente na ESEC. Dentre
seus 33.000 hectares, foram constatadas cinco diferentes unidades climáticas,
influenciadas tanto por atividades antrópicas, como é o caso da unidade 1, quanto
por eventos naturais, como a ocorrência de banhados, lagoas e vegetação de
restinga, marcadas representadas principalmente pelas unidades 2, 4 e 5.
Em relação à unidade 3, esta demonstrou-se uma dinâmica distinta, das
unidades anteriores, pois sofre influência, de aspectos naturais e também
antrópicos. Estão inseridas nessa unidade climática a rodovia e também os
banhados centrais do Taim, local onde ocorreu, em março de 2013 um incêndio, que
devastou mais de 1.500 hectares de área preservada.
Deste modo, pretende-se também com este trabalho auxiliar na elaboração
do plano de manejo da ESEC Taim, principalmente apontando as diversidades
climáticas e também os locais que dedicam de maior atenção por parte da equipe
gestora, principalmente em relação aos aspectos antrópicos, como a rizicultura,
silvicultura e pecuária e também aos eventos naturais, como os avanços das dunas
eólicas e os incêndios provocados por descargas elétricas.
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Figura 4 - Unidades Climáticas da ESEC Taim
4. Considerações finais
A Estação Ecológica do Taim reúne diferentes tipos de paisagens
representadas, predominantemente, por áreas de banhados e vegetação de restinga
remanescentes, áreas com a presença de dunas eólicas e, também, áreas com
intenso uso do solo por atividades agrossilvipastoris, sobre as quais está associado
o comportamento climático do local.
Durante os trabalhos de campo, foram observados diversos problemas de
ordens naturais e, principalmente, antrópicos relacionados à manutenção desta
Unidade de Conservação.
No âmbito de problemas naturais verificados, estes estão associados à
variação climática da ESEC Taim, principalmente nos períodos com a presença de
temperaturas elevadas e com baixos totais pluviométricos, os quais proporcionam
um quadro de estiagem favorável aos incêndios, como o que ocorreu em março de
2013, devastando mais de 1.500 hectares da ESEC Taim.
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Também, por ser uma área com a presença de restinga, os ventos
transportam areia fina da praia, fazendo com que ocorra, cada vez mais, uma
“incursão” de dunas eólicas para dentro dos limites da ESEC Taim, ocasionando
uma elevação da temperatura local, pois as áreas de dunas eólicas apresentam
pouca ou nula presença de vegetação.
Com relação aos problemas originados pela ação antrópica, o principal deles
é a elevada temperatura e a diminuição da umidade relativa do ar, sobretudo em
áreas que apresentam maior grau de antropização, como nas áreas próximas a BR
471. Também, na área de mais de 7.000 hectares destinados a silvicultura,
localizada nos limites do Taim, indicando, portando, que as atividades antrópicas
são elementos condicionantes na alteração microclimática da ESEC.
Ainda, a BR 471, além de influenciar diretamente o clima local, apresenta um
grave problema em relação à mortandade de animais que transitam sobre a rodovia,
uma vez que a BR 471 passa dentro dos limites do Taim. Apesar da colocação de
cercas ao redor da rodovia, e também da construção de túneis para o deslocamento
dos animais, estes não conseguem abranger todos os 25 km da rodovia que passa
sobre os limites da ESEC, sendo, segundo dados da equipe gestora da ESEC Taim,
15 animais mortos, em média, mensalmente (ICMBio, 2013).
O clima, na Estação Ecológica do Taim, que aos olhos da população pode
parecer “homogêneo” em uma análise superficial, mostrou-se, após esta pesquisa,
tão diverso e dinâmico quanto a natureza viva do local, especialmente nas variações
térmicas e higrométricas. Com isso, justifica-se a realização deste trabalho de
variabilidade climática da Estação Ecológica do Taim, na perspectiva de delimitação
das unidades climáticas através de um monitoramento contínuo, durante as quatro
estações do ano de 2013, na medida que, este por auxiliar diversos estudos
científicos futuros, bem como a elaboração do Plano de Manejo da ESEC Taim.
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Semestral.
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em:
<http://citrus.uspnet.usp.br/rdg/ojs/index.php/rdg/article/view/437>. Acesso em: 13
jan. 2014.
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