3.2.4 Unidade de Habitação de Marselha (Marselha – 1947

Propaganda
3.2.4 Unidade de Habitação de Marselha (Marselha – 1947-1953)
Após a Segunda Guerra foi criado o Ministério da Reconstrução da França, e este
incumbiu Le Corbusier de projetar uma grande casa coletiva com 360 unidades. O
Estado passou a se responsabilizar pela questão da habitação porque, após a
guerra, se constatou um grande déficit de moradias, segundo Artigas (2007, p.191 )
a necessidade era de se construir 4 milhões de habitações em 10 anos.
Na Unité d’habitation de Marseille (1947 – 1953) estavam presentes as principais
diretrizes modernistas. O conjunto segue os 5 pontos20 de uma nova arquitetura de
Corbusier, com o uso de pilotis no térreo, planta livre, teto-jardim, utilizado para o
lazer dos moradores, janelas horizontais e fachada livre (SAMPAIO, 2002, p.33).
Le Corbusier concretiza suas propostas para uma nova forma de morar,
contribuindo para a história da arquitetura e do urbanismo.
A estrutura principal da Unidade Habitacional é em concreto armado, elevando a
edificação do solo por meio dos pilotis. Os pilares ficam recuados em relação à
fachada (fachada livre - 5 pontos de Corbusier), e elementos pré-fabricados e
brises de concreto a revestem (BOSIGER, 1994, p.195).
O edifício reproduz vários elementos estruturais da cidade, tais como serviços de
primeira necessidade; creche, posto de saúde, lazer, comércio, restaurantes e um
Hotel comunitário, para os parentes dos moradores. A “rua” de comércio do
edifício, localizada entre o 7º e 8º pavimentos, fica no centro da construção, uma
20
Os 5 pontos de uma nova arquitetura, fizeram parte de um documento publicado por Corbusier e
P. Jeanneret, em 1926. Estes abrangiam os pilotis, os tetos-jardim, planta livre, janelas horizontais
e fachada livre. (BENEVOLO, 2006, p. 431- 434)
156
analogia à disposição das áreas do terceiro setor nas cidades convencionais
(SAMPAIO, 2002, p.38).
O edifício foi projetado para acomodar 1.600 moradores, são 23 tipos diferentes de
planta (duplex), totalizando 337 apartamentos em 17 pavimentos. No teto jardim se
localizavam serviços como escola, creche, ginásio coberto, bar com solarium,
piscina e playground. O térreo livre, sob pilotis foi destinado às atividades sociais e
ampliação da visão da cidade (SAMPAIO, 2002, p. 34). Na figura 58 abaixo se
pode ver dentro do retângulo amarelo a rua de serviços em corte, e no retângulo
azul o térreo permeável com pilotis.
Fig. 58 - Corte Unidade de Habitação de Marselha
Fonte: Le Corbusier 1910 – 1965 p. 139
Na foto abaixo (fig. 59) se pode observar claramente o térreo com pilotis, e onde há
a grelha de concreto na fachada, fica marcado onde se encontra a “rua” de
serviços interna do edifício (FORSTER, 2006, p. 75).
157
Fig. 59 - Imagem da fachada da Unidade
de Habitação de Marselha
Fonte: FORSTER, 2006, p. 75
A implantação do edifício não segue o desenho da avenida e sim a orientação do
sol. Esta questão é também levada em conta quando projeta a fachada Norte (sem
sol) cega e as demais com brise soleil protegendo as unidades do sol excessivo
(SAMPAIO, 2002,p.38).
Na figura 60 abaixo se pode ter uma idéia de duas das plantas de Corbusier para a
Unité. No primeiro tipo a sala e a cozinha integrada a sala estão em um só piso, e é
por onde acontece a entrada na unidade; no pavimento superior estão os três
quartos, dois para os filhos que são separados por painéis deslizantes, o que
permite uma maior flexibilidade do espaço, o dormitório do casal com banheiro. No
corredor do pavimento dos quartos há um banheiro e o que corresponderia a área
de serviço no Brasil.
Como o desenho da unidade é estreito e comprido, a área de janelas é bem
restrita, havendo cômodos que não são banhados por iluminação natural nem
158
ventilação, como a cozinha, banheiros e a área onde se cuida da roupa. Apenas
quartos e salas têm o privilegio de ter janelas.
Na figura 61 mostra-se a planta da Unité, digitalizada com as medidas internas,
sendo possível ter uma idéia das dimensões dos cômodos presentes na habitação.
A figura 61 apresenta ainda uma legenda para que se possa saber as funções de
cada espaço.
No outro modelo de planta em figura abaixo, o diferencial é que a cozinha e sala de
jantar ficam no pavimento onde acontece a entrada da unidade, mas a parte de
estar do apartamento acontece no pavimento inferior onde estão os dois quartos e
banheiros. Na realidade o quarto do casal se converte em sala de estar. Nos dois
casos parte da sala de estar tem pé direito duplo, o que pode ser visto nos cortes
da fig. 62.
Fig. 60 - Planta Unidade de Habitação de Marselha. 1.Rua interior; 2.Entrada; 3.Sala comum com
cozinha; 4.Dormitório dos pais com banheiro; 5. Armários, varais, tábua de passar e chuveiro para
as crianças. 6.Dormitório das crianças. 7.Vazio da sala comum
Fonte: Le Corbusier 1910 – 1965 p. 145
159
1
2
3
4
5
6
LEGENDA
- Sala
- hall
- Cozinha
- Dormitório 1
- Dormitório 2
- Dormitório 3
7
8
9
10
11
12
- Circulação
- Circulação vertical
- WC
- Banheiro
- Varanda
- Despensa
Fig. 61 Planta do apartamento da Unidade de Habitação de Marselha digitalizada
FONTE: Elaborado pela autora a partir do desenho da fig. 40.
No corte abaixo (fig. 62) pode-se ver como as duas unidades se encaixam e
formam o corredor de distribuição dos apartamentos. Os apartamentos são bem
estreitos, para que todos possam ter acesso à luz natural, e o fato de um ambiente
ter pé direito duplo, visível no corte (fig. 62), auxilia na iluminação dos cômodos.
160
Fig. 62 - Planta Unidade de Habitação de Marselha
Fonte: Le Corbusier 1910 – 1965 p. 145
Na figura 63 se pode ver uma foto tirada do pavimento superior da unidade onde se
vê parte da sala com pé direito duplo e a varanda do apartamento. Na figura 64
observa-se a cozinha integrada a sala. Na figura 65 se observa um dos dormitórios
de solteiro da unidade, pela imagem é possível constatar o quanto estreito é o
espaço. Na figura 66 a imagem mostra uma vista de dentro do apartamento em
direção à varanda, evidenciando a importância do pé direito duplo na iluminação
natural da sala.
161
Fig. 63 - Imagem da sala da Unidade de
Habitação de Marselha
Fonte: Le Corbusier 1910 – 1965 p. 143
Fig. 64 - Imagem da cozinha da Unidade de
Habitação de Marselha
Fonte: Le Corbusier 1910 – 1965 p. 143
Fig. 65 Visão interna do dormitório de solteiro
Fonte:
http://www.galinsky.com/buildings/marseille/inde
x.htm
Acessado em 07.10.2007
Fig. 66 Visão da sala de estar em direção à
varanda.
Fonte:
http://www.galinsky.com/buildings/marseille/inde
x.htm
Acessado em 07.10.2007
162
3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO 3
Os projetos dos quatro estudos de casos, Siemensstadt (Berlim),
Weissenhof
(Stutgard) , Narkomfin (Moscou) e Unidade de Habitação de Marselha (Marselha)
foram analisados quanto a programa e espaços internos. As plantas foram
digitalizadas para que fosse possível ter as dimensões internas de cada ambiente.
O dimensionamento foi feito com base em escala relativa ao comprimento das
camas (2,0m), ou tatames (182,88 cm. X 91,44 cm) no caso das habitações no
Japão, presentes nos projetos disponíveis na bibliografia.
Com o resultado da medição das áreas internas21 dos conjuntos analisados foi
elaborada uma tabela com as áreas, divididas por cômodos. A partir desta tabela
foram elaborados gráficos para ilustrar as diferenças de áreas por ambiente e a
representatividade de cada cômodo no total da área de cada apartamento.
Como apresentado anteriormente, o movimento Moderno produziu alguns modelos
de habitação, como o Existenzminimum (1929), onde o projeto foi fruto dos estudos
sobre espaços mínimos. Os japoneses também criaram modelos para tentar
resolver sua crise habitacional, no caso do período entre 1900 e 1960, o 2DK foi o
padrão escolhido para ser reproduzido por todo o país. Esses modelos são
importantes para comparar o que realmente foi construído com os ideais dos
estudiosos da época.
Na tabela 7 pode-se ver as áreas dos apartamentos em questão separadas por
cômodos. Apenas os 4 estudos de casos são ordenados de acordo com a maior e
a menor área de cada ambiente, números em vermelho mostram a maior área
21
Apenas a área interna de cada cômodo foi contabilizada, excluindo inclusive as paredes.
163
destinada a cada espaço, e em verde a menor área do mesmo cômodo, os
modelos do 2DK japonês e do Existenzminimum não entraram na diferenciação por
tamanhos pelo fato de serem modelos mínimos.
164
Tabela 7 - Tabela comparativa de áreas
Fonte: Elaborada pela a autora a partir de medição das plantas.
Obs. *Quando os valores do WC é zero quer dizer que o ambiente
não faz parte do programa da habitação em questão.
** No caso da Unité espaço destinado a lavagem de roupas, e em
relação ao 2DK espaço para armazenagem.
165
Analisando o tamanho das cozinhas nos projetos escolhidos, como visível na figura
67, o gráfico mostra que a do conjunto de Weissenhof (Stuttgart) com 11,74 m² é
muito maior que as outras, 4,63m² a mais que a segunda maior cozinha que
pertence ao Siemensstadt (Berlim) com 7,11 m². A menor cozinha esta presente no
Narkomfin (Moscou) com 4,13 m², menor do que a diferença entre a cozinha do
Weissenhof e do Siemensstadt.
A área de cozinha mais próxima ao ideal de existência mínima proposto pelo II
CIAM (7,84m²) é o do Siemensstadt com 7,11m². Os apartamentos japoneses que
seguiam os modelos 2DK, pelo fato de apresentarem cozinha e sala em um
mesmo espaço, não podem ser comparados com os outros apartamentos.
Fig. 67 Gráfico comparativo do tamanho da cozinha dos 4 apartamentos analisados mais os dois
modelos mínimos.
Fonte: Elaborado pela autora
Os dormitórios de casal (dormitório 1 na tabela 7) tem variações menos drásticas
do que as cozinhas, o que fica visível no gráfico da figura 68. Interessante
constatar que o dormitório do casal com maior área é do Narkomfin (Moscou) com
20,78m², este mesmo apartamento tem a menor área de cozinha 4,13m² dentre os
apartamentos analisados. O dormitório 1 do Weissenhof tem 20,15m², uma
166
diferença de apenas 0,63m² relativa ao Narkomfin. O menor dormitório está
presente no conjunto de Siemensstadt (Berlim) 15,69 m², uma diferença de 5,09 m²
entre o maior e menor quarto, mas muito próxima da Unidade de Habitação com
15,7m², um milésimo maior do que o Siemenstadt. O dormitório 1 que tem área que
mais se aproxima ao Existenzminimum (19,55m²) é o Weissenhof com 20,15m². O
modelo japonês apresenta, sem dúvida nenhuma, o dormitório mais exíguo, com
10,47 m², 5,22m² menor que o dormitório do Siemenstadt, o menor entre os
estudos de casos.
Fig. 68 Gráfico comparativo do tamanho do dormitório1 dos 4 apartamentos analisados mais os dois
modelos mínimos.
Fonte: Elaborado pela autora
O segundo dormitório dos projetos escolhidos tem áreas bem menores do que os
de casal, com exceção dos dormitórios da Unité, onde o dormitório de casal é
menor em área do que o de solteiro. Ao analisar a planta pode-se concluir que isto
acontece pelo formato estreito com 2,20 m de largura, que dificulta um bom
aproveitamento do espaço e distribuição do lay out. O menor dormitório fica com o
Siemensstadt (Berlim) com 8,34 m², e o maior da Unidade de Habitação de
Marselha com 17m². O menor dormitório 2, pertencente ao Siemensstadt, com
167
8,34m², é o que tem área mais próxima ao modelo do II CIAM com 8,79m². Podese perceber pelo gráfico da figura 69 que se tem três dos conjuntos com áreas a
cima de 10 m² (Weissenhof, Unité e Narkomfin) e os outros dois com áreas em
torno de 8 m². Até mesmo a área do dormitório 2 do 2DK é maior 0,15m² que a do
Siemenstadt.
No gráfico da figura 69 fica evidente a grande diferença relativa à área dos
dormitórios 2 entre os conjuntos analisados. Os 3 menores espaços, Siemenstadt,
2DK e Existenzminimum, na faixa dos 8 m², e os outros 3 acima dos 10m².
Dormitório 2
20,0
15,0
10,0
5,0
um
K
in
im
2D
ité
Un
fin
m
rk
o
Ex
is
te
n
zm
Na
en
ei
ss
W
Si
em
en
ss
ta
d
ho
f
t
0,0
Fig. 69 Gráfico comparativo do tamanho do dormitório 2 dos 4 apartamentos analisados mais os
dois modelos mínimos..
Fonte: Elaborado pela autora
A maior sala é do Weissenhof (Stuttgart) com 29,02m² e a menor é do Narkonfin
com 19,56 m², muito próximo do modelo do II CIAM com 19,04 m². O modelo
japonês do 2DK, não apresenta sala, apenas espaço que desempenha tanto as
funções de uma cozinha como o de uma sala, portanto não entra na comparação
entre os conjuntos analisados. Na figura 70 observa-se o gráfico das áreas das
salas com diferenças menos significativas do que o gráfico das áreas das cozinhas
(fig. 67), por exemplo.
168
S ala
30,0
20,0
10,0
um
K
in
im
2D
Un
ité
fin
m
rk
o
Ex
is
te
n
zm
Na
en
ei
ss
W
Si
em
en
ss
ta
d
ho
f
t
0,0
Fig. 70 gráfico comparativo do tamanho da sala dos 4 apartamentos analisados mais os dois
modelos mínimos. .
Fonte: Elaborado pela autora
As áreas de banheiros também têm diferenças consideráveis relativas à área,
como se podem observar na tabela 7. Todos os modelos analisados têm banheiros
com os mesmos equipamentos, banheira, lavatório e vaso sanitário, com exceção
do modelo do 2DK que não tem lavatório, mas nem todos eles têm os três
equipamentos dentro do mesmo ambiente.
O gráfico abaixo presente na figura 71, mostra as áreas totais destinadas a higiene
pessoal, somando a área do WC e do banheiro da tabela 6. Nos apartamentos
duplex sempre o vaso sanitário esta separado do banheiro, mas o 2DK tem WC
separado de banheiro e não é duplex.
Analisando a somatória das áreas destinadas a higiene pessoal de cada
apartamento conclui-se observando o gráfico da fig. 71, que o Siemenstadt tem a
menor área dentre os estudos de caso, 3,6m², mas o modelo 2DK tem área inferior,
com 2,93m². A maior área é a do Weissenhof com 8,29 m². O modelo do
Existenzminimum tem área de 5,24 m² se comparado com os estudos de casos
ficaria com o terceiro lugar entre os maiores tamanhos.
169
B anheiro + WC
10,0
8,0
6,0
4,0
um
K
in
im
2D
ité
Un
fin
m
rk
o
Ex
is
te
n
zm
Na
en
ei
ss
W
Si
em
en
ss
ta
d
ho
f
t
2,0
0,0
Fig. 71 gráfico comparativo do tamanho dos banheiros dos 4 apartamentos analisados mais os dois
modelos mínimos..
Fonte: Elaborado pela autora
Umas das áreas onde o arquiteto deve prestar muita atenção é a circulação. Esta
pode ser decisiva para um projeto de áreas mínimas. Uma boa organização dos
espaços pode evitar deslocamentos desnecessários e um desperdício de área com
circulação.
Constata-se pela leitura da tabela 6 que mais uma vez o Siemensstadt (Berlim) tem
a menor área de circulação 1,91 m² , em oposição a maior presente nos duplex da
Unité 15,95m² (12,62m² circ. horizontal + 3,33m² circ. vertical) . Neste caso
apartamentos divididos em dois pavimentos acabam tendo um maior gasto de área
com circulação horizontal e vertical.
Na figura 72 percebe-se a grande diferença de espaço destinado a circulação nos
projetos de Siemensstadt (1,91m²) e Unité (15,95m²), já a diferença entre o
Weissenhof (7,45m²) e o Narkomfin (9,71m²) não é tão visivel, lembrando que o
Narkomfin tem 2 pavimentos, e por conseqüência área de escada. O 2DK tem área
de circulação total de 3,05m², interessante ressaltar, que a área de circulação é
maior do que a área destinada a higiene pessoal, no caso do modelo japonês.
170
C irc ulaç ão
20,0
15,0
10,0
5,0
um
K
in
im
2D
ité
Un
fin
m
rk
o
te
n
zm
Na
Ex
is
Si
W
em
en
ei
ss
ss
en
ta
d
ho
f
t
0,0
Fig. 72 Gráfico comparativo do tamanho da circulação (vertical e horizontal) dos 4 apartamentos
analisados mais os dois modelos mínimos..
Fonte: Elaborado pela autora
Apenas três das unidades habitacionais analisadas tem hall de entrada, o
Siemensstadt (Berlim) com 2,29 m², o Weissenhof (Stuttgart) com 4,8m² e a Unité
(Marselha) com 2,97 m². O gráfico da figura 73 mostra visualmente a grande
diferença entre as áreas.
Hall
5,0
4,0
3,0
2,0
um
K
in
im
2D
ité
Un
fin
m
rk
o
Ex
is
te
n
zm
Na
en
ei
ss
W
Si
em
en
ss
ta
d
ho
f
t
1,0
0,0
Fig. 73 Gráfico comparativo do tamanho do hall dos 4 apartamentos analisados mais os dois
modelos mínimos.
Fonte: Elaborado pela autora
Varandas estão presentes em três dos conjuntos habitacionais observados, a do
Siemensstadt (Berlim) com 5,06m², Weissenhof (Stuttgart) com 3,76 m² e a menor,
171
a Unitè com duas varandas que somam 16,14 m². As varandas não tem função
prática na habitação, e como estão presentes em apenas 3 dos estudos de casos e
nos dois modelos não foi feito gráfico.
Os gráficos abaixo (fig. 74 a 79) mostram a representatividade de cada cômodo em
cada apartamento estudado, para complementar as informações, foi montada um
quadro (tabela 8) com todas as porcentagens de áreas dos ambientes.
Ao observar-se a tabela 8 nota-se que no Siemensstadt, no Weissenhof e na
Unidade de Habitação a sala tem a maior representatividade na área interna total
do apartamento, Siemensstadt com 35,58%, Weissenhof com 28,72% e Unidade
de Habitação com 19,52%. As porcentagens são bem diferentes, mas o importante
é que a sala nesses três apartamentos tem a maior parte dos metros quadrados
relativos à área total das unidades.
A menor representatividade de áreas apareceu no Narkomfin, na Unité e no
Existenzminimum nos w.c. (espaço com vaso sanitário apenas). Nos outros dois
conjuntos, o Siemensstadt e o Weissenhof,
o espaço destinado ao w.c. não
existia, sendo no caso do Siemensstadt o espaço menos representativo a
circulação (2,80%) e no Weissenhof a despensa (1,88%).
172
Tabela 8 Quadro comparativo da porcentagem da representatividade de cada cômodo em relação a área total interna dos apartamentos. Na tabela as
porcentagens tem 2 casas decimais, nos gráficos abaixo os valores são arredondados.
173
No gráfico abaixo (fig. 74) nota-se em laranja a área destinada a sala com 37%
(35,58%) dormitório 1 com 23% (22,97%). A soma entre a área da sala e do
dormitório 1 dá 60% (58,55%), isto é, mais da metade da área do apartamento está
nesses dois cômodos. A cozinha representa 10% (10,41%) e banheiro 5% (5,27%),
isto é, 15% (15,68%) da área total do apartamento de área molhada, com azulejos
e infra-estrutura hidráulica, por conseqüência área construída mais cara dentro da
unidade habitacional.
A circulação no caso do Siemensstadt (Berlim) é bem reduzida, representando
apenas 3% (2,80%) da área total.
S iemens s tadt
3%0%3%
7%
0%
10%
0%
5%
0%
23%
37%
0%
C O Z.
DO R M. 3
C IR C UL .
S A L A E C O ZINHA
DE S P E NS A
S ALA
C IR C . V E R TIC A L
O UTR O S
12%
DO R M. 1
WC
HA L L
DO R M. 2
B A NHE IR O
V A R A NDA
Fig. 74. Gráfico de representabilidade de áreas do conjunto Siemensstadt. As porcentagens no
gráfico não tem casas decimais portanto os valores são arredondados, em alguns casos há a
necessidade de se fazer uma compensação dos valores para que a soma do gráfico seja 100%.
O conjunto habitacional de Weissenhof (Stutgard), como se pode observar na
figura 75, tem maior representatividade da área destinada a sala com 28%
(28,72%), em segundo lugar vem o dormitório 1 com 20% (19,94%), somando 48%
(48,65%) da área total. A somatória das áreas molhadas, cozinha, despensa e
banheiro, isto quer dizer, áreas mais caras de construção, é de 22% (21,70%) do
total. Quase um quarto da área do apartamento tem alto custo de infra-estrutura,
174
portanto o custo final da construção deve ser mais elevado do que o Siemensstadt
que tem 15% (15,68%) de área molhada.
Weis s enhof
7%
0% 5%
4%0%
12%
2%
8%
0%
20%
28%
0%
C O Z.
S ALA
HA L L
DE S P E NS A
WC
V A R A NDA
14%
DO R M. 1
B A NHE IR O
O UTR O S
DO R M. 2
C IR C UL .
DO R M. 3
c irc . V ert
Fig. 75. Gráfico de representabilidade de áreas do conjunto Weissenhof. As porcentagens no gráfico
não tem casas decimais portanto os valores são arredondados, em alguns casos há a necessidade
de se fazer uma compensação dos valores para que a soma do gráfico seja 100%.
No gráfico da figura 76 pode-se observar que o conjunto habitacional de Narkomfin
tem quatro partes que chamam mais a atenção, a sala com 27% (26,70%), o
dormitório 1 com 28% (28,37%), o dormitório 2 com 16% (16,15%) e a circulação,
apenas a horizontal, com 13% (13,35%). Apenas no Narkomfim (Moscou) e no
Exitenzminimum os dormitórios 1 tem maior representatividade do que as salas. As
áreas molhadas têm somatória de 12% (11,63%) da área total do apartamento. A
circulação vertical e horizontal soma 17% (17,15%) da área do apartamento, um
pouco menos de um quinto da área do apartamento é desperdiçada com a
circulação.
175
Narkomfin
13%
4%0%
0% 6% 0%
28%
5%
1%
27%
0%
C O Z.
S ALA
HA L L
DE S P E NS A
WC
V A R A NDA
16%
DO R M. 1
B A NHE IR O
O UTR O S
DO R M. 2
C IR C UL .
DO R M. 3
c irc . V ert
Fig. 76. Gráfico de representabilidade de áreas do conjunto Narkomfin. As porcentagens no gráfico
não tem casas decimais portanto os valores são arredondados, em alguns casos há a necessidade
de se fazer uma compensação dos valores para que a soma do gráfico seja 100%.
O programa da Unidade de Habitação de Marselha é o mais extenso e por esse
motivo o gráfico da figura 77 é mais bem distribuído havendo vários pedaços com
porcentagem entre 10% e 15%. Entre eles o dormitório 1 com 13% (12,75%),
dormitório 2 com 14% (13,81%), dormitório 3 com 14% (13,64%), circulação
(horizontal) 10% (10,25%) e varanda com 13% (13,11%). O ambiente mais
representativo em relação à área é a sala com 20% (19,52%). A somatória entre
banheiro, WC e cozinha fica em 9% (9,45%), a menor representatividade entre os
estudos de casos e também menor que o modelo de Exitenzminimum do II CIAM.
176
Unité
2% 4% 0%
13%
13%
2%
3%
14%
10%
4%
1%
14%
20%
C O Z.
S ALA
HA L L
DE S P E NS A
WC
V A R A NDA
DO R M. 1
B A NHE IR O
O UTR O S
DO R M. 2
C IR C UL .
DO R M. 3
c irc . V ert
Fig. 77. Gráfico de representabilidade de áreas da Unidade de Habitação de Marselha. As
porcentagens no gráfico não tem casas decimais portanto os valores são arredondados, em alguns
casos há a necessidade de se fazer uma compensação dos valores para que a soma do gráfico
seja 100%.
Como se pode observar no gráfico da figura 78 referente ao Existenzminimum e
tabela 7, as áreas da sala e do dormitório 1 estão muito próximas em relação a
representatividade. O dormitório 1 tem 27% ( 27,30%) da área do apartamento e a
sala tem 27% (26,59%), somados os dois ambientes tem 54% (53,90%), mais da
metade da área total. A somatória das áreas do banheiro, WC e cozinha chegam a
18% (18,27%) da área total do apartamento e a circulação
total absorve 14%
(13,56%).
177
E xis tenz minimum
10%
0%
4% 2%
11%
0%
5%
2%
27%
27%
0%
C O Z.
S ALA
HA L L
DE S P E NS A
WC
V A R A NDA
12%
DO R M. 1
B A NHE IR O
O UTR O S
DO R M. 2
C IR C UL .
DO R M. 3
c irc . V ert
Fig. 78. Gráfico de representabilidade de áreas do modelo Existenzminimum. As porcentagens no
gráfico não tem casas decimais portanto os valores são arredondados, em alguns casos há a
necessidade de se fazer uma compensação dos valores para que a soma do gráfico seja 100%.
Os japoneses criaram modelos de apartamentos no século passado, para que
houvesse
uma
maior
standardização
dos
elementos
construtivos
e
consequentemente uma maior eficiência na produção de unidades. Como se pode
observar no gráfico da figura 79, os espaços com maior representatividade são os
dois dormitórios, com 27% (26,94%) e 22% (21,84%), somando 49%(48,78%),
praticamente a metade do apartamento é ocupado pelos dormitórios.
Em terceiro lugar vem a sala-cozinha (dining kitchen) com 20%. Os outros 3
ambientes presentes no programa, varanda, WC, banheiros, circulação e outros
(neste caso é referente a espaço para armazenamento - storage), somam algo em
torno de 31% (31,72%) da área total do apartamento. Em relação a área molhada,
seria algo em torno de 27% (27,04%) do total.
178
2 DK
2%0%
20%
27%
14%
0%
C O Z.
DO R M. 3
C IR C UL .
S A L A E C O ZINHA
8%
22%
5%
2%
0%
DE S P E NS A
S ALA
C IR C . V E R TIC A L
O UTR O S
DO R M. 1
WC
HA L L
DO R M. 2
B A NHE IR O
V A R A NDA
Fig. 79. Gráfico de representabilidade de áreas. As porcentagens no gráfico não tem casas
decimais portanto os valores são arredondados, em alguns casos há a necessidade de se fazer
uma compensação dos valores para que a soma do gráfico seja 100%.
Analisando a tabela 6 e todos os gráficos anteriores percebe-se que nenhum dos
conjuntos escolhidos como estudos de caso e nem os modelos criados pelo II
CIAM e pelos japoneses, tem espaços mínimos em todos os ambientes da casa. O
2DK tem a menor área total, 38,87m², mas tem ambientes, como o dormitório 2,
maior que o exemplo do Siemensstadt, tem também o wc, 0,13m² maior que o
Narkonfin.
O Weissenhof (Stuttgart)
e o Siemensstadt (Berlim), ambos construídos na
Alemanha, o Narkomfin (Moscou) na Rússia e a Unidade de Habitação de
Marselha (Marselha) na França. Pode-se constatar que até mesmo quando se
constrói para o mesmo povo existem diferenças na forma de se executar um
mesmo programa. As áreas e plantas dos dois conjuntos alemães têm diferenças
consideráveis, maiores são as diferenças quando comparados os desenhos
franceses e japoneses.
Analisando a representatividade dos ambientes se percebe que na maioria das
vezes a sala é o cômodo que mais ocupa espaço dentro das unidades
179
habitacionais, quando não a mais representativa, fica em segundo lugar após o
dormitório 1.
O ambiente que ocupa menos espaço em 4 dos casos analisados foi o WC. As
exceções foram o Siemenstadt e o Weissenhof, onde os espaços menos
representativos são respectivamente, circulação e despensa, isto porque esses
conjuntos não apresentam WC.
A circulação tem grande variação em relação parcela que ocupa dos apartamentos,
oscila entre 2,8% a 17,15%. Interessante ressaltar que mesmo no menor de todos
os apartamentos, o 2DK a área de circulação representa 7,85% ou 3,05m² e no
segundo menor, o Siemenstadt, 2,8% ou 1,91m². O maior conjunto, a Unidade de
Habitação de Marselha, tem 12,96% da área total comprometida com a circulação,
a terceira maior, perdendo para o Narkonfin (17,15%) e Exiztenziuminimum
(13,56%).
180
4. PRODUÇÃO HABITACIONAL MÍNIMA DE 1961 A 2000
4.1. INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO
O mínimo, como foi explicado anteriormente é deveras relativo. Como pudemos
constatar no capitulo 2, os apartamentos eram pensados para uma família, casal
com dois filhos. Já na segunda metade do século XX, com as mudanças na
sociedade, a casa passa a ser projetada para uma só pessoa.
O contexto histórico é bem diferente do primeiro período (1900 a 1960) escolhido.
Enquanto que no inicio do século XX ainda se viviam os frutos de uma segunda
revolução industrial, onde as cidades cresciam rapidamente, desproporcionalmente
a infra-estrutura de moradias. Essa mesma indústria que trouxe um grande
contingente de novos moradores para os centros urbanos, veio trazer novas
alternativas para a construção civil. No inicio do século XX importantes
experimentos no campo da industrialização da construção foram essenciais para
atender a demanda.
O segundo período escolhido que compreende os anos entre 1961 e 2000, é
marcado por uma nova revolução, a da comunicação e a tentativa em se quebrar a
rigidez modernista. Nunca as distancias físico-territoriais entre países e continentes
se tornaram tão insignificantes, hoje em dia, pelos mais diversos meios de
comunicação, tem-se acesso as mais distintas informações das mais diversas
partes do mundo, o que vem revolucionando a cultura mundial.
Ann Waswo (2002, p. 127) apresenta a tabela abaixo (tabela 9) compara números
referentes à habitação em 5 paises diferentes, Inglaterra, Alemanha Ocidental,
França, Japão e EUA. As categorias para comparação são: números referentes ao
181
número de cômodos por habitação; pessoas por cômodos; média de tamanho das
unidades habitacionais em m²; espaço (m²) médio das moradias próprias; espaço
(m²) médio das moradias alugadas; quantos metros quadrados por pessoa nas
moradias.
Essa tabela 9 mostra alguns dados interessantes, como o número de pessoas por
cômodo, esse dado evidencia que as casas francesas têm densidade de ocupação
maior, com 0,7 pessoas por cômodo, enquanto que nos EUA, 0,4 e Inglaterra 0,5.
Sobre o espaço médio das habitações, surpreendentemente o país com as
menores médias é a França com 85,4 m², em segundo lugar vem a Alemanha com
86,3m², Japão em terceiro com 92,6m² e por último a Inglaterra. Obviamente as
maiores médias dos apartamentos são a dos EUA com 157,7 m², mas como este
país não faz parte deste trabalho, serão ignorados os índices deste país.
Comparando agora os espaços das moradias privadas onde morador é o dono, os
maiores números aparecem no Japão, com 122,8m². Em segundo lugar vem a
Alemanha com 112,7m², depois a Inglaterra com 109m² e por último a França com
96,1m².
Em relação às moradias de aluguel, o Japão aparece com apartamentos bem
menores do que os outros paises, com 45,7m². O segundo colocado, França, tem
67,9m², 22,2m² maior que os apartamentos de aluguel no Japão. O terceiro país é
a Alemanha, com 69,2m², muito próximo a metragem das unidades francesas. A
Inglaterra apresenta os maiores apartamentos de aluguel, com 94m².
A tabela 9 apresenta também uma média de m² por pessoa. Neste quesito os
japoneses têm os menores números, 31,0m² por morador. Em segundo lugar vem
182
a Alemanha com 35,5m², em terceiro a Inglaterra com 36,6m² e por último a França
com 39,6m².
Conclui-se que a França, mesmo tendo médias mais baixas em relação ao
tamanho das moradias, a relação com o número de moradores por unidade permite
que o espaço per capita seja o maior de todos, portanto mais conforto.
Tabela 9 Demonstrativo das áreas de apartamentos tanto os produzidos pelo governo quanto os
produzidos pela iniciativa privada para uso próprio entre os anos de 1984 e 1993.
Fonte: WASWO, 2002, p. 127
A seguir serão mostrados os diversos movimentos e modelos que tem influenciado
o projeto de habitação mínima.
4.1.1 Archigram
A rigidez modernista fez com que surgissem novos movimentos que agissem
contra pontos muito ortodoxos na década de 1960. Esses movimentos eram
deslumbrados pela tecnologia e usavam todas as novidades técnicas tanto como
equipamento para auxiliar a vida doméstica quanto novos materiais para a
vedação, cobertura e outros. Um dos mais importantes foi o grupo Archigram, que
era constituído de 6 arquitetos, Warren Chalk, Ron Herron, Dennis Crompton, Peter
183
Cook, David Greene e Michael Webb que trabalharam juntos no projeto da
remodelação da estação Euston em Londres na Inglaterra. Foram reconhecidos
como grupo apenas em 1963, mas desde 1960/61 já promoviam o discurso contra
as esterilidades da arquitetura londrina por meio de sua revista, a Archigram. No
segundo número da revista se começa a discutir a arquitetura como objeto de
consumo e de desejo.
O Archigram começou como revista em 1961, fruto dos ideais dos estudantes da
Architectural Association School of Architecture. Passaram a fixar como objetivo a
técnica e os métodos construtivos. Cook (1968, p. 3) diz que o grupo não pensava
a arquitetura como uma matéria limitada, eles sentiam a necessidade de ver a casa
como extensão da liberdade e da subsistência humana mais do que uma simples
provisão de abrigo.
Os modelos do Archigram eram pensados para uma só pessoa, ou no máximo
para um casal, sempre sem filhos, segundo Frampton (1993, p. 286) uma possível
crítica a família burguesa. O Archigram nunca teve a pretensão de resolver os
problemas sociais da época.
“(...) o Archigran não via motivos para preocupar-se com as conseqüências
sociais e ecológicas de suas diversas propostas megaestruturais, das quais
a Plug-in City de Peter Cook(1964) foi um exemplo típico.” (FRAMPTON,
1997, p. 343)
O Archigram, segundo Cook (1968, p.3) não estava interessado se havia ou não
conexão do movimento pop com a pintura ou com a gráfica. Para o Archigram o
mais importante era o básico, que correspondia a uma interpretação eficiente da
necessidade que otimiza a tecnologia e economia disponíveis (COOK 1968, p.3).
184
Os arquitetos do Archigram atribuíram grande importância à tecnologia, mas
segundo Chalk (1969, p. 30) dizer que a eletrônica é importante para o futuro da
arquitetura seria tolice, continua-se às margens da tecnologia, mas ele acredita que
no futuro a arquitetura terá que se adaptar as novidades.
Na realidade a tecnologia tem influenciado consideravelmente o uso dos espaços,
uma série de novos equipamentos tem alterado os costumes das pessoas e por
conseqüência sua ralação com a habitação.
John McHale (1968, p. 16-17) monta uma linha do tempo para a evolução da
técnica.
No inicio do século XX estar-se-ia vivendo uma quarta revolução
industrial, com uma evolução maior no campo da química e engenharia, já no
período da Segunda Guerra, a quinta revolução, o destaque ficaria para as
transmissões de informações e telecomunicações elétricas, a sexta seria após a
Segunda Guerra e seria relativa a modernização dos transportes.
Frampton (1997, p. 343) ressalta a obsessão dos integrantes do Archigran pelas
cápsulas da era espacial, que eram na verdade espaços caros pelo grande número
de artefatos sofisticados e extremamente exíguos. Na verdade os integrantes de
correntes como o Archigran propuseram espaços com padrões dimensionais
abaixo do estabelecido pelos funcionalistas do Existezminimun.
A Vivenda-cápsula do Archigram, era a idéia de uma casa vista como “objeto de
consumo” e que poderia ser comprada por partes, onde seus componentes
poderiam ser trocados, justapostos praticamente de forma infinita. A adequação a
personalidade do seu proprietário poderia ser feita facilmente feita a partir da
montagem dos diferentes componentes.
185
Na figura 80 observa-se o modelo de casa cápsula proposto pelo Archigram, onde
todos os equipamentos estão integrados na moradia, os móveis, eletrodomésticos,
cozinha, tudo o que é necessário para se viver da forma mais compacta e
otimizada possível. Pode-se ver no desenho, a escala humana e tirar conclusões
sobre o espaço extremamente reduzido. Na figura 81 nota-se a forma de ampliar a
casa, com o anexo de novos módulos, e como essas células habitacionais são
encaixadas em um edifício de apartamentos. Esse sistema seria extremamente
flexível e de fácil alteração.
Fig. 80 - Casa cápsula do Archigram
fonte:
http://www.archigram.net/projects_pages/capsule
_homes_3.html
Fig. 81 - Casa cápsula. Torre de
“apartamentos” onde as unidades são
substituíveis
fonte:
http://www.archigram.net/projects_pages/
capsule_homes_3.html
As habitações cápsulas, parte integrante das “Plug-in City”, partem da idéia de que
a moradia deveria ser um produto do desenho industrial, onde o consumidor
escolhe os “opcionais” e monta sua casa da forma que lhe agradar (CHALK, 1968
186
p.6). Essas “casas cápsulas“ tinham semelhanças com os trailers, que tem todos
os equipamentos incorporados à moradia.
A idéia de produção em massa de elementos da construção não é nova, desde
Corbusier, Prouvé e os Alemães como Gropius, já se pensava em formas de
industrialização da construção.
Fuller desenvolveu na década de 1920 a casa Dymaxion 22, que poderia ser
adaptada em qualquer lugar do mundo, e seria produzida como um carro. O projeto
só foi executado por volta de 1945, na figura 82 pode-se ver a casa montada
dentro do museu Henry Ford.
Fig. 82 - Dynamaxion casa industrializada de Fuller
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Dymaxion_house.jpg
Acessado em: 10.12.2007
22
Dymaxion é um neologismo com o significado de dinamismo mais eficiência
187
Download