Boletim 047 - Unifal-MG

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No 47
Junho/2016
CEFAL- Centro de Farmacovigilância da UNIFAL/MG
Site: www2.unifal-mg.edu.br/cefal
Email: [email protected]
Tel: (35) 3299-1273
Equipe editorial: Prof. Dr. Ricardo R. Rascado; Profª.
Drª. Luciene Alves Marques; Camila Neder; Laís
Medeiros, Maria Fernanda Monteiro.
Gestantes e Reações Adversas: um foco sobre o tratamento da AIDS
Introdução
A AIDS ou Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida, como também
é chamada, é causada pelo HIV (Vírus da
Imunodeficiência Humana). A epidemia da
infecção pelo HIV e da AIDS constitui
fenômeno global. Inicialmente restrita aos
grandes centros urbanos e marcadamente
masculina, a atual epidemia do HIV e da
AIDS têm atingido toda a população. As
mudanças no perfil da AIDS no Brasil
devem-se à difusão geográfica da doença a
partir dos grandes centros urbanos em
direção aos municípios de médio e pequeno
porte, ao aumento da transmissão por via
heterossexual e ao persistente crescimento
dos casos entre usuários de drogas
injetáveis. O aumento da transmissão por
contato
heterossexual
implica
no
crescimento substancial de casos em
mulheres, o qual tem sido apontado como
uma das mais importantes características
do atual quadro da epidemia no Brasil1.
A AIDS é o estágio mais avançado
da doença que ataca o sistema
imunológico. O vírus HIV ataca as células
de defesa do nosso corpo, o organismo fica
mais vulnerável a diversas doenças, de um
simples resfriado a infecções mais graves
como tuberculose ou câncer. O próprio
tratamento
dessas
doenças
fica
1
prejudicado . Há alguns anos, receber o
diagnóstico de AIDS era uma sentença de
morte. Mas, hoje em dia, é possível ser
soropositivo e viver com qualidade de vida.
Basta tomar os medicamentos indicados e
seguir corretamente as recomendações
médicas1.
Saber precocemente da doença é
fundamental para aumentar ainda mais a
sobrevida da pessoa. Por isso, o Ministério
da Saúde recomenda fazer o teste sempre
que passar por alguma situação de risco e
usar sempre o preservativo1.
Transmissão Congênita
A transmissão vertical é a infecção
pelo vírus HIV passada da mãe para o
filho, durante o período da gestação
(intrauterino), no parto (trabalho de parto
ou no parto propriamente dito) ou pelo
aleitamento materno2.
As recomendações do Ministério da
Saúde (2007) instruem que todas as
gestantes devem ser estimuladas a realizar
o teste anti-HIV na primeira consulta de
pré-natal e se possível no início do terceiro
trimestre de gestação, sendo admissível a
utilização de testes rápidos se necessário3.
Tratamento da AIDS
Na década de 1980 foram
desenvolvidos os antirretrovirais para
1
impedir a multiplicação do vírus HIV no
organismo. Esses medicamentos não
matam o vírus HIV, mas ajudam a evitar o
enfraquecimento do sistema imunológico1.
O coquetel de medicamentos
utilizados para o tratamento da AIDS é
distribuído gratuitamente no Brasil desde
1996, para todas as pessoas que necessitam
do tratamento1.
Para combater o vírus causador da
AIDS, pelo menos três antirretrovirais são
combinados, sendo que dois desses
medicamentos são de classes diferentes,
que poderão ser associados em um só
comprimido1.
O tratamento com os medicamentos
antirretrovirais propicia muitos benefícios
às pessoas que necessitam, como por
exemplo, aumentam a sobrevida e
melhoram a qualidade de vida do paciente
soropositivo quando se segue corretamente
as recomendações médicas, mas como todo
medicamento, os antirretrovirais podem
provocar efeitos colaterais no organismo,
sendo que os mais frequentes são diarreia,
vômitos, náuseas, manchas avermelhadas
pelo corpo (rash cutâneo), agitação e
insônia1. Alguns desses sintomas podem
ocorrer no início do tratamento e tendem a
desaparecer em poucos dias ou semanas1.
Existem outros efeitos colaterais
relacionados com o uso de medicamentos
antirretrovirais que são alterações a longo
prazo, como os danos que podem ser
causados nos rins, no fígado, nos ossos, no
estômago e no intestino, assim como os
danos
neuropsiquiátricos
(agitação,
alucinações, amnésia, ansiedade, confusão
mental, convulsões, depressão, dificuldade
de concentração e irritabilidade)1. Os
coquetéis podem modificar também o
metabolismo, provocando lipodistrofia
(mudança na distribuição de gordura pelo
corpo),
diabetes,
transtornos
gastrointestinais, dislipidemia (níveis altos
de triglicérides, aumento do colesterol total
e do colesterol LDL, que é o mau colesterol
e diminuição do colesterol HDL, que é o
bom colesterol), hipertensão arterial e
intolerância à glicose1.
O tratamento com antirretrovirais
necessita de um acompanhamento médico
para avaliar a adesão ao tratamento e os
possíveis efeitos colaterais1. Em casos de
efeitos adversos associados ao uso dos
antirretrovirais, é recomendado que o
paciente soropositivo procure pelo serviço
de saúde onde faz acompanhamento para
que possa receber o atendimento adequado,
já
que
não
é
recomendada
a
automedicação, pois pode piorar o malestar, e tampouco o abandono do
tratamento, que pode ocasionar na
resistência do vírus ao medicamento1.
AIDS e Gravidez
Toda mulher grávida deve fazer o
pré-natal e os exames para detectar o HIV e
a sífilis. Esse cuidado é fundamental para
evitar a transmissão da mãe para a criança.
A testagem para o HIV é recomendada na
1ª consulta do pré-natal ou 1º trimestre e 3º
trimestre da gestação. O diagnóstico pode
ocorrer também no momento do parto, na
própria maternidade, por meio do teste
rápido. As gestantes que souberem da
infecção durante o pré-natal têm indicação
de tratamento com os medicamentos
antirretrovirais durante a gestação e ainda
no trabalho de parto para prevenir a
transmissão1.
Após o nascimento, a mãe não deve
amamentar seu filho, pois o HIV está
2
presente no leite materno. Portanto, o leite
da mãe deve ser substituído por leite
artificial1.
O recém-nascido precisa tomar
Azitromicina (AZT) em xarope nas
primeiras duas horas de vida às próximas
seis semanas. Além disso, a criança precisa
fazer acompanhamento em serviço de
referência para crianças expostas ao HIV1.
Além
dos
cuidados
já
recomendados a um recém-nascido, estes
devem fazer exame de sangue completo
para acompanhar uma possível anemia
ferropriva (falta de ferro), que pode ser
causa pelo uso do AZT, repetindo após 6 e
16 semanas1.
A criança deve ter alta da
maternidade com consulta marcada em
serviço especializado para seguimento de
crianças expostas ao HIV. A data da
primeira consulta não deve ser superior a
30 dias, a partir da data do nascimento1.
Reações
Adversas
em
malformações congênitas; maior índice de
parto pré-termo e/ou de baixo peso ao
nascer4.
Por fim, tais dados não têm o
objetivo de contradizer o grande benefício
da
terapia
com
medicamentos
antirretrovirais na redução da transmissão
materno infantil da AIDS. Esta deve
continuar a ser utilizada, como também
levando- se em consideração os riscos e os
benefícios futuros para estas crianças4.
Gestantes
Soropositivas
Embora seus benefícios sejam
irrefutáveis, alguns estudos mostram
possíveis efeitos colaterais causados pelo
uso dos antirretrovirais nas gestantes e nos
recém-nascidos4.
Entre os efeitos adversos mais
frequentes, estão aqueles que podem estar
presentes em qualquer paciente que use a
medicação,
como
hipersensibilidade,
toxicidade mitocondrial e lipodistrofia.
Porém, há também efeitos colaterais
específicos do uso destas medicações
durante a gestação, dentre eles, os possíveis
são: resistência à insulina e o
desenvolvimento de diabetes gestacional;
pré-eclâmpsia; aumento de incidência de
3
Referências bibliográficas
1. BRASIL. Departamento de DST,
AIDS e Hepatites Virais. AIDS.
Disponível em:
<http://www.aids.gov.br/aids>. Acesso
em: 18 jun. 2016.
2. Portal Educação. Transmissão
Vertical do HIV. Disponível em:
<http://www.portaleducacao.com.br/educ
acao/artigos/30937/transmissao-verticaldo-hiv>. Acesso em: 23 jun. 2016.
3. Grupo de Apoio a Vida. Transmissão
Vertical do HIV. Disponível em:
<http://gavi.webnode.comhttp://www.por
taleducacao.com.br/educacao/artigos/309
37/transmissao-vertical-dohiv.br/preven%C3%A7%C3%A3o/trans
miss%C3%A3o%20vertical%20do%20hi
v/>. Acesso em: 23 jun. 2016.
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4. BARROS, C. A. et. al. Uso dos
antirretrovirais na gestação e seus
possíveis efeitos adversos. Rev. Femina,
v. 39, n. 7, p. 357-364, 2011.
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