orientações federativas janeiro / 2015 federação espírita

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DIFE
DEPARTAMENTO DE
INTEGRAÇÃO FEDERATIVA
FEDERAÇÃO ESPÍRITA PERNAMBUCANA
1904 - INSTITUIÇÃO CENTENÁRIA – 2004
ENTIDADE FEDERATIVA, COORDENADORA E REPRESENTATIVA DO MOVIMENTO ESPÍRITA
DO ESTADO DE PERNAMBUCO NO CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL DA FEDERAÇÃO
ESPÍRITA BRASILEIRA.
ORIENTAÇÕES FEDERATIVAS JANEIRO / 2015
O CENTRO ESPÍRITA, A SIMPLICIDADE E A CONTEMPORANEIDADE.
Xerxes Luna
CONSIDERAÇÕES INICIAIS.
O mundo em sua dinâmica, de tempos em tempos, se vê envolto em momentos de
grande turbulência em função de acontecimentos que envolvem guerras entre
nações, ações terroristas, insurgências internas localizadas em alguns países e a
utilização dos recursos econômicos como estratégia de confronto, dominação e
poder, como temos visto em nossos dias, para citar alguns meios que favorecem a
violência e a desagregação social. Infelizmente essas coisas têm gerado
consequências extremamente danosas à paz e a harmonia da sociedade com
reflexos mais contundentes nas camadas sociais historicamente frágeis e
economicamente carentes.
Nesse contexto, temos visto surgir e/ou se agravar, situações que deixam como
rastros a fome, a miséria, a insegurança, a desorganização econômica e social além da escassez do emprego tão
necessário a uma vivência digna e ao sustento da família, por exemplo. Hoje, mais do que nunca, a humanidade
clama por socorro, por testemunhos que fortaleçam sua fé num futuro promissor, justo e feliz.
Hoje, como já vem ocorrendo há muito tempo, Jesus sofre e chora em virtude dos maltratos infligidos pela
insanidade de boa parte da coletividade humana na condução de suas vidas, já que elas se apresentam bastante
afastadas de sua real essência (bondade) e destinação (felicidade).
Nesses momentos aflitivos, também vividos nos nossos dias, o Espiritismo tem papel relevante no trabalho
organizado e dirigido pelo Plano Espiritual Superior, para auxiliar os aflitos e deserdados do mundo a acalmarem
seus espíritos, a aplacarem suas dores e a superarem suas carências, principalmente as de natureza espiritual e
existencial. Para isso conta com as instituições espíritas como espaços para a realização das tarefas que lhes cabe,
especialmente aquelas voltadas para a fortificação da fé, para a conservação da esperança em dias melhores e
para o socorro que garanta aos sofredores do mundo uma sobrevivência digna, saudável e tranquila.
O CENTRO ESPÍRITA E A SIMPLICIDADE.
O grande compromisso do Espiritismo na humanidade é contribuir para que o ser humano, hoje, seja melhor
que ontem e amanhã melhor que hoje. Para isso propõe-se a reviver, em seu coração, os ensinamentos do Cristo e
revelar, em nosso tempo, o que ontem Jesus não pode fazê-lo, em face da dureza dos corações dos homens
daquela época e sua capacidade limitada de compreender e entender as grandes verdades acerca da vida eterna,
daí o recurso educativo das parábolas tão apropriadamente utilizado pelo Mestre.
Quanto aos princípios a serem adotados pela Doutrina Espírita no seu processo educativo e transformador
da humanidade, outros não poderiam ser senão os utilizados por Jesus em sua missão, ou seja, compromisso
com a verdade, simplicidade e coerência entre o falar e o agir. Para isso é imperativo que o Espiritismo
disponha de espaços de difusão doutrinária simples e acolhedores, compatíveis com a singeleza da mensagem do
Cristo e com a simplicidade d’alma das pessoas que para ali se dirijam. Nunca deveremos esquecer que Jesus na
difusão dos preceitos relativos ao Reino dos Céus valeu-se dos lares daqueles que, com boa vontade, O acolhia e
aos seus ensinamentos; dos espaços públicos reservados como o monte onde foi proferido o Sermão da Montanha
e muito raramente dos templos suntuosos, como o de Jerusalém, ou seja, Jesus recorreu a espaços onde as
pessoas mais se identificavam, por serem mais conforme a sua realidade singela, ao seu dia a dia.
O centro espírita, seguindo esse estilo do Cristo, também deve primar pela simplicidade na edificação do
seu espaço de trabalho, precavendo-se da ostentação, da opulência do requinte, da suntuosidade, pois suas
dependências destinam-se a acolher um Ser Divino simples e sua mensagem; um Pescador de Almas Humanas,
calçado, metaforicamente falando, com sandálias de pescador. A simplicidade, no entanto, não deve ser entendida
como desleixo, sujeira, negligência, falta de zelo ou desmazelos estéticos e sim como o cuidado com a singeleza
estética da edificação e dos seus espaços, o asseio, a luminosidade e o arejamento adequados de suas
dependências, dentre outros cuidados que tornem uma instituição espírita digna de receber o Cristo de Deus e
divulgar suas Verdades.
SIMPLICIDADE NA DIVULGAÇÃO DA MENSAGEM ESPÍRITA.
Seguindo o exemplo de Jesus, que recorreu a uma linguagem de fácil compreensão e entendimento, quer
pelos doutos, quer pelos não “letrados”, a mensagem espírita deve seguir o mesmo padrão, ou seja, ser simples e
bem compreensível a todos, independente de suas condições sociais e/ou culturais. Expressar-se utilizando uma
linguagem que exija dos ouvintes conhecimentos um tanto profundos, vastos ou rebuscados, ou mesmo usando
expressões linguísticas de difícil compreensão, por não serem usuais, além de dificultar a assimilação da
mensagem espírita, também poderá contribuir para o afastamento de alguns frequentadores das reuniões
destinadas à explanação doutrinária, e às vezes, até, da própria instituição. Por outro lado, esses arroubos de
erudição tornando-se uma constante no movimento espírita podem contribuir para a formação da idéia falsa de que
a mensagem espírita destina-se, preferencialmente, a uma elite intelectual e social, concentrada nas classes média
e alta da sociedade. Não queremos com isso afirmar que essas categorias sociais também não mereçam a atenção
e o respeito exigidos no processo da difusão e divulgação do Espiritismo, o que queremos afirmar é que tal atenção
e respeito não podem ser excludentes, isto é, não podem excluir os mais simples do foco da compreensão das
grandes verdades contidas na revelação espírita.
A DIFUSÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA NAS CAMADAS SOCIALMENTE CARENTES.
Dados estatísticos recentes apontam que o Espiritismo cresce mais na classe média e nos estratos mais
ricos e escolarizados da população. Segundo os dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas, depois do Rio de
Janeiro (3,37%), o Estado com maior número de espíritas é o Rio Grande do Sul – 2,84% da população do Estado,
vindo a seguir o Distrito Federal (2,75%), Goiás (2,72%), São Paulo (2,30%) e Minas Gerais (2,21%). Se esse
dados apontam que a Doutrina Espírita ocupa a 3ª posição na preferência da população brasileira, o que nos alegra
por um lado, também nos preocupa por outro; não pela posição no ranking das religiões no Brasil, mas por ficar
evidenciado que o Espiritismo não está chegando às camadas sociais mais carentes com a mesma força com que
vem se expandindo entre as pessoas de classe média, entre os escolarizados e os ricos.
Esses indicadores merecem uma reflexão profunda por parte do movimento espírita, a fim de que nossa
doutrina não perca sua dimensão consoladora e reveladora aberta, igualitariamente, a todas as classes sociais, e
não só a aquelas cujo contingente seja formado por pessoas bem aquioadas financeira e intelectualmente.
Nos esforços que devem ser empreendidos para reverter este quadro é imprescindível a união dos espíritas
e das instituições espíritas, que nos demos às mãos, que somemos esforços, isentos de qualquer interesse que não
seja o de contribuir para a edificação do Cristianismo Redivivo cada vez mais entre nós. Para isso precisamos
atender de forma urgente, mas não apressada, as necessidades inerentes a nossa realidade de mundo
(contemporaneidade) com vista à melhor aproximar a mensagem espírita das pessoas localizadas nas mais
variadas classes social. Assim comportamentos corriqueiros poderiam ser revisitados e modificados e até novos
procedimentos poderiam ser criados pelos espíritas e, principalmente, pelas instituições, como por exemplo:
a) As instituições portadoras de melhores condições de sustentabilidade dos seus trabalhos, no que se refere
aos recursos e ao quantitativo de voluntários para o serviço do Cristo, bem que poderiam desenvolver
trabalhos conjuntos com instituições localizadas em áreas socialmente carentes, principalmente no âmbito
da evangelização de crianças, adolescentes e adultos e também no atendimento fraterno e na promoção e
assistência aos necessitados de ordem material e espiritual. Nesse contexto se faz imprescindível o respeito
à autonomia de cada uma das instituições.
b) Essas mesmas instituições poderiam colaborar com o trabalho de divulgação doutrinária dos centros
espíritas localizados em regiões mais periféricas ou mesmo do interior do Estado disponibilizando o seu
quadro de expositores espíritas para as coirmãs.
c) Realização do Evangelho no Lar nas residências dos amparados pelos programas de assistência e
promoção social mantidos pela instituição, caso haja a aquiescência dos mesmos. Para isso poderiam ser
deslocados integrantes da juventude espírita ou de outros setores das instituições.
d) Realização de visitas fraternas breves aos lares dos socialmente carentes, conforme as condições de
segurança e receptividade assim ensejem. Nessas ocasiões, além de guardar a naturalidade no contato
com a família visitada, deve-se buscar uma oportunidade para apresentar o Espiritismo à família.
CONCLUSÃO.
Leon Denis, na introdução de sua obra “No Invisível”, afirma: “O Espiritismo será o que dele fizerem os
homens.”, isto porque “ao contacto da humanidade as mais altas verdades às vezes se desnaturam e obscurecem.”
Urge, portanto, que envidemos todos os esforços possíveis para que o Espiritismo não perca sua natureza de
simplicidade e contemporaneidade (sintonia com a realidade atual) para que sua mensagem e chamamento à
humanidade não sejam obscurecidas pela falta de coerência entre o falar e o agir.
A humanidade clama por simplicidade, fraternidade e solidariedade nas ações e relações que envolvam as
criaturas humanas. O Centro Espírita como espaço de trabalho comprometido com os ideais do Espiritismo, não
pode fechar os ouvidos a esse clamor.
FEDERAÇÃO ESPÍRITA PERNAMBUCANA / DEPARTAMENTO DE INTEGRAÇÃO FEDERATIVA
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Fone/Fax (81) 3241-2157 – (81) 3426-3615 – 3427-6904
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