Tsunami! E outras ondas Otaviano Helene Junho/2014 Eur. J. Phys. 27 (2006) p. 855 Características dos tsunamis • Ondas de grandes comprimentos de onda (muitas dezenas de quilômetros) • Velocidades de centenas de quilômetros por hora em alto mar; período da ordem de hora • Amplitudes pequenas em alto mar que crescem na medida em que se aproximam da costa • Origem: terremotos, queda de meteoroides, deslizamentos de terra... O que vamos discutir inclui não apenas tsunamis, mas ondas em águas rasas, em geral. Equação de onda - dedução t, Δx Δx+ Δz Δh h t+Δt e h+y x x+z Hipóteses: z varia com o tempo; não há atrito com o fundo; viscosidade nula; comprimento de x é a posição de equilíbrio de uma porção de água. y é a altura da superfície da água. Objetivo: descobrir o comportamento de y(x,t) e z(x,t) Conservação da massa L·h·Δx=L·(h+y) (Δx+ Δz) Se y<<h e Δz <<Δx, então h·Δz+y·Δx= 0 ∂z y = −h ∂x (I) Segunda lei de Newton para a fatia Δh ∂P ∆F = L ⋅ ∆h ⋅ ( P ( x) − P ( x + ∆x)) = − L ⋅ ∆h ⋅ ⋅ ∆x ∂x F=ma leva a ∂P ∂2z L ⋅ ∆h ⋅ ⋅ ∆x = − L ⋅ ρ ⋅ ∆h ⋅ ∆x 2 ∂x ∂t (II) Como ∂P ∂y = ρ⋅g⋅ ∂x ∂x a equação (II) fica ∂ z ∂y = −g ⋅ 2 ∂x ∂t 2 Derivando a eq. (I) em relação a x, ∂z y = −h (I) , temos ∂x ∂y ∂ z = −h 2 ∂x ∂x 2 Finalmente, combinando essa última equação com ∂2 z ∂y = −g ⋅ 2 ∂x ∂t obtem os ∂ y ∂ y = g ⋅ h ⋅ 2 2 ∂t ∂x 2 2 Lembrando: y é a altura da superfície da água. (Há uma equação equivalente para z.) A equação anterior mostra que ondas podem se propagar na superfície de um líquido: v = g ⋅h Notem que v depende da profundidade. Daí a grande velocidade de tsunamis. Isso vale para águas rasas, não apenas tsunamis. Exemplos: h=4.000 m, v=200 m/s h=10 m, v=10 m/s Como a velocidade depende da profundidade, ondas sempre chegam paralelamente às praias. Isso é refração. Refração do tsunami de 2004 no Oceano Índico Ondas na água podem formar “bicos” Mas em uma corda esticada, não! Em uma corda um pedaço de largura infinitesimal Δx estaria sujeito a uma força finita Pode Não pode Reflexão • Além da oscilação vertical da superfície da água, há uma oscilação horizontal em z, y Se conhecemos y(x,t), conhecemos z(x,t). O fluxo de água é dado por • Usando essa expressão para o fluxo e leis de conservação de massa, encontramos alguns resultados interessantes. Reflexão ao mudar de meio Reflexão k=ω/v e k’=ω/v’ • Como não pode haver “degraus” na superfície da água (y(x,t) contínua) e igualando o fluxo em ambos os lados, obtemos T Notem que T é maior do que 1 se v for maior do que v’; a onda cresce. Conservação da energia na reflexão O fluxo de energia é proporcional ao quadrado da amplitude de uma onda vezes sua velocidade. Portanto: • Energia incidente proporcional a v • Energia refletida proporcional a R2v • Energia transmitida proporcional a T2v É imediato verificar a conservação de energia Energia incidente=energia refletida + energia transmitida += Como a amplitude da onda transmitida pode aumentar se v’ for menor do que v, T , podemos observar vários efeitos: Ondas de banhistas crescem quando entram em águas mais rasas Ondas de surfistas crescem quando passam por bancadas Tsunamis crescem quando se aproximam Ilustração: Reflexão e transmissão em uma interface Ondas (e tsunamis) entrando em águas rasas Exemplos finais de ondas na água Um dos efeitos destrutivos dos tsunamis ocorre porque eles crescem na medida em que se aproximam da costa. Mas não é só isso: assim como uma pequena onda invade a praia por alguns poucos metros, limitado pelo seu comprimento de onda, um tsunami pode invadir muitos quilômetros da costa, pois seu comprimento de onda é enorme. É como uma maré alta, muito alta. • Há muitos outros efeitos ondulatórios (ou, pelo menos, hidrodinâmicos) que ocorrem na água difração reflexão ondas estacionárias macaréus (pororoca) degrau hidráulico (pias) Difração na costa da Namíbia Namíbia, coordenadas 23.129S e 14.432E. Imagem obtida do Google maps em julho/2013 N Ressonância em um prato de sopa a l Chega!