ANÁLISE PRELIMINAR DOS DADOS DE VAZÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO GUABIROBA – GUARAPUAVA/PR Karoline Bueno (PET/Geografia/UNICENTRO), Gerson Lange Filho (PET/Geografia/UNICENTRO), Leandro Redin Vestena (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO Setor de Ciências Agrárias e Ambientais – SEAA/G Departamento de Geografia – DEGEO/Guarapuava-PR. Palavras-chave: vazão, Guabiroba, recursos hídricos. Resumo O presente estudo tem como objetivo ressaltar a importância das medições de vazão, pois seus dados são indispensáveis para o planejamento dos recursos hídricos, previsão de cheias, abastecimento público, entre outros. As medições foram feitas adotando o método da seção média, e, até o momento, foram realizadas cinco medições. Os resultados buscam fornecer subsídios para melhor compreender a dinâmica hidrológica do rio Guabiroba. Introdução O conhecimento do comportamento de um rio é de extrema importância para o desenvolvimento da sociedade. Isso já era notável nos tempos de Leonardo da Vinci, no século XV, que realizou suas primeiras medições com seu odômetro (aparelho usado para medir certa distância percorrida). A medição do fluxo d’água em um rio é uma atividade que vem sendo desenvolvida há séculos, pois seus dados são indispensáveis para o planejamento dos recursos hídricos, previsão de cheias, gerenciamento de bacias hidrográficas, saneamento básico, abastecimento público e industrial, navegação, irrigação, transporte, meio ambiente e muitos outros estudos de grande importância econômica (IBIAPINA et al., 2007). Para a execução em campo, existem inúmeros aparelhos que fazem a medição de vazões; no presente trabalho utilizou-se o molinete hidrométrico, aparelho convencional que mede a velocidade de um escoamento por meio de uma hélice acoplada a um eixo que gira no sentido contrário ao fluxo Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 fluvial. Cabe aqui destacar que o procedimento de vazão é extremamente trabalhoso e oneroso, e com isso opta-se pelo registro dos níveis d’água (réguas de nível) em uma determinada seção transversal do rio e determinase uma relação entre os níveis d’água e suas vazões correspondentes. Essa relação é denominada de curva-chave ou curva de descarga. Materiais e Métodos Para as medições da vazão do rio será empregada a metodologia descrita em Santos et. al. (2001), constatando o volume de água que passa através de uma seção transversal em uma unidade de tempo. Essa vazão é associada a uma cota linimétrica h (cota da superfície livre em relação a um plano de referência arbitrário). Neste trabalho, para a medição da vazão, utilizamos o método de medição e integração da distribuição de velocidade, utilizando o molinete hidrométrico, modelo FP 101-FP 201 Global Flow Probe, produzido pela Global Water. A utilização do molinete hidrométrico se dá em uma área de uma estabelecida seção, medindo o fluxo que passa nessa seção. Esta área é determinada por meio da medição da largura do rio e da profundidade em um número significativo de pontos ao longo da seção, chamados de verticais, nas quais é realizada a medição da velocidade com o molinete hidrométrico, em um número significativos de pontos, a diferentes profundidades. Para o cálculo da medição convencional utilizamos o método da seção média (Figura 1), onde as vazões parciais são calculadas para cada subseção entre verticais, a partir da largura, da média das profundidades e da média das velocidades entre as verticais envolvidas. Figura 1 – Esquema de cálculo da seção média. Fonte: Santos [et.al.], 2001. Org.: Bueno, K. 2009. Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 A seguir, apresentamos o processo de cálculo pelo método da seção média, apresentado por Santos et. al. (2001): 1) Cálculo das velocidades médias nas verticais, em função do método de medição utilizado: Tabela 1 – Cálculo da velocidade média na vertical (método detalhado). N° de pontos Posição na vertical (*) em relação à prof. “p” Cálculo da velocidade média, na vertical Profundidade (m) 1 0,6 p vm= v 0,6 0,15 – 0,6 2 0,2 e 0,8 p Vm= (v0,2 + v0,8) /2 0,6 - 1,2 3 0,2; 0,6 e 0,8 p Vm= (v0,2 + 2v0,6 + v0,8) /4 1,2 - 2,0 4 0,2; 0,4; 0,6 e 0,8 p Vm= (v0,2 + 2v0,4 + 2v0,6 + v0,8) /6 2,0 - 4,0 6 S; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8 p Vm= [vs + 2(v0,2 + v0,4 + v0,6 + v0,8) + eF vF] /10 > 4,0 (*) S – superfície; F - fundo. Fonte: DNAEE, 1977 apud Santos et. al. (2001). Org.: Bueno, K. (2009). 2) Cálculo das velocidades médias nos segmentos: Vm = vm1 + vm2 / 2 3) Cálculo das áreas dos segmentos: a1= (d2 – d1) {(p2+p1)/2} 4) Cálculo das vazões nos segmentos: qa1 = vma1a1 5) Cálculo da vazão total: Q= ∑qi 6) Cálculo da área total: A= ∑ ai 7) Cálculo da velocidade média: Vm = Q/A 8) Cálculo da largura do rio: L= dn – d1 9) Cálculo da profundidade do rio: P = A/L Resultados e Discussão A área de estudo localiza-se na bacia hidrográfica do rio Guabiroba, Guarapuava-PR, a área da bacia corresponde a 23, 635 km, esta localiza-se Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 a leste do centro urbano da cidade, e, seus limites geográficos são ao Norte 25º 23’ latitude S, ao Sul, 25º 25’ latitude S. A Leste, 51º 20’ longitude W e ao Oeste 51º 25’ W de Greenwich (Figura 2). Figura 2– Localização da área de estudo. Fonte: Luís, J. C, 2008. Org.: Bueno, K. 2009. Até o presente momento foram realizadas 5 (cinco) medições de vazão do Rio Guabiroba, nos dias: 06/03/2009, 08/05/2009, 14/05/2009, 18/08/2009 e 03/09/2009; as medições foram realizadas logo após o evento chuvoso do dia em questão. As vazões constatadas são apresentadas na tabela a seguir: Tabela 2 – Dados das vazões do Rio Guabiroba. Dia da medição 06/03/2009 08/05/2009 14/05/2009 18/08/2009 03/09/2009 Vazão 0,122 m³/s 0,469 m³/s 0,699 m³/s 0,571 m³/s 0,944 m³/s Org.: Bueno, K. 2009. Analisando estes dados, pode-se constatar que, na primeira medição – 06/03/2009 - feita em um período de relativa estiagem, o canal apresentou uma vazão de 0,122 m³/s, relativamente baixa se comparada aos dados das medições posteriores que, foram realizadas no período de maior Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 pluviosidade constatada na região da bacia; período este que corresponde ao mês que precede e ao mês onde ocorre o solstício de inverno que, no ano de 2009, excepcionalmente apresentou grande índice pluviométrico. Os resultados preliminares obtidos durante este estudo indicaram que o valor médio da vazão em seção transversal do Rio Guabiroba foi de 0,561 m³/s . Conclusões Este trabalho ainda encontra-se em fase de execução, com a sua continuidade serão feitas medições de vazão em outras épocas do ano para que seja possível a comparação de dados e subsidiar o conhecimento do balanço hídrico da bacia. Referências IBIAPINA, A. V.; FERNANDES, D.; CARVALHO, D. C.; OLIVEIRA, E.; SILVA, M. C. A. M.; GUIMARÃES, V. S. Evolução da hidrometria no Brasil. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), 2007. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/srh/acervo/publica/doc/oestado/texto/12 1-138.html>. Acesso em: setembro, 2009. KOBIYAMA, M; GRISON, F. Medição e Estimativa de Vazão. In: KOBIYAMA, M. (Org). Curso de capacitação em hidrologia para mananciais 2° edição – Florianópolis: UFSC/CTC/ENS/ Labhidro, 2009. p. 111-124. Luís, J. C. As Unidades de Paisagem na Bacia do Rio Guabiroba Guarapuava-PR - e a Fragilidade Ambiental. Estudos Geográficos. Rio ClaroSP, 2008. p. 63-88. Disponível em: <http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/estgeo/article/viewFile/1027 /2040>. Acesso em: setembro, 2009. SANTOS, I.; FILL, H. D.; SUGAI, M. R. V. B.; BUBA, H.; KISHI, R. T.; MARONE, E.; LAUTERT, L. F. Hidrometria Aplicada. Curitiba: Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, 2001. 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