Caracterização da assistência oncológica nas Redes Regionais de Atenção à Saúde no estado de São Paulo RRAS 11 – DRS Presidente Prudente (Regiões de Saúde: Alta Paulista, Alta Sorocabana, Alto Capivari, Extremo Oeste Paulista e Pontal Paranapanema) Fundação Oncocentro de São Paulo Março/2014 APOIO: LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Redes Regionais de Atenção à Saúde e respectivas DRS e Regiões de 7 Saúde, estado de São Paulo, 2012. Figura 2 - Rede Regional de Atenção à Saúde - RRAS 11 e respectiva Região de 10 Saúde e Município. Figura 3 - Pirâmide populacional da RRAS 11, 2010. 12 Figura 4 - Número de óbitos, taxas brutas e ajustadas de mortalidade (por 100 14 mil habitantes) segundo localização primária da neoplasia, sexo masculino, RRAS 11, 2010. Figura 5 - Número de óbitos, taxas brutas e ajustadas de mortalidade (por 100 mil habitantes) segundo localização primária da neoplasia, sexo feminino, RRAS 11, 2010. 14 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Estrutura do estado de São Paulo segundo RRAS, DRS, Regiões de 8 Saúde, número de municípios e população residente. Quadro 2 - Composição da RRAS 11 segundo DRS, Região de Saúde, município e 11 população residente. Quadro 3 - Relação de unidades habilitadas para atendimento na Rede de Alta Complexidade em Oncologia da RRAS 11. 20 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Principais causas de mortalidade segundo Capítulos da Classificação Internacional de Doenças CID-10, RRAS 11, 2010. Tabela 2 - Número estimado de casos novos de câncer segundo localização primária da neoplasia, sexo masculino, RRAS 11, 2010. Tabela 3 - Número estimado de casos novos segundo localização primária da neoplasia, sexo feminino, RRAS 11, 2010. Tabela 4 - Número e porcentagem de casos analíticos de residentes na RRAS 11, sexo masculino, segundo localização primária da neoplasia, 2010. Tabela 5 - Número e porcentagem de casos analíticos e não analíticos de residentes na RRAS 11, sexo masculino, segundo localização primária da neoplasia, 2010. Tabela 6 - Número e porcentagem de casos analíticos de residentes na RRAS 11, sexo feminino, segundo localização primária da neoplasia, 2010. Tabela 7 - Número e porcentagem de casos analíticos e não analíticos de residentes na RRAS 11, sexo feminino, segundo localização primária da neoplasia, 2010. Tabela 8 - Número de casos de câncer registrados no RHC (analíticos e não analíticos) segundo status de residência e prestador do atendimento, RRAS 11, 2010. Tabela 9 - Número e porcentagem de casos analíticos e não analíticos atendidos na Santa Casa de Presidente Prudente segundo localização primária da neoplasia, 2010. Tabela 10 - Número e porcentagem de casos analíticos e não analíticos entre residentes da RRAS 11 atendidos em instituições fora da RRAS de residência, 2010. Tabela 11 - Número de procedimentos e de pacientes atendidos segundo categoria de procedimento, RRAS 11, 2010. Tabela 12 - Número total de procedimentos segundo prestador, RRAS 11, 2010. 13 16 16 18 19 19 20 21 21 22 23 23 ÍNDICE INTRODUÇÃO 6 1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA 10 2 PERFIL DE MORTALIDADE 13 3 PERFIL DE MORBIDADE 15 3.1 Estimativa de casos novos de câncer 15 3.2 Registro Hospitalar de Câncer de São Paulo (RHC/SP) 16 3.2.1 Análise de dados do RHC/SP 17 4 PRODUÇÃO DE SERVIÇOS EM ONCOLOGIA 22 5 REFERÊNCIAS 24 INTRODUÇÃO O câncer representa um dos principais problemas de saúde pública no Brasil e em todo o mundo. No estado de São Paulo, alguns indicadores confirmam sua magnitude, havendo a necessidade de adoção de medidas eficazes para o controle da doença e de estruturação de uma rede regionalizada e hierarquizada de serviços que garanta atenção integral à saúde da população. Para o sucesso destas medidas, a caracterização da Rede de Atenção Oncológica do estado de São Paulo é uma etapa fundamental. São necessárias a construção de perfis regionais de morbimortalidade por câncer e a identificação das diferentes necessidades e ofertas de recursos humanos e estruturais (capacidade instalada, equipamentos e assistência) nas diversas regiões do estado. Este relatório tem como objetivos disseminar informações e contribuir para a otimização dos recursos disponíveis, buscando o compartilhamento de ações entre gestores e instituições públicas e de ensino voltadas à política estadual de saúde. Redes Regionais de Atenção à Saúde (RRAS) De acordo com a Portaria GM/MS nº 4279/10, as RRAS são definidas como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado em um determinado território. São caracterizadas pela formação de relações horizontais organizadas, sistematizadas e reguladas entre a atenção básica e os demais pontos de atenção do sistema de saúde. As RRAS são compostas por Redes Temáticas (urgência e emergência, maternoinfantil, Oncologia, entre outras), que podem ser definidas como pontos de atenção articulados entre si para promover a integralidade do cuidado. Assim, as RRAS têm como objetivos integrar serviços e organizar sistemas e fluxos de informações para dar suporte às atividades de planejamento e definição de fluxos no território (Portaria GM/MS nº 4279/10). No estado de São Paulo, a construção das 17 RRAS (Figura 1, Quadro 1) tem como finalidade garantir a universalidade e integralidade da assistência a toda população paulista, independentemente do local de residência (Deliberação CIB nº 06 de 8/2/12). 6 Figura 1. Redes Regionais de Atenção à Saúde e respectivas DRS e Regiões de Saúde, estado de São Paulo, 2012. Fonte: SES/SP 7 Quadro 1. Estrutura do estado de São Paulo segundo RRAS, DRS, Regiões de Saúde, número de municípios e população residente*. RRAS DRS Região de Saúde 01 02 03 04 05 06 GRANDE S. PAULO GRANDE S. PAULO GRANDE S. PAULO GRANDE S. PAULO GRANDE S. PAULO GRANDE S. PAULO BAIX. SANTISTA REGISTRO GRANDE ABC ALTO DO TIETÊ FRANCO DA ROCHA MANANCIAIS ROTA DOS BANDEIRANTES SÃO PAULO BAIXADA SANTISTA VALE DO RIBEIRA ITAPETININGA ITAPEVA SOROCABA VALE DO JURUMIRIM BAURU POLO CUESTA JAU LINS ADAMANTINA ASSIS MARÍLIA OURINHOS TUPÃ ALTA PAULISTA ALTA SOROCABANA ALTO CAPIVARI EXTREMO OESTE PAULISTA PONTAL PARANAPANEMA CENTRAL DO DRS II DOS LAGOS DO DRS II DOS CONSÓRCIOS DRS II CATANDUVA SANTA FÉ DO SUL JALES FERNANDÓPOLIS SÃO JOSÉ DO RIO PRETO JOSÉ BONIFÁCIO VOTUPORANGA CENTRAL DO DRS III CENTRO OESTE DO DRS III NORTE DO DRS III CORAÇÃO DO DRS III NORTE-BARRETOS SUL-BARRETOS TRÊS COLINAS ALTA ANHANGUERA ALTA MOGIANA HORIZONTE VERDE AQUÍFERO GUARANI VALE DAS CACHOEIRAS 07 08 SOROCABA 09 BAURU 10 MARÍLIA 11 PRES. PRUDENTE 12 ARAÇATUBA S. JOSÉ R. PRETO ARARAQUARA BARRETOS 13 FRANCA RIBEIRÃO PRETO Número de Municípios Pop. Feminina Pop. Masculina 7 11 5 8 7 1 9 15 13 15 20 17 18 13 12 8 10 13 19 12 8 12 19 5 5 4 11 12 17 19 6 16 13 20 11 17 8 5 5 6 10 8 10 6 6 9 10 7 1.320.373 1.361.664 258.307 504.492 880.663 5.924.871 867.435 136.114 223.907 136.279 765.470 137.720 298.769 141.172 161.292 78.201 61.411 119.568 184.725 110.884 63.201 61.311 194.061 28.308 46.035 33.781 141.478 93.053 126.065 145.938 22.639 50.559 56.149 333.116 45.554 91.979 146.247 66.081 73.971 179.857 135.937 71.096 196.600 73.915 58.695 196.563 414.672 64.163 Pop. Total 1.230.955 2.551.328 1.302.075 2.663.739 259.368 517.675 482.506 986.998 830.069 1.710.732 5.328.632 11.253.503 796.701 1.664.136 137.452 273.566 227.492 451.399 136.397 272.676 753.471 1.518.941 139.665 277.385 294.550 593.319 138.154 279.326 158.204 319.496 76.896 155.097 66.876 128.287 116.620 236.188 176.789 361.514 106.987 217.871 61.347 124.548 64.379 125.690 186.016 380.077 27.780 56.088 46.581 92.616 33.940 67.721 136.873 278.351 97.436 190.489 124.418 250.483 145.637 291.575 21.630 44.269 50.146 100.705 54.477 110.626 316.671 649.787 46.164 91.718 92.112 184.091 139.453 285.700 65.643 131.724 72.978 146.949 176.027 355.884 132.609 268.546 69.625 140.721 190.104 386.704 73.027 146.942 57.466 116.161 196.868 393.431 392.434 807.106 63.289 127.452 Continua 8 Quadro 1. Estrutura do estado de São Paulo segundo RRAS, DRS, Regiões de Saúde, número de municípios e população residente*. Continuação RRAS DRS PIRACICABA 14 CAMPINAS 15 S. JOÃO B. VISTA 16 CAMPINAS TAUBATÉ 17 TOTAL Região de Saúde ARARAS LIMEIRA PIRACICABA RIO CLARO CAMPINAS OESTE VII BAIXA MOGIANA MANTIQUEIRA RIO PARDO BRAGANÇA JUNDIAÍ ALTO VALE DO PARAÍBA CIRCUITO FÉ - V. HISTÓRICO LITORAL NORTE V. PARAÍBA-REG. SERRANA Número de Municípios Pop. Feminina Pop. Masculina 5 4 11 6 11 11 4 8 8 11 9 8 17 4 10 645 156.159 168.345 269.891 119.512 855.038 571.965 152.616 132.880 103.745 210.177 411.387 496.473 229.107 141.429 281.261 21.184.326 Pop. Total 153.752 309.911 164.507 332.852 262.336 532.227 118.082 237.594 810.951 1.665.989 565.337 1.137.302 149.715 302.331 129.945 262.825 104.880 208.625 206.478 416.655 400.577 811.964 478.865 975.338 221.173 450.280 140.350 281.779 275.936 557.197 20.077.873 41.262.199 Fonte: SES/SP Notas: *Dados do Censo 2010 9 RRAS 11 – DRS Presidente Prudente 1 – LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA A RRAS 11 localiza-se na macrorregião Centro-Oeste do estado de São Paulo. É composta pelo Departamento Regional de Saúde de Presidente Prudente com 45 municípios agregados nas Regiões de Saúde Alta Paulista, Alta Sorocabana, Alto Capivari, Extremo Oeste Paulista e Pontal Paranapanema. Abrange uma população total de 722.192 habitantes (Figura 2, Quadro 2). Figura 2. Rede Regional de Atenção à Saúde - RRAS 11 e respectiva Região de Saúde e Município. Fonte: SES/SP 10 Quadro 2. Composição da RRAS 11 por Departamento Regional (DRS), Região de Saúde, município e população residente*. DRS Região de Saúde Município Dracena 43.258 872 880 1.752 Irapuru 3.257 4.532 7.789 Junqueirópolis 8.805 9.921 18.726 Monte Castelo 2.052 2.011 4.063 Nova Guataporanga 1.075 1.102 2.177 Ouro Verde 3.934 3.866 7.800 Panorama 7.271 7.312 14.583 Paulicéia 3.049 3.290 6.339 Santa Mercedes 1.408 1.423 2.831 São João do Pau d'Alho 1.046 1.057 2.103 Tupi Paulista 6.689 7.580 14.269 Alfredo Marcondes 1.910 1.981 3.891 11.873 11.640 23.513 Anhumas 1.875 1.863 3.738 Caiabu 1.981 2.091 4.072 Emilianópolis 1.503 1.517 3.020 Estrela do Norte 1.288 1.370 2.658 Indiana 2.402 2.423 4.825 Martinópolis Alta Sorocabana 11.618 12.601 24.219 Narandiba 2.118 2.170 4.288 Pirapozinho 12.612 12.082 24.694 6.887 6.683 13.570 Presidente Bernardes Presidente Prudente Alto Capivari Pop. Total 21.405 Álvares Machado Presidente Prudente Pop. Masculina 21.853 Flora Rica Alta Paulista Pop. Feminina 107.716 99.894 207.610 Regente Feijó 9.306 9.188 18.494 Ribeirão dos Índios 1.098 1.089 2.187 Sandovalina 1.814 1.885 3.699 Santo Anastácio 10.493 9.982 20.475 Santo Expedito 1.400 1.403 2.803 Taciba 2.853 2.861 5.714 Tarabai 3.314 3.293 6.607 Iepê 3.849 3.779 7.628 João Ramalho 2.052 2.098 4.150 Nantes 1.350 1.357 2.707 Quatá 6.406 6.393 12.799 14.651 14.153 28.804 2.387 2.652 5.039 1.764 3.048 4.812 1.784 1.753 3.537 21.101 20.217 41.318 18.999 18.911 37.910 4.753 4.832 9.585 8.396 8.663 17.059 Continua Rancharia Caiuá Marabá Paulista Extremo Oeste Piquerobi Paulista Presidente Epitácio Presidente Venceslau Euclides Cunha Paulista Pontal do Paranapanema Mirante Paranapanema 11 Quadro 2. Composição da RRAS 11 por Departamento Regional (DRS), Região de Saúde, município e população residente*. Continuação DRS Região de Saúde Pop. Feminina Município Presidente Rosana Pontal do Prudente Paranapanema Teodoro Sampaio Total 45 municípios Pop. Masculina Pop. Total 9.911 9.780 19.691 10.721 10.665 21.386 363.496 358.696 722.192 Fonte: SES/SP Notas: *Dados do Censo 2010 A pirâmide populacional da RRAS 11, em 2010, permite observar o resultado da transição demográfica que tem ocorrido nas últimas décadas (Figura 3). Cerca de 20% da população tem menos de 15 anos e 14%, 60 anos ou mais de idade. Figura 3. Pirâmide populacional da RRAS 11, 2010. Pirâmide populacional - RRAS 11 - 2010 Idade 80 e mais 75 a 79 70 a 74 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 Menor 4 a MULHERES HOMENS 10 5 0 5 10 % Fonte: SES/SP 12 2 – PERFIL DE MORTALIDADE As tabulações das causas de morte frequentemente retratam a ocorrência das doenças na população, permitindo análises epidemiológicas e o planejamento no setor saúde. Na Tabela 1 e nas Figuras 4 e 5 a seguir, as estatísticas de mortalidade são apresentadas utilizando-se os dados obtidos da Fundação SEADE. As doenças não transmissíveis, entre elas as do aparelho circulatório e as neoplasias, foram a causa de mais de 40% dos óbitos na RRAS 11, em 2010. As mortes por neoplasias representaram 16% do total de óbitos (Tabela 1). Tabela 1. Principais causas de mortalidade segundo Capítulos da Classificação Internacional de Doenças CID-10. RRAS 11, 2010. Causa (Capítulo CID-10) N % Doenças do aparelho circulatório 1.300 25,4 Neoplasias 831 16,2 Sintomas, sinais e achados anormais de exames 671 13,1 Doenças do aparelho respiratório 563 11,0 Causas externas de morbidade e mortalidade 457 8,9 Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 312 6,1 Outras causas 992 19,4 Total 5.126 100,0 Fonte: Fundação SEADE Na análise dos dados de mortalidade, observou-se que os cânceres de pulmão, próstata e estômago foram os que mais causaram mortes em homens, com taxas de mortalidade ajustadas por idade que variaram entre 10,5 e 15,9 por cem mil habitantes (Figura 4). No sexo feminino, as mortes por câncer ocorreram mais frequentemente em decorrência das neoplasias de mama, pulmão e cólon/reto, com taxas de mortalidade ajustadas que variaram entre 5,6 e 11,5 óbitos por cem mil habitantes (Figura 5). 13 Figura 4. Número de óbitos, taxas brutas e ajustadas* de mortalidade (por 100 mil habitantes) localização primária da neoplasia, sexo masculino, RRAS 11, 2010. Neoplasia N Taxa bruta Taxa ajustada Pulmão 72 20,1 15,9 Próstata 68 19,0 12,6 Estômago 48 13,4 10,5 Esôfago 39 10,9 9,5 Cólon e reto 36 10,0 8,2 Lábio, cav. oral e faringe 28 7,8 6,7 Fígado e VBIH** 27 7,5 5,4 Pâncreas 23 6,4 5,0 Sistema nervoso central 17 4,7 4,1 Leucemias 13 3,6 3,2 Linfoma não-Hodgkin 11 3,1 2,4 Todas as neoplasias 500 139,4 103,4 Fonte: Fundação SEADE Notas: * Ajustadas por idade pela população padrão mundial de Segi (1960), modificada por Doll, Cook (1967). ** VBIH - Vias biliares intra-hepáticas Figura 5. Número de óbitos, taxas brutas e ajustadas* de mortalidade (por 100 mil habitantes) localização primária da neoplasia, sexo feminino, RRAS 11, 2010. Neoplasia N Taxa bruta Taxa ajustada Mama 56 15,4 11,5 Pulmão 39 10,7 7,8 Cólon e reto 31 8,5 5,6 Fígado e VBIH** 23 6,3 3,9 Estômago 19 5,2 3,5 Leucemias 16 4,4 2,8 Pâncreas 15 4,1 3,0 Colo do útero 14 3,9 2,8 Sistema nervoso central 12 3,3 2,5 Linfoma não-Hodgkin 6 1,7 1,4 Lábio, cav. oral e faringe 4 1,1 0,8 Corpo do útero 4 1,1 0,8 331 91,1 63,7 Todas as neoplasias Fonte: Fundação SEADE Notas: * Ajustadas por idade pela população padrão mundial de Segi (1960), modificada por Doll, Cook (1967). ** VBIH - Vias biliares intra-hepáticas 14 3 – PERFIL DE MORBIDADE Analisados conjuntamente com as estatísticas de mortalidade, os dados de morbidade por câncer contribuem para avaliar o impacto da doença na população. 3.1 Estimativa de casos novos de câncer O cálculo das taxas de incidência requer um numerador, que inclui o número total de casos novos de câncer em determinado tempo e área geográfica e um denominador, que é composto por uma população bem definida. Os Registros de Câncer de Base Populacional fornecem o número de casos novos de câncer ocorridos entre os residentes de uma determinada região geográfica. Para regiões não cobertas por esses registros, o número de casos incidentes pode ser obtido indiretamente por meio de estimativas a partir de dados de mortalidade local e do número de casos novos de câncer de outras áreas. As informações apresentadas a seguir foram obtidas com base nas taxas brutas de incidência estimadas pelo Instituto Nacional de Câncer para a população residente no estado de São Paulo, em 2010 (Brasil, 2009). As respectivas taxas foram aplicadas à população residente na RRAS 11, segundo sexo, obtendo-se assim o número de casos novos de câncer estimados para a região. Entre os homens, as duas localizações de tumor mais incidentes foram também as que mais causaram mortes. Entretanto, diferiram na ordem de importância. O câncer de próstata é o mais incidente. O câncer de pulmão, que constituiu a primeira causa de óbito, aparece como o segundo mais incidente, com o mesmo número estimado de casos novos que o câncer de cólon e reto (Figura 4, Tabela 2). Entre as mulheres, o câncer de mama foi o mais incidente e o que mais causou mortes. Os tumores do cólon e reto ocuparam a segunda posição em incidência (Figura 5, Tabela 3). 15 Tabela 2. Número estimado de casos novos segundo localização primária da neoplasia, sexo masculino, RRAS 11, 2010. N Neoplasia - Localização primária (CID-O) * (Estimativa de casos novos) Próstata 222 Traqueia, brônquios e pulmão (C33-C34) 82 Cólon e reto 82 Estômago 66 Cavidade oral (C00-C10) 54 Esôfago 34 Leucemias 22 Pele, melanoma 16 Todas as neoplasias (exclui pele não melanoma) 924 Nota: * Agrupamento de tumores utilizado na publicação “Estimativa 2010: Incidência de Câncer no Brasil” (INCA, 2009), segundo a Classificação Internacional de Doenças para Oncologia (3ª ed.) Tabela 3. Número estimado de casos novos segundo localização primária da neoplasia, sexo feminino, RRAS 11, 2010. N Neoplasia - Localização primária (CID-O) * (Estimativa de casos novos) Mama 247 Cólon e reto 85 Colo do útero 52 Traqueia, brônquios e pulmão (C33-C34) 43 Estômago 34 Leucemias 18 Cavidade oral (C00-C10) 15 Pele, melanoma 17 Esôfago 8 Todas as neoplasias (exclui pele não melanoma) 931 Nota: * Agrupamento de tumores utilizado na publicação “Estimativa 2010: Incidência de Câncer no Brasil” (INCA, 2009), segundo a Classificação Internacional de Doenças para Oncologia (3ª ed.) 3.2 Registro Hospitalar de Câncer de São Paulo (RHC/SP) No contexto da Política Nacional de Atenção Oncológica, as portarias GM/MS nº 3.535 de 1998 e nº 741 de 2005 estabeleceram como um dos critérios para credenciamento de um hospital na Rede de Atenção Oncológica, a implantação e a manutenção de um Registro Hospitalar de Câncer na instituição. Por atribuição da Secretaria de Estado da Saúde (Resolução SS 15 de 27/01/2000), coube à Fundação 16 Oncocentro de São Paulo (FOSP) a coordenação, reestruturação e processamento dos Registros Hospitalares de Câncer no estado de São Paulo. O RHC/SP iniciou suas atividades no ano 2000, tendo como objetivos conhecer e melhorar a assistência prestada ao paciente com câncer. Seus dados permitem retratar a magnitude da doença em cada unidade hospitalar, constituindo fonte de informações sobre a qualidade do atendimento e para o planejamento administrativo. Em uma análise global, os dados possibilitam o conhecimento do panorama da assistência oncológica em todo o estado. Atualmente, 74 hospitais estão ativos e alimentam a base estadual de dados. Destes, 69 estão credenciados na Rede de Atenção Oncológica do estado de São Paulo (RAO/SP). Os outros cinco hospitais são instituições voluntárias (particulares ou filantrópicas). É importante salientar que os dados do RHC/SP não refletem o total de casos novos de câncer diagnosticados entre os residentes no estado, não podendo, portanto, ser utilizados para o cálculo de taxas de incidência de câncer. 3.2.1 Análise de dados do RHC/SP O RHC contém informações dos casos de câncer atendidos no hospital, sejam estes casos analíticos ou não analíticos. Os casos analíticos referem-se aos pacientes que chegaram aos hospitais, já diagnosticados ou não, sem tratamento oncológico prévio. Os não analíticos referem-se aos casos de câncer que chegaram às instituições com toda ou parte da terapêutica realizada em outro hospital. Para as análises a seguir, utilizou-se o banco de dados do RHC/SP atualizado em março de 2013. Foram selecionados casos de câncer diagnosticados em 2010 1, de residentes no estado de São Paulo e atendidos nos hospitais credenciados na RAO/SP. Dependendo da variável de análise, considerou-se o conjunto de casos analíticos e não analíticos, ou apenas o primeiro grupo. Na análise de dados de hospitais que prestam atendimento oncológico exclusivamente a pacientes pediátricos, utilizou-se agrupamento dos tumores de 1 Nos anos de 2011, 2012 e 2013 o número de registros ainda não está completo. Há espera de pelo menos um ano para inclusão do caso na base de dados para que se possa obter maior número de informações sobre o tumor, o tratamento realizado e a evolução do paciente. 17 acordo com a Classificação Internacional do Câncer na Infância (Steliarova-Foucher et al, 2005). Esta classificação baseia-se na morfologia e não na localização primária do tumor e permite comparações padronizadas de categorias de neoplasias comuns na criança e no adolescente. O objetivo de se construir uma base de dados com todos os casos de câncer que chegam à instituição – analíticos e não analíticos – é conhecer o perfil do paciente oncológico e sua condição de chegada, independentemente da realização de tratamento prévio em outro hospital, não perdendo informações de casos que, por algum motivo, procuraram algum atendimento, consumindo tempo e recursos. A seguir, as tabelas 4, 5, 6 e 7 mostram os casos de câncer de residentes na RRAS 11 de acordo com os principais tipos de câncer. Incluem os pacientes atendidos em hospitais localizados nesta RRAS e em outras regiões do estado de São Paulo. Entre os casos analíticos de residentes na RRAS 11, os tumores de pele (não melanoma), próstata e cólon/reto foram os mais frequentes no sexo masculino, representando 53% dos casos registrados (Tabela 4). Incorporando-se também os casos não analíticos, essas quatro neoplasias constituíram, igualmente, mais da metade dos casos de câncer de residentes do sexo masculino (Tabela 5). Tabela 4. Número e porcentagem de casos analíticos de residentes na RRAS 11, sexo masculino, segundo localização primária da neoplasia, 2010. Neoplasia - Localização primária Pele não melanoma Próstata Cólon e reto Pulmão Estômago Esôfago Bexiga Boca e orofaringe Laringe Sist. hematopoietico (exceto leucemias) Outros tumores Todas as neoplasias Fonte: RHC/SP N % 99 96 42 25 25 23 20 15 14 13 75 447 22,1 21,5 9,4 5,6 5,6 5,1 4,5 3,4 3,1 2,9 16,8 100,0 18 Tabela 5. Número e porcentagem de casos analíticos e não analíticos de residentes na RRAS 11, sexo masculino, segundo localização primária da neoplasia, 2010. Neoplasia - Localização primária N Próstata Pele não melanoma Cólon e reto Pulmão Estômago Esôfago Bexiga Boca e orofaringe Laringe Sist. hematopoietico (exceto leucemias) Outros tumores Todas as neoplasias % 112 110 46 27 27 25 24 19 17 15 89 511 Fonte: RHC/SP 21,9 21,5 9,0 5,3 5,3 4,9 4,7 3,7 3,3 2,9 17,4 100,0 No sexo feminino, observou-se um predomínio de tumores de pele (não melanoma) e de câncer de mama, tanto na análise restrita aos casos analíticos (Tabela 6), quanto na análise incluindo os casos não analíticos (Tabela 7). Tabela 6. Número e porcentagem de casos analíticos de residentes na RRAS 11, sexo feminino, segundo localização primária da neoplasia, 2010. Neoplasia - Localização primária Pele não melanoma Mama Cólon e reto Colo do útero Tireoide Estômago Leucemias Bexiga Ovário Sist. hematopoietico (exceto leucemias) Outros tumores Todas as neoplasias Fonte: RHC/SP N % 98 88 39 29 22 11 11 10 10 10 72 400 24,5 22,0 9,8 7,3 5,5 2,8 2,8 2,5 2,5 2,5 18,0 100,0 19 Tabela 7. Número e porcentagem de casos analíticos e não analíticos de residentes na RRAS 11, sexo feminino, segundo localização primária da neoplasia, 2010. Neoplasia – Localização primária Mama Pele não melanoma Colo do útero Cólon e reto Tireoide Estômago Ovário Corpo do útero Leucemias Bexiga Outros tumores Todas as neoplasias N % 113 104 44 41 25 14 12 11 11 10 89 474 Fonte: RHC/SP 23,8 21,9 9,3 8,6 5,3 3,0 2,5 2,3 2,3 2,1 18,8 100,0 A RRAS 11 conta com 2 unidades especializadas de atendimento em Oncologia e um Serviço Isolado de Radioterapia (Quadro 3). Quadro 3. Relação de unidades habilitadas na rede de alta complexidade em oncologia da RRAS 11. DRS Presidente Prudente Instituição Serviço Santa Casa de Presidente Prudente UNACON com Hematologia Instituto de Radioterapia de Presidente Prudente Serviço Isolado de Radioterapia UNACON com Radioterapia, Hematologia e Oncologia Pediátrica Hospital Regional de Presidente Prudente* Fonte: SES/SP Nota: *Habilitado em 21/06/2012 (Portaria SAS/MS nº 588) 20 Em 2010, a Santa Casa de Presidente Prudente era o único prestador de serviços oncológicos ao SUS, localizado na RRAS 11, com Registro Hospitalar de Câncer. Notou-se que dos 549 casos analíticos e não analíticos de câncer que receberam atendimento nesta instituição, 540 (98,4%) residiam na própria RRAS (Tabela 8). Tabela 8. Número de casos de câncer registrados no RHC (analíticos e não analíticos) segundo status de residência e prestador do atendimento, RRAS 11, 2010. Resid. RRAS 11/ Total de casos Residentes na Total de casos atendidos RRAS 11 Prestador atendidos N % N % % 549 100,0 540 100,0 Santa Casa de Presidente Prudente 98,4 Fonte: RHC/SP Do total de casos analíticos e não analíticos atendidos Santa Casa de Presidente Prudente, os cânceres de pele (não melanoma) e mama foram os mais frequentes. Em seguida, apareceram os tumores de cólon/reto (Tabela 9). Tabela 9. Número e porcentagem de casos analíticos e não analíticos atendidos na Santa Casa de Presidente Prudente segundo tipo de neoplasia, 2010. Neoplasia - Localização primária N % Pele não melanoma Mama Cólon e reto Próstata Estômago Sist. hematopoietico (exceto leucemias) Tireoide Pulmão Leucemias Bexiga Outros tumores Todas as neoplasias 162 78 49 34 22 21 21 16 16 15 115 549 29,5 14,2 8,9 6,2 4,0 3,8 3,8 2,9 2,9 2,7 20,9 100,0 Fonte: RHC/SP Um total de 445 tumores ocorridos entre residentes na RRAS 11 foi diagnosticado e/ou tratado em hospitais especializados localizados em outras regiões 21 do estado. O Hospital Amaral Carvalho, localizado na RRAS 09, prestou a maior parte deste atendimento (78,7%) (Tabela 10). Tabela 10. Número e porcentagem de casos analíticos e não analíticos entre residentes da RRAS 11 atendidos em instituições fora da RRAS de residência, 2010. Prestador N % H. Amaral Carvalho - Jaú Fundação Pio XII de Barretos ICESP - São Paulo HC de S. José do Rio Preto C.I.H. Boldrini - Campinas H. A. C. Camargo - São Paulo UNESP de Botucatu H. Regional de Assis H. São Francisco - Tupã Santa Casa de Marília Total Fonte: RHC/SP 350 74 6 4 3 3 2 1 1 1 445 78,7 16,6 1,3 0,9 0,7 0,7 0,4 0,2 0,2 0,2 100,0 4 – PRODUÇÃO DE SERVIÇOS EM ONCOLOGIA Na assistência oncológica, as informações relativas à produção ambulatorial e hospitalar incluem os procedimentos cirúrgicos, radioterápicos, quimioterápicos e de iodoterapia do carcinoma diferenciado da tireoide. Estes dados são úteis para organização, replanejamento, avaliação de procedimentos e de processos e para análise qualitativa de dados, contribuindo para o gerenciamento do Sistema Único de Saúde - SUS (Brasil, 2011). Para a análise apresentada a seguir, as fontes de informações compreenderam os Sistemas de Informações Ambulatoriais e Hospitalares, respectivamente, SIA-SUS e SIH-SUS. Tais sistemas utilizam como instrumento de registro as Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC) e as Autorizações de Internação Hospitalar (AIH). Os dados foram fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES/SP). 22 A produção total apresentada pela Santa Casa de Presidente Prudente, em 2010, incluiu 201 cirurgias oncológicas, 14.336 procedimentos de quimioterapia e 21 procedimentos de iodoterapia. O Instituto de Presidente Prudente, como Serviço Isolado de Radioterapia, alcançou um total de 46.172 procedimentos desta modalidade (Tabelas 11 e 12). Os sistemas utilizados como fontes de informação não permitem a quantificação do número de pacientes, apenas o número de procedimentos. Sabe-se que um mesmo paciente terá mais de um registro por ano, principalmente, em relação às APAC de quimioterapia e de radioterapia. Para a estimativa do número de pacientes atendidos, foram utilizados os parâmetros de produção (de maior valor) incluídos no Anexo III da Portaria GM/MS nº 741, de 19 de dezembro de 2005. Tabela 11.Número de procedimentos e de pacientes atendidos segundo categoria de produção oncológica. RRAS 11, 2010. Produção Quimioterapia Radioterapia Iodoterapia Cirurgia Total Procedimentos Pacientes* 14.336 46.172 21 201 60.730 2.276 660 21 201 3.158 Fonte: SES/SP (SIA e SIH/SUS) Nota: *Parâmetros de produção: 4,2 a 6,3 procedimentos de quimioterapia/paciente; 67,5 a 70 campos de teleterapia/paciente (Anexo III, Portaria GM/MS nº 741, de 19 de dezembro de 2005). Tabela 12. Número de cirurgias e de procedimentos oncológicos segundo prestador. RRAS 11, 2010. Prestador Santa Casa de Pres. Prudente1 Inst. de Radioterapia de Pres. Prudente Total Cirurgias Quimioterapia Radioterapia Iodoterapia (SIH) (SIA) (SIA) (SIH) 201 14.336 21 46.172 201 14.336 46.172 21 Fonte: SES/SP (SIA e SIH/SUS) 1- Não estão incluídas 101 internações hospitalares (SIH) para administração de quimioterapia 23 5 – REFERÊNCIAS Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2010: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2009. Brasil. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Regulação, Avaliação e Controle. Coordenação Geral de Sistemas de Informação. Manual de Bases Técnicas da Oncologia – SIA/SUS (Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS). Brasília: 2011. Doll R, Cook P. Summarizing indices for comparison of cancer incidence data. Int J Cancer; 2: 269-79, 1967. Portaria GM/MS nº 3535/1998. Estabelece uma rede hierarquizada dos centros que prestam assistência oncológica e atualiza os critérios mínimos para o cadastramento dos centros de alta complexidade em oncologia. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 3 set. 1998. Seção I, n. 169, p. 75-77. Portaria GM/MS nº 741/2005. Define as unidades de assistência de alta complexidade em oncologia, os centros de alta complexidade em oncologia e os centros de referência de alta complexidade em oncologia e suas aptidões e qualidades. Brasília: Ministério da Saúde. Disponível em: http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2005/PT-741.htm . Acesso em 10 de janeiro de 2012. Portaria GM/MS nº 4279/2010. Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez. 2010, Seção I, p.89. Resolução SS 15 de 27/01/2000. Dispõe sobre o Registro Hospitalar de Câncer e dá providência correlata. Diário Oficial do Estado, 28 jan. 2000, Seção Executivo I, p.13. 24