4º DOMINGO DO TEMPO COMUM - 29 de janeiro de 2017 “Bem-aventurados os pobres”! Leituras: Sofonias 2, 3; 3,12-13; Salmo 145 (146), 7.8-9a.9bc-10; Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 1, 26-31; Mateus 5, 1-12a. COR LITÚRGICA: Verde Animador: Jesus nos reúne em torno de si para ouvirmos sua proposta de felicidade. É pondo nossa esperança n’Ele que caminhamos, na contramão do mundo, rumo à vida feliz, apesar das inevitáveis aflições e tribulações. A páscoa do Senhor se manifesta nas pessoas e comunidades que procuram viver as bem-aventuranças. 1. Situando-nos brevemente Vimos, no domingo passado, Jesus iniciando sua atividade missionária pregando entre os pobres da região da Galileia. “Convertam-se, porque o Rei dos Céus está próximo” (Mt 4,17), conclamava Ele. E ouvimos que “Jesus andava por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo” (v.23). É muito bom estarmos de novo aqui reunidos para ouvir a sua Palavra e celebrar sua Ceia Pascal. Uma verdadeira graça de Deus! Nosso mestre Jesus, Ele mesmo, está aqui e nos ensina um pouco mais sobre os segredos do Reino de Deus. Para tanto, Ele nos inicia hoje nas bemaventuranças deste Reino. O que será que Ele está a nos dizer? Vale a pena conferir e refletir. 2. Recordando a Palavra Estamos ouvindo o Evangelho de Mateus, que tem como objetivo de fundo mostrar que Jesus é o verdadeiro Messias-salvador esperado. Não um Messias segundo a mente humana, mas um Messias segundo o pensamento de Deus: Filho de Deus. E qual é o pensamento de Deus? A justiça em favor dos pequenos, os fracos, os pobres, os oprimidos, os 1 abandonados da sociedade. É Jesus é a concreta encarnação desta sabedoria de Deus. Razão pela qual Ele nasceu, viveu e morreu pobre, totalmente humilde e desprendido, para estar com os pobres desta terra. Esta sabedoria de Deus é o segredo da verdadeira felicidade humana: “Reino dos Céus”. Por isso que hoje (Mt 5,1-12a) Jesus proclama “felizes”, precisamente, os “pobres em espírito”, os “aflitos”, os “mansos”, os “famintos e sedentos de justiça”, os “misericordiosos”, os “puros de coração”, os “promotores da paz”, os “perseguidos por causa da justiça”, os “injuriados, perseguidos e caluniados por causa de Jesus”. “Deles é o Reino dos Céus”, eles “serão consolados”, possuirão a terra”, “serão saciados”, “alcançarão misericórdia”, “verão a Deus”, “serão chamados filhos de Deus”, enfim, de novo, “deles é o Reino dos Céus”. A estes Jesus diz em alto e bom som: “Alegrem-se e exultem, porque vai ser grande a recompensa de vocês nos céus” (v.12a). Com a vinda de Jesus se cumpre, pois, o que já fora anunciado pelo profeta Sofonias, como ouvimos na primeira leitura (Sf 2,3; 3,12-13). Sofonias profetizou nos anos 638-622 a.C., precisamente em um tempo de muita corrupção, jogo de poder e opressão das classes dominantes pondo em sério perigo o futuro da sociedade de então. Dentro deste contexto, o profeta estimula os “homens humildes e pobres” a buscarem o Senhor pela prática da justiça e da humildade, pois estes “serão apascentados e repousarão, e ninguém os molestará” (v.13). Por isso, cantamos hoje com o Salmo 145 a fidelidade de Deus para com os “oprimidos”, os “famintos”, os “aprisionados”, os “cegos”, o “caído”, o “justo”, o “estrangeiro”, a “viúva” e o “órfão”, fidelidade essa que, assim, “confunde os caminhos dos maus”. “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”, repetimos como refrão. Dito e feito! A partir do evento Cristo é que Paulo, como ouvimos na segunda leitura (1Cor 1,26-31), faz ver à jovem comunidade cristã de Corinto que, de fato, “Deus escolheu o que o mundo considera estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para confundir o que se acha forte” (v.27). 3. Atualizando a Palavra Retomemos o Evangelho de hoje. Sua chave está na primeira bemaventurança: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Esta bem-aventurança “se dirige aos que, no modo hebraico de 2 falar, são os ‘curvados no seu alento’, pobres até a alma, como a Bíblia diz dos ‘pobres de Deus’. A bem-aventurança não se dirige ao pobre com mania de rico, mas às pessoas que assumem sua pobreza, sabendo que Deus tem outros critérios de felicidade do que nós. E quando se trata dos que têm fome e sede, que tenham, antes de tudo, fome e sede da justiça de Deus, incomparável com a justiça humana. Pois só essa justiça fará com que tudo seja radicalmente bom. Assim, o estado de espírito dos que são aqui felicitados torna-se um programa de vida para todos os que querem ser do Reino (...) A pobreza, quando assumida ‘de coração’, é a situação privilegiada para reconhecer a justiça de Deus. Riqueza e poder tornam cego. Mas quem vive a situação de pobreza como uma procura da justiça de Deus, esse tem chance de a encontrar. Por isso, os pobres são o sacramento da justiça de Deus” (J. Konings. Op., cit., p.137-138). Levando isso para a prática, podemos dizer que Jesus anuncia o Reino de Deus, como dom e missão, aos que têm o “espírito dos ‘pobres de Deus’: os que não pretendem dominar os outros pelo poder e a riqueza, mas se dispõem a colaborar na construção do reino de amor, justiça, paz, tornando-se pobres, colocando-se do lado dos pobres e confiando antes de tudo no poder de Deus e no valor de ‘justiça’, que é a sua vontade, seu plano de salvação. Os ‘pobres de Deus’ assumem atitudes inspiradas por Deus e seu Reino: pobreza (não apenas forçosa, mas no espírito e no coração), paciência (com firmeza), justiça (com garra), paz (na sinceridade) etc. Aos que vivem assim, Jesus anuncia a felicidade (‘bem-aventurança’) do Reino. Esses são cidadãos do Reino, os herdeiros da terra prometida. E, de fato, o ‘manso’, o não violento tem mais condições de usar a terra que o grileiro. Os pobres solidários constroem uma sociedade melhor que os ricos egoístas. Há quem diga que as Bem-aventuranças não visam os pobres materialmente, porque esses não podem ser ‘promotores da paz’ aos quais se refere a sétima bem-aventurança (Mt 5,9). Mas será que a verdadeira paz, fruto da justiça, não é promovida pelos pobres e os quem em solidariedade com eles lutam pelo direito de todos?” (Ibidem, p.138) Enfim, à luz da Palavra de Deus hoje ouvida, podemos chegar a esta conclusão prática: “Devemos optar, na vida, pelos valores do Reino e não pelo poder baseado na opressão, na exploração... Devemos optar pelos pobres e não pelos que os empobrecem! Para isso, precisamos do desprendimento, pobreza até no nosso íntimo (‘no espírito’). A Bemaventurança não vale para o pobre com mania de rico! Os pobres no espírito são os que não apenas ‘queriam’, mas efusivamente querem e 3 optam por formar ‘povo de Deus’ com os oprimidos e empobrecidos, porque têm fome e sede do Reino de Deus e de sua justiça” (Idem) 4. Ligando a Palavra com ação litúrgica Jesus, o verdadeiro Messias-salvador, nos ensina hoje que ter a riqueza, o capital, o poder, como sendo a coisa mais importante da vida, a felicidade, um verdadeiro deus, não é o segredo da plena realização humana. O segredo está no Reino de Deus e sua sabedoria encarnada no pobre e humilde Jesus. Por isso, logo no início desta celebração, como que nos preparando para ouvir a Palavra, fizemos este significativo pedido: “Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de todo o coração, e amar todas as pessoas com verdadeira caridade” (Oração do dia). Esta é a nossa fé cristã. A dimensão do Reino de Deus encarnado na pessoa de Jesus, acima de tudo! Logo mais, depois de celebrarmos o “mistério desta fé” (paixão, morte, ressurreição de Jesus), comendo e bebendo juntos do seu Corpo entregue e do seu Sangue derramado, concluímos com esta belíssima oração: “Renovados pelo sacramento da nossa redenção, nós vos pedimos, ó Deus, que este alimento da salvação eterna nos faça progredir na verdadeira fé. Por Cristo, nosso Senhor”. E todos respondem: “Amém!” (Oração depois da Comunhão). Que a Palavra de Deus hoje ouvida e refletida, assimilada, juntamente com a Eucaristia celebrada, nos animem e fortaleçam no mistério das bemaventuranças. Amém! Oração dos fiéis: Presidente: Peçamos ao Senhor o espírito das bem-aventuranças para todos nós, dizendo: T.: Ouvi, Senhor, a nossa prece! 1. Para que a Igreja viva com fidelidade as bem-aventuranças e sempre proclame como caminho de salvação, rezemos: T.: Ouvi, Senhor, a nossa prece! 2. Para que as autoridades se deixem imbuir dos valores do evangelho e defendam os direitos dos fracos e desprezados, rezemos: 3. Para que os oprimidos e perseguidos encontrem nos cristãos solidariedade e empenho pela sua libertação, rezemos: 4 4. Para que nossa comunidade assimile as propostas das bemaventuranças e faça a experiência da felicidade que elas anunciam, rezemos: 5. Para que Deus acolha a prece que está no coração de cada fiel aqui presente (em silêncio cada um representa a sua prece), rezemos: (Outras intenções) Presidente: Tudo isso vos pedimos, ó Pai, por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém. III. LITURGIA EUCARÍSTICA ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS: Presidente: Para vos servir, ó Deus, depositamos nossas oferendas em vosso altar; acolhei-as com bondade a fim de que se tornem o sacramento da nossa salvação. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém. ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO: Presidente: Renovados pelo sacramento da nossa redenção, nós vos pedimos, ó Deus, que este alimento da salvação eterna nos faça progredir na verdadeira fé. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém. RITO FINAL BÊNÇÃO E DESPEDIDA: Presidente: O Senhor esteja convosco. Todos: Ele está no meio de nós. Presidente: (dá a bênção e despede a todos). 5