UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de São Paulo PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES - MESTRADO PLANO DE ENSINO 2014 DISCIPLINA: Tópicos especiais: Circo Teatro – A multiplicidade da linguagem circense PROFESSOR RESPONSÁVEL: PROFESSOR CONVIDADO: ERMINIA SILVA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Artes Cênicas NÚMERO DE CRÉDITOS: 4 NÚMERO MÁXIMO DE ALUNOS: 20 CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 horas/aula Aulas teóricas: 24 Seminários: Aulas práticas: 24 Atividades programadas: 12 EMENTA Revelar a riqueza da teatralidade circense do século XIX, a partir da análise de fontes primárias – periódicos, revistas, músicas, poesias, etc. – fonte bibliográfica, fontes iconográficas, possibilitando que os alunos entrem em contato em como os homens e mulheres circenses transformaram o palco-picadeiro num lugar polissêmico e polifônico, no qual aliavam destrezas corporais, musicalidade, comicidade, dança e representação teatral. Parte da idéia de que os circenses, particularmente os brasileiros, há mais de dois séculos, devem ser vistos como um grupo que sempre articulou saberes e técnicas artísticos contemporâneos, tendo como referência definidora um processo permanente de (re)elaboração e (re)significação, bem como produziam um espetáculo para cada público, manipulando elementos de outras variáveis artísticas já disponíveis e gerando novas e múltiplas versões da teatralidade circense, que se expressou na organização do circo-teatro. Como a história, no campo do conhecimento, não é somente um amontoado de documentos redescobertos – é preciso encaminhar as análises para as várias maneiras como os documentos dialogam entre eles. Ao se realizar essa pesquisa empírica, o pesquisador/historiador dialoga também com uma série de conceitos que se relacionam com a questão estudada – por exemplo, os diversos conceitos de cultura, arte, entre outros. Além disso, esse diálogo entre as fontes leva, necessariamente, à discussão de como foram e são produzidas memórias históricas como a história do teatro, da música, do disco, da dança, do rádio, da televisão. Todas essas produções de memórias estão balizadas pelo lugar que os sujeitos históricos realizam no momento em que a constroem. Assim é importante entendermos como são produzidas essas memórias, quem e como as produziram e as produzem, quais as disputas políticas, sociais e culturais envolvidas. Todo o processo de trabalho de pesquisa envolve ações individuais e coletivas, voltadas para produzir e/ou aprimorar os conhecimentos próprios, aliados aos já adquiridos. A idéia principal é que desse processo o aluno possa se reconhecer com maior autonomia na concretização de sua aprendizagem, como sujeito do saber e de construção/produção desse saber. Instituto de Artes – Seção Técnica de Pós-Graduação Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271-Barra Funda CEP 01140-070 São Paulo/ SP Tel 11 3393-8632 e 3393-8633 [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de São Paulo OBJETIVOS DA DISCIPLINA (definição resumida dos objetivos face ao contexto do curso) - Contribuir para que os alunos do curso conformem novas aquisições de conhecimento sobre o mundo da teatralidade brasileira, tomando a produção circense e o circo-teatro como eixos reflexivos e implicados no mundo da produção cultural. - Contribuir para que os alunos possam perceber a importância que a história do circo tem para o desenvolvimento profissional nas áreas do teatro, do cinema, do rádio, da televisão, da dança, da música, da cenografia, da coreografia, do figurino, da iluminação e da dramaturgia. - Contribuir para que os alunos possam ampliar seus leques de pesquisas e estudos em suas áreas de formação e atuação. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO (descrição dos assuntos a serem abordados, com as subdivisões necessárias, apresentando o programa teórico e prático) O processo de construção da história do circo é resultado de histórias de multidões, múltiplas, polifônicas, polissêmicas, produzidas de forma rizomática. A multidão de anônimos que produziu uma forma de espetáculo artístico que se denominou, no final do século XVIII e início do XIX, de circo, foi herdeira de outras multidões. Nesse sentido, propõe-se como conteúdo: - Pesquisar diretamente nas fontes produzidas para o período proposto, tendo como objetivo principal o exercício de leitura de fontes e a produção das múltiplas histórias produzidas por homens e mulheres da época. Será utilizado o banco de dados que em meu extenso trabalho de pesquisa construí a partir de diferentes fontes documentais: 20 periódicos brasileiros, do século XIX, sendo jornais e revistas; peças teatrais; memorialistas. A proposta é disponibilizar essas fontes para os alunos. Alguns jornais que serão disponibilizados: Correio de Campinas: outubro de 1883; agosto a dezembro de 1885; janeiro a outubro. de 1887; janeiro a junho de 1908. Correio Paulistano. São Paulo: abril, maio de 1876; dezembro de 1877; janeiro, julho, novembro e dezembro de 1878; agosto, setembro e dezembro de 1888; agosto de 1889. O Dia. Rio de Janeiro: junho de 1892. Diário de Campinas: 1881; janeiro de 1882; maio a dezembro de 1883; 1884; maio a dezembro de 1885; janeiro a setembro de 1886; janeiro a outubro de 1887; fevereiro a dezembro de 1888; julho a dezembro de 1889; junho a novembro de 1890; maio a outubro de 1891; janeiro a outubro de 1892; janeiro a julho de 1893; fevereiro de 1894; abril a agosto de 1895; junho a dezembro de 1896; janeiro e novembro de 1897; 1898; março a julho de 1899; setembro de 1900. O Estado de São Paulo: março a setembro de 1898; março a dezembro de 1899; fevereiro de 1900; 1901 a 1906. Folha do Brás. São Paulo: 25 de junho de 1899; 02, 09 e 18 de julho de 1899; 28 de novembro de 1899. Gazeta da Tarde. Rio de Janeiro: 25 de janeiro de 1884. Gazeta de Notícias. Rio de Janeiro: agosto a dezembro de 1875; janeiro a junho de 1876; 1900 a 1908. Jornal do Commércio. Rio de Janeiro: outubro a dezembro de 1827; 1829; janeiro, agosto, setembro, novembro e dezembro de 1830; 22 e 26 de setembro de 1847; 1900. A Notícia. Rio de Janeiro: 20 de dezembro de 1894; 17 e 18 de fevereiro de 1895, 14 de março de 1895, 11 de abril de 1895, 19 de setembro de 1895, 07, 14 e 28 de novembro de 1895, 26 de dezembro de 1895; 20 de fevereiro de 1896, 05 e 12 de março de 1896, 09 e 30 de abril de 1896, 10 de setembro de 1896, 24 e 27 de dezembro de 1896; 04 de fevereiro de 1897,10 de junho de 1897, 18 de julho de 1897, 12, 19 e 25 de agosto de 1897, 02 e 23 de setembro de 1897, 11 de outubro de 1897, 25 de novembro de 1897; 06 e 27 de janeiro de 1898, 10, 17 e 24 de fevereiro de 1898, 10 de março de 1898,12 de maio de 1898, 21 de abril de 1898, 02 e 30 de junho de 1898, 21 de julho de 1898, 15 e 29 de dezembro de 1898. O Paiz. Rio de Janeiro: janeiro de 1892; 1893; janeiro a junho de 1894; novembro e dezembro de 1899; 1900 a 1902; janeiro a novembro de 1903; janeiro a outubro de 1904; julho a novembro de 1905; abril e junho de 1906; janeiro a agosto de 1907; abril a dezembro de 1908; 1909 a 1913. A Província de São Paulo: março, abril, maio julho e agosto de 1889. Revistas: Revista da Semana. Rio de Janeiro: 07 de outubro de 1944. Revista O Theatro. Rio de Janeiro: 20 de abril, 04, 11, 17 e 25 de maio, 01, 08, 22 e 29 de junho, 13 e 20 de julho, 03 de agosto, 21 e 25 de setembro, 05, 12, 19 e 26 de outubro, 02 de novembro de 1911. - Através dessas fontes e do diálogo entre elas, é possível compreender a linguagem circense como um ofício que abria um leque de atuação dos artistas, convertendo-os em verdadeiros produtores culturais . Instituto de Artes – Seção Técnica de Pós-Graduação Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271-Barra Funda CEP 01140-070 São Paulo/ SP Tel 11 3393-8632 e 3393-8633 [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de São Paulo METODOLOGIA DE ENSINO (Informação resumida de como será desenvolvido o programa, com especificação dos recursos didáticos a serem empregados em aula) - Distribuir diversas cópias de jornais e revisas (cima relacionados), para discutir a questão da memória histórica, além de aprender a ler fontes. - Realizar leituras de memorialistas circenses e debatê-las nas aulas - Além das fontes escritas, os alunos pesquisarão circenses de qualquer área, que consigam acessar, para realizarem entrevistas sobre suas trajetórias de vida e artísticas, com objetivo de trabalharem, também, com construção das fontes orais. Esse trabalho será em grupo. - Concomitante às pesquisas, leituras e análises das fontes, será realizado leitura de um conjunto de trabalhos que trata da produção da memória sobre a história do circo e, em especial, do circo-teatro e sua dramaturgia, nos últimos 30 anos. Entre essas leituras “específicas”, faz parte toda uma construção de memória acadêmica ou não sobre a produção histórica cultural brasileira. A proposta é confrontar esse conjunto de fontes, no qual há uma presença importante dos circenses em todos os campos artísticos, com a construçãoda memória literária/jornalística de uma parte da intelectualidade brasileira, que ao escrever sobre esses campos, reconhecem ou não suas presenças. Assim, também as questões que se pretende destacar nesse curso, serão: a memória e a história do circo; a formação do circense; a contemporaneidade da teatralidade circense; a história dos espetáculos, tipos de circo e multiplicidade de linguagens artísticas. (Bibliografia abaixo) CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO (Descrição sobre os instrumentos de avaliação que serão utilizados, com os critérios para obtenção do resultado final) - No final do semestre a classe será dividida em dois grupos que irão pesquisar junto a circenses de hoje, em qualquer área e sobre o tema que cada grupo decidir, a fim de realizarem entrevistas sobre suas trajetórias de vida e artística, com objetivo de trabalharem, também com a construção de fonte oral. Ao final, cada grupo escreverá um texto com a intenção de que seja publicado. BIBLIOGRAFIA BÁSICA BIBLIOGRAFIA BÁSICA Memorialistas Coaracy, Vivaldo – Memórias da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Livraria José Olympo Editora, 1965. Edmundo, Luiz – O Rio de Janeiro do meu tempo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938. Garcia, Antolin – O Circo (a pitoresca turnê do circo Garcia através à África e países asiáticos). São Paulo: Edições DAG. Escrito em 1962 e publicado em 1976. Militello, Dirce Tangará – Picadeiro. 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Bibliografia Instituto de Artes – Seção Técnica de Pós-Graduação Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271-Barra Funda CEP 01140-070 São Paulo/ SP Tel 11 3393-8632 e 3393-8633 [email protected] UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Campus de São Paulo Abreu, Brício de – Esses Populares tão desconhecidos. Rio de Janeiro: E. Raposo Carneiro, Editor, 1963. Abreu, Martha – O império do Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro, 1830-1900. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, São Paulo: Fapesp, 1999. Andrade, Mário – Pequena história da música. Belo Horizonte: Editora Itatiaia Limitada, 1987. Araújo, Vicente de Paula – A bela época do cinema brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Editora Perspectiva (Debates), 1976. –––––––––––––––––––––– Salões, circos e cinemas de São Paulo. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 1981. Avanzi, Roger e Tamaoki, Verônica – Circo Nerino. São Paulo: Pindorama Circus/Códex, 2004. 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